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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

16.08.22

NOTA: Este post é respeitante a Segunda-feira, 15 de Agosto de 2022.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Nas últimas semanas, este blog debruçou-se numerosas vezes sobre a carreira de Will Smith, um dos mais populares actores e 'rappers' das décadas de 90 e 2000; assim, era inevitável que, mais cedo ou mais tarde, a nossa atenção se voltasse para a série que lhe permitiu começar o seu percurso em direcção a esse estatuto - a lendária 'sitcom' 'O Príncipe de Bel-Air'.

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Este post podia bem terminar aqui, e a maioria dos nossos leitores seriam capazes de criar a sua própria versão das próximas linhas; TODA a gente viu pelo menos um episódio d''O Príncipe de Bel-Air', senão aquando da sua transmissão original na embrionária SIC, em 1992, então na re-exibição no canal mais Radical da estação de Carnaxide, na década seguinte, ou até na Internet, onde é uma das comédias favoritas da geração 'nerd'. Do estatuto de culto da música de abertura - que grande parte das duas últimas gerações saberá de cor, ou pelo menos quase - aos 'GIFs' de Carlton Banks a fazer a sua dança característica (obviamente apelidada de 'The Carlton') a influência desta série na cultura 'pop' actual é quase inescapável, tornando qualquer contextualização redundante.

Quem não sabe esta letra, certamente, viveu debaixo de uma pedra nos últimos trinta anos...

Tentemos, ainda assim, dedicar algumas linhas a esse objectivo: 'The Fresh Prince' estreou nos primeiros meses da década de 90, na cadeia americana NBC, como forma de capitalizar sobre a fama musical da dupla protagonista, Smith e o seu parceiro Jazzy Jeff; enquanto que a carreira de ambos como criadores de 'hip-hop' entraria em trajectória decrescente, no entanto, seria como actores de comédia que ambos ficariam conhecidos entre toda uma nova geração de jovens, tendo a nova série ultrapassado até os já elevados níveis de sucesso da música da dupla.

No total, foram seis temporadas de aventuras e desventuras de Will (uma versão ficcionalizada do próprio Smith) no ambiente estranho que era a casa dos seus tios ricos, no titular bairro de luxo em Los Angeles, na Califórnia, as quais renderam personagens tão memoráveis quanto Will, Jazz (Jazzy Jeff, também basicamente a fazer dele mesmo), o mordaz mordomo Geoffrey, o iirascível mas compreensivo Tio Phil ou o supracitado Carlton, primo 'betinho' de Will que servia magnificamente a função de contrastar completamente com o mesmo - todos interpretados por actores talentosos, e cuja química mútua constituía um dos pontos fortes da série.

Como se tal não bastasse, 'O Príncipe...' contou ainda com participações especiais de alguns dos maiores nomes da cultura 'pop' norte-americana da época, de Tyra Banks a Naomi Campbell, Whoopi Goldberg, Jay Leno, e até o futuro presidente Donald Trump (que, aliás, era presença assídua em filmes e séries à época) - uma estratégia, aliás, adoptada anos mais tarde pela RTP para a adaptação televisiva de 'As Lições do Tonecas', embora a uma escala bem menor e mais local. Apenas mais um factor de atracção para um público-alvo, na sua larga maioria, já 'rendido' ao lendário charme de Smith e às mirabolantes peripécias engendradas pelos argumentistas da série, que, em conjunto, a ajudaram a tornar num dos maiores e mais memoráveis sucessos de televisão internacionais da década - estatuto que, aliás, a cultura nostálgica e 'nerd' (de que este blog faz parte) lhe permite continuar a manter, precisamente três décadas depois da sua transmissão inicial por terras lusas...

05.10.21

NOTA: Este post é respeitante a Segunda-feira, 5 de Outubro de 2021.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Nas últimas edições desta rubrica, temos vindo a falar de séries para adolescentes americanas dos anos 90 que, por alguma razão, tiveram igual repercussão por terras lusitanas; e depois de termos falado das principais representantes da vertente mais séria e mais cómica do estilo, chega hoje a vez de falarmos do terceiro concorrente nesta competição pelo interesse dos espectadores mais jovens, o qual não chegou a conseguir o mesmo nível de sucesso das suas congéneres, mas deixou ainda assim a sua marca entre o público infanto-juvenil da época.

