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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

04.03.24

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Aquando do trigésimo aniversário do nascimento da TVI, referimos aqui que, nessa fase inicial, a 'Quatro' chamou, em parte, a atenção pela sua aposta em séries e filmes de qualidade. De facto, a adesão a parâmetros religiosos (que impediam a divulgação de material mais violento ou polémico, mas que certamente traria audiências) não impediu a estação de Queluz de montar um arquivo de ficção televisiva importada de enorme qualidade, dividido entre produções mais modernas (como a emblemática 'Marés Vivas') e 'clássicos' de décadas passadas, 'repescados' e apresentados a toda uma nova geração. Era neste último grupo que se inseria a Série sobre o qual versaremos esta Segunda – a adaptação televisiva da colecção de livros semi-autobiográficos de Laura Ingalls Wilder, 'Uma Casa Na Pradaria'.

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A família Ingalls, sobre a qual se centra a série.

Criada ainda nos anos 70 e produzida até 1983, num total de sete temporadas, a série em causa não era, de todo, desconhecida do público nacional mais velho, que já a acompanhara aquando da sua primeira exibição na emissora estatal, em inícios da década de 80, 'suspirando' pelo galã Michael Landon, da também mega-popular produção 'western' 'Bonanza'. Não era a essa demografia, no entanto, que esta reposição da TVI se dirigia; o 'repescar' da série como parte da grelha televisiva inicial da estação de Queluz tinha como fito captar a atenção de toda uma nova geração do público-alvo da produção – as crianças e jovens.

Nesse aspecto, no entanto, 'Uma Casa Na Pradaria' almejou resultados por demais modestos; por oposição à 'febre' que a sua transmissão inicial causara, a reposição dos anos 90 pouca ou nenhuma tracção conseguiu entre os telespectadores mais novos, à época mais 'ocupados' com material mais voltado à acção e aventura, ou com desenhos animados como 'Tiny Toon Adventures'. De facto, no pátio de recreio comum, havia pouco quem visse (ou, pelo menos, admitisse ver) a série da TVI, e mesmo na 'era da nostalgia', o discurso saudosista sobre a mesma pauta por escasso – mesmo no contexto de uma geração que recorda e sente a falta de anúncios de telemóveis, cartões telefónicos ou mesmo dinheiro em nota!

Ainda assim, 'Uma Casa...' terá gerado suficientes audiências para ser 'ressuscitada' ainda uma terceira vez por um canal, no caso a RTP Memória, que exibia a série em 2009, uma década e meia após a aposta da TVI - um intervalo suficientemente alargado para suscitar quaisquer sentimentos de nostalgia que essa segunda transmissão pudesse ter causado, ao mesmo tempo que apresentava o programa aos novos jovens da 'era digital'. Esse parecia ter mesmo sido o 'último suspiro' da família Wilder nos televisores portugueses, mas eis que, volvidos mais quinze anos, voltamos a ver este ano Charles, Caroline e as filhas Mary, Laura e Carrie na grelha de programação do principal canal saudosista da TV Cabo - um verdadeiro testamento à longevidade de uma série que, sem ser especialmente lembrada, se recusa terminantemente a ser esquecida.

05.02.24

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

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A icónica família em versão animada.

As décadas de 80, 90 e 2000 viram chegar e popularizar-se em Portugal a forma de animação japonesa que viria a dominar a cultura 'pop' internacional no século e Milénio seguintes – o famoso 'anime'. Ainda longe da preponderância que obteriam em décadas subsequentes, no entanto, os 'desenhos animados japoneses' surgiam, na época, sob formas bem distantes daquelas por que são hoje conhecidos. Sim, havia meninas da escola com super-poderes, alguns cabelos espetados e a ocasional adaptação de um jogo ou brincadeira popular, mas qualquer destes géneros se encontrava em minoria; a maior parte das produções que chegavam ao nosso País apresentava um formato 'sanitizado' e 'ocidentalizado' da forma de arte em causa, explicitamente destinado a 'cair nas boas graças' de um público menos habituado a personagens de olhos grandes.

