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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

17.08.23

NOTA: Este post é respeitante a Quarta-feira, 16 de Agosto de 2023.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os meses de Julho e Agosto continuam, ainda hoje, a marcar o período em que muitas crianças e jovens portugueses vão de férias, e em que outros tantos voltam das mesmas - processo esse que envolve, invariavelmente, longas e aborrecidas viagens de carro ou de transportes públicos até ao destino escolhido. E se, hoje em dia, é relativamente simples mitigar o aborrecimento dos mais novos durante essas deslocações, por intermédio de iPads ou consolas portáteis, nos anos 90, a história era algo diferente - e, apesar da existência dos Game Boy, Game Gear e jogos LCD, os livros e revistas de banda desenhada continuavam a ter um papel preponderante no entretenimento da demografia em causa, nomeadamente através de publicações como o Disney Gigante e o Almanacão de Férias da Turma da Mônica, dois óptimos 'companheiros' para as crianças lusas que partiam em viagem no Verão de 1991.

Quem tinha a sorte de se deslocar ao estrangeiro (ou, pelo menos, de andar de avião) nesse mesmo período, no entanto, dispunha ainda de um terceiro companheiro de viagem, disponibilizado pela companhia aérea nacional TAP. Tratava-se da chamada 'Tap Júnior', uma revista de bordo especificamente dirigida aos mais novos e que contava, entre outros atractivos, com a sempre popular banda desenhada da Disney, então força dominadora nos quiosques de Norte a Sul do País.

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Capa do número 2, única disponível na Web.

Foram pelo menos quatro os números desta revista (ou suplemento) publicados a partir de Julho de 1991, todos com trinta e seis páginas, e cada um com um sortido de histórias (curtas ou mais compridas) do extenso acervo da Abril, algumas das quais chegariam mesmo a sair em outras publicações 'oficiais' da editora. Infelizmente, mais informações são impossíveis de conseguir, já que a revista foi totalmente Esquecida Pela Net, sendo o único registo a sua entrada na 'Bíblia' da Disney, o site I.N.D.U.C.K.S - de onde foi tirada a capa que ilustra esta publicação, único registo desta publicação de que poucos se lembrarão, mas que constituiu uma iniciativa louvável por parte da TAP para distrair os seus passageiros mais novos naquele início dos anos 90.

22.04.23

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

A segunda quinzena do mês de Abril, depois das férias da Páscoa, marca não só a entrada para o terceiro e último período do ano lectivo português (pelo menos em anos não-pandémicos) como também a altura em que os alunos do décimo-segundo ano ou aqueles no último ano do curso universitário começam a planear a sempre antecipada viagem de finalistas. Os anos 90 não eram excepção – antes pelo contrário, as viagens de finalistas eram eventos de ainda maior monta do que o são hoje em dia.

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Exemplo moderno, mas bem típico, de um cartaz informativo sobre a viagem de finalistas.

Isto porque, como já aqui mencionámos anteriormente, o acto de viajar para o estrangeiro era consideravelmente mais moroso e dispendioso naquela época do que o é hoje em dia, pelo que a viagem de finalistas representava, para muitos jovens, a principal e melhor ocasião para conhecer locais diferentes e ter experiências de férias distintas das habituais; assim, não é de admirar que a maioria dos adolescentes e universitários portugueses investisse considerável interesse no referido evento, e que este se afirmasse como um marco dos dois anos lectivos em que decorria.

Tal era a ânsia de embarcar nessa 'aventura', aliás, que havia até quem antecipasse a mesma para as férias da Páscoa, normalmente com o fim de organizar uma ida 'à neve' antes da chegada declarada da Primavera; regra geral, no entanto, os destinos escolhidos eram consideravelmente mais solarengos, com o Sul de Espanha, o Brasil, e localidades então muito em voga, como Cancún, a surgirem normalmente à cabeça das listas elaboradas pela Associação de Estudantes. Isto porque, além do óbvio atractivo de passar uma ou duas semanas numa praia tropical, este tipo de viagens tendia, também, a facilitar os 'excessos' típicos da juventude, alguns dos quais acabavam mesmo mal para as turmas envolvidas, prejudicando mesmo, por vezes, a reputação da própria escola.

Este tipo de incidente era, no entanto, definitivamente a excepção à regra; a maioria das viagens de finalistas tendiam a decorrer sem incidentes de maior, e a cumprir o seu objectivo de deixar memórias indeléveis aos jovens que nelas tomavam parte. E apesar de os trinta anos seguintes terem tornado as viagens ao estrangeiro tão fáceis que quase se podem considerar triviais, é de crer que este continue a ser um evento causador de tanto entusiasmo e antecipação junto da chamada 'Geração Z' como o foi para a dos seus pais...

