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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

25.09.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 23 de Setembro de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Para a geração nascida ou crescida em Portugal durante os anos 90 e 2000, o formato 'talk show' faz parte integrante e indelével do panorama televisivo nacional, tanto ou mais do que os concursos, 'reality shows', partidas desportivas ou telenovelas portuguesas e brasileiras. É, assim, fácil esquecer que este tipo de programa pouca ou nenhuma expressão teve no nosso País até meados da última década do século XX, altura em que uma série de programas passaram a degladiar-se pela honra de serem 'barulho de fundo' para uma manhã de tarefas domésticas no típico lar português. E se alguns destes formatos tiveram vida relativamente curta, outros lograram ficar no ar durante literais décadas, com um ou outro dos mais famosos a perdurar até aos dias de hoje, como é o caso do programa a que aludimos neste 'post', que comemorou há poucos dias o trigésimo aniversário sobre a sua estreia. E embora seja verdade que a referida emissão nem sempre esteve no ar de forma constante durante este período, é também inegável que a mesma foi, é e continuará decerto a ser uma referência no panorama de entretenimento televisivo leve em Portugal, e a fazer parte da 'paisagem' do principalcanal estatal português.

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Seria na manhã de 18 de Setembro de 1995 que iria pela primeira vez ao ar na RTP1 aquele que se viria a tornar um dos expoentes máximos do seu género a nível nacional, e a fazer com que o seu criador e apresentador, Manuel Luís Goucha, ficasse definitivamente associado aos programas de variedades, por oposição à culinária em que brilhara na década anterior. Com nome inspirado numa conhecida praça portuense (que o cenário procurava emular), 'Praça da Alegria' via o ex-mestre de cozinha fazer dupla, numa fase inicial, a Anabela Mota Ribeiro, embora não viesse a passar mais de um ano antes de o mesmo encontrar a sua parceira 'definitiva', e actual apresentadora com mais tempo à frente do programa, Sónia Araújo. Juntos, estes dois apresentadores manteriam entretidas as donas de casa, reformados, desempregados e algumas crianças portuguesas durante os seis anos seguintes, ao longo dos quais desenvolveram uma natural química mútua, a qual, a juntar ao seu 'charme' natural, fazia as delícias das audiências, tanto em casa quanto no próprio estúdio de Vila Nova de Gaia.

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Sónia Araújo com os seus dois parceiros de apresentação.

Justamente quando parecia que o programa havia encontrado a sua fórmula definitiva, no entanto, 'cai a bomba': Manuel Luís Goucha está de saída para a TVI, onde irá apresentar o concorrente 'Olá Portugal'. Para o seu lugar é escolhido outro nome bem conhecido do meio: Jorge Gabriel, então já veterano da apresentação, mantendo-se Sónia Araújo como 'âncora' do programa, e elo de ligação entre as duas fases. E se com Goucha haviam sido quase sete anos, com Jorge Gabriel seriam mais de dez, até nova mudança radical, com a passagem do programa para Lisboa (decisão que causou considerável celeuma, dando mesmo direito a protestos do Bispo de Setúbal!) e a entrega das 'rédeas' a João Baião e Tânia Ribas de Oliveira – uma experiência que desvirtuava o programa de tal forma que não podia senão dar errado, tendo esta fase do programa durado pouco mais de um ano até a metade masculina da dupla decidir 'regressar a casa' para apresentar a 'Grande Tarde' da SIC. Deixada sozinha no comando de um programa que nunca havia sido o seu, Tânia valentemente 'aguenta o barco', mas o destino da 'Praça da Alegria' estava traçado, vindo o programa a sair do ar durante outros quinze meses.

O regresso (embora com nome encurtado para apenas 'A Praça') dar-se-ia quase exactos vinte anos após a primeira emissão do original (a 21 de Setembro de 2015), e veria o programa regressar às 'origens' portuenses e 'repescar' a dupla de Gabriel e Araújo, como que num esforço concertado para fazer esquecer aquela experiência gorada de um par de anos antes. Três anos depois, em 2018, o programa recuperaria o seu nome original, completando-se assim o regresso total e declarado à 'segunda fase' do programa (a da primeira década pós-Goucha). Os resultados não podiam ter sido melhores, tendo a 'Praça' permanecido mais ou menos imutável desde então até aos dias de hoje, em que continua a fazer as delícias de muitos dos mesmos espectadores que a seguiam quando, há três décadas, estabelecia o 'livro de estilo' para os 'talk shows' em Portugal, e a provar que, mesmo sem o seu criador, merece o seu lugar como referência máxima do formato a nível nacional. Parabéns, e que conte ainda muitos.

