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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

25.11.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

No que diz respeito a nomes sonantes e incontornáveis da música portuguesa, há uma banda que se continua a destacar acima de todas as outras: os Xutos e Pontapés. Mesmo no ocaso da carreira e com uma fracção da relevância e base de fãs que tinham no pico da carreira, o colectivo liderado por Tim continua a ser o primeiro nome que vem à mente da grande maioria dos melómanos portugueses ao listar artistas musicais de destaque na cena nacional. É, pois, tudo menos surpreendente que os roqueiros lisboetas tenham sido alvo, por ocasião dos seus vinte anos de carreira, de um álbum de tributo, que reúne outros tantos artistas, dos mais diversos estilos, para interpretar algumas das mais conhecidas 'malhas' do grupo.

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Explicitamente intitulado 'XX Anos, XX Bandas' (aproveitando a simbologia do X, desde sempre inerente à imagem da banda) o álbum em questão era lançado algures há vinte e cinco anos, nos últimos meses do Segundo Milénio, ainda mais do que a tempo de atingir o topo das tabelas de vendas, embora não de figurar na lista dos mais vendidos do ano. E se o próprio conceito do disco já era, só por si, suficiente para assegurar o sucesso do mesmo, a Valentim de Carvalho (a editora de sempre dos Xutos) não se ficou por menos, e, ao invés de lançar algo 'amanhado' aos Pontapés, reuniu a 'nata' musical portuguesa para prestar homenagem ao grupo, sem olhar a estilos musicais - ao longo destas duas dezenas de músicas pode ouvir-se desde o rap de Boss AC ou Da Weasel ao 'grunge' de Lulu Blind, passando pelo puro punk lisboeta de Despe & Siga e Censurados (estes últimos reunidos expressamente para gravar a sua faixa para o projecto, 'Enquanto a Noite Cai'), pelo rock gótico-teatral dos Mão Morta, pelo 'folk-punk' de Quinta do Bill e Sitiados e pelo trip-hop dos Cool Hipnoise. O foco maior fica, no entanto, por conta do pop-rock, segmento em que os Xutos & Pontapés se inserem, sendo o grupo de Tim e companhia aqui homenageado por 'colegas de cena' como Clã, Jorge Palma, Ornatos Violeta, GNR, Entre Aspas, Rádio Macau, Sétima Legião ou Rui Veloso, além dos Ex-Votos, projecto de Zé Leonel, membro fundador dos Xutos e figura-chave da cena 'punk' do bairro de Alvalade, com a qual o grupo mantinha laços estreitos numa fase inicial, e cujo primeiro álbum celebra também este ano três décadas de existência. Para a 'chuva de estrelas' ficar completa, só ficou mesmo a faltar um representantes do 'heavy metal', como Moonspell ou RAMP.

Com tal diversidade musical (e por parte de um alinhamento de luxo) não é de admirar que o principal foco de interesse de 'XX Anos, XX Bandas' seja mesmo descobrir como cada um dos artistas transformou o tema original para o adaptar ao seu estilo – tal como não se afigura surpreendente que os resultados sejam algo variáveis, embora mantendo sempre o alto padrão de qualidade expectável por parte dos nomes envolvidos. Goste-se mais ou menos de um ou outro tema, no entanto, seria difícil pedir melhor tributo à maior banda portuguesa de todos os tempos, ou melhor maneira de celebrar um marco como o dos vinte anos de carreira, que o grupo assinalou também com um lendário concerto no Festival do Sudoeste, em suporte a este mesmo disco. De facto, mesmo a um quarto de século de distância, 'XX Anos, XX Bandas' continua a constituir uma excelente experiência sonora, pelo que a melhor maneira de terminar este 'post' é mesmo com a partilha do álbum em causa, disponível na íntegra no YouTube, e que permite constatar e comprovar tudo o que sobre ele foi dito nas últimas linhas. Reservem, portanto, uma hora e vinte minutos, e desfrutem de uma 'constelação' de artistas a tocar algumas das mais icónicas canções da História da música moderna em Portugal.

19.11.22

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

A explosão dos movimentos pop-rock e alternativo nas décadas de 80 e 90 (já aqui documentada em vários dos nossos posts anteriores) levou, lógica e previsivelmente, ao aparecimento de inúmeros espaços (a maioria, também naturalmente, nas áreas urbanas de Lisboa e Porto) onde os fãs destes estilos se podiam juntar para ouvirem o tipo de som da sua preferência, sempre devidamente acompanhado de alguns comes e muitos bebes, ou não se estivesse em Portugal. E se, na década seguinte, ganhariam proeminência e relevância salas como o Paradise Garage, em Lisboa, ou o seu congénere portuense, o Hard Club, nos anos 90 o destaque nesse campo pertencia a espaços como o Dramático de Cascais, ou o estabelecimento de que hoje falamos, o Johnny Guitar.

