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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

24.01.25

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Marcavam presença na cabeça de quase todas as raparigas portuguesas, variando conforme a faixa etária, mas servindo, essencialmente, a mesma função: a de conter aquilo que eram, na maioria dos casos, cabelos compridos (e, muitas vezes, também com penteados mais volumosos) em situações em que era necessário ter a zona da cara desimpedida, fosse por questões práticas, fosse por recato social. Para lá desta função extremadamente utilitária, no entanto, acabavam também por se tornar adereços de moda, parte quer de indumentárias casuais para uma Saída de Sábado ou Sábado aos Saltos, quer das mais elaboradas para levar para a escola ou para um evento social.

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Falamos, é claro, do 'quarteto fantástico' de acessórios para cabelo das décadas de 80, 90 e 2000, constituído (como qualquer ex-criança ou jovem da época certamente se lembrará) por fitas, bandeletes, 'puxos' e ganchos, sendo os dois primeiros favorecidos por jovens de menor idade – normalmente até cerca dos doze, treze anos, altura em que se passavam a preferir os dois últimos acessórios como forma de agarrar a 'melena'. E se não havia muito por onde inovar ao colocar uma fita ou bandolete, o oposto se passava com os 'puxos' e ganchos, os quais podiam ser colocados em toda uma variedade de posições, desde as mais práticas (como tranças ou 'coques') até às mais 'artísticas', destinadas sobretudo a 'fazer estilo', e normalmente criadas com recurso a ganchos de fantasia, em forma de estrela, ou qualquer outro desenho do tipo, ou a 'puxos' gigantescos, concebidos propositalmente para serem notados, ao contrário do que sucede com os 'normais'.

A configuração destes acessórios na cabeça chegava, aliás, a ser um dos factores divisores e distintivos entre as 'betinhas', as raparigas menos 'estilosas', e aquelas que faziam parte de outras 'tribos', como as góticas ou as 'freaks' da cena alternativa, formando parte da identidade visual de um enorme espectro de jovens portuguesas (e não só) durante os anos finais do século XX e os primeiros do seguinte. É, pois, possível perceber que, muito mais do que acessórios práticos, esta quadrilogia de adereços desempenhava um papel fulcral nas indumentárias das raparigas daquele tempo.

Como é evidente, nenhum destes adereços 'desapareceu de cena', continuando a ser utilizados por indivíduos e famílias com estilos mais clássicos ou 'retro vintage' (algumas até, talvez, formadas por casais da geração que com eles cresceu) ou, no caso dos 'puxos', fazendo ainda e sempre parte das 'quinquilharias' no bolso de qualquer elemento do sexo feminino, e mesmo de muitos homens de cabelo comprido); no entanto, é impossível negar que o auge destes adereços como elementos de moda se deu há entre vinte a trinta anos, formando parte integrante da estética quotidiana da juventude 'millennial' e, como tal, merecendo o seu lugar nas páginas deste 'blog' dedicado a recordações de infância e adolescência dessa geração.

14.12.24

NOTA: Este 'post' é correspondente a Sexta-Feira, 13 de Dezembro de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui anteriormente mencionámos os anos 90 como a década da chegada a Portugal dos hoje ubíquos produtos baratos vindos da China, na altura veiculados sobretudo através de vendedores de rua, drogarias de bairro e lojas 'dos trezentos'. E de entre os muitos produtos que passaram a circular em massa no seio da sociedade lusitana, um deles tinha um pendor declaradamente natalício, e viria a tornar-se parte integrante da estação em território nacional.

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A sempre popular versão com luzes LED.

Falamos dos chapéus de Pai Natal, antes apenas acessíveis como parte integrante de um fato completo, mas que, nos últimos anos do século XX e primeiros do seguinte, passaram a surgir em bancas de rua natalícias e lojas 'dos trezentos' e 'dos chineses' não só na sua forma original, como também em variantes alternativas, como a que incorporava efeitos LED na 'bainha' do chapéu, ou a preta com texto anti-Natal, para quem queria expressar a sua falta de espírito festivo, em vez do oposto.

