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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

29.06.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sexta-feira, 27 e Sábado, 28 de Junho de 2025.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Em tempos, falámos nesta mesma rubrica das diversas cadeias de 'fast fashion' que, desde o advento dos 'shoppings' em finais dos anos 90, têm vindo progressivamente a substituir as lojas de roupa e boutiques tradicionais. Nessa ocasião, fizemos menção passageira às duas cadeias que, nessa mesma altura, surgiram para fazer frente às lojas de desporto de bairro, acabando por se tornar a nova referência para a compra de roupa e artigos de desporto. Nada melhor, pois, do que dedicarmos este 'post' triplo a uma análise mais alargada desses estabelecimentos, ambos ainda hoje em actividade, embora apenas um ainda em território português.

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E comecemos, precisamente, por esse, estabelecido em 1997 e durante as décadas seguintes parte do gigantesco Grupo Sonae, do qual servia como 'ramo' desportivo. Falamos, claro está, da icónica Sport Zone, a grande superfície dedicada ao desporto que, durante as duas primeiras décadas do século XXI, teve o quase monopólio deste sector comercial no mercado nacional, graças à sua boa relação preço-qualidade, grande variedade de artigos à escolha (e para todos os orçamentos) e algum cuidado no 'design' das peças das suas marcas próprias - a Berg, mais dedicada à caminhada e montanhismo, e a Deeply, mais voltada para o 'surf', bodyboard e outros desportos aquáticos.

Este conjunto de características fazia com que uma visita a uma qualquer Sport Zone (e continua, até hoje, a haver uma em praticamente todas as grandes superfícies ou zonas comerciais de destaque em Portugal) fosse quase garantia de se encontrar fosse o que fosse que se procurava, e a um preço muito competitivo em relação às lojas de bairro, cujo teor independente obrigava à cobrança de valores mais altos por cada artigo. Não é, pois, de admirar que, naqueles primeiros anos do Novo Milénio, a maioria dos portugueses acorresse a uma das lojas da cadeia de Belmiro de Azevedo para colmatar as suas necessidades em termos de material desportivo.

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Este monopólio da consciência popular nacional não correspondia, no entanto, a um monopólio comercial, já que uma outra cadeia, de cariz internacional, fazia, no mesmo período, frente à Sport Zone, almejando uma presença e variedade tão grande ou maior do que esta. Tratava-se da suíça Intersport, que, a acrescer a todos os benefícios da Sport Zone, tinha ainda a vantagem de três décadas de experiência adicional, e de uma ligação a diversos eventos desportivos de monta, com destaque para os Jogos Olímpicos, dos quais era a fornecedora oficial. Assim, era também com naturalidade que os portugueses recorriam a esta cadeia como alternativa à nacional Sport Zone, tendo a Intersport gozado, mesmo, de vários anos de monopólio, no período anterior à criação da marca da Sonae.

Tendo isto em conta, foi com alguma surpresa que os portugueses assistiram à retirada da Intersport do mercado português, algures nas últimas duas décadas, cedendo definitivamente à Sport Zone a parcela maior do sector de artigos desportivos a nível nacional – um desaparecimento que se torna ainda mais surpreendente ao perceber que, em outros países do estrangeiro, a marca continua forte, e a afirmar-se como uma referência no seu sector. Em Portugal, no entanto, essa distinção pertence, hoje, à Decathlon, a 'sucessora' da Intersport na concorrência à Sport Zone, e que almejou ser mais bem sucedida do que qualquer delas, sendo hoje o principal destino dos desportistas e caminhantes amadores nacionais. A 'decana' das grandes superfícies desportivas continua, no entanto, a ter, ela mesma, um grau considerável de sucesso, assegurando que, tal como sucedia há três décadas, os aficionados de desporto portugueses continuam a ter escolha no tocante a artigos e roupas para a prática da sua actividade favorita.

 

10.12.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2024.

NOTA: Por razões temáticas, todas as Terças-feiras de Dezembro serão de TV.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

De entre os elementos que anunciavam e compunham o Natal infantil português dos anos 90 e 2000, um dos mais salientes eram os anúncios televisivos alusivos à quadra – ou melhor, UM anúncio televisivo em particular, que qualquer 'millennial' português saberá de imediato identificar, e que foi tradição anual nos canais generalistas nacionais até ao dealbar da década de 2010.

