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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

05.11.25

NOTA: Este 'post' é correspondente a Terça-feira, 4 de Novembro de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década

Já aqui anteriormente falámos d''A Hora do Lecas', o programa que catapultou José Jorge Duarte para o sucesso e o tornou ídolo entre os mais pequenos, no papel da titular 'criança grande'. Assim, e face ao sucesso de que a referida 'Hora' desfrutava entre o público-alvo semana após semana, não é de admirar que a RTP oferecesse a Duarte a possibilidade de continuar o formato (ainda que com novo titulo), mas agora em horário 'nobre' no tocante à programação infantil – nomeadamente, as manhãs de Sábado. Surgia assim, há pouco mais de trinta e cinco anos (em Outubro de 1990) a 'continuação' d''A Hora do Lecas', com o bem menos intuitivo título de 'Lecas, Mais Certo Que Sem Dúvida'.

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Apesar deste equivocado título, no entanto, o programa continuava a oferecer tudo o que a sua demografia-alvo podia pedir de um programa deste tipo – jogos interactivos (como 'penalties' ou um jogo de pesca), convidados musicais (a começar logo, em 'grande', pelos Xutos & Pontapés), entrevistas, reportagens e, claro, muito do humor típico do 'Lecas', traduzido tanto em 'sketches' curtos como em paródias de filmes de heróis de banda desenhada ou nas 'dobragens' das 'vozes' dos animais de companhia das celebridades entrevistadas, na rubrica 'Meu Dono de Estimação'. Numa vertente algo mais 'séria', a rubrica 'Quando For Grande Quero Ser...' oferecia aos jovens espectadores, uma vez por mês, a possibilidade de viverem o seu emprego de sonho durante um dia, ao lado de um profissional do sector, enfatizando assim a ligeira vertente educativa de que o programa também gozava. No global, um formato equilibrado, e que não podia deixar de agradar ao público-alvo, pese embora a ausência de desenhos animados, normalmente a 'atracção principal' deste tipo de programa. Lecas era, no entanto, uma presença mais do que magnética o suficiente para manter as crianças portuguesas cativadas durante todo um programa, eliminando a necessidade de exibir séries entre os diferentes segmentos, e dando ao programa alguma originalidade face a outros 'concorrentes'.

De referir, ainda, que foi deste programa – e dos seus segmentos musicais, protagonizados uma vez por episódio pelo próprio Lecas – que saiu o icónico disco 'As Canções do Lecas', do qual também já aqui falámos, pouco depois do 'post' dedicado à 'Hora'. Esta nova publicação vem, pois, completar a 'trilogia' dedicada a uma das grandes figuras da televisão infantil portuguesa de finais dos anos 80 e inícios de 90, e que a porção mais velha dos leitores deste 'blog' provavelmente recordará como um dos seus ídolos de infância.

21.10.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década

Ao falar de programas televisivos sobre música no Portugal dos anos 90, a referência é, obviamente, o 'Top +', o mais próximo a que a TV portuguesa chegava de uma MTV. No entanto, durante o longo período de 'vida' do referido programa, o mesmo partilhou tempo de antena com outros que, sem lograrem ser tão populares, procuravam compensar tal facto com abordagens ou características distintivas e originais. Já aqui falámos, por exemplo, do 'Pop Off', cujo foco se voltava para a música radiofónica de produção nacional, e iremos agora abordar outro programa, seu contemporâneo, e que se destacava ainda mais da norma estabelecida pelo 'Top +'.

