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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

11.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 10 de Agosto de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Para grande parte das crianças portuguesas, independentemente da geração, a chegada das férias grandes é sinónimo de uma temporada na praia, ou, alternativamente, de deslocações frequentes à mesma; e, para as crianças de uma certa idade dos anos 80 e 90, havia um elemento que jamais poderia faltar num Sábado aos Saltos no meio da areia – as forminhas.

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Um conjunto de praia bem típico da época.

Disponíveis nas mais variadas formas e feitios – embora privilegiando curvas arredondadas – e em modelos tanto mais simples quanto mais elaborados e complexos, estes moldes em plástico colorido constituíam, a par dos castelos de areia feitos com recurso ao balde, uma das actividades preferidas dos portugueses mais pequenos durante grande parte do século XX, mantendo-se essa apetência ainda bem viva à entrada para a última década do mesmo. Isto porque a sensação de conseguir fazer a forma mesmo 'perfeitinha' – com todos os painéis do casco da tartaruga ou recortes das torres do castelo – proporcionava uma sensação de orgulho, mesmo tendo noção de que mais ninguém iria admirar a 'obra de arte', e de que a mesma seria provavelmente destruída ou refeita dentro de poucos momentos.

Tal como muitos dos nossos outros tópicos neste blog, as forminhas também acabaram, eventualmente, por 'passar de moda', tendendo a já não fazer parte dos conjuntos de praia vendidos nas lojas portuguesas da actualidade, ao contrário do que sucede com o balde ou a pá. Para quem cresceu a deixar o 'carimbo' de maçãs, tartarugas ou estrelas na areia, no entanto, este tipo de brincadeira será para sempre parte integrante das memórias dos Verões de infância, um tempo mais simples, em que uma peça de plástico colorido cheia de areia era capaz de proporcionar muitos bons momentos.

11.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 9 de Agosto de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Todo o jovem dos anos 90 os usou, ou conheceu alguém que usasse, e sentiu um ligeiro sentimento de vergonha, quer própria, quer alheia. Falamos dos fatos de banho em formato 'slip', conhecidos por diversos nomes (sendo os mais comuns sunga, tanga ou Speedo) e que, num período de menos de dez anos, passaram de ícone de moda 'praieira' a motivo de embaraço para qualquer veraneante que não fosse praticante de natação.

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De facto, entre finais dos anos 80 e o Novo Milénio, esta peça de vestuário veranil passou de 'farda' obrigatória de qualquer 'pintas' que quisesse impressionar o sexo oposto a repelente activo do mesmo, sendo quase exclusivamente extinto do cenário estival português em favor do universal calção de banho, ainda hoje a peça-padrão para o sexo masculino. A tanga ficou, assim, temporariamente restrita a uma demografia infantil muito nova, antes de mesmo essa passar também a usar calção, remetendo a antecessora para o domínio exclusivo da piscina de competição, onde o formato da referida peça era favorecido por ajudar à deslocação aerodinâmica do atleta. Já para todos os outros grupos de portugueses com cromossomas XY, o 'slip' da Speedo ou de qualquer outra marca passou a vestimenta praticamente proibida no contexto da praia, sob pena de quem a usasse ser vítima de 'gozo' por parte dos pares – situação que, aliás, se mantém até aos dias de hoje. Com a recente vaga de nostalgia pelas décadas de 80 e 90 é, no entanto, bem possível que a sunga volte a estar na moda a dado ponto num futuro próximo – embora, para quem a usou em criança ou adolescente e conheça as gerações Z e Alfa, tal cenário se afigure muito pouco provável...

 

23.07.24

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Os programas de entretenimento e variedades filmados ao vivo numa qualquer localidade remota de Portugal continuam, até aos dias de hoje, a ser talvez a maior constante do Verão televisivo nacional; no entanto, embora pareçam sempre ter existido, este tipo de transmissões eram consideravelmente menos populares (e certamente menos formatadas) à entrada para a última década do século XX. De facto, seriam precisos alguns anos para este tipo de formato encontrar tanto uma fórmula estável como uma audiência regular, levando a que algumas das primeiras tentativas de o implementar pareçam, de uma óptica contemporânea, algo peculiares. É o caso, por exemplo, da proposta da RTP para a época estival de 1994, a qual sobrevive hoje em dia, sobretudo, através do segmento satírico que lhe foi devotado pelo outrora popular grupo de comédia e improviso, Gato Fedorento.

