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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

19.01.23

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Regra geral, os produtos que abordamos nesta secção inserem-se em uma de duas grandes categorias: os nascidos nos anos 90, e aqueles que apenas duraram até, ou durante, essa época. Tal deve-se, logicamente, à proposta deste blog, que procura centrar-se sobre memórias e nostalgia específica da chamada 'geração Millennial'. Por vezes, no entanto, não é possível manter – pelo menos inteiramente – essa premissa; por vezes, há que falar de produtos que foram tão lendários para a 'nossa' geração como para a anterior, e mesmo a seguinte. O produto desta semana é – a par do Um Bongo e do Bollycao, as outras grandes excepções que abrimos a este respeito – um dos principais representantes dessa categoria de produtos transversais a portugueses de várias idades.

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Embalagem moderna do produto em causa.

Trata-se do Tulicreme, o ultra-popular creme de barrar no pão cuja não menos popular mascote, o Urso Tuli, sofria precisamente nesta época da História não uma, mas duas mudanças de 'visual', cada uma das quais o afastava mais das suas raízes como representante minimamente realista (e algo andrógino) da espécie 'ursus arctos', e o aproximava das restantes mascotes (e outros personagens animados em geral) que faziam furor na época.

No entanto, ao contrário do que acontecia com outras marcas, o apelo do Tulicreme não se cingia apenas à mascote, sendo de crer que o produto tivesse sucesso mesmo sem a presença de Tuli como 'embaixador'. Isto porque o creme de barrar era, desde a sua introdução no mercado português em 1964, um daqueles 'prazeres gulosos' a quem havia pouco quem resistisse. Além disso, o teor relativamente económico do produto tornava-o uma opção popular para os lanches das crianças das gerações que com ele conviveram, fazendo o produto, a dado ponto, inclusivamente parte dos lanches oferecidos pelas escolas portuguesas.

Naturalmente, como costuma ocorrer neste tipo de situações, o sucesso do Tulicreme junto do seu público-alvo rapidamente motivou a criação de novos sabores, primeiro de avelã e, mais tarde, de caramelo (cuja recepção ficou bem aquém das expectativas, levando à sua rápida retirada do mercado, e ao regresso da sua bem mais consensual congénere à base de frutos secos). Como também era hábito, o creme rapidamente se viu associado a patronícios de entidades como o Jardim Zoológico de Lisboa (onde apadrinhava, naturalmente, os ursos) e o programa Arca de Noé, que chegou a promover um concurso em conjunto com a marca, em que os prémios de consolação consistiam de peluches alusivos ao 'novo visual' da mascote Tuli.

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Um dos peluches recebidos como prémio de consolação do concurso promovido pela 'Arca de Noé' (crédito da foto: OLX)

Ao longo dos anos, no entanto, o 'estado de graça' do Tulicreme foi-se, progressivamente, deteriorando, à medida que cada vez mais nutricionistas alertavam para os malefícios do produto; ainda assim, à semelhança do Bollycao (outra 'vítima' da consciencialização alimentar do novo Milénio) o creme em causa ainda vai tendo lugar no mercado alimentício infanto-juvenil actual, levando a crer que o seu tempo de vida nas prateleiras nacionais se prolongue por, pelo menos, ainda mais uns anos, e que o mesmo continue a fazer parte da categoria de produtos 'lendários' do comércio português.

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