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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

27.09.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

De entre os muitos géneros cinematográficos a viver um bom momento nos anos 80 e 90, o cinema de acção talvez seja, a par da animação, aquele que mais e melhores trabalhos viu serem lançados durante o referido período; aquela foi, afinal, a época áurea dos heróis musculados, a realizarem feitos impossíveis sem mais do que um par de arranhões e um penteado ligeiramente desfeito, que constituíam o equivalente da altura aos super-heróis de hoje. A par destes 'nacos de carne' e dos seus respectivos épicos de violência, no entanto, a era em causa via também surgir, no seio do cinema de acção, outro tipo de herói, menos bem preparado para a sua função e, muitas vezes, com uma aura de 'cidadão comum' que apenas tornava as suas façanhas ainda mais impressionantes, do simples polícia Axel Foley de 'O Caça-Polícias' ao John McClain da série 'Assalto'. A essa lista há, ainda, que juntar um personagem com o qual a maioria dos portugueses tomava contacto há quase exactos trinta anos, e cujo filme adquiriria a merecida reputação de clássico 'menor' da acção noventista.

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Falamos de Jack Traven, o especialista em desarme de bombas vivido por Keanu Reeves em 'Speed – Perigo a Alta Velocidade', o grande êxito do 'regresso às aulas' de 1994. Estreado nas salas de cinema lusitanas a 9 de Setembro desse ano, o filme do estreante Jan de Bont (que se viria a tornar um especialista reconhecido do género, responsável por filmes como 'Twister – Tornado', e 'Lara Croft – Tomb Raider', além da sequela do próprio 'Speed') rapidamente se tornava assunto dos primeiros recreios do novo ano lectivo, pela premissa original, ritmo frenético, sonoplastia impressionante (que lhe valeria um Óscar na cerimónia desse ano) e, claro, muitos tiros, explosões e 'malabarismos' diversos, além da presença de dois actores principais então em alta, Reeves (no seu período de transição entre galã adolescente com veia cómica e herói de acção consagrado) e Sandra Bullock, vinda de 'Homem Demolidor' no ano anterior, e prestes a iniciar a fase hegemónica de uma carreira lendária. Juntamente com Dennis Hopper (no papel do vilão, como já sucedera em 'Super Mário') e Jeff Daniels, os dois garantiam um nível de representação mais do que razoável, sobretudo para um filme de acção.

Era no argumento, no entanto, que 'Speed' brilhava. A ideia de um autocarro armadilhado que deve ser mantido a uma determinada velocidade era tão simples quanto criativa, conseguindo manter o espectador de respiração presa ao longo de toda a duração do filme - sobretudo por constituir uma premissa significativamente mais realista do que a da normal película de acção da época – e, embora o resultado final nunca estivesse em dúvida, proporcionar uma experiência cinematográfica entusiasmante e satisfatória. Foi, pois, sem surpresas que o filme rapidamente se tornou um dos dez mais lucrativos de 1994, surgindo em oitavo lugar de uma lista encabeçada pelos titãs 'Forrest Gump' e 'O Rei Leão'; mais surpreendente é, talvez, o facto de 'Speed' continuar a desfrutar de uma boa reputação tanto entre os fãs de filmes de acção como junto da crítica, algo de que poucos filmes da mesma época se podem gabar.

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Este alinhamento de circunstâncias era, claro está, propício à realização de uma sequela, e era com naturalidade que, três anos após o original, os cinéfilos viam chegar às salas 'Speed 2: Perigo a Bordo' (no original, 'Cruise Control'), pronto a ser um dos grandes êxitos veranis de 1997. A verdade, no entanto, é que a premissa da série não resulta da mesma forma quando transposta para um barco (um meio de transporte conhecido pela sua POUCA velocidade) factor que, aliado à substituição pouco feliz de Reeves por Jason Patric, fazia da sequela uma experiência significativamente inferior à do filme original. Nem as presenças de Jan de Bont novamente ao 'leme' (passe o trocadilho), de Bullock novamente como co-heroína, e do sempre competente Willem Dafoe foram suficientes para evitar que 'Speed 2' recebesse duras críticas, tanto da imprensa como dos próprios espectadores, e viesse a merecer um lugar na lista de piores sequelas de sempre, bem como em algumas listas dos piores filmes de acção de sempre.