De facto, sem essa 'alavanca', é muito provável que 'Onda de Verão' entrasse para a crescente galeria de programas noventistas Esquecidos Pela Net, já que a única outra referência à emissão é uma entrada no blog Eu Também Vejo TV, um recurso equivalente a um arquivo bibliográfico, ou seja, sem grandes informações sobre cada emissão, àparte o canal, horário, e mês de estreia – no caso, Julho de 1994, o que faz com que se celebrem por esta altura exactos trinta anos sobre a transmissão do programa.

Esta 'anonimidade' por oposição a outros programas do mesmo tipo não deixa de ser surpreendente, já que o 'Onda de Verão' oferecia precisamente o mesmo do que aqueles, consistindo de rubricas de humor, jogos e passatempos, interesse humano e interacção com a audiência, além dos inevitáveis momentos musicais firmemente vincados no género 'pimba', tudo dinamizado por uma dupla de apresentadores afáveis, carismáticos e com a dose certa de 'brejeirice' - uma fórmula que tanto a própria RTP como a SIC e a TVI explorariam com excelentes resultados durante as três épocas seguintes, mas que neste caso parece não se ter afirmado como especialmente memorável para as demografias-alvo. Ainda assim, numa altura em que os canais 'abertos' voltam a apostar em força em conteúdos deste género, é legítimo e de valor recordar um dos pioneiros do mesmo – especialmente porque mais nenhuma fonte parece especialmente interessada em o fazer...

11.11.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Em Portugal, em meados do mês de Novembro, ocorre, quase invariavelmente, um estranho fenómeno: durante alguns dias, o clima torna-se ameno, solarengo e tipicamente outonal, em claro contraste com a habitual chuva que marca o Outono e início Inverno nas latitudes ibéricas. E apesar de haver, certamente, uma explicação científica para tão abrupta e temporária mudança climatérica, na sabedoria popular, esta 'bonança' fica ligada à lenda do S. Martinho, sendo o período em causa conhecido como 'Verão de S. Martinho'.

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Um típico dia de 'Verão de S. Martinho'

Escusado será dizer que, em meio a uma estação que – conforme atrás referido – se tende a pautar pela chuva, este período mais ameno, aliado ao feriado que lhe está associado, serve de pretexto para pôr de lado as galochas (pelo menos por uns dias) e usufruir de uns belos Sábados aos Saltos por parte das demografias mais jovens; pelo menos, era esse o caso nos anos 90, quando a oferta digital não era, ainda, atractiva o suficiente para suplantar um dia de sol, sem escola, e com os amigos da rua ou do bairro igualmente livres para um sem-número de brincadeiras. Antes (ou depois) disso, na escola, comiam-se castanhas, como forma de celebrar a festa em causa, e no próprio dia, celebrava-se também o Magusto – efemérides que apenas ajudavam a tornar mais atractiva aquela semana de sol no meio do Outono.

E apesar de a mesma passar rápido, e rapidamente a vida voltar ao mesmo 'rame-rame' frio e chuvoso de sempre, a cada ano, havia sempre aquele 'oásis' pelo qual esperar, e que garantia que pelo menos uma das semanas do período de Outono era passada no exterior, em jogos e brincadeiras com os amigos, numa espécie de 'despedida' definitiva do Verão, que assim 'abalava' no cavalo de S. Martinho rumo ao outro lado do Atlântico, deixando memórias de inesquecíveis Sábados aos Saltos, e a esperança de os poder repetir uma vez regressado o calor.

Feliz Dia de S. Martinho!

23.08.23

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

De entre os muitos codificadores e elementos que formavam parte de qualquer ida à praia dos anos 80 ou 90, e que hoje se esbateram ou desapareceram, um dos mais saudosos para quem tinha a idade certa naquela época serão, decerto, as avionetes que sobrevoavam certas praias, desfraldando atrás de si 'slogans' publicitários alusivos a fosse que companhia fosse que as tivesse contratado.

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Uma visão entusiasmante para qualquer criança ou jovem noventista.

De facto, era práctica corrente, em certas partes do litoral português de finais do século XX, alugar estes veículos aéreos para, através deles, veicular mensagens publicitárias ou divulgar eventos ou novos produtos. Mas, para além do 'desafio' de tentar ler o que dizia a faixa desfraldada antes de o avião se afastar demasiado, este tipo de iniciativa tinha, para os jovens daquela época, ainda um outro atractivo, ainda mais importante: por vezes, abriam a escotilha inferior e deixavam cair no areal brindes, normalmente bolas e colchões insufláveis ou t-shirts, que alguns 'sortudos' melhor posicionados acabavam por levar para casa, de forma inteiramente grátis.