04.12.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 03 de Dezembro de 2024.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Já aqui anteriormente apontámos os anos 90 como a década em que um formato futuramente ultra-popular – o 'talk show' – surgiu pela primeira vez nos ecrãs de televisão portugueses; e se Fátima Lopes é hoje lembrada como uma das pioneiras desse género de programa, com a sua emissão homónima de 1997, a verdadeira desbravadora de caminho 'morava' no canal 'ao lado', e antecipou-se à sua congénere em mais de dois anos. É a ela, e ao primeiro programa que conduziu, 'Amigos Para Sempre', que dedicamos esta Terça de TV.

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Cristina Caras-Lindas nos tempos do programa.

Estreante absoluta na televisão portuguesa – embora já com vasta experiência no Canadá – Cristina Caras-Lindas enfrentava desde logo uma luta ao tentar 'vender' o seu formato – que descreveu em entrevista recente como uma 'pedrada no charco' - aos relutantes executivos da Direcção da TVI: eventualmente, no entanto, a apresentadora viria mesmo a conseguir levar a sua avante, embora os seus 'patrões' tivessem ainda dúvidas sobre as suas capacidades como anfitriã principal de um programa do género. As mesmas rapidamente seriam desfeitas, no entanto, com a gravação-piloto do programa a superar de tal modo as expectativas que acabou por ir ao ar 'sem alterarem uma vírgula', como referiu a própria Caras-Lindas.

Essa emissão, que completa no próximo fim-de-semana exactos trinta anos (foi ao ar a 7 de Dezembro de 1994), acabaria por cimentar um formato que já se vinha tornando popular no contexto televisivo português – o 'talk-show' com audiência ao vivo, em que se misturavam entrevistas a 'famosos' de relevo no mundo da TV e espectáculo (os 'Amigos' do título) com casos e convidados de interesse humano, sempre guiados pela simpatia e enorme sorriso da apresentadora.

Um episódio do programa, exemplificativo da sua fórmula, aqui com Herman José como convidado.

Esta fórmula rapidamente se provou bem-sucedida, tendo 'Amigos Para Sempre' conseguido boas audiências durante o tempo em que esteve no ar, e catapultado a sua anfitriã para mais altos vôos, sendo, por isso, algo estranho constatar que o programa se encontra, hoje, algo Esquecido Pela Net – uma situação que este 'post' procura alterar, trazendo à tona das 'brumas' da memória um programa mais importante do que a sua pouca divulgação poderia levar a pensar, e que, à beira do seu trigésimo aniversário, merece ser mais frequentemente recordado pelos espectadores lusitanos da época.

29.10.24

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Na breve elegia a Marco Paulo com que ocupámos o nosso 'post' anterior, fizemos fugazmente menção à carreira televisiva do cantor, que se soube reinventar como apresentador durante a década de 90; nada mais justo, pois, do que utilizarmos este espaço dedicado à TV portuguesa do referido período para explorar mais a fundo os dois programas que o ícone da música romântica apresentou na sua primeira passagem pelos ecrãs nacionais.

A primeira dessas duas emissões, que comemorou no passado mês de Abril trinta anos sobre a sua estreia, levava o título do maior êxito de sempre do cantor, utilizando-o como trocadilho inteligente com o recém-encontrado 'segundo amor' de Marco Paulo, a televisão. Nas palavras do próprio, 'Eu Tenho Dois Amores' procurava ser um programa de índole pessoal, cujo intuito passava, parcialmente, por permitir aos fãs do cantor descobrir detalhes sobre a sua carreira, podendo as questões ser enviadas por carta para serem lidas e respondidas em directo; além deste aspecto, o programa propunha também uma vertente de 'talk-show' mais tradicional, com convidados ligados ao entretenimento, com quem Marco Paulo trocava impressões, e números musicais. O sucesso foi imediato e retumbante, tendo a presença e carisma de Marco Paulo tornado o programa num sucesso de audiências, que logrou aproximar-se da centena de episódios ao longo de mais de um ano de transmissão semanal.

