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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

10.11.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Já aqui anteriormente falámos de alguns dos nomes constantes da restrita lista de desportistas que representaram dois ou mais clubes 'grandes' do futebol português durante os anos 90 e 2000. E se alguns destes - como Sergei Yuran, Kulkov, Edmilson, Mário Jardel, Drulovic, Zahovic, João Vieira Pinto ou Izmailov - almejariam fama e glória em ambos os emblemas em causa, no entanto, outros tantos seriam, numa fase inicial, 'ignorados', ou utilizados como opção de recurso, para depois virem finalmente a explanar o seu potencial num dos dois 'rivais' do seu primeiro clube. Foi o caso de nomes como Nuno Valente ou o jogador que celebramos hoje, no dia do seu quinquagésimo-quarto aniversário: o guarda-redes russo Sergei Ovchinnikov.

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Ovchinnikov ao serviço do primeiro dos dois 'grandes' portugueses que representou...

Chegado a Portugal no defeso de Inverno de 1997-98, Ovchinnikov aterrava em Lisboa, para representar o Benfica, já com a 'tarimba' de nada menos do que seis épocas e meia como dono e senhor da baliza do Lokomotiv de Moscovo, à época um clube de razoável dimensão no contexto europeu, bem como de 'dono' da baliza da Selecção russa, com a qual disputara o Campeonato Europeu em Inglaterra, seis meses antes. Em Lisboa, no entanto, o guardião deparava-se com um problema 'bicudo' – nomeadamente, o facto de a baliza dos 'encarnados' estar entregue ao incontornável Michel Preud'Homme, que disputa com Schmeichel o título de melhor guarda-redes a actuar em Portugal na era moderna, e cuja longevidade entre os postes da Luz é ainda hoje lendária.

Na sua primeira época fora do eixo da Europa de Leste, Ovchinnikov não iria, pois, além das nove presenças com a camisola das 'águias' lisboetas, um número que se viria a duplicar na temporada seguinte, sem que, no entanto, o guardião internacional russo se lograsse estabelecer como primeira opção da equipa da capital. Foi, pois, com naturalidade que o internacional russo procurou outros 'vôos' na época seguinte, tendo a solução passado por dar um 'passo atrás' e assinar pelo histórico Alverca – curiosamente, à época, o principal satélite do clube de onde Ovchinnikov era oriundo.

E se, na maioria dos casos, uma decisão deste tipo significaria o fim de uma carreira ao mais alto nível, para Ovchinnikov, esta representou precisamente o contrário; seguindo a máxima de 'dar um passo atrás para dar dois à frente', o guardião russo iniciaria em Alverca a sua 'remontada', a qual o veria afirmar-se como primeira opção para a baliza dos ribatejanos e, após uma temporada a bom nível, ser sondado por outro 'grande' português, no caso o representante nortenho, por quem assinava no primeiro defeso de Verão do século XXI. E enquanto que, em Lisboa, Ovchinnikov se vira 'tapado' por um histórico indiscutível do clube, na Cidade Invicta, o jogador não teve quaisquer problemas em se afirmar como titular da baliza azul e branca, amealhando mais de sessenta e cinco presenças pelos portistas ao longo dos dezoito meses seguintes, e conquistando uma Taça de Portugal (frente ao Sporting) e uma Supertaça (frente ao Boavista). Em falta ficou, apenas, o campeonato, que seria ganho, pela segunda vez em três anos, pelo Sporting.

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...e do segundo.

Quando tudo parecia, finalmente, ir de vento em popa para Ovchinnikov em Portugal, no entanto, eis que surge uma proposta irrecusável para voltar à 'casa-mãe', em Moscovo. O guardião não hesitou, naturalmente, em tirar partido desta oportunidade, voltando assim a ocupar o lugar que deixara vago meia década antes, o qual não voltaria a largar durante as quatro épocas e meias seguintes, até à transferência para o rival Dínamo, onde se formara e iniciara a carreira sénior, em finais dos anos 80, mas onde, desta feita, não almejou mais do que a condição de suplente. (Curiosamente, se tivesse optado por ficar no Porto, o russo teria quiçá feito parte da equipa de José Mourinho que 'tomou de assalto' as competições europeias em meados da década de 2000.) Pelo meio, ficava ainda um 'reencontro' com os portugueses, no âmbito do Euro 2004, onde beneficiaria a Selecção do seu 'país adoptivo' ao jogar a bola com a mão fora da área, acção que lhe valeu a expulsão do jogo entre Rússia e Portugal, a contar para a fase de grupos do certame.

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O momento da expulsão frente a Portugal, no Euro 2004.

