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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

14.11.23

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Qualquer português nascido ou crescido nos anos 90, independentemente do seu interesse em videojogos, reconhece o 'Templo dos Jogos' da SIC como um dos mais bem-sucedidos e icónicos programas televisivos daquela década. Numa altura em que a Internet dava ainda os primeiros passos, o conceito de um programa onde eram mostradas, em exclusivo, imagens dos jogos de computador e consola mais 'badalados', em conjunto com algumas informações sobre os mesmos, era genial na sua combinação de simplicidade e utilidade, servindo o programa, essencialmente, como um Telejornal de videojogos, em que os apresentadores acabavam por servir como pouco mais do que 'pivots', deixando a verdadeira 'ribalta' para aquilo que todos queriam ver – as imagens dos jogos em si.

Tendo em conta este sucesso, não é de estranhar que uma das concorrentes da estação de Carnaxide – no caso, a RTP – tenha querido copiar a fórmula que tanto sucesso de audiências fazia na 'colega' privada; no entanto, talvez motivada pelo desejo de apresentar algo único e que não parecesse um 'xerox' tão descarado, a emissora estatal adicionou ao seu programa algumas 'nuances' que, embora bem-sucedidas em o tornar diferente, contribuíram também para o tornar menos interessante. No fundo, a RTP não percebeu o que estava, verdadeiramente, por detrás do sucesso do 'Templo', e viu a sua própria tentativa falhar como consequência do seu 'erro de cálculo'.

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Patrocinado (e de forma nada subtil) pela SEGA, 'Cybermaster' tinha como premissa combinar o formato do 'Templo' da SIC com uma vertente competitiva, de concurso infantil televisivo, adornando o todo com uma estética 'cyberpunk', bem típica dos filmes de ficção científica de série B que os jovens da altura traziam todos os fins-de-semana do seu videoclube local. Os apresentadores, assistente e o próprio cenário exibiam figurinos algures entre 'O Quinto Elemento' (então ainda em produção) e 'Mad Max', e o próprio conceito do concurso colocava os jovens concorrentes em luta directa, não só entre si, mas com o malvado personagem-título, interpretado pelo actor João D'Ávila com um visual 'à la' Bela Lugosi – uma missão que envolvia, sobretudo, disputas mano-a-mano em alguns dos jogos da SEGA mais populares da altura, incluindo vários da então ainda recente Sega Saturn, azarada pioneira das consolas 32-bits.

Uma fórmula interessante, mas que não foi suficiente para garantir a longevidade do programa, que acabou por ficar no ar durante apenas um ano, entre 1996 e 1997, e é, hoje em dia, bem menos lembrado do que o 'Templo' - algo que não deixa de causar alguma estranheza, já que o formato era sólido, e tinha tudo para atrair a atenção do público-alvo. Talvez tenha sido pela necessidade de complicar em demasia um conceito simples, ou talvez pelo falhanço de vendas da Sega Saturn, que, à época, vinha já sendo pesadamente derrotada em volume pela rival PlayStation; seja qual tiver sido a razão, a verdade é que 'Cybermaster' é, hoje, uma daquelas relíquias 'de época' algo perdidas no tempo, capaz de causar nostalgia a uma parcela da geração 'millennial' portuguesa, mas que, para a maioria dos ex-'putos' noventistas, apenas causará estranheza, e uma sensação de 'como é que eu nunca vi isto?' Para esses, ficam abaixo não apenas um, mas dois episódios completos do programa, para que possam preencher essa lacuna na cultura 'pop' juvenil portuguesa de finais do século XX.

Pode parecer um delírio da imaginação, mas não é - este programa existiu mesmo...

03.08.21

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Por muito estranho que possa parecer no mundo hiper-tecnológico de hoje em dia, houve um tempo, ainda bastante recente, em que não bastava agarrar o dispositivo mais próximo para saber informação sobre um qualquer tópico ou produto; pelo contrário, era preciso não só pesquisar como, em certos casos, esperar até que os ditos dados pudessem ser veiculados. Era uma era pré-Internet, em que as revistas, os programas de televisão e outros veículos semelhantes se revestiam de uma importância que o advento dos motores de pesquisa lhes veio retirar.

Era neste mundo, especificamente em Portugal, que, em 1995, estreava um programa destinado a tornar-se um favorito entre o seu público-alvo, precisamente por veicular alguma dessa preciosa e inatingível informação, sobre um dos temas do seu interesse; um programa que erguia um lugar de oração a uma das principais formas de entretenimento dos anos 90, e que se viria a tornar uma parte lendária da grelha programática da época, por uma variedade de razões.

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Falamos, claro, do ‘Templo dos Jogos’, o principal magazine de entretenimento informático e digital do Portugal dos 90s. Transmitido pela SIC no horário reservado ao público infanto-juvenil, este programa constituiu, durante muito tempo, única maneira de ver em movimento os principais jogos lançados para as consolas da época, sem estar fisicamente junto a uma delas – o que, numa época em que a única alternativa para os ‘gamers’ eram as algo dispendiosas revistas de jogos, ajudou a assegurar a popularidade do programa.

Nem só de vídeos exclusivos vivia o ‘Templo’, no entanto; havia também segmentos dedicados a truques e dicas para os jogos mais populares da época - mais uma vez, algo que hoje se consegue em matéria de segundos, mas que na altura só era acessível mediante a compra de uma revista, e mesmo assim, em número limitado a cada mês – e críticas aos principais lançamentos do mês, as quais constituíam um ‘meme’ involuntário por serem sempre, mas S-E-M-P-R-E, avassaladoramente positivas. Esta característica era de tal forma exacerbada, que jogos que eram ‘destruídos’ por toda a restante imprensa saíam do Templo com, talvez, vá, 70%, os melhores, nunca abaixo de 80-85%, e notas de 95-100% não eram, de todo, raras. Esta abordagem não era, claro, nada boa para a credibilidade, mas por outro lado, ninguém de entre o público-alvo tinha o ‘Templo’ como fonte credível de perspectiva critica; não era exactamente para isso que se via o programa.

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Este jogo não devia ser grande 'espingarda'...

Outro factor que ajudava o ‘Templo’ a destacar-se era a apresentação, bem ao estilo anos 90, com duos de apresentadores masculino e feminina, os quais adoptavam um estilo enérgico, mas sem exageros, e simples, sem ser simplista – exactamente o que o programa e a sua audiência pediam. Assim, não é de estranhar que alguns dos nomes que pregaram no ‘Templo’ tenham tido carreiras honrosas no mundo da apresentação de televisão; neste campo, o destaque vai todo para a atraente Rita Mendes, e para o futuro pivot da TVI, João Maia Abreu.

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A mais famosa apresentadora do programa

Em suma, apesar de à luz de 2021 ser um programa quase pitorescamente datado e ‘de época’, à época da sua estreia, o ‘Templo dos Jogos’ foi revolucionário. Foi, afinal, graças a este programa que muitos jovens tiveram pela primeira vez contacto com ‘Super Mario 64’ (o mais famoso 100% da história do 'Templo’), ‘Ocarina of Time’ (o segundo mais famoso) e tantos outros jogos hoje considerados históricos; apesar de, eventualmente, ter sido extinto pela Internet (como tantas outras coisas no virar do Milénio), o programa conseguiu ser marcante o suficiente para ainda hoje ser lembrado com carinho por quem, na altura, o viu. Pela sua junção de valor quando era atual com valor nostálgico, o ‘Templo dos Jogos’ sai do Anos 90 com…100%.

 

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