Ambos estes chapéus - tal como o original - ainda são, aliás, largamente vendidos em Portugal no último mês de cada ano, e podem ser encontrados nas cabeças de uma porção significativa da população, embora sobretudo em contextos de festa privada. E embora, para as gerações 'Z' e 'Alfa', esta seja só mais uma parte da quadra natalícia, quem é mais velho sabe que a sua adopção pelos portugueses é relativamente recente, e remete à década em que tudo parece ter acontecido, e que mais indelevelmente transformou e moldou o País que hoje conhecemos.

30.11.24

NOTA: Este post é respeitante a Sexta-feira, 29 de Novembro de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Um dos aspectos mais memoráveis e marcantes da experiência de ser adolescente em Portugal nos anos de viragem do Milénio foi a vincada demarcação da demografia juvenil nas clássicas 'tribos urbanas' já conhecidas dos filmes americanos, mas apenas então verdadeiramente chegadas a Portugal. Rótulos como gótico, 'dread' ou 'skater' vieram juntar-se aos já existentes 'betos', 'metaleiros' e surfistas, e trouxeram consigo toda uma nova gama de estilos e acessórios de moda, muitos dos quais viriam rapidamente a permear a cultura popular juvenil como um todo. É o caso do acessório de que falamos nesta Sexta com Style, com origem no movimento 'skater' mas que rapidamente se alastrou à moda juvenil 'generalista', sendo visão frequente entre os seguidores dos estilos mais alternativos durante os últimos anos do século XX e os primeiros do seguinte.

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Exemplo do acessório em causa a uso na actualidade.

Falamos dos atacadores largos, normalmente fluorescentes, que qualquer bom adepto do estilo em causa não dispensava nos seus sapatos de ténis Adidas, Airwalk, Skechers ou semelhante. Isto porque, para além da sua função declarada de oferecer maior estabilidade ao sapato e não se desatar tão facilmente (o que não deixava de ser irónico, já que eram maioritariamente usados desamarrados) os acessórios em causa davam um toque de estilo e cor a ténis cujas cores dominantes tendiam a ser o cinzento, o castanho e o preto – característica que ajuda, também, a explicar a popularidade dos mesmos junto do público alternativo feminino.

Ao contrário do que acontece com tantas outras peças de que vimos falando nesta mesma secção, os atacadores largos e fluorescentes nunca desapareceram verdadeiramente dos estilos juvenis, apenas mudando ligeiramente de configuração, e sido aplicados a novos tipos de sapatos; e, com o apreço que a actual geração de adolescentes demonstra pelas cores vivas e 'neon', não se prevê que tal tendência venha a mudar num futuro mais próximo, fazendo destes atacadores um dos poucos e mais inesperados produtos a 'unir' as mais recentes gerações de portugueses.

15.11.24

NOTA: Este post é respeitante a Quinta-feira, 15 de Novembro de 2024.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui anteriormente falámos, no âmbito de uma ida ao Quiosque, das revistas importadas de outros países europeus mas que deixavam, também, marcas na vida quotidiana portuguesa. E se, nessa ocasião, a nossa análise versou sobre títulos concretamente dirigidos ao público infanto-juvenil, este nosso regresso ao tema focar-se-à num tipo de publicação com a qual as crianças e jovens de finais do século XX apenas terão tido um contacto mais indirecto, através da 'pilha' de revistas da casa dos pais ou avós, mas que não deixaram, ainda assim, de ter impacto na sua vida.

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Exemplar de época da revista 'Burda', a mais longeva das duas representantes do estilo.

