18.10.22
Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.
É sempre triste ver mais uma parte da nossa infância e juventude desaparecer para sempre – e, por coincidência, a últimas semana viu serem retirados à geração que cresceu em finais do século XX não uma, mas duas personalidades directa ou indirectamente ligadas à programação nacional da época: o espanhol Claudio Biern Boyd, criador de algumas das animações mais conhecidas da época, e a portuguesa Ruth Rita, cujos quinze minutos de fama surgiram como assistente de Herman José na memorável versão portuguesa de 'A Roda da Sorte'.
Boyd com as suas duas criações mais famosas
Sobre o primeiro, há a exaltar a capacidade que teve de tornar dois textos clássicos mais apelativos para as crianças da era pré-digital através do seu reconto em formato animado, com animais antropomórficos no lugar dos heróis. Tanto 'Willy Fog: A Volta ao Mundo em 80 Dias' como o imortal e incontornável 'Dartacão' combinavam as duas paixões de Boyd (a literatura clássica e a animação) e se afirmaram como marcos na televisão portuguesa dos anos 80 e 90, tornando-se (juntamente com 'David, o Gnomo', outra produção de Boyd, esta totalmente original) de visionamento quase obrigatório para milhares de crianças e jovens lusos, tal como já o haviam sido na vizinha Espanha; e tudo isto sem recurso a violência ou linguagem 'forte', elementos que o produtor espanhol fazia questão de evitar nas suas produções. Quanto mais não seja pelo sucesso dessas duas séries, Claudio Biern Boyd será para sempre recordado por toda uma geração de crianças ibéricas. Tinha 82 anos.
Ruth Rita e Herman José , um 'duo dinâmico' que marcou o entretenimento português de inícios dos anos 90
Já Ruth Rita mereceu destaque por ter sido - a par de Lenka da Silva, já no novo milénio – uma das poucas assistentes de concurso a exibir qualquer laivo de personalidade, no caso derivado das suas reacções aos dichotes de Herman José, que não perdia qualquer oportunidade de 'picar' a bela assistente encarregue do quadro de letras d''A Roda da Sorte'; os seus sorrisos envergonhados e ocasional resposta 'à letra', o nome quase inacreditavelmente perfeito (e que seria um crime ter sido desperdiçado num qualquer anónimo) e a sua presença semanal nos lares portugueses, durante nada menos do que quatro anos, ajudaram a gravar a figura da apresentadora na memória de ambas as demografias que, à época, assistiam religiosamente ao concurso de Herman, as quais, certamente, sentem actualmente a sua perda,
Duas personalidades, portanto, que, sem serem 'celebridades' no sentido mais literal da palavra, não deixaram de ter impacto na infância e juventude da geração nascida e criada entre as décadas de 80 e 2000. Que descansem em paz.