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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

14.06.22

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

No auge da 'era YouTube', em que todo e qualquer vídeo – seja profissional ou amador – está disponível em algum local da Internet, o conceito de um programa que consistia, precisamente, na exibição de vídeos caseiros e amadores afigura-se totalmente redundante e obsoleta; e no entanto, a verdade é que, na era pré-Internet, este tipo de emissão era um sucesso absoluto em várias partes do Mundo, Portugal incluído.

De facto, este formato era tão popular a nível internacional que, nos anos 90, a RTP apostou numa versão cem por cento nacional do conceito, e lhe deu honras de exibição em horário nobre (curiosamente, precisamente às Terças).

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Intitulada 'Isto Só Vídeo', esta adaptação do clássico formato 'Funniest Home Videos' foi, durante grande parte do tempo que esteve no ar, um dos maiores sucessos da emissora estatal, e ajudou a transformar Virgílio Castelo – até então um discreto actor de teatro, para quem esta era a primeira 'aventura' no campo da apresentação televisiva – num nome reconhecido de Norte a Sul do País.

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O carismático Virgílio Castelo tornou-se praticamente sinónimo do programa

O conceito simples mas extremamente eficaz do programa – vídeos caseiros de índole voluntária ou involuntariamente cómica, enviados por espectadores ou 'descobertos' pela produção do programa, e transformados pela produção em montagens temáticas narradas pelo próprio Castelo – aliado aos custos de produção extremamente baixos (já que o 'trabalho pesado' acabava por ser feito pelos próprios autores dos vídeos mostrados) permitiram ao programa manter-se no ar durante cinco anos, de 1992 a 1997, tendo as três primeiras temporadas sido calorosamente recebidas por parte do público nacional, que tornou a emissão um sucesso; já as últimas duas temporadas, em que Castelo era substituído pela mais fotogénica, mas menos carismática Rute Marques, padeceram de um considerável decréscimo de interesse por parte da sociedade em geral, que levaria ao inevitável cancelamento do programa, já em finais dos 90, mas ainda a alguns anos do advento dos vídeos em ambiente 'web'.

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Rute Marques encabeçou o programa na sua fase descendente de popularidade

Ainda assim, e mesmo tendo saído pela 'porta pequena' dos ecrãs nacionais, o 'Isto Só Vídeo' constituiu, nos anos em que esteve no ar, um conceito verdadeiramente apelativo e inovador para a época, tendo divertido espectadores de todas as idades (entre eles muitas crianças e jovens, junto de quem o programa fazia furor) com o seu misto de 'acidentes' caseiros, animais e bebés a fazerem coisas engraçadas, e um ou outro vídeo obviamente encenado para parecer casual – precisamente a mesma mistura de elementos que pode, hoje em dia, ser encontrada numa pesquisa rápida no YouTube ou TikTok, inviabilizando por completo a hipótese de um programa nestes moldes alguma vez voltar a ser produzido. Fica, pois, a recordação daquele que foi um dos mais marcantes baluartes do horário nobre da RTP em inícios de 90, que toda uma geração de crianças e jovens fez por não perder todas as semanas.

02.06.22

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-feira, 1 de Junho de 2022.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Eram caixinhas de surpresas. Folhas em branco, à espera de serem povoadas com o que mais aprouvesse a quem as adquiria. Portas para um mundo mágico, repleto de possibilidades ao alcance dos dedos (e da carteira). Instrumentos de sedução. Provas de amizade. Métodos de documentação. Tudo isto, e muito mais, pelo preço de duas semanas da mesada de um jovem dos anos 90.

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Falamos das cassettes ditas 'virgens' (tanto de áudio, como de vídeo), que estiveram entre as invenções mais populares das décadas de 80 e 90. Numa altura em que a aquisição dos formatos 'oficiais' – vinil, cassettes musicais pré-gravadas, CD, Betamax ou VHS – requeriam algum investimento, esta inovação veio permitir a muitos jovens gravar os seus filmes, músicas e programas de televisão ou rádio favoritos, em blocos de várias horas, dependendo da duração e qualidade da cassette; escusado será dizer que poucos foram os jovens que não tiraram partido dessa apelativa possibilidade.

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Comercializadas, em Portugal, sobretudo pela Sony, TDK, Fuji, Mitsubishi e BASF (embora não fosse, de todo, difícil encontrar 'marcas' muito menos conhecidas, algo mais baratas, mas de qualidade significativamente menos comprovada) este tipo de cassette era relativamente fácil de encontrar, podendo normalmente ser adquirida na secção audio-visual de estabelecimentos dos mais variados tamanhos, desde lojas de bairro a supermercados e hipermercados – o 'truque' estava, apenas, em descobrir onde eram praticados os preços mais apelativos. Depois – uma vez adquirido o número desejado de cassettes em branco – restava gravar a nosso bel-prazer, tanto quanto as horas das referidas cassettes permitissem, e, no fim, identificá-las através de um dos característicos rótulos que qualquer ex-jovem da época terá repetidamente criado para saber o que continha cada 'volume' (ou, caso a família fosse leitora da TV Guia, através de uma das não menos icónicas 'capas' oferecidas semanalmente pela revista, e alusivas aos grandes filmes a passar na televisão nessa semana.)

Em suma, um verdadeiro ritual de passagem de qualquer adolescente da época, que perdurou durante toda a década seguinte (apenas substituindo as cassettes por CDs ou DVDs) mas que, como tantos outros de que falamos nestas páginas, inexoravelmente se perdeu na era do 'streaming'. Hoje em dia, as 'mixtapes' são 'playlists', e os filmes que não estão na Netflix acabam, mais tarde ou mais cedo, por entrar em rotação constante num qualquer canal da TV Cabo. Restam, pois, as memórias de toda uma geração para preservar a experiência que era pôr uma cassette em branco no vídeo, aparelhagem ou 'tijolo', e nela documentar os gostos pessoais naquele ponto das nossas vidas...

 

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