Por muito aliciantes que fossem, no entanto, estes brindes estavam longe de ser fáceis de conseguir; era preciso não só ser rápido, para chegar à beira-mar antes de os brindes tocarem o chão, mas também ágil, para conseguir 'esgueirar-se' por entre a 'maralha' que pretendia deitar a mão a uma do limitadíssimo número de unidades disponíveis. Escusado será dizer que eram mais as vezes em que o 'puto' comum da época saía de 'mãos a abanar' do que as que tinha sucesso, mas quando tal acontecia, era difícil disfarçar a alegria e o orgulho.

Apesar de eficazes na sua estratégia, é fácil de perceber o porquê de as avionetes publicitárias terem sido 'reformadas'; a conjunção da passagem de quase todas as campanhas para um formato digital com as preocupações ambientais e os custos associados ao aluguer de equipamento, impressão de faixas e criação de brindes - tudo isto para, com sorte, conseguir mais alguns clientes - contribuiu para a obsolescência deste tipo de meio de divulgação, que faria muito pouco sentido no Mundo digital de hoje em dia. Quem lá esteve, no entanto, certamente não esquece a emoção de olhar para cima, ao ouvir aproximar-se um avião durante um dia na praia, e ver que se tratava de um destes veículos publicitários...

19.08.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

O Verão em Portugal é, em larga medida, sinónimo de idas à praia, piscina ou parque aquático - e estas, por sua vez, trazem associada toda uma série de brinquedos e produtos específicos. Já há algum tempo aqui falámos de um deles - os colchões insufláveis - e chega, agora, a altura de falarmos de outro, nomeadamente as pranchas de 'bodyboard' concebidas especialmente para crianças.

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Exemplo moderno dos produtos em causa.

Ainda hoje disponíveis em muitas lojas de praia - embora bastante menos comuns no areal em si do que em tempos já foram - estas pranchas constituíram, para muitas crianças dos anos 90, o primeiro contacto com os desportos aquáticos que tanto fascinavam a juventude da época; e ainda que não fossem, nem de longe, resistentes o suficiente para enfrentarem mesmo as ondas mais pequenas, estavam mais do que à altura da tarefa de emular, na orla da água, os 'verdadeiros' surfistas e 'bodyboarders' que explanavam os seus truques alguns metros mais à frente. Com algum jeito, era até possível fazer estas pranchas deslizar pela areia molhada, ao estilo 'skimboard', algo que não deixava de deliciar a demografia-alvo.

Assim, não é de admirar que estas pranchas se tornassem rapidamente, para quem as tinha, apetrecho indispensável de cada ida à praia - tão impossível de ser esquecido como o balde, as forminhas ou as raquetes - e, para quem não tinha, objecto de cobiça, que fazia sonhar com o momento em que também esses pudessem revoltear sobre a rebentação baixa à beira-mar, a 'treinar' para quando, anos mais tarde, pudessem verdadeiramente tornar-se desportistas radicais marítimos - um objectivo que as escolas de surf tornam, hoje, mais fácil, tornando as pranchas de brincar algo obsoletas. Ainda assim, para quem viveu no tempo em que nem tudo estava, ainda, largamente disponível, estes brinquedos terão, sem dúvida, marcado época, e contribuído para muitos Sábados aos Saltos durante as férias de Verão na praia...

27.07.23

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Era uma das presenças perenes no cartaz da Olá, sempre ali, no canto inferior direito, abaixo do Super Maxi e Perna de Pau e ao lado do Epá, pronto a servir como 'solução de compromisso' para crianças e jovens cujo dinheiro não dava para mais, ou pais que não quisessem que os filhos comessem quantidades excessivas de gelado; chamava-se Mini Milk, surgiu há exactos trinta e cinco anos, e é omissão de vulto no cartaz da companhia para 2023, após ter sido descontinuado. Neste 'post', recordamos aquele que, sem ter sido o gelado favorito de ninguém, não deixou de ser um dos mais nostálgicos para a maioria dos jovens noventistas.

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Introduzido pela primeira vez no Verão de 1988, o Mini Milk consistia, tão simplesmente, de um pequeno cilindro de leite gelado (daí o nome, apesar de mais tarde terem surgido também variantes de morango e chocolate) vendido a um preço condicente com o seu tamanho, e que – ao contrário da maioria dos produtos que o rodeavam no cartaz - 'cabia' no bolso de qualquer 'puto' armado de parte da mesada. Simultaneamente, a ausência de chocolate, baunilha ou qualquer outro dos ingredientes presentes nos restantes gelados, aliado ao tamanho mais pequeno do que a média e à predominância do leite como ingrediente, faziam com que parecesse uma opção mais saudável – uma impressão que era reforçada pela imagética de prados verdejantes com calmas vacas a pastar, por oposição às mascotes mais típicas dos outros gelados especificamente dirigidos ao público infanto-juvenil da época. Esta combinação de factores tornou, por sua vez, o Mini Milk num dos produtos Olá mais frequentemente consumidos pela referida demografia, tornando-o, assim, nostálgico por definição, e denotante de despreocupados dias de praia ou piscina ou períodos de férias.

