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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

15.04.22

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Para a geração que tinha uma certa idade nos anos 90, o humor cinematográfico era personificado, essencialmente, por dois nomes: Jim Carrey e Robin Williams. E se o primeiro gozou de uma daquelas décadas de fazer inveja a qualquer novato (à revelação com Ace Ventura - Detective Animal seguiram-se Doidos À Solta, A Máscara, Ace Ventura em África, Batman Para Sempre e O Mentiroso Compulsivo, antes da viragem para filmes mais sérios com os excelentes The Truman Show e Homem Na Lua) o segundo - de quem Carrey foi, em certa medida, sucessor, e cujo papel no terceiro filme de Batman acabou por 'usurpar' - efectivou nos anos 90 uma viragem de carreira, deixando de parte os papéis algo mais sérios que desempenhara nos anos 80 e retornando às suas raízes mais cómicas e direccionadas a um público mais infantil.

E o mínimo que se pode dizer é que essa opção foi extremamente bem sucedida, tendo o actor caído nas boas graças do público pré-adolescente da época, graças aos seus desempenhos em sucessos como O Fabricante de Sonhos, Aladdin (um dos melhores filmes da chamada 'Renascença' da Disney, em que interpretou, memoravelmente, o Génio da Lâmpada), Ferngully: As Aventuras de Zack e Krysta na Floresta Tropical, Papá Para Sempre, Hook (de Steven Spielberg) Jumanji ou Jack (de Francis Ford Coppolla) entre outros.

Foi, precisamente, em meio a este estado de graça que Williams aceitou representar um professor distraído (numa altura em que Eddie Murphy revivia a carreira com um papel muito semelhante, num filme também baseado num clássico do cinema a preto a branco) num 'remake' de uma comédia familiar da Disney, hoje algo esquecido - para ser sincero, algo justificadamente - mas cuja data de estreia em Portugal completou recentemente 24 anos.

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Falamos de Flubber - O Professor Distraído, estreado em Portugal a 27 de Março de 1998 e que procurava ser mais um na longa lista de sucessos infanto-juvenis de Williams, bem como na lista de 'remakes' bem-sucedidos de obras de décadas passadas (onde se contam também O Professor Distraído e Doutor Doolittle, de Murphy, e a versão em 'acção real' do clássico animado Os 101 Dálmatas, produzida no ano anterior.) No entanto, apesar do bom desempenho do filme nas bilheteiras mundiais, o mesmo é, hoje em dia, bem menos lembrado do que os seus congéneres acima mencionados, talvez por se tratar de um daqueles filmes que entretêm no imediato, mas caem no quase total esquecimento algum tempo depois de terem sido vistos.

De facto, apesar de as aventuras do professor Phillip Brainard (Williams) e da sua criação, a borracha voadora Flubber (corruptela de 'flying rubber') terem tudo para agradar ao público a que o filme se destina - a começar por muito, mas muito humor tipo 'pastelão' - existem, na mesma época e com a mesma demografia em mente - opções muito mais bem conseguidas, como Space Jam (também de 1997), Pequenos Soldados, do ano seguinte, ou o próprio Jumanji, em que Williams participara pouco mais de um ano antes. Comparado com estes, o filme de Williams sai, definitivamente, a perder, sendo a sua exibição recomendada apenas àqueles pais já falhos de opções para entreter os filhos, e que não querem recorrer ao 'Baby Shark' ou à Porca Peppa.

De realçar, ainda, que, em Portugal, a estreia de 'Flubber' ficou marcada pela oferta da novelização oficial do filme - numa daquelas traduções manhosas e meio 'às três pancadas' a que a Abril já habituara os jovens leitores com a série 'Arrepios' - como brinde numa edição da revista 'Super Jovem', então já na fase final da sua existência. E ainda que, presumivelmente, tal estratagema tenha ajudado a gerar interesse pelo filme por parte do público-alvo à época, o certo é que nem a mais bem conseguida campanha publicitária conseguiria transformar 'Flubber - O Professor Distraído' em algo mais do que uma das produções 'menores' da fase 'imperial' de Williams, um filme 'engraçado' para ver uma vez, mas que não chega aos calcanhares da obra anterior do actor (o clássico 'O Bom Rebelde') e que, quase um quarto de século após a sua estreia, se afirma como relevante apenas num contexto de recordação do passado, como o proposto por este blog; para o público cinéfilo em geral, o filme merece mesmo continuar no esquecimento...

