19.02.22
Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos e acessórios de exterior disponíveis naquela década.
Os anos 90 foram pródigos em 'febres' no que toca a brincadeiras de exterior. De várias delas, já aqui falámos, como foi o caso com as bicicletas BMX, o skate, os patins em linha ou o 'diabolo'; no entanto, existiu durante essa década outra moda que, embora mais discreta e menos declaradamente 'datada' do que as acima mencionadas, não deixa de estar ligada ao período em causa: o pingue-pongue.
O 'kit' essencial do entusiasta de pingue-pongue dos anos 90
Sim, os anos 90 foram a época em que muitas crianças e jovens de Norte a Sul de Portugal descobriram a beleza desse jogo simples, mas que se pode tornar estupidamente competitivo, chamado ténis de mesa – e em que, encorajados pela difusão em larga escala dos acessórios necessários, se dedicaram à prática do mesmo, sobretudo nos intervalos das aulas. Aproveitando o facto de a maioria das escolas básicas e secundárias do País terem qualquer tipo de instalação ou equipamento para a prática do pingue-pongue, os referidos jovens (na sua maioria, do sexo masculino) trataram de adicionar uma ou duas raquetes e outras tantas bolas à sua lista de 'materiais indispensáveis' a colocar na mochila todas as manhãs.
Escusado será dizer que, como acontece com a maioria dos outros produtos de que aqui falamos, também as raquetes de pingue-pongue tinham a sua 'hierarquia' própria, havendo uma linha qualitativa definida entre as compradas nas lojas de desporto (mais pesadas, e com revestimento normalmente liso de um dos lados) e as disponíveis nas comuns lojas de brinquedos, ou até dos 'trezentos' (as quais eram significativamente mais leves, e tinham um revestimento rugoso em ambas as faces.) No entanto, sendo essas diferenças menos imediatamente aparentes do que em outros casos, tendia a não haver tanto o estigma do 'falso' entre os praticantes de pingue-pongue – até porque, melhores ou piores, todas as raquetes sofriam o mesmo fim, acabando invariavelmente desprovidas de 'capas' em pelo menos um dos lados, e provavelmente com a capa do outro já a 'pingar', a ameaçar destino idêntico dentro em breve. Não, no jogo de pingue-pongue, o facto de se ter ou não uma raquete de qualidade apenas afectava o próprio jogador, já que quanto mais pesada a raquete, mais precisão se conseguia ter no contacto com a bola.
E por falar em bolas, também estas variavam em qualidade, embora não tanto como as raquetes. As universalmente consideradas melhores entre a juventude da época eram cor-de-laranja vivo, enquanto que, entre as brancas, a qualidade era determinada pelo peso e pela facilidade com que 'amolgavam' (e se prestavam às subsequentes tentativas de 'desamolgar'.); ainda assim, por muita qualidade que as suas bolas de pingue-pongue tivessem, o jogador médio podia esperar perder, pelo menos, uma por semana, dependendo da frequência com que disputasse partidas.
Como a maioria das modas de que falamos nestas páginas, também a febre do pingue-pongue acabou por passar, ainda que este desporto continue a ser um passatempo extremamente popular nos intervalos das aulas, sobretudo entre crianças de uma certa idade; quem viveu a 'época áurea' nos anos 90, no entanto, e se recordar das multidões de 'mirones' que uma partida bem disputada atraía, certamente concordará que – ao contrário do imortal futebol de recreio e de rua – o ténis de mesa já não é o que foi durante esses anos...