Falamos das revistas de 'tricot', representadas à época sobretudo pela alemã 'Burda' (que também chegava a Portugal na sua edição francesa) e pela francesa 'Sandra', ambas as quais informaram vários estilos 'caseiros' de finais dos anos 80 até meados dos anos 90. Isto porque, mais do que apenas mostrar e sugerir os estilos, as publicações em causa traziam instruções detalhadas para a criação das mesmas, permitindo a qualquer entusiasta do 'tricot' recriá-las em sua própria casa; e, sendo uma parcela considerável das mesmas destinada a vestir crianças, não é de estranhar que muitos 'millennials' portugueses tenham tido alguma versão dos 'pullovers' contidos nas páginas das referidas revistas. Já de uma perspectiva infantil, o principal ponto de interesse estava mesmo nas fotografias dos 'artigos acabados' incluídos em cada página, invariavelmente apelativos para a demografia-alvo, e que faziam, inevitavelmente, 'sonhar' com o momento em que se poderia vestir uma 'cópia' própria do padrão.

Tal como muitas outras publicações que vimos abordando nestas páginas, também as revistas de 'tricot' tiveram uma saída discreta do mercado português, algures na segunda metade dos anos 90; o seu legado, no entanto, terá potencialmente ainda perdurado mais alguns anos, com a segunda vaga de 'millennials' a 'herdar' as camisolas tricotadas dos irmãos ou irmãs mais velhos, e a exibi-las orgulhosamente nas suas próprias Sextas com Style invernais. E, agora que a produção caseira de roupa volta a estar na moda, essas mesmas ex-crianças poderão, quiçá, reiniciar o ciclo, agora com o Google a fazer as vezes da revista importada, mas com os resultados finais a atingirem (idealmente) a mesma combinação ideal de practicidade e atractividade daqueles padrões tricotados pela tia ou pela avó nos tempos de infância...

03.11.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 01 de Novembro de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Os anos 90 e 2000 em Portugal ficaram, mais do que qualquer das décadas precedentes, marcada pela divisão e estratificação da juventude em 'tribos urbanas', de forma semelhante ao que ia acontecendo um pouco por todo o Mundo. E de entre as muitas sub-culturas juvenis a surgirem no nosso País nesse período, um grupo em particular (ou classe social, pois era disso que se tratava) dividia opiniões entre os restantes 'mortais', havendo tanto quem os desprezasse como quem quisesse ser como eles: os chamados 'betos', denominação ainda hoje aplicada a jovens bem apresentados, de classe média-alta e provenientes de famílias endinheiradas. E se, hoje, este grupo se vai cada vez mais 'assimilando' em termos de estilo e postura, nos anos da viragem de milénio, passava-se precisamente o oposto, havendo um esforço concertado por parte dos 'betos' para se destacaram da restante 'maralha', sobretudo no tocante ao vestuário, onde prevaleciam camisas de marcas como Sacoor e Amarras (artigo genuíno, ao contrário do que sucedia com a maioria dos restantes jovens, que as adquiriam na feira), t-shirts Quebramar, 'sweats' da Gap ou Gant, 'pullovers' em tons pastel e, claro, os icónicos sapatos eternamente associados com esta demografia – os 'velas'.

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De facto, apesar de não serem propriedade exclusiva dos 'betos' (muitos jovens do sexo masculino tinham na gaveta um par, para ocasiões que exigissem algum apuro adicional no vestuário) era mesmo com estes que o referido calçado era mais vezes conotado, por fazer parte integrante da indumentária-padrão de um membro do grupo em causa, normalmente combinado com uns calções e pólo, e vestido sem meias. Já quem não fosse 'betinho', mas quisesse ou precisasse de vestir uns sapatos deste tipo, combiná-los-ia com umas calças de ganga de bom corte (ou calças semi-formais, embora não de fato) e um pólo ou camisa – o tipo de indumentária utilizado para eventos familiares, por exemplo. E se, tal como sucede com a maioria das peças em análise nesta secção, também os 'velas' acabaram por dar lugar a outras variantes do mesmo tipo de calçado – nomeadamente os 'moccassins' – é também inegável que, para toda uma geração de portugueses, os mesmos se afirmaram como parte icónica do processo de auto-descoberta típico da juventude, mais do que justificando a sua presença nesta secção.