01.04.22

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

As palavras 'Disney' e 'remake' causam, hoje em dia, uma reacção manifestamente negativa por parte da maioria dos fãs dos originais animados em que se baseiam; isto porque, independentemente dos actores, realizadores ou equipa técnica que contratem, e das maravilhas que consigam fazer com a tecnologia, a maioria destes filmes limita-se a reproduzir, de forma inferior, obras que, no formato animado, estavam próximas da perfeição – ou não fossem a maioria das visadas parte da chamada 'Renascença' da companhia, responsável por uma série de clássicos absolutos durante os anos 90. Mesmo as adaptações de filmes menores e menos bem-amados, como 'Dumbo', 'Tarzan' ou o eternamente injustiçado 'O Livro da Selva', deixam que a 'magia' dos originais se perca em meio a toda a 'magia' técnica, resultando em obras aborrecidas e com muito pouca razão de ser.

Nos anos 90, no entanto, a situação era diametralmente diferente – ainda em plena 'Renascença', a casa do Rato Mickey gozava de um estado de graça entre os fãs de filmes para toda a família, o qual, por sua vez, lhe concedia o direito a algumas experiências; e entre essas experiências contava-se, em 1996, a primeira instância de um 'remake' em acção real de um clássico animado, no caso 'Os 101 Dálmatas'.

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Acrescido, em Portugal, do nada prático e perfeitamente desnecessário sub-título 'Desta Vez A Magia É Real', o '101 Dálmatas' de 'carne e osso' fazia o que os 'remakes' modernos não conseguem, apresentando uma actualização da história, sem que, com a mesma, se perdessem os ingredientes básicos da fórmula que tornava o original tão querido por várias gerações. Os animais não falavam, e não havia canções (mas, verdade seja dita, o original também poucas tinha) mas continuava a haver quase uma centena de cachorrinhos dálmata, um casal de donos sem mãos a medir para tomar conta de tantos animais (Jeff Daniels e Joely Richardson), dois ladrões trapalhões, mas competentes (Hugh Laurie e Mark Williams) e, claro, a espampanante vilã Cruela de Vil, talvez o elemento mais memorável do original animado, e que, nesta nova versão, continua a roubar todas as cenas em que aparece, por via da fabulosa interpretação de Glenn Close. Só esta já vale os cerca de 100 minutos daquilo que é, de outro modo, um filme muito típico da época e do público-alvo a que se destinava.

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Jeff Bridges e Joely Richardson como Roger e Anita, com os respectivos cães

De facto, sem ser mau, '101 Dálmatas – Desta Vez A Magia É Real' (argh!) tem significativamente menos a oferecer a um público mais velho do que o original; este é, muito mais declaradamente, um filme para crianças – embora, graças aos padrões menos estritos da época, tenha ainda assim mais interesse para adultos do que os ultra-politicamente-correctos equivalentes actuais. 

No entanto, para aquilo que é, trata-se de uma obra bem conseguida – conforme mencionado, as actualizações dos anos 50-60 para o fim do século XX resultam de forma natural, e em nada alteram aquela que continua a ser uma história simples, com um dos vilões, simultaneamente, menos grandiosos e mais cruéis de todo o acervo Disney. Os números, aliás, comprovam-no, tendo o sucesso deste primeiro filme sido suficiente para dar azo a uma sequela, '102 Dálmatas', já no dealbar do novo milénio - tratando-se esta, ainda mais que o original, de uma obra estritamente dirigida aos mais pequenos, e que realça e exacerba alguns dos problemas que todos esperavam que o original tivesse (incluindo animais falantes - e irritantes), e que o mesmo conseguiu evitar.

