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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

07.04.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 06 de Abril de 2025.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Apesar de actualmente mais limitados na sua abrangência, os trabalhos manuais foram uma das disciplinas escolares mais populares entre as crianças em idade pré-escolar e primária de finais do século XX, sendo as diversas actividades neles englobadas também bem aceites e até activamente procuradas no contexto de um Domingo Divertido em casa. Uma dessas actividades, hoje praticamente extinta mas, à época, difundida um pouco por todo o país, era a picotagem, tema das próximas linhas,

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De facto, o tradicional acto de fazer furos numa folha de papel através da inserção de um pico numa esponja divertiu muitas crianças dos anos 80 e 90 (já para não falar de décadas anteriores) com o seu misto de exotismo – sendo a esponja um particular motivo de interesse – acessibilidade e versatilidade no tocante a formas e 'desenhos' que podiam ser criados através do método em causa. Assim, não é de espantar que a picotagem tenha sido, a par do papel de lustro (outro passatempo eventualmente merecedor de destaque nesta rubrica) um dos trabalhos manuais a mais rapidamente e facilmente 'extrapolar' a escola, e se tornar num meio de 'matar' alguns minutos durante um Domingo Divertido em casa – sempre, claro, com a ajuda de um adulto, já que, mesmo nos mais 'permissivos' anos 90, deixar um instrumento aguçado nas mãos de uma criança era um acto de elevado risco.

Talvez tenha, aliás, sido precisamente essa a razão do desaparecimento da picotagem do quotidiano infantil actual; além do parco interesse que a actividade em causa teria para as gerações digitais, o receio de causar o mais pequeno dano a uma criança poderá ter limitado consideravelmente o espectro de actividades aceitáveis, estando a picotagem na 'linha da frente' nesse aspecto. Quem, em pequeno, passou uma tarde de chuva a 'desenhar' uma cara com furos num papel, no entanto, terá (espera-se) sido transportado por estas breves linhas para esse tempo mais simples e inocente da sua existência, e ficado, quiçá, com vontade de apresentar aos filhos essa actividade tão apreciada nos seus tempos de criança...

12.12.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

A época natalícia é, já de si, farta em momentos e motivos de entusiasmo para os mais pequenos, seja em Portugal ou em qualquer outra parte do Mundo ocidental; entre escolher e decorar a árvore, ir ver as iluminações com a família, abrir diariamente uma das portinholas do Calendário do Advento, marcar no catálogo de Natal os presentes pretendidos (ou, nos dias que correm, escolhê-los na Amazon), escrever a carta ao Pai Natal (e visitá-lo no hipermercado). ver pela centésima vez o 'Sozinho em Casa' e fazer as compras necessárias para a ceia – e isto ainda sem contar com quaisquer potenciais festas da escola ou do trabalho dos pais – o mês de Dezembro afirma-se como um dos mais excitantes (a par dos meses de Verão) para as demografias mais novas. É, pois, de questionar se um livro cujos conteúdos consistem apenas e só de (ainda mais) actividades natalícias se afigura como uma boa ideia; no entanto, foi isso mesmo que a Editora Civilização decidiu lançar, em plena Primavera (o livro saiu em Abril!) de há exactos trinta anos, permitindo aos interessados começar a preparar com absurda antecedência o advento de 1994.

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Da autoria de Angela Wilkes, e parte de uma colecção mais alargada que incluía também volumes sobre cozinha e matemática, entre outros, “O Meu Primeiro Livro de Natal” sugere, no subtítulo, “actividades divertidas para fazeres no Natal”, a maioria das quais centradas nos trabalhos manuais, uma maneira simples, singela e divertida de criar bons momentos em família naquela que é a época dedicada, por excelência, à mesma. Da criação dos habituais enfeites típicos da quadra a actividades algo mais originais, são páginas atrás de páginas de actividades que terão, certamente, feito as delícias das crianças das gerações 'X' e 'millennial' com mais apetência para a criação de objectos decorativos. Assim, até por este volume se encontrar, hoje em dia, algo 'Esquecido Pela Net' – sobrevivendo apenas a capa e o nome da autora – não poderíamos deixar de lhe dedicar algumas linhas nesta nossa rubrica mais 'generalista', como forma de assinalar os trinta Natais desde a sua publicação, naquele que era um País significativamente diferente, mas de tradições natalícias praticamente idênticas às dos dias que correm.