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Sala mítica da Lisboa dos noventas, sobretudo para quem gostava de um som mais voltado ao 'punk', rock alternativo e até heavy metal, o espaço inaugurado há quase exactos trinta e dois anos (a 7 de Novembro de 1990) por Zé Pedro (dos Xutos & Pontapés), Alex e Kalú (dos Rádio Macau) como 'substituto' para o lendário e malogrado Rock Rendez-Vous conseguiu, nos seus poucos anos de existência, deixar o mesmo tipo de marca na sociedade lisboeta, e sobretudo na sua juventude, que o seu antecessor, tornando-se A sala de referência, por excelência, para concertos de bandas dos estilos supramencionados. Pelo palco do pequeno mas carismático espaço da Calçada Marquês de Abrantes passaram nomes tão díspares como Peste & Sida, Ramp, Pop Dell'Arte, e até Jorge Palma (na sua encarnação mais 'alternativa' como Palma's Gang) ou uns Da Weasel ainda com um som mais puramente hip-hop e letras em inglês; no total, em escassos quatro anos de existência, o mítico espaço albergou mais de quinhentos espectáculos, tendo alguns dos artistas que ali tocaram, inclusivamente, ficado imortalizados no CD 'Johnny Guitar Ao Vivo em 1994, Vol. I', bem como no álbum ali gravado pelo Palma's Gang.

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Os dois álbuns alusivos ao espaço.

Infelizmente, antes que pudesse ser compilado um segundo volume desta colectânea, o bar e sala de espectáculos de Zé Pedro, Alex e Kalú viu-se obrigado a encerrar portas, como consequência de repetidas queixas relativas ao ruído e volume da música que ali se ouvia: uma perda de vulto para a juventude 'roqueira' nacional, que se via assim privada de uma das muito poucas salas declaradamente dedicadas a um som mais barulhento e menos comercial. Fica, pois, a homenagem possível a uma sala que, imagina-se, terá sido marcante na juventude de alguns dos leitores mais velhos deste blog, a quem convidamos a deixarem quaisquer testemunhos sobre o espaço na nossa caixa de comentários.

14.11.22

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

E porque um dos discos mais importantes da maior e mais duradoura instituição do pop-rock português completou há duas semanas exactos trinta anos (e por, nessa Segunda, termos estado ocupados a celebrar o Halloween falando dos 'bruxos' Moonspell), nada mais justo do que lhe dedicarmos algumas linhas deste nosso espaço sobre música marcante da nossa época.

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Falamos de 'Dizer Não de Vez', o primeiro de quatro discos lançados durante a última década do século XX pelos lendários Xutos & Pontapés, à época já nome maior do rock português (com orçamento e liberdade criativa a condizer) mas ainda com as ganas e a 'pica' que viriam, drástica e dramaticamente, a perder na época seguinte. E é precisamente essa conjugação de experiência e genica que faz do disco de 1992 (bem como do seu sucessor, lançado no ano seguinte) uma das melhores obras na vasta discografia do conjunto lisboeta, reconhecida como tal mesmo entre os fãs da época, que levaram o single 'Chuva Dissolvente' ao primeiro lugar do 'top' nacional de singles. E com razão - inicialmente concebido para ser um álbum duplo (mais tarde dividido em dois por imposição da Polygram, numa obrigação contratual pouco apreciada pelo quinteto mas que acabou por lhe render dois sucessos de vendas, em vez de apenas um em formato duplo) 'Dizer Não de Vezº é um álbum absurdamente homogéneo, repleto de uma ponta à outra com o estilo de 'malhas' a que os Xutos já vinham habituando os ouvintes de 'rock' comercial 'made in Portugal'. Temas como o supracitado 'Chuva Dissolvente', 'Hás-de Ver', o psicadélico 'Lugar Nenhum', os resquícios da fase 'punk' 'Dia de S. Receber' (a melhor do disco) e 'Lei Animal', ou o encerramento com o bem típico 'O Que Foi Não Volta a Ser' tornam este álbum de aquisição obrigatória, não só para admiradores do grupo, mas também por quem queira saber a que soa o bom 'pop-rock' português de cunho clássico.

Assim, e apesar de o grupo considerar que a divisão de temas com 'Direito ao Deserto' influenciou negativamente o produto final em termos de alinhamento e conceito, 'Dizer Não de Vez' afirma-se como obra absolutamente essencial, não só no cômputo da discografia dos Xutos, como do pop-rock noventista português (nem mesmo o próprio grupo a conseguiu jamais suplantar em qualquer momento posterior) e merecendo bem esta homenagem (ainda que atrasada) no mês do seu trigésimo aniversário.

 

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