De facto, os 'spots' publicitários natalícios da cadeia de supermercados e hipermercados Continente, e a respectiva banda sonora, são, para toda uma geração, quase tão emblemáticos da quadra como o 'Natal dos Hospitais' ou o som do Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras. Aliás, há até motivos para dizer que 'Bem Vindos Ao Mundo Encantado dos Brinquedos' é, para a referida demografia, a 'outra' música de Natal portuguesa por excelência, trazendo à mente visões da então mascote da cadeia, a avestruz Leopoldina, a movimentar-se por entre verdadeiras pilhas de brinquedos, que apenas aguçavam a vontade de visitar o mais rapidamente possível o Continente mais próximo, e se deliciar com a variedade de opções para presentes de Natal.

Escusado será dizer que, apesar de esforços continuados, o Continente não mais logrou repetir o sucesso destas cadeias; anúncios subsequentes, já com a segunda mascote Popota ao lado de Leopoldina, eram bem conseguidos, mas falhos em termos de banda sonora quando comparados com o seu antecessor – ainda que, assumidamente, o mesmo tivesse colocado a fasquia absurdamente alta. Assim, a geração nascida ou crescida durante as décadas de 90 e 2000 pode, mesmo, gabar-se de ter assistido, em primeira mão, aos melhores anúncios de Natal alguma vez criados em Portugal, cuja música (que podia perfeitamente ter sido lançada como 'single' comercial, pois encontraria sem dúvida o seu público) ainda hoje saberão sem dúvida cantar 'de trás para a frente' e 'de cor e salteado...'

15.06.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 14 de Junho de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

O paradigma português de finais dos anos 80 e inícios da década seguinte – em que as importações eram ainda caras e difíceis de levar a cabo, e o mercado era consequentemente voltado, sobretudo, para o interior – criou condições ideais para o surgimento e rápida expansão de 'alternativas nacionais' aos mais populares produtos internacionais; e apesar de algum do sucesso de que estas companhias gozaram se dever, precisamente, à falta de alternativas, a verdade é que marcas como a Sanjo, a Parfois ou a Monte Campo se destacavam, também, por exibirem os elevados padrões de qualidade por que a manufactura portuguesa era (e continua a ser) conhecida, os quais lhes viriam a garantir o sucesso a longo prazo.

O mesmo se passava com a marca de que falamos neste 'post', a qual – tal como as duas congéneres e contemporâneas acima referidas – logrou manter-se activa e relevante, em maior ou menor medida, desde a sua criação até aos dias de hoje, e tornar-se nome de referência no sub-sector em que se insere. Falamos da Salsa, o grande nome português no mercado das gangas, sobre cuja criação se celebram este ano exactas três décadas, ao longo das quais a marca soube não só manter a sua posição no seio do mercado nacional como também levar a cabo um processo de expansão internacional que a viu penetrar em cerca de três dezenas e meia de países um pouco por todo o Mundo.

Salsa_Jeans_Logo.png

Fundada no Norte do País, concretamente em Vila Nova de Famalicão, algures em 1994, a Salsa nasce a partir da iniciativa de três irmãos, António, Filipe e Beatriz Vila Nova, então donos de um negócio de tinturaria e limpeza a seco bastante reputado a nível local. Não contentes em limitar-se a esse nicho de mercado, os três familiares procuraram expandir o seu raio de acção ao campo da manufactura e distribuição de vestuário, concretamente calças de ganga. Pouco tempo depois, surgia pela primeira vez no mercado português o nome que rapidamente se tornaria quase tão popular quanto concorrentes internacionais como a Charro e a Guess, perfilando-se numa 'segunda linha' apenas atrás de grandes marcas como a Levi's ou Wrangler. A este rápido aumento de popularidade não terão estado alheios os preços algo mais acessíveis e atractivos dos 'jeans' da Salsa relativamente aos das suas principais concorrentes, em grande parte possibilitados pela manufactura local, por oposição ao 'outsourcing' levado a cabo pelas marcas internacionais.

Face a este franco e célere crescimento, não é de surpreender que, poucos anos após o seu aparecimento, a Salsa tivesse já direito a loja própria, no caso na zona do País de onde era oriunda (o Grande Porto), concretamente no NorteShopping, principal centro comercial daquela região. Não demoraria mais do que alguns meses, no entanto, até o número de lojas da marca em Portugal triplicar, com a Salsa a chegar aos outros dois grandes centros urbanos nacionais, Lisboa (com uma loja no então ainda recente 'shopping' Vasco da Gama, construído e inaugurado no âmbito da Expo '98, no ano anterior) e Braga (com abertura no Braga Parque).