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Falamos de ‘Parker Lewis’ (ou ‘Parker Lewis Can’t Lose’, como era conhecido no seu país de origem), uma ‘sitcom’ da Fox que pegava em alguns dos elementos utilizados pela série rival, ‘Já Tocou!’, os aumentava a um nível quase caricatural, e os misturava com uma boa dose de inspiração retirada do filme ‘O Rei dos Gazeteiros’, que muitos dos nossos leitores mais provavelmente conhecerão pelo seu título original, ‘Ferris Bueller’s Day Off’.

Tal como o filme de 1982, ‘Parker Lewis’ segue as aventuras do gazeteiro e ‘gozão’ do mesmo nome (interpretado por Corin Nemec, que não viria a ter quaisquer outros papéis de nota), um sucedâneo (ou sucessor) de Ferris Bueller que frequenta  uma escola secundária californiana e que, com a ajuda dos seus dois melhores amigos e alguns outros colegas menos chegados, faz a vida negra à directora da escola, enquanto tenta evitar os ‘ataques’ estilo partida de Carnaval da sua maléfica irmã mais nova.

Uma premissa bastante comum, e até algo gasta, para uma série deste tipo, mas que, neste caso específico, era apimentada com uma dose considerável de referências à cultura ‘pop’da época e daquilo a que se convencionou chamar ‘fourth wall breaking’ – aquele fenómeno em que os personagens sabem estar dentro de uma ficção, e utilizam alguns dos elementos da mesma a seu favor. Embora não totalmente original – Zack Morris, de ‘Já Tocou!’, também era conhecido por se dirigir directamente aos espectadores, por exemplo – esta abordagem granjeava algum interesse a ‘Parker Lewis’, e ajudava a série a cimentar um lugar no concorrido mercado de ‘sitcoms’ para adolescentes, tanto nos EUA como em Portugal.

parker-lewis-cant-lose-the-complete-first-season-2O personagem principal em modo 'fourth wall break'

Ainda assim, o sucesso das aventuras de Parker e seus amigos não foi tão pronunciado que levasse à exibição em Portugal das três séries criadas pela Fox entre 1990 e 1993; a série passou em terras lusas durante apenas um ano, substituindo precisamente ‘Já Tocou!’ na grelha da TVI. Nesta batalha em particular, no entanto (e apesar dos ‘gadgets’ de que Parker e os seus comparsas dispunham na sua base secreta por baixo do ginásio) pode dizer-se que o liceu de Bayside saiu claramente a ganhar do confronto com o liceu de Santo Domingo - e que Parker Lewis, que segundo o próprio título da série, 'não pode perder'...perdeu. Ainda assim, os planos de Parker foram suficientemente bem sucedidos para lhe granjear algumas linhas – bem como a honra de concluir a retrospectiva sobre séries para adolescentes dos anos 90 - aqui neste nosso blog…

20.09.21

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

O início dos anos 90 viu chegar a Portugal a febre das séries de adolescentes norte-americanas, a qual teve tal impacto entre a demografia-alvo que levou, inclusivamente, a que um dos quatro canais portugueses tentasse produzir um equivalente ‘tuga’, do qual paulatinamente falaremos; e depois de na última Segunda de Séries termos abordado o principal expoente desta febre, chega hoje a vez de examinarmos uma das duas alternativas mais cómicas à suposta seriedade de 90210. Agarrem, portanto, nas vossas roupas e acessórios mais berrantes e espalhafatosamente ‘90s’, pois está na hora de viajar até ao liceu de Bayside, na Califórnia, onde…Já Tocou!

Sim, ‘Já Tocou’, mais conhecido hoje em dia pelo seu nome original, ‘Saved By The Bell’, e que se perfilava como a resposta em formato ‘sitcom’ à ‘soap opera’ de ‘Beverly Hills 90210’. Tal como naquela série, o foco principal eram as desventuras de um grupo de jovens – estes verdadeiramente adolescentes, e como tal bem mais realistas do que os ‘vintões’ ebonecados vide Beverly Hills – durante o seu dia-a-dia numa típica escola secundária americana. Entre namoricos e confrontos com o desafortunado director Mr. Belding, a pandilha liderada pelo ‘loirinho’ de farripas Zack Morris (Mark-Paul Gosselaar) lá ia resolvendo um problema por semana, não podendo também faltar os habituais episódios especiais sobre problemáticas tão 90s como o consumo de drogas - no caso, comprimidos de cafeína, naquele que é o episódio mais memético e recordado da série.

