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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

16.11.21

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Quando se fala em inovações tecnológicas, em particular durante as décadas de 90 e 2000, a maioria das pessoas pensa, de imediato, nos avanços feitos durante essa década no campo da informática e programação, as 'faces' mais visíveis do enorme salto vivenciado durante essa época; no entanto, esta evolução esteve longe de se manifestar apenas nesse campo, tendo as referidas décadas assistido a uma série de 'revoluções silenciosas' sob a forma de inovações que, por serem menos óbvias e aparentes, não gozaram de tanta atenção. É precisamente de um desses avanços mais discretos – mas não menos memorável para quem dele usufruiu – que vamos hoje falar.

A passagem dos tradicionais televisores de antena para os então inovadores modelos digitais, sensivelmente em meados da década, veio revelar tanto aos fabricantes como aos responsáveis de programação uma série de potencialidades tecnológicas, que os mesmos não tardaram a explorar; uma dessas potencialidades – já conhecida pelos ingleses há mais de duas décadas, mas ainda inovadora no Portugal de então - prendia-se, precisamente, com a possibilidade de transmitir informação em formato de texto digital, semelhante ao que se veria num computador da época, o qual podia ser acedido com o simples premir de um botão no comando do televisor. O resultado foi uma funcionalidade que, naqueles anos pré-Internet 2.0, constituiu a principal forma de muito boa gente interagir com o seu canal de televisão favorito: o Teletexto.

Teletexto (1).jpg

Uma imagem que não pode deixar de evocar memórias

Sim, o Teletexto – aquele conjunto de ecrãs saídos directamente de um computador IBM de inícios da década, e que permitia aos responsáveis pelo mesmo divulgar informações sobre a programação da semana, curiosidades sobre os mais diversos temas, resultados desportivos, concursos e promoções exclusivos, bem como implementar serviços de legendagem para surdos, serviços de 'chat' ou até pequenos jogos; no fundo, uma espécie de 'mini-website' ou motor de pesquisa embutido na própria onda do canal, e que não requeria a obtenção de qualquer tecnologia adicional, bastando possuir uma televisão compatível e o respectivo comando para poder desfrutar deste serviço.

Inicialmente disponibilizado apenas pelos canais estatais – a SIC e a TVI só 'apanhariam a carruagem' já no novo milénio – este serviço foi, quase de imediato, um enorme sucesso entre públicos de todas as idades; a conjugação entre a comodidade e acessibilidade do serviço, os conteúdos verdadeiramente úteis e a facilidade de navegação – que permitia até aos mais informaticamente iletrados encontrar aquilo que procuravam – tornaram aquele botãozinho na fila de topo ou base dos comandos televisivos da época um dos mais frequentemente pressionados, particularmente quando se queria matar uns minutinhos até ao próximo programa.

A chegada ao país da TV Cabo, também em meados da década, apenas veio exacerbar este fenómeno, já que quase todos os inúmeros canais estrangeiros disponibilizados nos pacotes iniciais da Cabo em Portugal vinham equipados com Teletexto; e se ler as informações e curiosidades generalistas disponibilizadas pela RTP já era entusiasmante, imagine-se o que sentiriam fãs da MTV, Eurosport ou Cartoon Network ao descobrirem que podiam ler páginas inteiras sobre a sua temática favorita, mesmo ali, no ecrã da televisão...

É claro que a 'avalanche' tecnológica das duas primeiras décadas do século XXI rapidamente veio tornar o Teletexto obsoleto; hoje em dia, apesar de resistir ainda e sempre à 'invasora' Internet, o serviço é praticamente redundante, estando a maioria das informações disponibilizadas pelo mesmo acessíveis em qualquer página de Internet – a qual pode, inclusivamente, ser aberta na própria televisão, desde que a mesma possua as funcionalidades correctas. Ainda assim, para muitos ex-jovens dos Anos 90 – bem como, suspeitamos, algumas das gerações mais velhas – esta continua a ser uma ferramenta saudosa, associada a muitos e bons momentos de esforço ocular para tentar ler aquele texto em cores garridas sobre fundo preto...

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