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Isto porque 'Mapa Cor de Rock' não só era gravado em directo (e a partir de uma discoteca, a Number One do Porto, por oposição a um estúdio de televisão) como também dava aos seus artistas a oportunidade de tocarem verdadeiramente 'ao vivo', por oposição ao habitual 'playback' televisivo. Além disso, o espectro de estilos abrangido pelo programa era, também, mais vasto do que o habitual, permitindo a bandas e artistas com sonoridades menos aptas para as ondas radiofónicas terem alguns minutos de tempo de antena – uma comodidade tão valiosa quanto rara na era pré-digital e pré-TV Cabo. A título de exemplo, o programa teve episódios dedicados tanto aos 'metaleiros' Tarantula, V12 e Ibéria ou aos 'esquizóides' Mão Morta como a nomes mais convencionais Delfins, GNR, UHF, Rádio Macau, Jorge Palma ou Quinta do Bill

Esta junção de características permitia ao programa apresentado por José Manuel Pinheiro e seus três coadjuvantes – Joaquim Paulo, Bárbara C. Henriques e Maria João Cunha Gomes – desenvolver uma identidade muito própria, como faceta mais 'alternativa' da televisão musical portuguesa, mais centrada nas 'performances' do que nos 'videoclips', e atenta ao que de melhor se vinha fazendo no País, independentemente do género musical. É, pois, surpreendente que, além do curto tempo de antena de que desfrutou (pouco mais de vinte episódios) este programa seja tão pouco lembrado nos dias que correm – embora uma coisa possa bem ser função da outra. Cabe, pois, ao Anos 90 assegurar que, pouco mais de um mês após se celebrarem trinta e cinco anos sobre a sua estreia, é prestada a devida homenagem a um bloco que tentou fazer algo verdadeiramente original no tocante a programas de música em Portugal.

07.10.25

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década

Os programas de humor estavam entre os mais populares e bem-sucedidos das décadas de 80, 90 e 2000 – e, destes, grande parte tinha como formato uma sucessão de 'sketches' não relacionados entre si, normalmente vividos por uma série de personagens recorrentes. E se, no Novo Milénio, o grande exemplo deste tipo de emissão seria o ainda hoje histórico 'Gato Fedorento', na década de 90, a honra de líder de audiências dividiu-se entre dois programas concorrentes: a 'Herman Enciclopédia', da RTP, e o programa que abordamos neste 'post', cerca de um mês após se terem celebrado os trinta anos sobre a sua estreia.

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Era a 1 de Setembro de 1995 que a SIC transmitia, pela primeira vez, um episódio daquele que se viria a tornar, durante a década subsequente, um dos seus programas-estandartes, e pôr tanto crianças como adultos de Norte a Sul do País a repetir dichotes e imitar personagens por si veiculadas, e criadas por um veterano da comédia nacional, Guilherme Leite, cuja carreira o havia ajudado a perceber exactamente o que agradava ao público nacional. 'Malucos do Riso' apostava, assim, num estilo de humor popular e brejeiro, mais próximo do anedotário popular ou teatro de revista do que das piadas mais subtis e baseadas na personalidade de cada figurino propostas pela 'Enciclopédia' de Herman José. O resultado não podia ser outro que não a adesão quase total de certos segmentos da sociedade portuguesa, com destaque para as crianças e membros da classe trabalhadora, a quem o humor simples, quotidiano e ligeiramente 'maroto' nunca deixava de agradar.

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Alguns dos muitos personagens memoráveis do programa.

Não é, assim, de admirar que 'Malucos do Riso' se tenha, eventualmente, afirmado como um dos programas de entretenimento mais longevos da SIC, completando uma década no ar com a fórmula praticamente inalterada. Seria apenas já em meados da primeira década do Novo Milénio, que este bastião da estação de Carnaxide viria a sair do ar – embora durante pouco tempo, já que não passariam mais de quatro anos até 'Novos Malucos do Riso' procurar continuar o legado deixado pelo original. E apesar de esta segunda tentativa ter ficado longe do sucesso da original – num panorama televisivo já algo diferente em termos de sensibilidades e interesses do público-alvo – os 'Malucos' originais continuam, até hoje, a afirmar-se como um dos clássicos mais absolutos e indeléveis das mais de três décadas de História da SIC, merecendo bem esta homenagem (ainda que um pouco atrasada) por altura do seu trigésimo aniversário. E para quem quiser recordar, fica abaixo um compêndio completo da série, com quase NOVE HORAS de duração - embora, claro, não se recomende a visualização toda de uma vez...