Tanto assim era que muitos dos 'animes' concebidos e exibidos durante este período eram co-produções euro-nipónicas, geralmente baseadas numa propriedade ocidental; exemplos desta tendência exibidos em Portugal durante os anos 90 incluem 'As Aventuras do Bocas', 'O Panda Tao-Tao', 'Fábulas da Floresta Verde' e os animes de Nils Holgersson, Tom Sawyer, Mogli, Cinderela, Zorro, Robin dos Bosques, Papá das Pernas Altas (que aqui em breve terá o seu espaço) ou mesmo versões animadas das histórias da Bíblia. A este grupo, há ainda que juntar mais uma produção, talvez ainda mais inesperada que qualquer das mencionadas, mas cujo material de base foi, ainda assim, considerado adequado para adaptação a desenho animado: 'A Família Trapp', o 'anime' baseado no imortal filme de 1966, 'Música no Coração'.

Sim, leram bem – 'Música no Coração' teve uma versão em animação japonesa, transmitida na RTP algures há trinta anos, na obrigatória versão dobrada, que dava à clássica canção de Maria Von Trapp nova letra em português, diferente da tradução já existente e gravada algumas décadas antes. Assim, aqueles que, como o autor deste 'blog', tiverem na cabeça uma letra em português para 'Dó-Ré-Mi' (bem como uma vaga recordação de uma Julie Andrews animada, de olhos grandes e iluminada em 'soft focus') e não souberem de onde provém, poderão ficar descansados, pois não se tratou de uma alucinação nem de um sonho – tal série existiu mesmo, e durou nada menos do que quarenta episódios.

A icónica música cantada por Julie Andrews servia de genérico à série, numa nova adaptação para Português.

Mais – embora este número possa parecer algo excessivo para adaptar um filme de duas horas e meia, o 'anime' é bastante fiel ao material de base, e mantém o espírito original do mesmo, nunca se aventurando pelas 'invenções' que marcavam as restantes adaptações acima mencionadas, o que faz com que valha bem a pena, para quem é fã do filme, procurar alguns episódios na Internet.

Apesar de bem conseguido, no entanto, 'A Família Trapp' é, sem sombra de dúvida, um produto 'do seu tempo', sem lugar na significativamente mais cínica, violenta e adulta cena 'anime' do século XXI; quem cresceu com este tipo de série como sinónimo da animação japonesa, no entanto, talvez desfrute da 'viagem ao passado' que esta e outras produções do mesmo estilo proporcionam, e consiga convencer os mais novos a 'embarcarem' também nela...

08.01.24

NOTA: Por motivos de relevância com 'posts' recentes e futuros, esta Segunda será de Séries. Regressaremos aos Sucessos na próxima semana.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Os finais da década de 80 e inícios da seguinte representaram uma 'época áurea' para Steven Spielberg. De 'E.T.', 'Os Goonies' e 'Poltergeist', ainda nos 'oitentas', a 'Parque Jurássico' e 'Hook', na década seguinte, o realizador parecia ter o 'toque mágico' que transformava tudo aquilo em que tocava num sucesso instantâneo entre o público mais jovem. Não é, pois, de admirar que o cineasta se tenha sentido à vontade para explorar novas avenidas, entre elas o meio televisivo, no qual se adentrava logo em inícios dos anos 90; e, tendo em conta a sua pouca familiaridade com o meio em causa, tão-pouco é de admirar que esta penetração tenha sido feita ao lado do parceiro de sempre, George Lucas – à época 'entre' trilogias d''A Guerra das Estrelas' – e 'às costas' de um dos seus personagens mais reconhecíveis e mediáticos, o arqueólogo e aventureiro Henry Jones Jr., mais conhecido no meio cinematográfico como Indiana Jones.

Apesar desta adesão a um nome reconhecido e reconhecível, no entanto, Spielberg e Lucas não queriam apenas 'transitar' Indiana do grande para o pequeno ecrã; os dois génios do cinema queriam oferecer algo de novo ao público televisivo, que justificasse o regresso para cada novo episódio semanal. A solução encontrada foi a criação de uma prequela para as aventuras de 'Indy' (numa altura em que o termo e prática eram, ainda, pouco comuns) que procurasse demonstrar as raízes da veia aventureira do mesmo; estava dado o mote para o nascimento de 'The Young Indiana Jones Chronicles', que viria a estrear em 1992, e a ser transmitida em Portugal pouco depois, na RTP, com o título 'Indiana Jones – Crónicas da Juventude'.

