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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

20.11.22

NOTA: Dada a natureza temporalmente sensível do post de hoje, trocámos a ordem dos posts de Domingo, sendo que celebraremos o Domingo Divertido na próxima semana.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

E numa altura em que tem início mais um Mundial de futebol – o qual, apesar de uns meses adiantado em relação ao 'normal' e envolto em controvérsia, não deixa ainda assim de ser um evento de monta no panorama desportivo mundial – nada melhor do que recordarmos as competições deste calibre que tiveram lugar nos anos 90.

1990_FIFA_World_Cup.svg.png

E a verdade é que os adeptos noventistas não tiveram de esperar muito para ver o primeiro Mundial de Futebol da nova década, o qual teve lugar logo no primeiro Verão da mesma. Tratou-se do Mundial de Itália  '90 (segunda nação 'repetente' no tocante à recepção de eventos deste tipo) hoje em dia melhor lembrado pelo mítico jogo licenciado lançado para a Sega Mega Drive, mas que, visto a mais de três décadas de distância, marcou também uma certa transição entre o futebol da 'velha escola' dos anos 80 e o estilo que marcaria a primeira metade da década seguinte; esse sentimento de 'fim de uma era' é, aliás, hoje em dia exacerbado pela presença da Alemanha Ocidental, vencedora do certame e que, sem o saber, participava no seu último evento desportivo nessa capacidade, vindo a queda do Muro e respectiva unificação vindo a ocorrer meros meses depois, em Outubro de 1990, e das equipas da União Soviética e Checoslováquia, também elas à beira da dissolução como resultado da Guerra Fria, no ano seguinte. Mais a Oeste, o Mundial de '90 foi, também, responsável pelo 'nascimento' dos Camarões para o Mundo do futebol, bem como pela re-emergência do futebol inglês das trevas em que habitara na década de 80, tendo começado a criar as condições para a criação daquele que é, hoje, o maior campeonato de futebol do Mundo (a famosa Premiership) alguns anos mais tarde. Em termos futebolísticos, no entanto, tratou-se de um Mundial pobre, longe das emoções e momentos de antologia criados pelos seus antecessores directos, e que se destaca apenas por ter proporcionado aos adeptos uma das últimas oportunidades de ver craques como Diego Maradona em acção a nível internacional.

1994_FIFA_World_Cup.svg.png

O mesmo não se pode dizer do Mundial de 1994, disputado nos EUA, um país ainda hoje emergente para o futebol, mas certamente entusiástico em relação ao mesmo, e cuja equipa conseguiria uma inesperada qualificação para os oitavos-de-final (na qualidade de 'melhor terceiro'), tendo sido eliminados pelos futuros campeões, o Brasil (ironicamente, no Dia da Independência norte-americano, 4 de Julho.). Agora já com a Alemanha unificada e a Rússia (enquanto país independente) no lote de participantes, este Mundial ficou marcado pela final decidida a 'penalties' – a primeira na História da competição – e pela consagração da segunda 'fase imperial' do Brasil enquanto nação futebolística, com uma equipa extraordinária em que pontificavam nomes como Bebeto, Dunga, Romário e tantos outros bem conhecidos dos adeptos da época. Os 'canarinhos' não eram, no entanto, a única equipa a revelar ao Mundo autênticos craques – a Bulgária, por exemplo, viu despontar nesta competição a 'lenda' Hristo Stoichkov, grande responsável pela sua surpreendente prestação na prova. No cômputo geral, um Mundial de transição, mas bem melhor sucedido do que o seu antecessor.

1998_FIFA_World_Cup.svg.png

Qualquer marca atingida pela prova de '94 seria, no entanto, largamente superada pelo seu sucessor, o lendário Mundial de França '98 – talvez a mais 'presente' e memorável competição internacional da década para a maioria das crianças e jovens da época. Vencida pela anfitriã França - então ainda 'movida' a Zinedine Zidane - frente a um Brasil já sem muitos dos seus nomes do certame anterior, mas que contava na frente de ataque com um certo jovem de cabeça rapada e apelidado de 'Fenómeno', a prova mostrou já um estilo de futebol exacerbadamente moderno, próximo ao praticado hoje em dia, e proporcionou aos adeptos momentos de enorme emoção, como os provocados pelos intensamente emotivos jogos das meias-finais (que viram o Brasil eliminar a entusiasmante Holanda, praticante do segundo melhor futebol do certame, e a França sobrepôr-se à 'surpresa' Croácia) e da própria final, em que a nação anfitriã, 'movida' a Zinedine Zidane, soçobraria perante a 'Canarinha', que se sagraria assim vice campeã mundial.