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'Poster' original da sequela, 'Os 102 Dálmatas', de 2000

Quanto ao primeiro esforço, no entanto, sem ser nada que tenha ficado para a História – ou mereça ficar – mas ainda hoje (três semanas depois de se ter celebrado o quarto de século sobre a sua estreia em Portugal, a 10 de Março de 1997) o mesmo continua a ser um bom filme para ir 'buscar' ao Disney+ numa tarde chuvosa, para uma sessão de nostalgia partilhada com os filhos ou sobrinhos...

25.02.22

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Nas Olimpíadas de Inverno de 1988, disputadas em Calgary, no Canadá, uma equipa de um país totalmente improvável protagonizou uma daquelas histórias de 'sangue, suor, lágrimas e triunfo' que normalmente só se vêem nos filmes; cinco anos depois, essa mesma história teve direito ao inevitável tratamento 'Hollywoodesco', que transformava a saga puramente 'underdog' da equipa jamaicana de 'bobsledding' (e que estranho é pensar que algo assim existiu MESMO, e não apenas na mente de um argumentista sob o efeito de drogas) numa daquelas comédias infantis coloridas e barulhentas típicas dessa época do cinema infantil. O que talvez não fosse de esperar seria que dessa manobra potencialmente cínica resultasse um filme que (no fim-de-semana em que se celebram exactos vinte e oito anos da sua estreia em Portugal, a 26 de Fevereiro de 1994) continua a ser um dos melhores representantes do seu estilo de cinema, e a agregar novos fãs a cada geração.

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Vendo bem as coisas, talvez isso não seja assim TÃO surpreendente – afinal, 'Jamaica Abaixo de Zero' (o horrendo título lusófono para 'Cool Runnings', o filme de que aqui se fala) teve a chancela da Walt Disney Pictures, ela que já havia sido responsável, um ano antes, por outro clássico do género, 'A Hora dos Campeões' (no original, 'The Mighty Ducks'), cuja sequela, lançada um ano depois de 'Cool Runnings', continua ainda hoje, a constituir o 'standard' máximo para as comédias desportivas infanto-juvenis. Uma companhia que percebia da 'poda', portanto, e que utilizou as suas décadas de experiência no ramo do cinema para crianças para assegurar que o filme sobre os jamaicanos a andar de trenó obedecia aos seus padrões de qualidade.- uma missão que não se pode considerar nada menos do que um retumbante sucesso.

De facto, 'Jamaica Abaixo de Zero' é aquele raro filme que consegue ter piada sem sacrificar o âmago da história – no caso, a luta dos quatro protagonistas (jamaicanos, mas interpretados por quatro actores nova-iorquinos...) para conseguirem a 'missão impossível' de qualificar pela primeira vez o seu país para as Olimpíadas de Inverno, com a ajuda de um treinador caído em desgraça, interpretado pelo malogrado John Candy.

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Os quatro protagonistas do filme

Um enredo que facilmente seria transformável numa sucessão de quedas supostamente 'humorísticas', mas que na verdade, deriva muito do seu humor e momentos mais memoráveis das interacções entre os personagens, cinco personalidades muito diferentes (e, por vezes, diametralmente opostas) que se vêem forçados a aprender a conviver em prol do bem comum; sim, há algumas quedas (a esmagadoria maioria protagonizadas pelo personagem de Doug E. Doug, Sanka Coffie, suscitando, inevitavelmente, o memorável bordão 'Sanka, morreste?') mas mesmo essas são bem contextualizadas pelos treinos e dificuldades da equipa em se adaptar a um desporto totalmente novo, nunca parecendo gratuitas ou forçadas.

E depois, claro, há o final, em que a Disney, numa atitude de louvar, decidiu preservar a verdade dos factos, em vez de optar pelo tradicional final feliz, que retiraria algum do impacto; tal como acaba, o filme suscita uma mistura de sentimentos perfeitamente deliciosa, que dificilmente se esperaria de um filme deste tipo. Um dos poucos casos em que o eterno 'cliché' do aplauso lento que vai aumentando de intensidade é bem merecido.