14.01.23

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

O início do mês de Janeiro assinala, tradicionalmente, o regresso às aulas para o segundo período do ano lectivo; e, como qualquer volta à escola, também esta altura do ano tem como ritual quase obrigatório (entre muitos outros) a 'gabarolice' sobre as férias. E se a primeira 'rentrée', em Setembro, oferece amplas oportunidades para se compararem experiências de férias de Verão, este período pós-natalício traz o 'bónus' adicional de essas mesmas comparações terem como objecto um dos mais invejáveis de todos os tipos de férias para as crianças dos anos 90, logo a seguir à visita à Eurodisney: as idas 'para a neve'.

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O sonho de qualquer criança portuguesa dos 'noventas'.

Embora a inveja quanto a este tipo de intervalo lectivo não se estendesse (nem estenda) a todo o país – afinal de contas, para quem já vive em zonas montanhosas ou frias, a queda de neve é uma experiência perfeitamente normal, e até, muitas vezes, causadora de dificuldades – não havia nos anos 90 criança ou jovem de áreas citadinas ou situadas mais a Sul que não desejasse ardentemente poder passar as férias do Natal numa das muitas estâncias da Serra da Estrela, a aprender a esquiar ou simplesmente a desfrutar das potencialidades do clima mais frio; de facto, a popularidade deste tipo de férias era, à época, de tal monta que a Serra da Estrela serviu mesmo de pano de fundo a um dos melhores títulos da lendária Colecção Uma Aventura.

Mais afortunados ainda eram aqueles que tinham a oportunidade de não só ir 'para a neve', como de o fazer no estrangeiro, numa das muitas cadeiras montanhosas do Norte de Espanha ou Andorra, ou mesmo em locais como a Suíça. Isto porque, apesar de não diferirem grandemente das passadas em Portugal, estas férias tinham o atractivo adicional da viagem para outro país, outro dos grandes motivos de inveja para a juventude de uma era onde as viagens e o turismo estavam, ainda, longe da acessibilidade e facilidade que apresentam hoje em dia, fazendo de cada deslocação mais 'demorada' ou distante uma experiência memorável para quem tinha ainda pouca idade. E apesar de, hoje em dia, todo esse processo ser bastante menos fascinante – e de as 'férias na neve' serem, hoje, bastante menos apetecíveis ou até apregoadas do que o eram à época – estamos em crer que a possibilidade de passar o Natal a esquiar na Serra da Estrela não terá perdido totalmente o seu apelo junto dos mais novos...

29.10.22

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

Nos anos 90, quando as viagens internacionais estavam longe de apresentar as mesmas facilidades do que na actualidade, umas férias no estrangeiro pouco passavam de uma ambição (ou miragem) para muitas crianças e jovens portugueses; os mais 'sortudos' talvez fossem até Espanha, os mais ricos esquiar a França, mas no cômputo geral, os períodos de lazer da geração que cresceu em finais do século XX tendiam a desenrolar-se 'dentro de portas', em destinos como a Serra da Estrela, o Alentejo ou o sempre popular Algarve. Tal não impedia, no entanto, a dita geração de sonhar, e um dos maiores sonhos para qualquer 'puto' que tivesse a idade certa em inícios dos anos 90 era visitar um dos dois grandes parques temáticos da altura, curiosamente, ambos localizados em França; e se de um deles (o Parque Astérix) já aqui falámos na última Saída de Sábado, chega esta semana a altura de recordarmos o outro, talvez 'O' destino de sonho por excelência dos jovens portugueses da época – a Eurodisney.

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Fundado com 'pompa e circunstância' há pouco mais de trinta anos, a 12 de Abril de 1992, o parque hoje conhecido como Disneyland Paris foi um sucesso quase instantâneo, quer entre a juventude local, quer entre as dos países vizinhos, para quem a ligação à perenemente popular companhia do Rato Mickey, aliada à variada gama de atracções e 'zonas' propostas pelo recinto, serviam como principal chamariz. Em Portugal, em concreto, esse desejo foi, ainda, exacerbado por um conjunto de artigos incluídos, no ano seguinte, nos primeiros números da recém-lançada revista Super Jovem, em que os apresentadores do também mega-popular programa 'Clube Disney' visitavam as diferentes áreas (uma por edição) dando a conhecer as suas principais atracções.