18.10.24

NOTA: Por motivos de relevância, este Sábado será novamente de Saída. Os Saltos voltarão nas duas semanas seguintes.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Tal como acontece com qualquer geração em qualquer parte do Mundo, também os jovens portugueses de finais do século XX tiveram as 'suas' marcas e lojas icónicas, algumas delas já abordadas nestas páginas. E se a maioria destas se incluía na categoria mais tarde conhecida como 'fast fashion' – que ainda hoje engloba lojas como a Zara/Pull & Bear, H&M, Mango, Bershka, Springfield ou Stradivarius, entre outras – havia, ainda assim, certas lojas especializadas numa só marca que capturavam a imaginação dos 'millennials' nacionais pela sua combinação de popularidade e 'designs' apelativos. Era o caso da Benetton, da Gant, da Timberland, da Gap, das incontornáveis Sacoor e Quebramar, ou ainda da loja que abordamos neste post aglutinador de Sexta com Style e Saída ao Sábado, a qual completa neste mês de Outubro vinte e oito anos de existência.

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Popularizada sobretudo pela sua ligação declarada ao movimento e cultura 'surfista', muito em voga durante toda a década de 90, a Ericeira Surf Shop não tardou a disseminar-se bem para além da sua 'base' e demografia-alvo, e a invadir os pátios de escola, sobretudo os frequentados por alunos de classes sociais mais abastadas, os chamados 'betinhos'. Assim, por alturas da viragem do Milénio, ser visto com roupas da loja em causa dava já tanto crédito social como usar qualquer das marcas acima descritas, com o bónus acrescido de as mesmas não serem facilmente encontradas numa qualquer feira, obrigando a um considerável investimento. Por outro lado, como sucedia com algumas das outras marcas populares da época, este factor tirava a Ericeira Surf Shop das possibilidades financeiras de grande parte dos jovens, reforçando a natureza algo elitista da loja e respectivos artigos e criando um sentimento de inferioridade a quem não tinha 'cachet' para os mesmos – o que, bem vistas as coisas, talvez fosse precisamente o objectivo da sua clientela, embora não necessariamente da loja em si.

Tal como a maioria das marcas e lojas que aqui abordamos, no entanto, também a Ericeira Surf Shop acabou por 'passar de moda' entre a população jovem em geral, e regressar ao seu 'reduto' mais especializado, onde permanece até hoje, agora com o nome de Ericeira Surf & Skate e um espectro mais alargado de especializações, onde se inclui também o 'snowboard'. Os portugueses de uma certa idade, no entanto, recordarão para sempre a marca pelo seu nome anterior, que tanta inveja causava ao ser lido num saco de compras ou peça de roupa de um amigo ou colega de escola. Parabéns, e que conte ainda muitos.

05.10.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 4 de Outubro de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Uma das muitas marcas populares e relevantes nos anos finais do século XX mas 'esquecidas' com o advento do Novo Milénio foi a Kappa, marca alemã de equipamentos e vestuário que em tempos marcara presença frequente nas prateleiras de lojas de desporto e secções de desporto de hipermercados ou lojas especializadas. No entanto, ao contrário de algumas outras que temos vindo a abordar nestas páginas, a mesma nunca chegou a desaparecer totalmente, tendo simplesmente perdido preponderância no seio da sociedade 'mainstream', portuguesa e não só. Prova disso é o facto de, no Verão de 2024, a Kappa se ter aliado à mais famosa cadeia de 'fast fashion' da actualidade – a incontornável Primark – para uma colaboração que poderá ajudar a outrora popular marca a recuperar o 'fôlego', e penetrar uma vez mais na consciência popular ocidental.

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No entanto, nem tudo deverá ser assim tão simples, já que a etiqueta alemã conta, em certos países, com um estigma semelhante ao da Burberrys, sendo frequentemente associada a estratos sociais mais baixos e indesejáveis – tal como, aliás, sucede também com o próprio Primark. Resta, pois, saber se esta será uma colaboração mutuamente benéfica ou se, pelo contrário, a mesma apenas interessará à demografia acima delineada, em nada alterando a reputação de qualquer das partes junto do público em geral. Entretanto, quem estiver interessado em reviver uma das marcas da sua infância e juventude poderá, desde há cerca de seis semanas, adquirir toda uma gama de itens com o logotipo da mesma em qualquer loja Primark, ou mediante compra 'online' no 'site' da mesma. Fica a 'dica' para os mais saudosistas...