Grande parte destas decisões talvez derivem do facto de, na sua génese, 'Jamaica Abaixo de Zero' ter sido pensado como um filme totalmente sério, uma autobiografia ficcionada daquela equipa heróica, cuja história superava qualquer guião. Dificuldades na criação desta versão do filme ditaram, no entanto, a mudança de tom e toada, e a verdade é que – como sucederia com 'Pacha e o Imperador', do mesmo estúdio, alguns anos mais tarde – o filme não ficou a perder; antes pelo contrário, 'Cool Runnings' continua (conforme mencionado no início deste texto) a ser muitíssimo bem cotado por membros da 'geração X' e seguintes, tendo sobrevivido às enormes mudanças vividas pelo mundo do cinema nos últimos trinta anos. Como a equipa que retrata, o filme afirma-se como um 'sobrevivente', conseguindo manter-se à tona de sucessivas 'mudanças de maré', como que desafiando a que alguém pergunte: 'filme, morreste?', para que possa triunfalmente responder 'ná, meu...'

29.12.21

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os filmes da Disney têm sido, quase desde a sua popularização, sucessos absolutos entre a população infanto-juvenil, seja nas salas de cinema ou no circuito 'home video'; assim, não é de surpreender que rapidamente tenham surgido variações e alternativas a estes mesmos filmes, a maioria das quais oriunda do seio da própria Walt Disney. De adaptações áudio (das quais paulatinamente falaremos) a jogos e programas de computador alusivos aos diferentes filmes, foram muitos os produtos adjacentes lançados pela companhia entre o final da década de 80 e o início do novo milénio - e, de entre estes, um dos filões mais explorados foi precisamente a adaptação em banda desenhada dos filmes e séries animados lançados pela companhia.

A esse propósito, já aqui falámos da colecção ´Álbuns Disney´, que reunia histórias paralelas protagonizadas por alguns dos mais populares personagens áudio-visuais da companhia, publicadas na americana 'Disney Adventures' e subsequentemente traduzidas para português; no entanto, em finais da década a que este blog diz respeito, um dos principais diários portugueses expandiu ainda mais este conceito, apresentando uma colecção de adaptações directas e integrais de cada um dos filmes até então lançados pela Walt Disney Company, que tinham como principal particularidade o facto de serem bilingues, com cada conjunto de duas páginas a conter exactamente as mesmas ilustrações, diferindo apenas o idioma em que o texto estava redigido - de um lado em Português, do outro, em Inglês.

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A colecção integral

Veiculada em conjunto com o Diário ou Jornal de Notícias (embora, conforme era hábito com as colecções e suplementos dos jornais da época, também pudesse ser adquirido separadamente, mediante pagamento de uma quantia fixa) a série de clássicos Disney em banda desenhada bilingue teve ao todo treze volumes, os quais englobavam uma selecção algo anárquica de filmes entre os que haviam sido lançados pela companhia à época, sem lugar a quaisquer considerações cronológicas ou de completismo; para se ter uma ideia, a colecção começava com 'Toy Story - Os Rivais' (o filme mais recente dos incluídos na série), aparecendo 'Branca de Neve e os Sete Anões' (o primeiro filme Disney de sempre) e 'Pinóquio' (o segundo) apenas no terceiro e quarto números, já depois de '101 Dálmatas'. Os restantes volumes seguiam a mesma toada, com 'Aladino' entre 'Peter Pan' e 'Bambi' e 'Pocahontas' antes de 'O Rei Leão', que encerrava a série.