A relativa popularidade destes três primeiros pontos de venda serviria, aliás, como mote para uma declarada tentativa de expansão nos primeiros anos do Terceiro Milénio, que veria a Salsa penetrar em mercados não só europeus (da inevitável Espanha à Irlanda, Bélgica, Luxemburgo, Croácia ou Malta) como também internacionais, incluindo alguns, à época, ainda emergentes, como o Qatar ou os Emiratos Árabes Unidos. O sucesso desta empreitada despertaria, por sua vez, o interesse do ubíquo Grupo Sonae, que, já na segunda década do século XXI, se tornaria dono de metade do capital da marca (então já da propriedade quase exclusiva de Filipe Vila Nova, detentor de 85% da empresa que fundara com os irmãos), avançando eventualmente para a aquisição total da mesma, já em 2020 – um sinal inequívoco de que, apesar de já não ter a expressão de que gozou outrora, a marca nacional por excelência no mercado das calças de ganga se mantém firme tanto dentro do mesmo como a nível internacional, onde continua a personificar a máxima de que 'o que é nacional é bom'...

25.03.23

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Na última Saída de Sábado, abordámos a chegada a Portugal da FNAC, uma das poucas cadeias de venda de artigos tecnológicos e multimédia ainda resistentes no País. No próprio dia em que dedicávamos algumas linhas à cadeia francesa, no entanto, faltavam menos de vinte e quatro horas para se celebrar o aniversário de uma outra loja muito semelhante, também ela ainda hoje presente nas grandes superfícies nacionais e que, de facto, é praticamente dois anos mais velha do que a FNAC Portugal; assim, seria omisso da nossa parte não dedicar algumas linhas à grande 'concorrente' da cadeia francesa em solo português, a Worten.

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Inaugurada a 12 de Março de 1996, como subsidiária do poderoso grupo Sonae (hoje Sonae Continente) a Worten pode ser considerada a cadeia-irmã do popular hipermercado, de enfoque menos generalista e mais centrado na electrónica e multimédia (daí as comparações com a FNAC). Ainda que sem a facilidade em obter livros importados da concorrente, a cadeia compensava esta 'falha' oferecendo preços ainda mais competitivos que os da companhia francesa (ou outros concorrentes da época, como as lojas Singer, de que também aqui em tempo falaremos), tornando-se assim, rapidamente, o local de aquisição de electrodomésticos por excelência do consumidor nacional.

Curiosamente, e ao contrário do que aconteceu com a concorrente (cuja primeira loja abriu num 'shopping' em plena Lisboa) a Worten expandir-se-ia, não a partir das grandes capitais portuguesas, mas da vila de Chaves, tendo só depois 'rumado' a Sul, rumo à capital. Uma vez iniciada, no entanto, essa expansão deu-se de forma por demais célere – apenas alguns anos após a sua fundação, por alturas da viragem do Milénio, a Worten era já parte do 'cenário' em centros comercials e lojas Modelo e Continente de Norte a Sul do País, paradigma que se mantém até hoje.

A forte presença em território nacional incentivou, aliás, Belmiro de Azevedo a expandir a área abrangente do seu negócio até ao país vizinho, tendo a Worten adquirido não uma, mas duas cadeias comerciais espanholas, num total de cerca de meia centena de lojas. Ao contrário do sucedido em Portugal, no entanto, esta 'aventura' não se saldou pelo sucesso, tendo a estadia da Worten como grande cadeia em Espanha durado pouco mais de uma década, e saldando-se a presença actual da loja de Belmiro de Azevedo no outro país ibérico em pouco mais de uma dezena e meia de lojas, a esmagadora maioria das quais situada nas Ilhas Canárias, último grande 'reduto' da rede Sonae em Espanha; curiosamente, grande parte das restantes lojas da franquia foram vendidas a outro grupo comercial bem conhecido dos portugueses, no caso o MediaMarkt.

Em Portugal, no entanto, a Worten continua a somar e seguir, até por o seu nicho de especialização ser um dos poucos em que a procura é constante, e a avaliação física do produto particularmente importante; enquanto este paradigma se mantiver (e enquanto o grupo MC Sonae Continente mativer a sua pujança no panorama comercial português) é de esperar que muitas crianças e jovens portugueses continuem a desfrutar de Saídas de Sábado periódicas à 'loja de electrodomésticos do Continente'.

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