21.09.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 20 de Setembro de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Embora o sector juvenil continue a ser o que mais activamente procura logotipos e marcas, dada a necessidade de 'parecer bem' junto dos colegas, os pais de crianças pequenas ficam, talvez, logo atrás dos adolescentes no que a este particular diz respeito. Isto porque, para a maioria das mães e pais, é importante que a roupa envergada pelos filhos seja duradoura e tenha alguma qualidade – atributos normalmente reunidos pelas peças 'de marca'. E apesar de, hoje em dia, o preço proibitivo da maioria das marcas ter direccionado a maioria dos portugueses para as lojas de 'fast fashion', no anos 80 e 90 – quando tal conceito era ainda inexistente a nível mundial – havia certas lojas que chamavam, decididamente, a atenção dos progenitores lusitanos no momento de comprar vestuário para os filhos. Uma dessas marcas, nascida em Lisboa mas popular em todo o País em finais dos 80 e inícios da década seguinte, levava o nome de um vegetal, e propunha roupas coloridas e intemporais para crianças em idade pré-adolescente.

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Falamos, claro está, da Cenoura, uma 'etiqueta' que, sem ser para todos (os seus artigos não eram especialmente baratos, antes pelo contrário) chegou a vestir uma boa parcela de crianças portuguesas do período em causa - entre as quais se incluía o autor deste 'blog', em cujo bairro de infância existia uma loja da marca. Nascida em Lisboa nas últimas semanas do ano de 1972, começou por ser um empreendimento modesto de três amigas na casa dos vinte anos, que fabricavam e decoravam as suas próprias roupas e utilizavam os seus próprios filhos e sobrinhos, ou os de amigos próximos, como 'caras' dos catálogos; as décadas seguintes viram, no entanto, a marca expandir-se e tornar-se uma referência no mercado nacional de vestuário infantil, pela grande qualidade das suas peças e pela tendência para comercializar conjuntos completos. Apesar de ainda presente sobretudo na zona de Lisboa, antes de completar dez anos de existência, a Cenoura recebia já pedidos e encomendas de todo o País, o que a levou a inaugurar um serviço de venda postal em meados dos anos 80; foi, pois, com naturalidade que se verificou, em anos subsequentes, a expansão do raio de acção da marca, que ainda hoje tem lojas em todo o País (embora, infelizmente, não aquela que faz parte das memórias do autor deste texto, a qual fechou ainda muito antes do centro comercial de bairro que a albergava.)

Tal como sucede com tantas outras marcas de que aqui falamos, no entanto, também o 'momento' da Cenoura passou, e se, a dada altura da História portuguesa, vestir peças com essa etiqueta era sinal de estatuto económico e social, a mesma acabou, eventualmente, por ser suplantada po outras 'grifes' e lojas mais 'na moda'. Para quem tem hoje uma certa idade, no entanto (sobretudo os 'millennials' mais velhos ou os nascidos nos últimos anos da geração dita 'X') esta marca e as suas apelativas lojas farão, certamente, parte das memórias e do imaginário infantil, merecendo bem a menção nesta nossa rubrica dedicada a peças de vestuário que marcaram décadas passadas.

11.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 9 de Agosto de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Todo o jovem dos anos 90 os usou, ou conheceu alguém que usasse, e sentiu um ligeiro sentimento de vergonha, quer própria, quer alheia. Falamos dos fatos de banho em formato 'slip', conhecidos por diversos nomes (sendo os mais comuns sunga, tanga ou Speedo) e que, num período de menos de dez anos, passaram de ícone de moda 'praieira' a motivo de embaraço para qualquer veraneante que não fosse praticante de natação.