25.09.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 23 de Setembro de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Para a geração nascida ou crescida em Portugal durante os anos 90 e 2000, o formato 'talk show' faz parte integrante e indelével do panorama televisivo nacional, tanto ou mais do que os concursos, 'reality shows', partidas desportivas ou telenovelas portuguesas e brasileiras. É, assim, fácil esquecer que este tipo de programa pouca ou nenhuma expressão teve no nosso País até meados da última década do século XX, altura em que uma série de programas passaram a degladiar-se pela honra de serem 'barulho de fundo' para uma manhã de tarefas domésticas no típico lar português. E se alguns destes formatos tiveram vida relativamente curta, outros lograram ficar no ar durante literais décadas, com um ou outro dos mais famosos a perdurar até aos dias de hoje, como é o caso do programa a que aludimos neste 'post', que comemorou há poucos dias o trigésimo aniversário sobre a sua estreia. E embora seja verdade que a referida emissão nem sempre esteve no ar de forma constante durante este período, é também inegável que a mesma foi, é e continuará decerto a ser uma referência no panorama de entretenimento televisivo leve em Portugal, e a fazer parte da 'paisagem' do principalcanal estatal português.

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Seria na manhã de 18 de Setembro de 1995 que iria pela primeira vez ao ar na RTP1 aquele que se viria a tornar um dos expoentes máximos do seu género a nível nacional, e a fazer com que o seu criador e apresentador, Manuel Luís Goucha, ficasse definitivamente associado aos programas de variedades, por oposição à culinária em que brilhara na década anterior. Com nome inspirado numa conhecida praça portuense (que o cenário procurava emular), 'Praça da Alegria' via o ex-mestre de cozinha fazer dupla, numa fase inicial, a Anabela Mota Ribeiro, embora não viesse a passar mais de um ano antes de o mesmo encontrar a sua parceira 'definitiva', e actual apresentadora com mais tempo à frente do programa, Sónia Araújo. Juntos, estes dois apresentadores manteriam entretidas as donas de casa, reformados, desempregados e algumas crianças portuguesas durante os seis anos seguintes, ao longo dos quais desenvolveram uma natural química mútua, a qual, a juntar ao seu 'charme' natural, fazia as delícias das audiências, tanto em casa quanto no próprio estúdio de Vila Nova de Gaia.

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Sónia Araújo com os seus dois parceiros de apresentação.

Justamente quando parecia que o programa havia encontrado a sua fórmula definitiva, no entanto, 'cai a bomba': Manuel Luís Goucha está de saída para a TVI, onde irá apresentar o concorrente 'Olá Portugal'. Para o seu lugar é escolhido outro nome bem conhecido do meio: Jorge Gabriel, então já veterano da apresentação, mantendo-se Sónia Araújo como 'âncora' do programa, e elo de ligação entre as duas fases. E se com Goucha haviam sido quase sete anos, com Jorge Gabriel seriam mais de dez, até nova mudança radical, com a passagem do programa para Lisboa (decisão que causou considerável celeuma, dando mesmo direito a protestos do Bispo de Setúbal!) e a entrega das 'rédeas' a João Baião e Tânia Ribas de Oliveira – uma experiência que desvirtuava o programa de tal forma que não podia senão dar errado, tendo esta fase do programa durado pouco mais de um ano até a metade masculina da dupla decidir 'regressar a casa' para apresentar a 'Grande Tarde' da SIC. Deixada sozinha no comando de um programa que nunca havia sido o seu, Tânia valentemente 'aguenta o barco', mas o destino da 'Praça da Alegria' estava traçado, vindo o programa a sair do ar durante outros quinze meses.