Será, portanto, sobretudo essa faixa etária a sentir a falta do icónico gelado, uma daquelas presenças reconfortantemente familiares que faziam crer que, por muito que o Mundo mudasse, certas coisas se manteriam para sempre inalteradas – uma ideia que a Olá acaba de desmentir, fazendo desaparecer, poucos meses após ter feito regressar o Rol e um par de anos após a volta do Super Maxi, uma parte da infância 'millennial' tão importante como qualquer delas. Até sempre, Mini Milk.

26.07.23

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Na última edição desta rubrica, falámos do 'Disney Gigante', a tentativa feita pela Editora Abril de oferecer aos jovens portugueses material adicional de leitura para as férias; nada mais justo, portanto, do que versarmos agora sobre a publicação que ajudou, originalmente, a popularizar esse conceito, e na qual a Abril se terá inspirado para fazer o seu super-álbum. Falamos do 'Almanacão de Férias' da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa, uma publicação bi-anual lançada para coincidir com as férias escolares do Brasil (em Dezembro/Janeiro e em Julho), e que, apesar de chegar a Portugal com os habituais vários meses de atraso, não deixava de constituir uma excelente proposta para 'guardar' para aquelas viagens mais longas a caminho de um qualquer destino de férias.

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O número 8, um dos primeiros lançados nos anos 90.

Criado aquando da passagem da Turma de Mauricio da Editora Abril para a Globo, em 1987-88, esta publicação teve como antecedente directo o 'Grande Almanaque do Mauricio', do qual saíram duas edições – uma ainda na Abril, em 1986, e outra já na Globo, cujo fim era testar a viabilidade do formato na nova editora. E o mínimo que se pode dizer é que a experiência foi bem-sucedida, já que o 'Almanacão' não mais deixaria de fazer parte do lote de publicações da Mauricio de Sousa Produções, sofrendo apenas uma mudança de nome aquando da passagem para a Panini, já nos anos 2000.

O formato, esse, também nunca se alterou, apresentando uma mistura das tradicionais histórias com os conhecidos personagens e cerca de 80 a 100 páginas de passatempos, também com a Turma como protagonista, que constituíam o grande atractivo da publicação, e que englobavam desde desenhos para colorir aos tradicionais labirintos e sopas de letras, passando pelo icónico 'Jogo dos Sete Erros' e outras actividades de premissa menos comum, mas que nem por isso deixavam de ter interesse para o público-alvo. Muito que fazer, portanto – pelo menos para quem não tendia a 'devorar' de imediato todo o conteúdo, como era o caso lá por casa.

A única grande mudança sofrida pelo Almanacão de Férias foi, pois, o número de páginas, que diminuiu quando o número de publicações anuais passou de duas para três, em 1998, e ainda mais quando passou a ser lançado um 'Almanaque Turma da Mõnica' mais genérico, já sem o tema das férias como motivo central. A capa passou, também, a ser plastificada em vez de cartonada, mudança que ajudava a preservar a integridade dos livros, sendo que os primeiros números tendiam, inevitavelmente, a adquirir vincos na capa, algo que a plastificação vinha ajudar a colmatar.

Tirando isso – e, claro, a qualidade das histórias e passatempos em si – o 'Grande Almanaque' da Panini ainda hoje disponível nas bancas é em tudo semelhante à icónica publicação noventista, podendo, por isso, constituir um excelente meio de fazer a nova geração tirar o 'nariz' do iPad e do TikTok durante uma longa viagem de carro ou transportes públicos, ou mesmo um dia de chuva 'fechado' no hotel ou casa de praia, e descobrir como os seus pais se divertiam na mesma situação.

22.07.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Num dos primeiros posts 'de Verão' deste nosso blog, abordámos as pistolas Super Soaker, um dos brinquedos mais instantaneamente associáveis ao calor para as crianças dos anos 90. Apesar de popular, no entanto, as referidas pistolas de água não eram tão ubíquas quanto se possa pensar, graças a uma combinação de preços proibitivos (comuns a todos os brinquedos 'da moda' do século XX) e alguma controvérsia, graças à força que os jactos de água atingiam nos modelos mais potentes; assim, muitas das crianças e jovens portugueses da época continuavam a ver-se obrigados a recorrer a métodos mais 'tradicionais' para se refrescarem a si próprios e aos amigos em dias quentes de Verão, fossem eles os banhos de piscina, mangueira ou tanque, os sempre clássicos balões de água ou os brinquedos de que falamos este Sábado, as não menos tradicionais 'bisnagas'.