Um dos melhores momentos de comédia involuntária da história da televisão moderna...

Tal como em outras séries deste tipo, no entanto, os enredos eram o que menos interessava; o que fazia a série resultar (e resultava) eram os diálogos cheios de ‘one-liners’ e a química entre os personagens, com destaque para o impagável Screech, o ‘totó’ do grupo, interpretado pelo malogrado Dustin Diamond, à época ainda verdadeiramente adolescente (Diamond tinha apenas 11 anos quando a série estreou nos EUA, o que torna as suas prestações simultaneamente mais naturalistas e mais impressionantes que as dos seus coadjuvantes mais velhos.) Dos restantes, destaque para Mario Lopez, o musculado Slater, e para a paixoneta de todos os jovens da altura, Tiffani-Amber Thiessen – ou antes, Kelly Kapowski, o vértice feminino do habitual triângulo amoroso, aqui com os ‘frenemies’ Zack e Slater como pretendentes.

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Os protagonistas principais da série

No fundo, pois, uma típica série de comédia juvenil norte-americana, mas que resultava muito bem, e que conseguiu o seu público em Portugal (como, aliás, aconteceu também nos seus Estados Unidos natais) aquando da sua transmissão pela TVI, em 1993-94. O mesmo, infelizmente, não se pode dizer das sequelas, das quais apenas ‘Já Tocou…Na Faculdade’ passou em Portugal, tendo um impacto e sucesso consideravelmente menores relativamente ao original, talvez porque as premissas nas quais a série se baseava não resultassem tão bem fora do contexto do secundário, ou talvez porque o público tivesse simplesmente ‘partido para outra’…

Seja como for, no entanto, é inegável que ‘Já Tocou’ – o original – foi uma série marcante para muitos jovens portugueses da primeira metade dos anos 90 (entre eles este que vos escreve) que não tinham grande ‘pachorra’ para o dramalhão de ‘90210’, e só queriam dar umas gargalhadas antes do jantar - e só isso já é´suficiente para a fazer merecer um espaço nesta série de artigos sobre séries adolescentes do ‘nosso’ tempo.

02.07.21

NOTA: Este post é relativo a segunda-feira, 28 de Junho de 2021.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Hoje em dia, quando se fala em clones dos lendários Simpsons, a primeira série que vem à cabeça é ‘Pai de Família’. No entanto, esta não foi, nem por sombras, a primeira tentativa de emular a super-popular série de Matt Groening; pelo contrário, os anos 90 viram surgir inúmeras séries exactamente nos mesmos moldes de ‘Os Simpsons’, apenas com uma ligeira mudança. No fundo, uma situação semelhante à daqueles filmes descritos como ‘Assalto ao Arranha-Céus mas com…’, só que neste caso relativa a séries – uma situação, aliás, semelhante à que se verificava, na mesma altura, relativamente aos ‘clones’ de ‘Tartarugas Ninja’.

Um dos mais populares de entre esta vaga de ‘imitadores’ de ‘Os Simpsons’ era uma série produzida em início dos anos 90 pela Jim Henson Television, em parceria com a Disney, e cujo conceito se pode resumir como ‘Os Simpsons, mas na pré-história’. Falamos, claro, de ‘Os Dinossauros’, uma ‘sitcom’ criada através de uma mistura de fantoches estilo ‘Marretas’ e actores dentro de fatos de borracha, que também se poderia descrever como ‘Os Flintstones, mas com dinossauros’.

Estreada nos Estados Unidos em 1991 e em Portugal no ano seguinte, em versão dobrada e com transmissão nas tardes de fim-de-semana da RTP, ‘Os Dinossauros’ segue as peripécias diárias dos Sinclair, uma família de classe média composta pelo pai, Earl, a mãe, Fran, e três filhos: os adolescentes Robbie e Charlene, e a ‘estrela da companhia’, o descritivamente nomeado Bebé (inicialmente baptizado, devido a uma situação insólita, como Ai, Ai, Estou a Morrer Seu Idiota Sinclair). Ou seja, exactamente a mesma estrutura de uma outra família televisiva da mesma época, só que com pele verde em vez de amarela…

(Curiosamente, segundo os produtores, Jim Henson teria desenvolvido o conceito de ‘Os Dinossauros’ ainda antes da estreia de ‘Os Simpsons’; no entanto, o ‘timing’ da estreia, no auge da popularidade da série de Matt Groening, torna inevitáveis as comparações e acusações de ‘cópia’.)