Felizmente, tanto o realizador como os actores da referida 'bomba' (passe, novamente, o trocadilho) viriam a 'sobreviver' ao desastre, o qual tão-pouco beliscaria a reputação do original como representante de uma nova 'vertente' de filmes de acção, menos 'bombástica' e violenta e mais centrada no 'suspense', a qual viria a grassar durante as duas épocas seguintes, até ser sumariamente 'aniquilada' pelo 'assalto' dos super-heróis, não ao arranha-céus ou ao aeroporto, mas aos grandes ecrãs do Mundo civilizado. Ainda assim, trinta anos volvidos sobre a sua estreia, um filme como 'Speed' serve, quanto mais não seja, como lembrete de que é possível fazer cinema de acção sem heróis musculosos em uniformes justos ou efeitos CGI topo de gama, desde que se exerça alguma criatividade e imaginação...

14.09.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 13 de Setembro de 2024.

NOTA: Por motivos de relevância, esta será novamente uma Sessão de Sexta. As Sextas com Style voltarão na próxima semana.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Um dos muitos elementos definidores da década de 80 no tocante ao cinema foram as séries de filmes de terror que, após um primeiro capítulo bem conseguido e muitas vezes inovador, entraram numa espiral descendente de infinitas sequelas, cada uma pior do que a outra, até darem um 'último suspiro' inglório, ignorados ou ridicularizados pelos mesmos fãs que tão entusiasticamente haviam acolhido o primeiro capítulo. Os exemplos deste paradigma são inúmeros, mas qualquer fã de terror da época imediatamente identificará três franquias que perfeitamente o exemplificam: 'Halloween', 'Pesadelo em Elm Street' e 'Sexta-Feira, 13'. Normalmente agrupadas numa só categoria, pelas suas semelhanças, todas as três séries possuem vilões do mais icónico que o género do terror 'slasher' ofereceu ao cinema, e todas seguiram o padrão descrito no início deste texto, vindo a ter fim já em meados dos anos 90, com filmes variavelmente péssimos, antes de serem 'revitalizadas' com 'reinícios', já no Novo Milénio. E porque esta Sexta-feira calhou, precisamente, num dia 13, nada melhor do que relembrar o único filme de Jason Voorhees produzido nos anos 90.

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Infelizmente, essa memória será, mais do que provavelmente, negativa, já que 'Jason Goes To Hell: The Final Friday' (que não parece ter sido lançado em Portugal, nem mesmo no habitual formato VHS) é universalmente considerado fraquíssimo, ainda pior do que as continuações de 'Halloween' e 'Pesadelo em Elm Street' e ao nível das últimas de 'Hellraiser' – ou seja, recomendado apenas a quem gosta da vertente mais 'noventista' dos filmes de série B de orçamento baixíssimo e feitos às 'três pancadas' para tentar fazer algum dinheiro com o nome a eles associado. Porque é isso, nem mais nem menos, que esta 'Sexta-feira Final' apresenta, com a absurda história sobre Jason Voorhees a possuir o corpo do médico legista que come o seu coração (!!!) a tirar desde logo de cena o icónico vilão (cujo corpo é destruído logo no início do filme) removendo assim o único ponto de interesse para os fãs da série! O que sobra é um 'slasher' vulgar, com enredo absurdo e realização técnica abaixo da média, que nem tão-pouco cumpre a promessa, feita pelo título, de mostrar Jason no Inferno a combater demónios, e que mais parece feito para o mercado do vídeo do que para exibição nas salas de cinema. De facto, sem a lucrativa e chamativa ligação à franquia 'Sexta-Feira 13', o filme de Adam Marcus certamente passaria despercebido – embora tal situação fosse, talvez, mais desejável do que a 'barragem' de críticas negativas (bem merecidas) de que o filme foi, e continua a ser, alvo.

Em suma, a nona (!) parte de 'Sexta-feira 13' constitui um final ainda mais inglório para Jason Voorhees do que os vividos por Freddy Krueger e Michael Myers nas suas franquias; felizmente, todos os três carismáticos assassinos veriam a sua credibilidade reinstaurada com uma série de bons filmes no século XXI – entre eles aquele em que Krueger e Voorhees se enfrentam directamente, num duelo que entusiasmou muitos fãs do género em inícios do século XXI. Quanto ao filme de 1993, o esquecimento é mesmo o destino que mais merece, e ao qual foi votado pelos fãs da franquia 'Sexta-feira 13', e do seu personagem principal.

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