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Associados – como os balões de água – tanto ao Verão como ao Carnaval, os icónicos 'revólveres´ de plástico translúcido e colorido, com um 'pipo' na frente por onde entrava a 'munição', vulgo a água, não podiam faltar na gaveta de qualquer menor de idade de finais do século XX, onde esperavam a época certa para 'entrar em acção', e molhar tudo e todos ao seu redor; e ainda que os seus jactos 'às pinguinhas' fossem mais irritantes que eficazes, os mesmos não deixavam, ainda assim, de atingir o objectivo proposto, nomeadamente o de 'chatear' os amigos e os deixar desconfortáveis.

Tal como tantos outros produtos de que aqui falamos, no entanto, também as bisnagas de água caíram em desuso com o passar das décadas, até por terem deixado de estar, como dantes, disponíveis em qualquer drogaria, loja dos 'trezentos' ou superfície comercial de bairro, a um preço hoje equivalente a uns poucos cêntimos. Ainda assim, é de crer que o seu atractivo não se tenha desvanecido para as crianças da nova geração, e que as mesmas saberiam o que fazer com um destes brinquedos se o mesmo lhe fosse posto nas mãos; afinal, por muito que as mentalidades mudem, há instintos e comportamentos que são inatos a qualquer criança ou jovem, e estes produtos conseguem juntar dois – o de brincar com água, e o de irritar os amigos – assegurando assim que o seu apelo permanece intemportal...

24.06.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa altura em que o calor aperta novamente um pouco por todo o País, começa a apetecer sobremaneira dar um salto à praia ou piscina; mas se quem tem a sorte de ter um destes recursos perto de casa facilmente consegue realizar esse desejo mediante uma rápida Saída de Sábado, para quem vive em meios mais rurais ou no interior do País, essa é uma solução menos viável para escapar ao calor. Mas se a actual geração 'Z' tem de encontrar alternativas ao litoral, os seus antecessores 'Millenials' ou 'X' sabiam perfeitamente como tornar um dia de calor intenso bastante mais tolerável: com um rápido mergulho no tanque lá de casa.

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A 'piscina' da infãncia de muitos.

Sim, isso mesmo – o tanque de lavar a roupa, muitas vezes situado no quintal ou nas traseiras, e que, em alturas de estio, acabava a desempenhar funções de piscina improvisada para quem não tinha uma insuflável; desde que a criança em causa fosse pequena o suficiente para conseguir caber na estrutura sem desconforto ou perigo, era mesmo ali que muitos portugueses do século XX 'chapinhavam' em fins-de-semana de calor – desde que não houvesse roupa para lavar, bem entendido.

Mesmo quem já 'era grande' para tais 'aventuras' não ficava 'de mãos a abanar', já que existia, ali mesmo ao lado do tanque, uma outra alternativa viável para se refrescar – a mangueira. Bastava ligar a torneira, apontar ao local (ou pessoa) certa, e logo um revigorante jacto de água ajudava a limpar o suor e a afastar a sensação de calor. Melhor – ao contrário do tanque, o 'banho' de mangueira não tinha 'limite de idade', podendo continuar a ser desfrutado até à idade adulta, se assim se desejasse.

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A alternativa ao tanque para os mais velhos.

Por fim, há que referir a terceira alternativa para um banho de Verão, mais restrita a indivíduos e famílias com posses – a piscina particular, que tornava desnecessária a deslocação a um espaço público para nadar e se refrescar. No entanto, naquele final de século XX (como hoje) uma estrutura deste tipo era considerada um luxo, e eram poucos os portugueses a ter acesso a algo deste tipo, tornando os banhos de tanque ou de mangueira as principais alternativas a uma ida à praia ou piscina.

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Um luxo nos anos 90, como agora.

Hoje em dia, numa altura em que a maioria das casas dispõe de máquina de lavar, os tanques 'à moda antiga' começam a constituir uma raridade; no entanto, em comunidades e localidades mais tradicionais, é ainda possível encontrar estruturas deste tipo, pelo que tudo leva a crer que pelo menos alguns dos elementos da geração actual ainda saibam o que é tomar 'banho de tanque' num Sábado de calor...

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