A verdade, no entanto, é que ‘Os Dinossauros’ TINHA algumas diferenças em relação a ‘Os Simpsons’. Para começar, o agregado familiar dos Sinclair incluía também a mãe de Fran, Zilda (no original, Ethyl), uma típica ‘sogra do pior’, sempre a atormentar Earl do conforto da sua cadeira de rodas; depois, Earl trabalhava num estaleiro de desflorestação, por oposição a uma central nuclear, como ‘um outro’ careca, ou a uma pedreira, como o ‘quase-contemporâneo’ Fred Flintstone; por fim, o facto de os filhos do casal serem mais velhos do que os das outras famílias (quer os ainda bebés Pedrita e Bam-Bam, quer os estudantes primários Bart e Lisa) permitia alguma variedade nas histórias em relação às suas duas inspirações.

Também pode ser considerado que, ao mostrarem um casamento entre duas espécies diferentes de dinossauro, os produtores estavam inconscientemente a transmitir uma mensagem sobre tolerância inter-racial – embora nada disso explique o facto de TODOS os dinossauros da família (excepto Earl e o Bebé) serem de espécies diferentes, mesmo os que são filhos uns dos outros! Poder-se-ia, claro está, debater que essa incongruência é, em si mesma, uma piada – nomeadamente, uma alusão a Fran ter tido casos extra-conjugais que resultaram no nascimento de Robbie e Charlene – não fosse o facto de a própria Fran ser filha de uma espécie de dinossauro completamente diferente da sua! Ou havia muitos casos extra-maritais na pré-história, ou este era mesmo um daqueles absurdos em que ninguém pensou antes de encetar o processo de pré-produção…

À parte estas diferenças intencionais ou acidentais, no entanto, tudo o resto - das dinâmicas familiares, a algumas das situações, ao facto de Earl ter um grupo de amigos no trabalho, exactamente como Homer com Lenny e Carl, à sua relação com o chefe, Sr. Richfield, decalcada da de Fred Flintstone com o Sr. Slate - ‘tresanda’ às duas principais inspirações da série – o que ajuda, em parte, a explicar o enorme sucesso da série, tanto nos seus Estados Unidos natais como, mais tarde, em Portugal.

A outra parte desse sucesso deve-se àquela que, ainda hoje, continua a ser a parte mais memorável desta série, nomeadamente as ‘catchphrases’ dos diversos personagens. Quem se lembra de, ali por volta de 1992, gritar no recreio ‘Queridaaa, chegueeeei!’ ou ‘Não és a Mamã!’ (enquanto fingia agredir a outra pessoa com um golpe de caçarola na cabeça) certamente saberá do que estou a falar. No que toca ao público infantil, estes dichotes (e os constantes e hilariantes ataques do Bebé ao pai) eram, praticamente, razão suficiente para ver a série, porque mesmo quando os episódios eram de compreensão mais obscura ou adulta, havia sempre estes ‘bordões’ aos quais se agarrar para rir um bocado.

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Eh, eh, eh...ainda hoje tem piada...

Como resultado desta tendência, o Bebé, em particular, tornou-se um personagem extremamente popular - uma espécie de Bart Simpson de fraldas, com toda a irreverência e jeito para a frase-feita deste, mas de uma perspectiva algo mais inocente. Era, aliás, nele que se centrava o pouco ‘merchandise’ alusivo à série que chegou a Portugal, com particular destaque para o jogo de tabuleiro, precisamente intitulado 'Não És a Mamã!’, e cujo objetivo envolvia arranjar comida para o membro mais novo da família.

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Mas existem Funkos...porque CLARO que existem Funkos 

Enfim, apesar de não ter ficado no ar muito tempo (pelo menos em Portugal – nos EUA, teve várias temporadas) ‘Os Dinossauros’ conseguiu ser uma série bem memorável para a juventude da altura, e deixar a sua marca num dos períodos áureos da televisão infanto-juvenil em Portugal. Nada mau, para um clone de segunda linha dos Simpsons…

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