Para além desta atribulada mas honrosa carreira nos relvados, Ovchinnikov faz, ainda, parte da enorme lista de ex-jogadores que enveredam por cargos técnicos após 'pendurarem as botas'. No caso do guardião russo, há a assinalar passagens pelo 'seu' Lokomotiv (como treinador de guarda-redes), pelos Dínamos de Kiev (como assistente) e Minsk (como treinador principal), pela Selecção Nacional russa (onde foi, novamente, responsável pelo treino de guarda-redes) e, mais recentemente, pelo CSKA, onde ocupou a posição principal do banco durante nada menos do que seis temporadas, entre 2014 e 2020. Desde então, o ex-futebolista parece ter-se retirado dos 'palcos' do desporto-rei, presumivelmente para 'gozar' a reforma, tendo já deixado um considerável legado em duas frentes distintas, e o seu nome impresso na História do futebol não só do seu país natal, mas também de uma pequena nação no extremo exactamente oposto da Europa. Parabéns, e que conte ainda muitos.

22.08.21

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

A vida de um adepto de futebol – tenha que idade tiver – nunca é fácil. Mesmo aqueles que seguem os clubes de maior dimensão nacional ou mundial não conseguem escaper a uma ou outra época de desilusões, frustrações e amarguras. E apesar de, eventualmente, esses períodos passarem a ser apenas uma recordação mais ou menos embaraçosa para partilhar com os amigos numa jantarada, na altura, ao vivo e a cores…doem. Doem muito.

O primeiro assunto que iremos abordar nesta nova rubrica do nosso espaço desportivo - dedicada a recordar plantéis memoráveis da nossa década de eleição - trata, precisamente, de um desses momentos, no caso relativo a um dos chamados ‘três grandes’ portugueses – nomeadamente, o Benfica. E, tendo em conta a época em que a maioria dos leitores deste blog nasceu (e o título do post…) certamente já sabem de que momento se trata.

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Sim, hoje vamos falar daquelas duas épocas em que o clube encarnado de Lisboa foi treinado por um escocês crédulo e com uns ‘parafusos a menos’, que o tentou transformar numa espécie de versão portuguesa de uma equipa do Championship ou League One, recheada de ‘pernetas’ britânicos de variáveis graus de hilaridade para os adeptos adversários. Só essa lista já deverá ser suficiente para fazer arrepiar qualquer adepto ‘lampião, tal o calibre dos nomes que a compõem. Senão vejamos: na época e meia em que Souness esteve à frente da equipa, constaram da folha salarial do Benfica nomes como Scott Minto, Mark Pembridge, Michael Thomas, Gary Charles, Brian Deane, Steve Harkness e Dean Saunders (que, em abono da verdade, até era bom jogador). Já sentiram um friozinho na espinha? Pois… Até os adeptos de outros clubes tinham pena de quem tinha que ‘gramar’ com estes toscos semana sim, semana sim, durante um campeonato inteiro.

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Quem se poderá esquecer deste gigantesco craque, notável pela sua velocidade de movimentos e execução?

E o pior é que essas equipas do Benfica não eram, de todo, desprovidas de talento – antes pelo contrário. A equipa que Souness herdou de Manuel José e Mário Wilson tinha, por exemplo, um dos melhores guarda-redes de sempre a actuar no campeonato português moderno (o eterno Preud’Homme), um dos melhores criativos (o igualmente eterno João Vieira Pinto) e ainda nomes como Tahar El-Khalej, Paulo Madeira, El-Hadrioui, Karel Poborsky (que viria a atingir outros vôos), Ovchinnikov (aqui suplente de Preud’Homme, mais tarde titularíssimo do FC Porto), Jorge Cadete ou um jovem Nuno Gomes, que já mostrava a veia goleadora pela qual se tornaria conhecido na década seguinte. A nível de resultados, também nada fora do normal – um segundo lugar e um terceiro, embora este ultimo se tenha iniciado com uma pouco típica série de cinco derrotas. E, no entanto, a principal memória tanto de adeptos como de adversários é mesmo aquela ‘colecção’ de ‘pernetas’ britânicos, que entre eles talvez perfizessem um jogador mediano...

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...imediatamente seguida pela desta 'maravilha' de equipamento alternativo, que consegue, ainda assim, a proeza de NÃO ser o pior da história recente do clube.

Mas, afinal de contas, que mais se poderia esperar do homem que, ao comando do Sunderland, adquirira sem qualquer prospecção um suposto ‘primo’ de George Weah, que afinal não passava de um ilustre desconhecido das divisões amadoras francesas? Não, caros amigos do clube rival, vocês até tiveram sorte de as ‘fézadas’ de Souness no vosso clube se terem resumido a uns quantos ‘coxos’ ao nível do segundo escalão inglês, e nunca se terem alargado a um Ali Dia; como o próprio Souness talvez dissesse, ‘be thankful for small mercies’ - entre as quais a de nunca ter havido no vosso clube outro treinador como o escocês, nem outra equipa como a que ele montou naquela recta final do século XX, da qual os maiores beneficiários eram mesmo os clubes rivais, que tinham a vida significativamente facilitada sempre que chegava a altura de um ‘derby’…

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