O regresso (embora com nome encurtado para apenas 'A Praça') dar-se-ia quase exactos vinte anos após a primeira emissão do original (a 21 de Setembro de 2015), e veria o programa regressar às 'origens' portuenses e 'repescar' a dupla de Gabriel e Araújo, como que num esforço concertado para fazer esquecer aquela experiência gorada de um par de anos antes. Três anos depois, em 2018, o programa recuperaria o seu nome original, completando-se assim o regresso total e declarado à 'segunda fase' do programa (a da primeira década pós-Goucha). Os resultados não podiam ter sido melhores, tendo a 'Praça' permanecido mais ou menos imutável desde então até aos dias de hoje, em que continua a fazer as delícias de muitos dos mesmos espectadores que a seguiam quando, há três décadas, estabelecia o 'livro de estilo' para os 'talk shows' em Portugal, e a provar que, mesmo sem o seu criador, merece o seu lugar como referência máxima do formato a nível nacional. Parabéns, e que conte ainda muitos.

11.09.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 09 de Setembro de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

De entre as dezenas (senão mesmo centenas) de programas propostos pelos quatro canais nacionais ao longo de cada ano, existem aqueles que rapidamente caem no esquecimento, aqueles que 'pegam de estaca' e acabam por se eternizar na memória colectiva, tornando-se nostálgicos, e aqueles que transcendem o mero estatuto de entretenimento televisionado, extravasando as fronteiras do ecrã para se estabelecerem como parte integrante da cultura popular nacional. E embora estes casos sejam relativamente raros (ou talvez por causa disso), quando um deles surge na grelha televisiva da RTP, SIC ou TVI, a sua influência tende a manter-se muito para além do tempo de transmissão, sendo os mesmos ainda relembrados várias décadas após a sua conclusão. É, precisamente, esse o caso com o programa que abordamos neste 'post', sobre cuja estreia se celebraram há cerca de uma semana exactos vinte e cinco anos, e cujo legado continua bem vivo não só na mente dos portugueses, como nos próprios ecrãs das suas televisões, mesmo um quarto de século após a sua introdução na grelha da 'Quatro'.

O serão de dia 3 de Setembro de 2000 marca, pois, o ponto em que o panorama televisivo lusitano se alteraria irreversivelmente, e em que os espectadores nacionais tomariam pela primeira vez contacto com aquele que se viria a tornar um dos géneros mais populares do século XXI. Isto porque era nesta data que a TVI apresentava, pela primeira vez, o seu novo concurso, adaptado de um popular formato holandês, e que propunha seguir de perto, e em directo, a vida de catorze portugueses comuns, forçados a cohabitar numa casa especialmente construída para o efeito, e sujeitos a eliminações decididas pelo público, com base nos seus comportamentos e capacidade de engajar (ou não) quem via o programa. Era o início do 'Big Brother' em Portugal, e também de uma febre comparável à causada junto dos jovens por 'Dragon Ball Z', alguns anos antes, mas desta vez extensível a todas as faixas etárias e demográficas do País.

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De facto, o 'reality-show' da TVI (primeiro do seu género em Portugal) era de tal modo inescapável que até quem evitava declaradamente acompanhar o programa não conseguia deixar de estar a par do que nele se passava. Elementos como o confessionário, as provas (que garantiam ao vencedor imunidade contra a eliminação nessa semana) e as famosas 'câmaras nocturnas' instaladas nos quartos de cama rapidamente se tornaram tema recorrente de conversa, o mesmo sucedendo com grande parte dos concorrentes – ainda que alguns fornecessem mais 'tema de conversa' do que outros. Em particular, destacavam-se o afável pedreiro Zé Maria, o campeão de 'kickboxing' Marco (protagonista do mais controverso e polémico momento do programa), o recatado Telmo e, do contingente feminino, a carismática Susana e a 'desbocada' Sónia. Outros, por seu lado, mal deixariam marca na memória colectiva, havendo pouco quem se lembre de Riquita (a professora de Inglês eliminada em primeiro lugar) ou dos dois Ricardos, que rapidamente se lhe seguiram.

