18.03.21
A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.
E se falamos em ‘gadgets’ memoráveis no Portugal dos anos 90, temos de começar por aquela que, ali em meados da década, encabeçava a lista de Natal de qualquer fã de vídeo-jogos – a lendária Mega Drive.
Lançada em 1989 nos Estados Unidos, onde é conhecida como Genesis, a Mega Drive sofreu o habitual (à época) atraso tecnológico, chegando a Portugal no início dos anos 90, quando já ia na sua segunda versão, criativamente designada Mega Drive II, e cujo design se acabaria por tornar sinónimo com a consola até aos dias de hoje. No entanto, mesmo com este atraso, a mais famosa de todas as consolas da Sega ainda foi a tempo de se tornar o desejo máximo de qualquer ‘puto’ – ao mesmo nível de uns patins em linha, um Walkman ou do Game Boy, o sucesso portátil lançado pela rival Nintendo. Basicamente, quem tinha, gabava-se; quem não tinha, queria ter.
As razões para este estatuto eram óbvias – e não, não tinham nada a ver com a hoje muito satirizada (e à época muito apregoada) tecnologia ‘blast processing’. O público-alvo da máquina tinha uma média de idades de 10 anos, e não fazia ideia (nem queria saber) do que era ‘blast processing’. Apesar da inovação tecnológica de ser a primeira máquina de 16 bit (anos antes da equivalente da rival Nintendo, e de outras como a Neo Geo), o sucesso da Mega Drive tinha raízes muito mais simples e óbvias – pura e simplesmente, a consola tinha a melhor selecção de jogos disponível no mercado pré-Super Nintendo. A máquina 16-bit da Sega tinha Sonic (que, para cúmulo, vinha de oferta com a consola!) Tinha Super Hang-On. Tinha Shinobi, primeiro em versão Super e mais tarde em modo de vingança. Tinha Street Fighter II, e Columns, e NBA Jam, e Golden Axe, e Desert Strike, e Mortal Kombat igual aos dos salões de jogos, e a melhor versão do jogo oficial de O Rei Leão alguma vez lançada. ´
Só esta pequena lista decerto já fez alguém querer ir buscar a sua Mega Drive ao armário - e isto sem sequer se ter falado em jogos tecnologicamente revolucionários como Virtua Fighter 2 (sim, existiu para 16 bits), Toy Story (cujos gráficos tentavam imitar o 3D do filme em ambientes 2D típicos da época), Sonic 3D (que, apesar do título, se desenrolava numa perspectiva isométrica) ou VR Racing, este sim um dos primeiros jogos em 3D de sempre. Era muita qualidade numa só caixinha preta, o que contribuiu para fazer da consola uma das mais vendidas de sempre em todo o Mundo – incluindo em Portugal.
Vejam bem esta selecção de jogos...
Tal como todos os aparelhos tecnológicos, também a Mega Drive acabou por se ver desatualizada, obsoleta, e destronada (ali sensivelmente a meio da década) por uma nova geração de consolas, com o dobro ou até o quádruplo dos bits, e ostentando gráficos de encher o olho. A PlayStation, a Nintendo 64, e a própria sucessora da Mega Drive – a Sega Saturn – passavam a tomar o lugar da pequena máquina do ouriço azul nos corações e listas de Natal das crianças, com a consola da Sony, em particular, a conseguir mesmo, eventualmente, quebrar os recordes estabelecidos por esta. No entanto, para toda uma geração de ‘putos’ vidrados em vídeo-jogos, esta continua a ser A consola – aquela que lhes proporcionou os melhores momentos de comando na mão, depois da escola ou aos fins-de-semana.
E vocês? Tiveram a Mega Drive, ou ficaram-se pelo querer? E qual era o vosso jogo favorito? Deste lado, era – e ainda é – o Sonic original, com O Rei Leão, Sonic 2 e VR Racing a servir de ‘guarda de honra’. Concordam? Discordam? Façam-se ouvir nos comentários!