04.08.24
Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.
Nos últimos meses da década de 70, o futebol português via nascer mais uma competição, a juntar aos campeonatos nacionais e à Taça de Portugal: a Supertaça Cândido de Oliveira, troféu designado em homenagem ao lendário jogador e treinador que põe frente a frente os vencedores das duas outras competições. E embora as características do panorama futebolístico nacional não permitam grandes surpresas, tornando algo previsível quais as duas equipas que se irão defrontar, a História do troféu reservou, ainda assim, lugar a surpresas, embora a hegemonia de Sporting, Benfica e FC Porto apenas por três vezes tenha sido quebrada nos já quarenta e cinco anos de vida da competição. Agora, no rescaldo de mais uma Supertaça (ganha de forma tão impressionante quanto mirabolante pelo FC Porto) nada melhor do que recordar esses 'intrusos' que, embora apenas por uma época, lograram 'roubar' uma Taça aos três 'grandes' nacionais.
A primeira dessas três 'intromissões' deu-se ainda na década de 1980, quando o Vitória de Guimarães, capitaneado por Nando e com Neno na baliza, levou para casa o troféu da época 1987-88, após bater por um agregado de 2-0 o Porto de Quinito, que contava com nomes como João Pinto, Augusto Inácio, António André, Jaime Pacheco, Domingos ou Rui Águas, e que havia, nesse ano, feito a 'dobradinha', derrotando precisamente a equipa de Geninho na final da Taça de Portugal. Os vimaranenses tornavam-se assim, ainda que sem o saberem, a única equipa fora do eixo Lisboa-Porto a vencer a competição, e realizavam um feito e que apenas mais uma equipa conseguiria igualar em toda a História da competição – curiosamente, outra agremiação alvinegra, embora neste caso as cores surgissem em padrão axadrezado.
Falamos, claro, do Boavista, que, por duas vezes na década de 90, 'bateu o pé' a um 'grande' – primeiro em 1992 e em seguida cinco anos depois, em 1997, ambas contra o FC Porto. O primeiro destes dois triunfos viu a equipa então treinada por Manuel José, e que tinha como capitão o histórico Paulo Sousa, eliminar a equipa de Carlos Alberto Silva, após dois 'derbies da Invicta' repletos de golos, o primeiro dos quais veria os axadrezados vencer por 3-4 em plenas Antas, para depois segurar (e assegurar) um empate a duas bolas em casa, no Bessa. De ressalvar que, dessa equipa do Boavista, faziam parte, além de Paulo Sousa, nomes como Lemajic, Rui Bento, Caetano, Litos ou o 'Grande dos Pequenos' axadrezado, Bobó, que faziam frente ao Porto de Baía, Fernando Couto, Aloísio, Paulinho Santos, Timofte, Kostadinov, Domingos, Jorge Costa e Jorge Couto.
Já a segunda vitória, obtida em Agosto de 1997, veria os homens de Mário Reis, ainda com Paulo Sousa como capitão e agora com o bem conhecido Ricardo na baliza (além do também 'famoso' matador Ayew na frente) levar de vencida a turma de António Oliveira por um resultado agregado de 2-1, tendo a equipa axadrezada vencido em casa por 2-0 antes de ir perder às Antas por margem mínima, a qual não foi suficiente para lhe retirar o troféu. A equipa de Ricardo, Paulo Sousa, Rui Bento, Isaías, Martelinho, Delfim e do 'matador' Ayew Kwame (muitos com passagem passada ou futura pelos 'grandes') lograva assim conquistar um dos poucos troféus perdidos pelo Porto da fase hegemónica, que, na época em causa, contava com nomes tão conhecidos dos adeptos da altura como Rui Jorge, Sérgio Conceição, Drulovic, Zahovic, Chippo, Folha, Capucho e, claro, Mário Jardel, além do 'perene' Paulinho Santos.
Assinalar-se-ia assim a última vez que uma equipa fora do 'triumvirato' de Sporting, Benfica e Porto levaria para casa a Supertaça, pelo menos até à data de publicação deste 'post'. Numa era em que o desnível entre equipas se tende cada vez mais a reduzir, não é, no entanto, impossível ou impensável que outra agremiação consiga repetir tal façanha – sendo que, por exemplo, o Sporting de Braga deu muito trabalho ao seu homónimo lisboeta ainda há poucos anos, sucumbindo já perto do fim do jogo; e se o formato de 'jogo único' torna impossível uma vitória por agregado, como as conseguidas pelos clubes acima descritos, a verdade é que a remontada do Porto na edição 2024 do certame prova que tal desiderato pode perfeitamente ser atingido num jogo de 90 ou 120 minutos. Têm a palavra as restantes quinze equipas actualmente no escalão principal nacional...