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A grelha de concorrentes do primeiro Big Brother.

Dos restantes, no entanto, parte significativa encontraria lugar cativo na cultura popular portuguesa, fosse por saberem como 'jogar o jogo', por terem simplesmente personalidades mais vincadas ou expansivas, ou por serem protagonistas de momentos controversos, como actos sexuais em directo (algo que chegou, previsivelmente, a gerar escândalos à época) ou momentos de descontrolo emocional, como aquele que viu Marco ser expulso da casa, apesar de não ter sido o escolhido do público, após agredir Sónia com o pontapé mais famoso da História da televisão portuguesa, senão de sempre, pelo menos desde os tempos áureos de Eusébio. O facto de tal acto (contra uma mulher, ainda para mais) não ter imediatamente excomungado o 'kickboxer' da memória popular nacional – tendo o mesmo, pelo contrário, adquirido estatuto de celebridade menor – diz muito do poder do 'Big Brother' sobre a psique colectiva portuguesa naquele período de pouco mais de três meses na segunda metade do ano 2000, cujo efeito sobre a sociedade fez com que parecesse muito mais longo.

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Marco, protagonista do mais polémico momento do programa, e único concorrente expulso da casa sem direito a votação.

De facto, era logo na véspera de Ano Novo que Zé Maria - o simples e espontâneo pedreiro que ajudara a colocar Barrancos no mapa por razões não ligadas à tauromaquia, e que conquistara o coração dos portugueses ao longo dos três meses anteriores - 'roubava' audiências aos habituais espectáculos da noite e recebia das mãos da anfitriã Teresa Guilherme o cheque que viria a mudar indelevelmente a sua vida, tomando o seu lugar como 'pedra basilar' de uma dinastia que, vinte e cinco anos depois, não mostra sinais de abrandar, com variações do 'Big Brother' a serem produzidas e transmitidas pela TVI até aos dias de hoje, quer no formato original, quer com a participação de celebridades. O sucesso do programa daria, também, o mote para o surgimento de uma série de outros 'reality shows' nas grelhas televisivas nacionais, o primeiro dos quais da responsabilidade da SIC, canal que rejeitara originalmente o Big Brother e procurava 'emendar' o seu erro. Nenhuma destas tentativas viria, no entanto, a ter sequer uma fracção do sucesso das duas primeiras séries do 'Big Brother', sendo apenas com 'Quinta das Celebridades' que o formato voltaria verdadeiramente a cativar audiências em massa.

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O momento da coroação de Zé Maria.

Mas se, para a TVI, o resultado foi positivo, já para o vencedor do concurso, a súbita riqueza e fama provariam ser demasiado 'pesadas', causando problemas do foro psíquico e levando a que Zé Maria se isolasse da sociedade, situação que ainda hoje se mantém, e que ninguém poderia ter previsto naquele momento em que, aos vinte e sete anos, o pedreiro recebia um cheque de vinte mil 'contos' e um carro, sob as luzes de um estúdio de televisão. Ainda assim, e apesar de tudo fazer para que o seu nome seja esquecido, Zé Maria estará, juntamente com os outros concorrentes, para sempre ligado ao início de uma nova etapa na programação portuguesa, e do 'reino' continuado de um novo formato que, um quarto de século depois e na sua 'enésima' edição, continua a gerar temas de conversa e a render lucro e audiências à estação que o transmite.