No cômputo geral, e apesar de a Selecção Nacional portuguesa – então a assistir ao dealbar da Geração de Ouro - ter primado pela ausência de qualquer das três competições, os Mundiais da década de 90 não deixaram (ainda mais que os da anterior, e quase tanto como os da seguinte) de deixar a sua marca entre os jovens adeptos da época, portugueses e não só; pena, pois, que o estilo de futebol nelas praticado se encontre, há muito, extinto em favor de um futebol mais táctico, pausado e pensado. Ainda assim, quem lá esteve (ou antes, quem viu pela televisão) certamente se lembrará das emoções que cada uma destas provas suscitou no seu pequeno coração de adepto, fazendo, sem dúvida, crescer a sua paixão pelo desporto-rei – o que, no fundo, se pode considerar um sucesso no que toca a uma competição deste tipo.

20.12.21

NOTA: Este post é correspondente a Domingo, 19 de Dezembro de 2021.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

Em dezanove de cada vinte épocas, o futebol português pauta-se pela previsibilidade. Longe de uma Premiership, onde as lutas se desenrolam, a maioria das vezes, a cinco ou a seis, no campeonato nacional da Primeira Divisão os tres primeiros lugares da tabela classificativa são, normalmente, cativos, restando apenas a dúvida sobre a ordem em que são ocupados, e mesmo os três seguintes acabam, regra geral, por ir para as mesmas duas ou três equipas, sendo que neste caso, apenas a identidade das mesmas muda consoante a década.

Por vezes, no entanto, dá-se uma surpresa que causa um pequeno 'abanão' no paradigma futebolístico nacional. O mais lembrado destes é, claro, o campeonato ganho pelo 'outsider' Boavista, mas existem pelo menos mais duas ocasiões de desfecho inesperado só na década de 90, curiosamente ambas relacionadas com participações de emblemas historicamente 'pequenos' na prova então conhecida como Taça UEFA; da vitória do Beira-Mar na Taça de Portugal, ao cair do pano  da década, já aqui falámos, pelo que chega a altura de falar da outra surpresa, perpetrada no extremo oposto da década por outro 'histórico' de meio da tabela, um nome tão ou mais surpreendente do que o do próprio Beira-Mar.

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A equipa que (quase) fez história na Taça UEFA.

Corria o Verão de 1991 quando, no final da primeiríssima época completa da nova década, um concorrente inesperado conquistava o quinto lugar da prova-mor do futebol nacional, carimbando assim o acesso à pré-eliminatória da Taça UEFA; tratava-se do Sport Comércio e Salgueiros, clássico das cadernetas de cromos da Panini que, em anos futuros, viria a albergar pelo menos uma estrela em ascensão, na pessoa de Deco. Em 1991, no entanto, o desaparecido clube portuense não era, ainda, mais do que uma daquelas equipas de futebol 'físico' e campo em modo 'batatal' que apareciam na televisão três vezes por época - quando recebiam os grandes - e passavam o resto do ano em confrontos campais com os seus semelhantes - uma situação que se viria, pelo menos temporariamente, a alterar aquando do feito historico a que este post alude.

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19 de Setembro de 1991 é a data que terá, indubitavelmente, ficado na memória de uma geração de adeptos salgueiristas, por ter marcado a estreia do seu clube nos grandes palcos europeus, num 'playoff' que os opunha aos franceses do AS Cannes; e a verdade é que a estreia não podia ter corrido melhor, sendo que o Salgueiros se viria a sagrar vencedor desse encontro, embora apenas pela margem mínima (1-0, golo de Jorge Plácido.) Sorte oposta esperaria, no entanto, os portuenses no encontro da segunda mão, em que sairiam derrotados pelo mesmo resultado (golo do suplente Omam-Biyik, já depois da expulsão do médio Pedrosa) atirando a decisão da eliminatória para as grandes penalidades, onde o sonho terminaria após um parcial de 4-2 a favor dos franceses. Uma passagem digna, mas previsivelmente fugaz pelos palcos europeus, que acabaria mesmo por se consolidar como um dos maiores momentos na História centenária do clube, senão mesmo o maior.

E a verdade é que, para quem entrava na competição como 'underdog' exacerbado, o Salgueiros não se vergou; antes pelo contrário, a equipa do não menos mítico Filipovic apresentou-se num 2-5-3, táctica hoje em dia impensável, especialmente numa prova europeia, e frente a uma equipa que contava com o internacional croata Alijosa Asanovic, e com um promissor médio-centro esquerdino de 19 anos chamado Zinedine Zidane...

Hoje, mais de trinta anos após a recepção aos franceses no 'emprestado' estádio do Bessa, o Salgueiros - tal como existiu naquela noite europeia - já não existe, e o clube que nasceu das suas cinzas não está nem perto das divisões de topo do futebol português, e muito menos europeu; ainda assim, aqueles vinte e poucos atletas que conquistaram um lugar histórico na Primeira Divisão portuguesa da virada dos anos 90, e quase faziam uma gracinha europeia na época subsequente, não têm senão motivos para se orgulhar - afinal, constam como um dos poucos clubes portugueses fora dos 'três grandes' - e, mais recentemente, do Sporting de Braga - a conseguir visibilidade (ainda que fugaz) na cena futebolística internacional...

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