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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

07.11.23

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

As décadas de 80 e 90 representaram, talvez, o auge da tecnologia de reprodução musical. Para além do surgimento do CD em substituição do vinil (e, mais tarde, da cassette) este período viu também serem lançados os primeiros esforços de portabilizar a escuta de música gravada, com os famosos e icónicos Walkman e os seus sucessores, os ainda mais lendários Discman, ambos pioneirizados pela Sony, à época a marca de vanguarda por excelência neste campo. Paralelamente a estes mais do que sobejamente conhecidos produtos dirigidos a um público adulto, no entanto, a marca japonesa apresentava ainda uma linha dirigida e dedicada exclusivamente a crianças, e que fez as delícias de jovens um pouco por todo o Mundo, Portugal incluído: a icónica My First Sony.

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Dois dos mais populares produtos da gama.

Produzida sobretudo na década de 80, mas ainda em circulação nos primeiros anos da seguinte, a gama My First Sony tinha como conceito produzir versões em escala reduzida dos principais aparelhos áudio-visuais comercializados pela marca, consistindo de rádio sem fios, walkman, rádio-relógio com despertador, leitor e gravador de cassettes com microfone, microfone amplificador, aparelhagem 'tijolo', 'walkie-talkies' e até um quadro electrónico para desenhos, ao estilo dos então populares Etch-A-Sketch e Magna Doodle. Para além do menor tamanho, adaptado às mãos infantis, cada um destes produtos destacava-se, ainda, pelos controlos simplificados (com botões maiores do que o habitual) e, sobretudo, pelo imediatamente reconhecível e altamente apelativo esquema de cores, que apostava em tons vivos de vermelho, amarelo e azul que faziam os aparelhos parecer brinquedos, e despertavam o interesse dos mais novos.

Não que tal estratégia fosse necessária, já que os referidos produtos ofereciam mais do que muitos atractivos por si só, como fossem os diversos e divertidos sons de alarme do rádio-relógio ou a possibilidade de gravar 'álbuns' originais no leitor de cassettes, graças ao microfone embutido e à função de gravação que o mesmo proporcionava – ambos, aliás, aspectos altamente apreciados lá por casa, onde ambos os aparelhos estiveram entre os mais populares e acarinhados do período da infância.

Previsivelmente, dados os seus inúmeros motivos de interesse para a demografia a que apontava, a gama My First Sony fez algum sucesso, sendo os seus produtos presença comum nos quartos de crianças portuguesas e não só durante a primeira metade da década de 90; também sem surpresas, o conceito seria, mais tarde, imitado por algumas das outras principais marcas de audio-visual da altura, embora nunca com o mesmo modelo sustentado que a Sony apresentara. É, aliás, sintomático que a referida linha de produtos continue a ser recordada mais de trinta anos depois, dando razão ao slogan da Kellogg's de que 'o original é sempre o melhor', e provando que não são necessários conceitos revolucionários ou mirabolantes para vender seja o que fôr ao público jovem – basta oferecer-lhes um produto de qualidade que vá de encontro aos seus interesses, uma definição que assenta 'que nem uma luva' à gama My First Sony.

29.03.22

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Numa era da História em que as nossas músicas favoritas vão connosco para todo o lado, em quantidade quase ilimitada, e acessíveis praticamente a qualquer momento com apenas um par de toques no teclado ou ecrã do telefone, parece quase inacreditável que, há apenas uma geração atrás, essa mesma experiência implicasse periféricos extra, de dimensões consideravelmente mais volumosas, e estivesse restrita àquilo que se conseguisse armazenar num dispositivo físico, entretanto tornado obsoleto.

E no entanto – como qualquer jovem de finais do século XX saberá – era precisamente isso que se passava há não muito tempo atrás: quem queria ouvir música na rua, ou fazia uso do auto-rádio do carro, ou se via obrigado a investir num desses Santos Graais da tecnologia oitentista e noventista: um Walkman.

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O Walkman original, lançado pela Sony em meados da década de 80

Sim, hoje vamos falar do inovador dispositivo introduzido no mercado pela Sony, e que acabou por se tornar parte indispensável do modo de vida ocidental, tendo mesmo dado azo a versões actualizadas e melhoradas à medida que a tecnologia de música portátil avançava.

Idealizado pela primeira vez nos anos 70, mas popularizado sobretudo nas duas décadas seguintes, o Walkman apresentava um conceito tão simples como inovador e atractivo: tratava-se de um leitor de cassettes portátil – algo já existente, sob a forma das chamadas 'caixas de som' ou 'tijolos' – mas em tamanho ultra-compacto e portátil, e com o bónus adicional de incluir um par de auscultadores, que permitiam ouvir música em qualquer local e a qualquer momento, sem com isso incomodar quem nos rodeava – precisamente o principal ponto fraco dos referidos 'tijolos'.

Com tais mais-valias, e a aura 'cool' típica dos produtos electrónicos daquela época, não é de admirar que o Walkman tenha sido um sucesso de vendas logo desde o lançamento – mesmo apresentando um preço proibitivo, como é costume com qualquer nova tecnologia, o aparelho da Sony tornou-se um dos produtos mais desejáveis, não só entre os jovens, mas um pouco por todo o espectro demográfico de finais do século. Quem não tinha, queria ter; quem tinha, fazia disso alarde, e era devidamente invejado.

Com o avançar dos anos (e das décadas), no entanto, o Walkman foi, aos poucos, perdendo a sua mística, à medida que era introduzido no mercado um número cada vez maior de 'clones' da máquina original da Sony, de 'entranhas' mais 'fraquinhas', mas perfeitamente funcionais e com preços bem mais convidativos. Assim, uns escassos dez anos após a sua introdução com pompa e circunstância no mercado, o Walkman tornara-se já, mais do que uma marca, um termo utilizado para designar todo e qualquer aparelho leitor de cassettes portátil, independentemente do fabricante; mais, a cobiça da juventude era, agora, a evolução natural do conceito para abranger o novo formato 'na berra' – o Discman, um leitor portátil de (isso mesmo!) CD's.

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Exemplo de um Discman, também da Sony

De dimensões necessariamente maiores que as de um Walkman (um CD tem, afinal de contas, mais área que uma cassette) mas ainda mais popular entre a demografia-alvo, que raramente era vista sem um, o Discman levou a tecnologia de reprodução de música portátil para o novo milénio, acompanhando a progressiva obsolescência do formato cassette e afirmando-se, paulatinamente, como o dispositivo por excelência para este efeito.

E embora o ciclo de vida do CD tenha sido bastante maior que o da cassette – tendo o formato apenas muito recentemente entrado na fase descendente, muito graças ao aparecimento dos serviços de 'streaming' – o Discman viria, também ele, a ser eventualmente destronado pela sua própria evolução natural – uma máquina que voltava a reduzir as dimensões, cabendo agora em qualquer bolso, e permitia armazenar música directamente em formato digital, sem que fosse primeiro necessário transferi-la para um dos já clássicos CD-R regraváveis. Essa, no entanto, é já uma história que fica fora do âmbito do nosso blogue, pelo que, por agora, se fica por aqui a retrospectiva sobre os aparelhos de música portáteis das décadas de 80 a 2000. companheiros quotidianos e inseparáveis de tantos jovens da época...

 

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