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De facto, entre finais dos anos 80 e o Novo Milénio, esta peça de vestuário veranil passou de 'farda' obrigatória de qualquer 'pintas' que quisesse impressionar o sexo oposto a repelente activo do mesmo, sendo quase exclusivamente extinto do cenário estival português em favor do universal calção de banho, ainda hoje a peça-padrão para o sexo masculino. A tanga ficou, assim, temporariamente restrita a uma demografia infantil muito nova, antes de mesmo essa passar também a usar calção, remetendo a antecessora para o domínio exclusivo da piscina de competição, onde o formato da referida peça era favorecido por ajudar à deslocação aerodinâmica do atleta. Já para todos os outros grupos de portugueses com cromossomas XY, o 'slip' da Speedo ou de qualquer outra marca passou a vestimenta praticamente proibida no contexto da praia, sob pena de quem a usasse ser vítima de 'gozo' por parte dos pares – situação que, aliás, se mantém até aos dias de hoje. Com a recente vaga de nostalgia pelas décadas de 80 e 90 é, no entanto, bem possível que a sunga volte a estar na moda a dado ponto num futuro próximo – embora, para quem a usou em criança ou adolescente e conheça as gerações Z e Alfa, tal cenário se afigure muito pouco provável...

 

27.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 26 de Julho de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

A natureza cíclica da moda tende a ser apercebida, sobretudo, de um contexto mais técnico, centrado em aspectos ligados à manufactura, como estilos, padrões, cortes e têxteis; no entanto, uma outra vertente deste paradigma prende-se com as marcas em si, as quais podem, no espaço de poucos anos, ir dos píncaros da popularidade ao quase total esquecimento, seja por falta de visibilidade ou, simplesmente, por as suas peças darem lugar, nas prateleiras e expositores das lojas, a artigos das suas 'sucessoras'. A marca de que falamos neste 'post' foi vítima de ambas essas situações, e, embora nunca tenha desaparecido totalmente do mercado, é hoje associada sobretudo com épocas passadas, nomeadamente com os últimos vinte anos do século XX. Falamos da Amarras, a marca pan-ibérica (as peças são criadas em Espanha mas fabricadas em Portugal) que, a partir do início dos anos 80, trouxe o mundo dos desportos náuticos para o domínio popular, através, principalmente, da sua icónica linha de 'sweat-shirts', as quais, para determinadas demografias, estão ao mesmo nível das camisas da Sacoor, das t-shirts da Quebramar ou das 'sweats' da No Fear.

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Fundada em 1978, no Bairro de Salamanca, em Madrid, Espanha (onde ainda hoje possui a sua loja principal) a Amarras logrou, durante os vinte anos seguintes, espalhar o seu símbolo por países tão distintos como o México, os EUA e, claro, Portugal, onde a concessão da manufactura das peças ajudava a facilitar a entrada e dispersão no mercado. E se a ligação à vela e ao remo conotava, de imediato, a marca com a infame sub-classe dos 'betinhos', a verdade é que nem por isso as peças da Amarras deixavam de ser desejáveis e cobiçadas de forma transversal pelas demografias jovens das gerações 'X' e 'millennial', para quem o símbolo da marca detinha alguma atractividade, ainda que sem chegar ao patamar das concorrentes acima citadas.

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A icónica 'sweatshirt' da marca, imutável até aos dias de hoje.

Nada dura para sempre, no entanto, e foi com naturalidade que o 'ciclo' da Amarras enquanto marca notável e popular se encerrou, dando lugar, ao longo dos primeiros anos do Novo Milénio, a novas 'grifes' prontas a conquistar tanto o mercado ibérico quanto o mundial. Para uma certa parcela da sociedade portuguesa, no entanto, aquelas cordas entrançadas com as letras em Arial Bold por baixo ficarão, para sempre, ligadas a 'sweat-shirts' propositalmente largas envergadas durante encontros com amigos ao fim de um dia de praia – o tipo de memória que nenhum ciclo de popularidade poderá, jamais, apagar, e que garante a esta e outras marcas um lugar permanente no coração dos 'trintões' e 'quarentões' portugueses dos dias que correm.

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