O sucesso desta primeira tentativa motivou uma segnnda, meros meses após o fim de 'Eu Tenho Dois Amores', e agora com um foco mais declarado na divulgação de números musicais, como indicava o próprio título, 'Com Música no Coração'. De facto, neste segundo programa, Marco Paulo retirava-se voluntariamente da ribalta, deixando o (literal) palco para os artistas convidados de cada programa poderem divulgar o seu trabalho, e ressurgindo apenas no final de cada música, para uma breve entrevista aos mesmos. Uma iniciativa louvável em prol da música popular portuguesa, ainda que focada apenas na de cariz mais popular – algo natural, tendo em conta o 'ideólogo' (ou, pelo menos, 'cara') do projecto – que conseguiu também algum sucesso, embora não tanto quanto o seu antecessor, mais centrado na personalidade forte e afável do cantor tornado apresentador.

Primeiro e último episódios do programa em causa.

E ainda que o fim de 'Com Música no Coração' assinalasse a 'retirada' de Marco Paulo dos ecrãs portugueses, o 'bichinho' da apresentação televisiva nunca deixaria o cantor, que acabaria mesmo por regressar à RTP uma terceira vez, mais de um quarto de século após a sua última transmissão, para um novo programa ao lado da popular humorista Ana Marques. Tal como os seus antecessores, 'Alô Marco Paulo' revelar-se-ia um sucesso, ficando no ar mais de três anos, e sendo apenas interrompido pelo agravamento do estado de saúde do cantor, que ainda assim compareceu semanalmente até meros meses antes da sua morte. Na 'hora' da despedida, fica a ideia de um artista multi-talentoso e multi-facetado, que conseguiu a proeza de ter tanto sucesso com o seu 'segundo amor' como com o primeiro, e cujo falecimento deixa na televisão portuguesa um 'buraco' apenas marginalmente menor do que o que criou no meio musical.

16.05.23

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

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O apresentador nos tempos do programa.

Quem cresceu entre a década de 80 e a actualidade certamente conhece bem o nome de Herman José. Inicialmente revelado como humorista, nos anos 70 e 80, o luso-alemão viria, na década seguinte, a viver um 'novo fôlego' na carreira enquanto apresentador de concursos televisivos – posição na qual a sua popularidade rivalizava com a de nomes como Carlos Cruz, António Sala ou Júlio Isidro – antes de regressar à comédia com a lendária 'Herman Enciclopédia', que o viria a apresentar a toda uma nova geração, demasiado nova para ter visto o especial de Fim de Ano transmitido pela RTP no último dia de 1991, tido a 'Roda da Sorte' como ruído de fundo das noites da sua infância, ou se interessar pelo 'Parabéns'. Pelo meio, no entanto, o humorista tentou ainda outro 'desvio' na carreira, menos antológico e bem-sucedido, mas que viria ainda assim a abrir novas possibilidades para a sua carreira.

Falamos de 'Herman 98', estreado há quase exactos vinte e cinco anos, em Maio de 1998, e que trazia Herman à cabeça de um formato 'talk show' com música e muito humor à mistura, nos moldes de programas como o 'Tonight Show' ou 'Late Night' norte-americanos. A acompanhar o luso-alemão nesta aventura estavam todos os suspeitos do costume, dos argumentistas das Produções Fictícias a actores como Maria Rueff e Vítor de Sousa, que davam, com Herman, vida aos diferentes 'sketches' encenados por entre as entrevistas a convidados e os esporádicos números musicais; e se este formato parece familiar, é porque se trata, precisamente, do mesmo adoptado em 'Cá Por Casa', o mais recente programa do humorista, actualmente em exibição na RTP.

De facto, reside precisamente aí o grande mérito de 'Herman 98' e da sua sequela do ano seguinte – nomeadamente, o de ter dado confiança a Herman José como apresentador de um formato (ligeiramente) mais sério que o habitual – sem, com isso, perder a personalidade muito própria que qualquer programa de Herman apresenta – servindo, assim, como inspiração para projectos futuros do humorista, a começar pelo acima mencionado. E apesar de, à época, o programa ter talvez parecido um pouco aborrecido para quem estava habituado a ver Herman a 'debitar' ininterruptamente piadas e dichotes dirigidos a concorrentes ou assistentes de palco, a verdade é que, à distância de um quarto de século, as qualidades do formato (e da forma como o mesmo foi executado) se tornam bem evidentes, tornando 'Herman 98' merecedor de algumas linhas de homenagem por altura do trigésimo aniversário da sua estreia em televisão.

Quem se atrever, pode ver acima três horas de Herman José...

...ou, para quem tenha menos tempo e paciência, aqui fica a actuação dos então popularíssimos Excesso no programa em causa.

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