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A lista incluída no verso de cada volume ilustrava bem a ordenação anárquica da colecção

Nada, no entanto, que beliscasse a qualidade da série, que apresentava desenhos ao estilo 'Disney Adventures' e textos que adaptavam fielmente (ainda que por vezes com menos diálogos) os guiões dos filmes em causa. Quando combinados com um grafismo cuidado e encadernação mais próxima dos álbuns franco-belgas do que do habitual formato 'gibi' favorecido pela Editora Abril, estes elementos faziam com que valesse bem a pena investir nesta colecção, especialmente para quem quisesse aprender ou ensinar inglês a um público infanto-juvenil de forma divertida e interessante. De facto, o sucesso desta série poderá ter estado na génese de uma outra empreitada pelo ensino de línguas com chancela Disney, da qual falaremos aqui muito em breve; para já, aqui fica a merecida homenagem a uma excelente colecção de livros infantis, de uma altura em que as colecções oferecidas como brinde pelos jornais eram, por vezes, quase mais interessantes do que os próprios conteúdos dos mesmos...

21.05.21

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

E se na primeira destas nossas Sessões falámos dos filmes da segunda época áurea da Walt Disney, nada mais justo do que falarmos hoje daquelas animações que se pareciam ‘materializar’ nos escaparates, do nada, de cada vez que um deles estreava; animações comercializadas em VHS’s manhosos, muitas vezes em bancas de jornal, e cujos títulos e capas remetiam invariavelmente para um dos filmes recentes da Disney, Fox ou Warner Bros., sem no entanto resistirem a um escrutínio mais apertado.

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Acima: ideias cem por cento originais e sem inspiração em nenhuma companhia em especial

Comercializados em Portugal pela Goodtimes e pela Trisan Vídeo (sob a sigla ‘Classic Animations’, cuja escolha de tipo de letra para o logo era certamente aleatória e de forma alguma deliberada), estes filmes apresentavam-se, normalmente, divididos em dois tipos; por um lado, havia produções originais especificamente concebidas para serem ‘mockbusters’ dos filmes animados de grande orçamento, e por outro, havia desenhos animados mais antigos, alguns já com várias décadas, que eram oportunisticamente colocados de volta no mercado como tentativa de lucrar com a ‘febre’ invariavelmente causada por qualquer que fosse o novo filme animado em estreia nos cinemas - ambas práticas que, aliás, se mantêm até aos dias de hoje, agora com o DVD e o 'streaming' como formatos de eleição.

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Não lembra nada, pois não...?

E se estes últimos ainda gozam de alguma boa-vontade – por terem sido feitos muito tempo antes de a Disney ou Warner Bros. terem a mesma ideia – o primeiro tipo, que era também o mais frequente, só ganha pontos pelo seu descaramento. Basicamente, estes vídeos (a maioria deles da Goodtimes) eram as ‘cassettes amarelas’ dos filmes animados infantis – prometiam um produto excitante q.b. e ofereciam outro muito menos entusiasmante. A diferença é que, no caso dos vídeos, era fácil de perceber que aquele não seria o filme ‘oficial’ apenas olhando para a capa – ainda que algumas tentassem ao máximo confundir-se com as da ‘casa-mãe…

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'Coincidence? I THINK NOT!!'

Também ao contrário dos cartuchos amarelos, muitos destes filmes nem sequer eram, necessariamente, toscos ou mal feitos; pelo contrário, a maioria dos enredos tendia a manter-se mais fiel ao material original que a habitual ‘adaptação livre’ da Disney, e embora a animação ficasse obviamente muitos furos abaixo, o nível de qualidade era, normalmente, equiparante ao de uma série televisiva média. Ou seja, havia muito para gostar nestes vídeos – ainda que os pontos positivos fossem, infelizmente, ofuscados pela estratégia de marketing, essa sim, tosca e desingénua.

Mesmo assim, talvez devido ao baixo preço e fácil acessibilidade (muitas, como referimos acima, eram vendidas em papelarias e bancas de jornais, coladas àquelas icónicas cartolinas que eram sinónimas com o ‘VHS de quiosque’) estas cassettes conseguiram encontrar lugar nas colecções de VHS de muits crianças por esse Portugal fora. E embora (pelo menos por cá) não fossem dos filmes mais vezes postos a rodar, eram sempre uma óptima solução de recurso quando não apetecia ver mais nada – isto, claro, se soubéssemos de antemão ao que íamos, e não estivéssemos à espera de ver o filme oficial quando puséssemos a cassette no VHS…

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