22.07.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Segunda-feira, 30 de Março de 2024.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

No tocante a programas de música e telediscos no Portugal dos anos 90, a referência imediata (e praticamente única) para a maioria dos 'millennials' nacionais será o icónico 'Top +', o mais próximo a que a televisão lusa da altura chegava do estilo de programação de uma MTV, cuja reputação atravessava, à época, o oceano, fazendo muitos jovens sonhar com algo equivalente mas falado e criado em Português. No entanto, nessa mesma época, a própria RTP veiculava um segundo magazine sobre música, hoje mais esquecido, mas que, à época, representou uma importante mudança de paradigma na grelha audiovisual do Portugal pré-SIC e TVI.

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Tratava-se do 'Pop-Off', da autoria de José de Freitas, à época figura de proa nos esforços de representação do 'pop-rock' português nos 'media', e que decidia, com este formato, deitar ele próprio 'mãos à obra'. Não é, pois, de estranhar que este programa se destaque do 'irmão' do 'Canal 1' pelo seu foco exclusivo na cena portuguesa, à época num dos seus muitos períodos de florescimento. As habituais bandas internacionais que dominavam os 'tops' (incluindo o '+') eram, assim, substituídas tanto por 'suspeitos do costume' como Xutos & Pontapés, Delfins, GNR, Resistência ou Madredeus como por novas sensações do movimento, como LX-90 ou Sitiados. Eram, no total, cerca de vinte e cinco minutos diários dedicados a telediscos, reportagens e notícias sobre música portuguesa, com a apresentadora Sofia Morais a servir de elo de ligação entre os diferentes segmentos que perfaziam o programa.

Um formato que tinha tudo para agradar ao público-alvo e que, sem surpresas, viria a reter um lugar na grelha de programação do 'Canal Dois' durante dois anos - período que até parece pouco, tendo em conta a relevância da temática e a excelente execução técnica do programa, sobretudo se se tiver em conta a duração substancialmente mais considerável do contemporâneo dedicado aos 'tops' internacionais. O curto ciclo de vida não impediu, no entanto, que 'Pop-Off' conquistasse um lugar tanto no coração dos melómanos da época como na própria história dos programas musicais na televisão portuguesa, tornando praticamente obrigatórias estas poucas linhas a ele dedicadas neste nosso 'blog' dedicado, precisamente, a recordar esses e outros aspectos da sociedade portuguesa de outros tempos.

 

 

 

 

 

08.07.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Segunda-Feira, 07 de Julho de 2025.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Na última Segunda de Sucessos, passámos em revista a carreira do duo romântico Anjos, hoje de novo na ribalta devido a um mediático processo judicial em que se encontram envolvidos. Nessa ocasião, fizemos também menção ao programa que ajudou a lançar o duo, 'Casa de Artistas'; nada melhor, portanto, do que dedicarmos agora algumas linhas a esse importante, mas esquecido, formato televisivo.

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Uma das poucas actuações do programa registadas na Internet actual.

Exibido pela RTP, com apresentação da então veterana dos ecrãs, Serenella Andrade, 'Casa de Artistas' (não confundir com o 'reality show' brasileiro, 'Casa DOS Artistas') podia ser descrito como um sucedâneo de 'Chuva de Estrelas', mas sem a vertente teatral e de reprodução dos visuais dos artistas homenageados, e com a característica única e distintiva de os participantes serem, forçosamente, membros da mesma família, regra que permitiu que os irmãos Rosado tomassem parte, e eventualmente se sagrassem vencedores. As diversas famílias concorrentes em cada programa competiam, pois, entre si, cabendo ao júri do programa escolher um vencedor final - um formato entre o concurso tradicional e 'talent shows' como o posterior (e bastante mais lembrado) 'Ídolos', e dos ainda mais posteriores 'Factor X' e 'The Voice Portugal', este último ainda hoje no ar. que apresentava alguma originalidade, e que fazia crer que 'Casa de Artistas' viesse a ser bastante mais recordado do que de facto é.