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Ilustração de época que dava a conhecer todas as diferentes zonas e atracções do parque

A verdade, no entanto, é que o preço proibitivo não só da viagem até França como também da própria entrada na Eurodisney – ou não fosse a mesma um parque Disney, categoria conhecida pelas quantias exorbitantes pedidas por todo e qualquer bem ou serviço – colocavam uma ida à mesma fora do alcance da maioria das crianças portuguesas, sendo poucas (ainda que existentes) as famílias dispostas a fazer o sacrifício económico necessário para proporcionar essa experiência aos seus filhos; assim, para a quase totalidade dos jovens da época, a Eurodisney continuava (e continuou) a resumir-se a um simples sonho, representado em fotografias, alguma ou outra peça videográfica mostrada na televisão - a única maneira de ver imagens em movimento na época pré-YouTube – e ocasional brinde ou produto licenciado. Já quem foi, não deixou certamente de ser alvo de inveja extrema por parte dos colegas, e 'rei' (ou 'rainha') do recreio durante pelo menos o tempo que levou a resumir e relatar a experiência.

Hoje em dia – graças quer à relativa liberdade de movimentos descrita no início deste texto, quer ao próprio declínio de popularidade do parque – a Eurodisney é 'apenas' mais um destino de férias, muito longe da desejabilidade dos seus congéneres norte-americanos, ou de outros parques em outros locais do planeta; quem 'esteve lá' durante os primeiros anos da atracção, no entanto, decerto se recordará do entusiasmo que a mesma causava entre toda uma geração de jovens fãs dos eternos personagens de desenhos animados e BD da Disney, para quem poucas coisas se afiguravam tão desejáveis como uma semana de férias naquele local de sonho nos arredores de Paris...

21.08.22

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 20 de Agosto de 2022.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

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Para muitas crianças e jovens das últimas décadas do século XX, o período de férias de Verão (as chamadas 'férias grandes') era sinónimo com uma mudança de paradigma, ou pelo menos com uma mudança de 'ares', normalmente como consequência de uma viagem ou deslocação para um ambiente diferente daquele que experienciavam todos os dias - fosse dentro do País ou no estrangeiro.

De facto, apesar de a maioria das crianças portuguesas da altura ir, de uma maneira ou de outra, passar o Verão 'fora', o leque de experiências e vivências dessa mesma geração nos meses de maior calor dividia-se, pelo menos, nas duas grandes categorias mencionadas no final do parágrafo anterior, as quais, por sua vez, se dividiam em diversas sub-categorias; quem 'ia para fora cá dentro', como rezava um famoso 'slogan' turístico da altura, tanto podia fazê-lo na sua casa de férias própria (sendo as zonas 'da moda' da altura, além do Algarve, áreas como o Baleal, a Ericeira ou a barragem de Castelo de Bode) como em casa de familiares - normalmente os avós ou tios - usufruir do conforto alugado de um andar, hotel, ou 'resort' 'da moda', ou até ir passar uma quinzena numa colónia de férias, longe da família mas na companhia de dezenas de outras crianças da mesma idade.. De igual modo, quem decidia ir para o estrangeiro tanto podia optar por destinos puramente veranis, como o 'corriqueiro' Sul de Espanha, como aproveitar para visitar família emigrada, e com eles passar uns dias ou semanas.

Experiências, no fundo, não muito diferentes das dos jovens de hoje em dia, mas que se desenrolavam numa conjuntura bastante diferente, com poucas ou nenhumas soluções tecnológicas, e com bastante menos facilidade de deslocação - o que apenas ajudava a tornar aqueles períodos de férias ainda mais valiosos; afinal, na época em que as férias eram caras e as chamadas telefónicas primavam por esporádicas, após terminado o interregno, era sempre uma incógnita se, ou quando, o mesmo se tornaria a repetir, e quando se voltaria a conviver ou até falar com os familiares visitados.

Isto, claro, sem falar na miríade de novas vivências que umas férias proporcionavam, desde as novas amizades (e reencontro com os amigos 'de férias') até às brincadeiras impossíveis no meio de origem, passando pelos sempre apetecíveis dias de praia, pelas aventuras 'geográficas' em países desconhecidos, ou simplesmente pela comida da avó; factores que, em conjunto ou por si só, contribuíam para fazer daqueles últimos anos de férias 'pré-tecnológicas' uma memória para a vida, e uma daquelas experiências que - infelizmente - as novas gerações já só conhecerão em 'segunda mão'...

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