14.04.22

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

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Quando se é criança, 'vale tudo' para 'desligar', mesmo que por momentos, de uma aula chata; e nos anos 90, quando os telemóveis ainda eram mais excepção que regra e os 'tablets' ainda nem eram ideia no cérebro de um qualquer cientista, uma das principais formas que as crianças de todo o Mundo encontravam para 'matar tempo' nessas alturas mais chatas (quando não estavam a passar papéis entre si, claro) eram as confecções em papel, criadas com as folhas dos cadernos e 'dossiers'.

Da mais famosa destas - o quantos-queres - já falámos numa edição anterior desta rubrica; hoje, dedicaremos a nossa atenção às outras principais categorias de criações deste tipo - a saber, os barcos, os chapéus e, claro, os aviões de papel.

Dos três tipos, o mais universal era, sem dúvida, o último, até por um avião de papel ser tão fácil de criar - e a definição do que constituía uma criação deste tipo tão lata - que até quem não tinha grande jeito podia rapidamente 'fabricar' um destes artefactos e gerar algum entusiasmo, fosse na sala de aula ou cá fora, no recreio (as competições para ver que avião voava mais longe eram praticamente um ritual entre jovens de uma certa idade); por contraste, os barquinhos requeriam água nas proximidades (e tendiam a desfazer-se rapidamente) e os chapéus deixavam de servir após uma certa (pouca) idade. Ainda assim, qualquer destes três elementos constituía uma 'quinquilharia' artesanal perfeitamente válida - e, mais importante, uma forma divertida de fazer 'acelerar' o tempo num dia de escola mais lento...

27.08.21

Nota: Este post é relativo a Quimta-feira, 26 de Agosto de 2021.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Hoje em dia, quando a maioria das crianças dispõe, pelo menos, de um telemóvel com que se entreter nos tempos mortos, pode parecer caricato que um pedacinho de papel dobrado, com pintas de diversas cores e algumas palavras escritas no interior, pudesse ocupar um intervalo de recreio inteiro seja de quem for. E no entanto, na ‘nossa’ década (como nas quatro ou cinco décadas anteriores), tal instrumento foi fonte de muitos e bons momentos de diversão entre colegas, amigos ou até familiares.

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Sim, o ‘quantos-queres’, uma criação de trabalhos manuais cujas origens se perdem no tempo, mas que qualquer criança (pelo menos qualquer criança de há algumas décadas atrás) parece ter nascido a saber fazer e utilizar. Mais: cada grupo de crianças tinha a sua própria maneira de preencher aquela ‘florzinha’ de papel. Alguns (sobretudo as raparigas) tinham mais cuidado na ‘decoração’, enquanto outros a mantinham mais simples; alguns utilizavam-na como modo de elogiar o colega que estivesse a cargo de escolher a cor (preenchendo as diversas dobras com elogios), outros para gozar ou insultar, e ainda outros como forma de estabelecer pequenos desafios, alguns genuínos, outros humilhantes (por exemplo, quem escolhesse a cor preta tinha de fazer determinada acção ou ultrapassar determinada prova.) Cada ‘quantos-queres’ se tonava, assim, precisamente naquilo que se pretendia que fosse – uma caixinha de surpresas (ou, como diria Forrest Gump, uma ‘caixa de chocolates’, em que nunca se sabe o que se vai obter.) Era, precisamente, esse o atractivo deste passatempo, e que fazia com que qualquer jogador inevitavelmente quisesse repetir a vez.

Em suma, este é (foi?) um daqueles passatempos cuja obsolescência se veria com alguma tristeza, visto ter entretido, de forma ‘caseira’ e mais ou menos inocente, gerações e gerações de crianças. Por isso, se ainda se lembrarem de como se faz um ‘quantos-queres’, por favor passem esse conhecimento aos vossos filhos, para que pelo menos esta ‘tradição’ de recreio do nosso tempo não se perca…

 

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