Efectivamente, apesar da premissa original e vertente competitiva, o programa em causa encontra-se, hoje, algo Esquecido Pela Net, sendo recordado apenas e só no contexto do início de carreira dos Anjos – razão mais que suficiente para que este nosso blog, 'especialista' em 'desenterrar' elementos esquecidos da vida de então, lhe dedique algumas linhas, e o procure trazer, novamente, para a ribalta, tal como sucedeu recentemente com os seus mais famosos e mediáticos vencedores.

25.06.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 24 de Junho de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

De entre todos os 'veteranos' da televisão portuguesa de finais do século XX, um, em particular, destacava-se pela sua capacidade de comunicar com as crianças e jovens ao seu nível, sem paternalismos, bem como de criar formatos televisivos apelativos para essa mesma demografia, que ele próprio se encarregava de apresentar. Falamos, claro, de Júlio Isidro, o já então 'decano' dos pequenos ecrãs (levava, à época, quase três décadas de actividade) responsável por clássicos infanto-juvenis em décadas anteriores (de 'O Passeio dos Alegres' a 'Clube Amigos Disney') e que, à entrada para os últimos dez anos do Segundo Milénio, procurava manter esse estatuto com mais um formato com tudo para agradar ao seu público-alvo. É desse programa, sobre cuja se celebram na próxima semana trinta e cinco anos, que falamos nas linhas abaixo.

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Na linha de propostas semelhantes da mesma época, mas mais ambicioso do que estas, 'Oito e Oitenta' propunha um conceito mais baseado na perícia, destreza e habilidade do que nas capacidades mentais ou conhecimentos, destacando-se assim, desde logo, da concorrência. As equipas participantes eram formadas por alunos de dois estabelecimentos de ensino distintos e sem qualquer relação entre si, que se 'degladiavam' em confronto directo pela oportunidade de ganhar os habituais prémios patrocinados, neste caso pela Coca-Cola. Por entre provas, havia também lugar aos quase obrigatórios momentos musicais, protagonizados pelos artistas mais 'na berra' (os GNR, por exemplo, partilharam nas redes sociais um vídeo da sua actuação no programa).

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Uma fórmula, portanto, que tinha tudo para agradar à demografia a que apontava, mas que, infelizmente, acabou por não ir além dos treze episódios (o equivalente a uma 'temporada', em termos televisivos) nem tendo chegado a terminar o ano no ar – um desempenho desapontante, numa época em que os concursos ficavam no ar durante períodos bastante mais prolongados, e que terá deixado o veterano Isidro a ponderar o que havia corrido mal; felizmente, a carreira do apresentador não viria a sofrer em consequência desta aposta menos ganha, continuando o mesmo a entreter os espectadores portugueses até aos dias de hoje. Já 'Oito e Oitenta' permanece 'eternizado' nos Arquivos RTP, pronto a ser 'redescoberto' por quem na altura o via - ou quem não sabia da existência, mas ficou interessado após ler as linhas acima...

10.06.25

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Os anos 90 representaram, na televisão portuguesa, a era por excelência dos programas de variedades para crianças. Já parte integrante da cultura infantil em outros países, foi apenas nos últimos anos do século XX que este tipo de programas verdadeiramente penetrou na consciência colectiva juvenil do nosso País, muito graças a uma série de icónicos e ainda hoje saudosos representantes, com os 'rivais' da SIC e TVI – 'Buereré' e 'Batatoon' – à cabeça, mas também 'A Casa do Tio Carlos', 'Mix Max', 'A Hora do Lecas', 'Clube Disney', 'Oh! Hanna-Barbera', 'Um-Dó-Li-Tá' ou as diversas permutações de 'Brinca Brincando' a conseguirem captar a atenção do público-alvo.

Com tanta e tão ilustre concorrência, não é, no entanto, de admirar que alguns programas deste tipo tenham acabado por 'perder a corrida' pelos corações dos jovens lusitanos, e ficado um pouco mais 'esquecidos' na memória nostálgica dos 'millennials' nacionais. É, precisamente, sobre um desses programas, estreado há pouco mais de três décadas na RTP1, que versam as próximas linhas.

