Quartas aos Quadradinhos: O Suplemento 'O Janeirinho' - O Pioneiro dos Suplementos de BD Noventistas
04.07.24
NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-feira, 3 de Julho de 2024.
A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.
Capa do primeiro número do suplemento, lançado em Março de 1990.
Já aqui anteriormente falámos dos anos 80 e 90 como período áureo da BD em Portugal, com oferta vasta, variada e de alto nível, oriunda tanto de mercados externos– nomeadamente o eixo franco-belga ou o prolífico Brasil, embora a 'manga' japonesa começasse também a almejar alguma penetração no mercado – como de criação nacional. A servir de 'plataforma' a este manancial de produção e edição de banda desenhada estavam, por sua vez, um número considerável de suplementos infanto-juvenis de jornais e periódicos, com destaque para o BDN, Público Jovem, TV Guia Júnior e para o destacável do jornal Expresso onde eram publicadas histórias mais ou menos contemporâneas da hegemónica Disney.
Enquanto publicação histórica e influente no percurso e evolução da banda desenhada em território português, é natural que o lendário Primeiro de Janeiro também não tenha querido ficar de fora desta nova 'onda' – e a verdade é que o suplemento do mesmo, lançado logo nos primeiros meses da década de 90 e intitulado 'O Janeirinho', se pode mesmo considerar um precursor dos seus congéneres acima mencionados, 'desbravando caminho' para que os mesmos se pudessem estabelecer num mercado já comprovadamente convidativo à sua existência. Mais – ao contrário de qualquer dos suplementos acima mencionados, 'O Janeirinho' existia ainda em finais da década de 2000, embora muitas fontes apenas dêem conta da primeira vintena de números, publicada entre Março e Julho do ano de 1990.
Tal como sucede com as publicações supramencionadas, também os conteúdos do suplemento do 'Primeiro de Janeiro' se perdem nas brumas do tempo, com o normalmente útil Google a fornecer muitíssimo poucas informações sobre potenciais histórias ou séries publicadas. Assim, sabemos apenas que o mesmo serviu de veículo a pelo menos uma obra da dupla Tó Zé Simões e Luís Louro, 'O Império das Almas', da série Roques & Folque, que surgia assim serializada cerca de um ano após a sua edição em álbum. Os restantes autores e séries constantes d''O Janeirinho' permanecem, infelizmente, uma incógnita, embora o perfil do jornal em si fizesse adivinhar escolhas mais experimentais ou inéditas em Portugal, por oposição aos habituais 'Astérix', 'Tintin' e 'Spirou', ou às personagens Disney. O que é certo é que, com a edição deste suplemento, o jornal em causa inscreveu mais uma página na sua já longa campanha de apoio e divulgação da banda desenhada nacional, pela qual batalhou até à sua inevitável extinção, em 2015, deixando um considerável vazio no panorama artístico nacional e levando consigo o último suplemento de banda desenhada de que reza a História editorial portuguesa até à data.