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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

05.04.22

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Há alguns meses atrás, falámos aqui do Lecas, o personagem 'criança grande' que, em finais da década de 80 e inícios de 90, apresentava a sua Hora homónima, e que se tornou tão popular que chegou a gravar e editar um disco de músicas originais; hoje, vamos falar do próximo projecto abraçado pelo homem que o criara e lhe vestira a pele durante vários anos – o apresentador José Jorge Duarte.

Em estado de graça entre o público infantil, como resultado do seu estilo hiperactivo e energético de actuar enquanto Lecas, Duarte decidiu, em 1991, despir o 'fato' de personagem, e tentar a sua sorte em nome próprio, e num formato diferente: enquanto que a 'Hora do Lecas' era um programa de variedades com foco na apresentação de desenhos animados, o novo projecto seria um concurso de moldes clássicos. Em comum, os dois programas tinham, apenas, o facto de serem gravados em auditório, e dirigidos a um público infanto-juvenil, aquele que mais facilmente reconheceria o nome do apresentador, e teria interesse numa emissão por ele apresentada.

O resultado final deste desiderato foi 'Tal Pai, Tal Filho', concurso produzido pela Duvídeo, de Teresa Guilherme, e estreado na mesma RTP d''A Hora', menos de um ano depois de a mesma ter saído do ar - um 'timing' presumivelmente destinado a evitar que o nome de Duarte se esvaísse da sempre efémera memória das crianças.

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Com muitas semelhanças com outros concursos da época, como a mítica 'Arca de Noé' – então no pico da popularidade, e que adoptaria um formato semelhante para as suas últimas temporadas, apresentadas por outro ícone da televisão infantil da época – 'Tal Pai, Tal Filho' via equipas de um adulto e uma criança (normalmente familiar ou amiga) competir entre si em provas de cariz criativo e cultural, que iam desde criar um conto a cantar uma música ou representar uma peça de teatro.

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O apresentador, junto ao quadro com as diferentes categorias de provas disponíveis

A julgar cada 'performance' estava um júri de celebridades e respectivos mini-companheiros (também eles familiares ou amigos próximos dos jurados), cujas classificações numéricas de 0 a 10 perfaziam o total de pontos de cada equipa. No final, a equipa vencedora tinha direito a escolher entre uma série de prémios bastante típicos dos concursos da época e, na altura, incrivelmente aliciantes, desde viagens a computadores e outros produtos electrónicos. Pelo meio, havia ainda lugar aos interlúdios musicais típicos deste tipo de programa à época.

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Um típico painel de jurados do programa

Nada de incrivelmente inovador, portanto, mas suficiente para satisfazer o público-alvo, para quem o conceito interessante e um Duarte tão energético como sempre (já para não falar do tema inicial, daqueles tão 'peganhentos' que por aqui, ainda é parcialmente recordado três décadas depois) eram suficientes para justificar a hora passada à frente da televisão – embora não chegassem para manter o concurso no ar mais do que um ano.

Sim, 'Tal Pai, Tal Filho' foi mais um de entre vários concursos noventistas a desaparecer das televisões portuguesas tão rapidamente quanto tinha surgido; no caso, foram 41 emissões semanais, entre Outubro de 1991 e Agosto do ano seguinte, uma marca bem aquém da referida Arca de Noé (que se manteria no ar mais três anos, estabelecendo-se como o programa de concursos infantil mais duradouro da época) e mais condicente com emissões tão Esquecidas Pela Net como o Trocado em Miúdos (do qual, em tempo, também aqui falaremos.)

Ainda assim, para quem viu e fazia parte da demografia-alvo, tratou-se de um programa bem conseguido, que tentou afirmar-se por mais do que apenas o nome do apresentador, missão que, de um certo prisma, se pode dizer ter sido cumprida – ainda que não de forma tão longeva quanto, presume-se, teria sido desejável para a direcção da RTP. O referido apresentador, esse, transitaria para novos e mais altos vôos, nem todos direccionados ao sector infanto-juvenil (embora os mais famosos definitivamente o sejam). Desses, talvez um dia falemos; para já, e para quem não viu ou quiser matar saudades, partilhamos abaixo o único episódio de 'Tal Pai, Tal Filho' disponível online, para que os nossos leitores tirem as suas próprias conclusões sobre se o mesmo merecia ou não ter permanecido mais tempo no ar...

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