Emitido pela primeira vez a 5 de Junho de 1995, 'Sempre A Abrir' tinha tudo para agradar à sua demografia, do título 'radical' (ou não estivéssemos em meados da década 'bué da fixe' por excelência) a um apresentador carismático, no caso Victor Emanuel, e uma selecção apelativa de desenhos animados, com destaque para a insólita adaptação em 'anime' de 'Música No Coração', à qual já aqui dedicámos espaço. O horário das tardes era, também, conducente ao sucesso, sendo ideal para quem chegava da escola e procurava desenhos animados para acompanharem o seu pão com Tulicreme e copo de leite com chocolate.

É, pois, difícil de perceber a razão pela qual 'Sempre A Abrir' falhou enquanto espaço infantil na era pré-hegemonia de Ana Malhoa e Batatinha. O programa tinha tudo para 'dar certo', e, no entanto, é hoje muito menos lembrado pela demografia que então constituía o seu público do que qualquer dos exemplos acima elencados – isto apesar de se ter logrado manter no ar durante três anos, uma eternidade no contexto em causa, e ocupado tanto a faixa das tardes de semana quanto o não menos apetecível bloco dos Sábados de manhã. A verdade, no entanto, é que, seja por que razão fôr, este bloco infantil se encontra, hoje, praticamente Esquecido Pela Net, sendo difícil conseguir informações ou material relativo ao mesmo, ou mesmo uma imagem ou vídeo para complementar este 'post'; de facto, passe o trocadilho, quase parece que o programa foi 'Sempre A Abrir' rumo ao esquecimento total. Nada que invalide que, na medida do possível, lhe procuremos dedicar algumas linhas nesta nossa rubrica dedicada à televisão nacional noventista.

28.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 27 de Maio de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Já aqui por diversas vezes mencionámos os anos 80 e especialmente 90 como sendo a 'época áurea' para os concursos televisivos, com diversos formatos estrangeiros a serem adaptados e outros tantos criados de raiz, resultando numa oferta tão variada quanto apelativa, à qual  dedicámos diversos 'posts' no passado. Este paradigma não foi, no entanto, exclusivo daqueles últimos anos do século XX; por alturas da viragem do Milénio, o mesmo continuava ainda bem vivo, como o prova o tema deste 'post', estreado há quase exactos vinte e cinco anos (a 29 de Maio de 2000) no principal canal nacional.

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E a verdade é que 'Só Números' tinha, desde logo, uma missão espinhosa: a de substituir, nas noites de Segunda-feira da RTP, o mega-sucesso 'Quem Quer Ser Milionário', com o carismático Carlos Cruz. Para tentar levar a cabo este ambicioso objectivo, o concurso 'armava-se' de uma proposta verdadeiramente original, embora com potencial para 'alienar' as audiências mais jovens. Isto porque a premissa do concurso apresentado por Miguel Dias tinha por base – como o próprio título indicava – respostas inteiramente compostas por números, devendo os concorrentes (dez, no total) tentar aproximar-se, tanto quanto possível, da resposta correcta, sendo o vencedor aquele que mais próximo ficasse. O prémio final era o habitual automóvel, 'presente' máximo de pelo menos noventa e cinco por cento dos concursos 'para adultos' da televisão portuguesa da época.

Um conceito original o suficiente para ancorar um programa deste tipo, mas que acabou por não ser suficiente para manter 'Só Números' à tona, tendo o concurso concluído as suas emissões ainda antes do final do primeiro ano do Novo Milénio, e ficado muito longe dos níveis de audiências, repercussão e memorabilidade do seu antecessor. Ainda assim, e apesar de ter constituído uma aposta falhada, não deixa de ser de valor recordar este concurso, apenas um par de dias antes de se completar um exacto quarto de século sobre a sua primeira emissão.

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