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Como o próprio nome nacional indica, a série tem como premissa o relato das aventuras vividas por Henry Jones Jr. durante os seus tempos de juventude, primeiro acompanhando o pai (Henry Jones Sr., memoravelmente interpretado por Sean Connery no segundo filme do herói) em viagens ao redor do Mundo, para disputar tesouros com malfeitores, caçadores de prémios, ou simplesmente outros arqueólogos gananciosos e ambiciosos, e depois em desafio directo ao mesmo, como membro do exército belga (sim, belga) na I Guerra Mundial. Cada episódio era formatado como uma história contada por Indiana Jones, já idoso, a um grupo de jovens (tendo Harrison Ford surgido mesmo neste papel num dos episódios, embora o actor recorrente fosse George Hall) e possuía uma vertente educativa, pretendendo apresentar ao público-alvo factos e figuras históricas relativas às duas épocas em que a acção se desenrolava.

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As várias fases da vida do jovem Indy.

Ao todo, foram duas temporadas, num total de vinte e oito episódios (dos quais apenas seis perfaziam a primeira temporada), transmitidas originalmente entre a Primavera de 1992 e o Verão de 1993, aos quais acrescem ainda quatro telefilmes realizados entre 1994 e 1996, com o fito de tentar 'ressuscitar' a franquia, já depois da combinação dos elevados custos de cada episódio com as fracas audiências ter forçado a ABC a cancelar prematuramente as aventuras do jovem 'Indy'. Posteriormente - há sensivelmente um quarto de século, no último ano do Segundo Milénio – a série seria novamente 'repescada', 'retalhada', e transformada numa série de vinte e dois telefilmes, embora esta versão já não tenha chegado a terras lusitanas, cujos jovens exploravam já, à época, interesses bem diferentes dos de 1993 no tocante à programação televisiva.

Ainda assim, e apesar do relativo falhanço que constituíram – tanto nos seus EUA natais como em Portugal – as 'Crónicas da Juventude' de Indiana Jones deixaram, ainda assim, alguma 'pegada' cultural no nosso País, nomeadamente através da tradução e publicação da BD oficial por parte da TeleBD – braço editorial da TV Guia – e de diversos livros com as aventuras do herói, pela mão da Europa-América. Apesar deste singelo 'legado', no entanto, a série encontra-se, hoje em dia, totalmente 'Esquecida Pela Net' portuguesa, não tendo, aparentemente, deixado suficiente nostalgia entre os jovens da época para merecer destaque ou páginas próprias, como acontece com muitas outras franquias da altura. Assim, e à semelhança do que tantas vezes vem acontecendo com este nosso 'blog', esta página arrisca mesmo tornar-se a principal referência nacional para fãs da série em causa, além, claro, de principal registo e homenagem à passagem da mesma pelos televisores lusos...

 

01.01.24

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

O início dos anos 90 assistiu a uma segunda vaga de programas de comédia totalmente produzidos em Portugal e, muitas vezes, criados também a partir de um conceito original português. Os mais famosos de entre estes - nomeadamente 'Herman Enciclopédia' e 'Os Malucos do Riso' - adoptavam um formato baseado em 'sketches' individuais e sem conexão entre si, à maneira do que faziam, no estrangeiro, 'Os Trapalhões' ou o elenco de 'Saturday Night Live'; outros tantos, no entanto, adoptavam um formato episódico, semelhante aos das 'sitcoms' britânicas e norte-americanas que tanto sucesso faziam em finais do século XX. É nesta última leva, ao lado de programas como 'Camilo e Filho' ou 'A Mulher do Senhor Ministro', que se insere a série que abordaremos nesta primeira Segunda-feira de 2024.

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Estreada em Novembro de 1993, e transmitida durante quase exactamente um ano, 'Sozinhos em Casa' - não confundir com a popular série de filmes do mesmo nome, ainda que a parecença nos nomes pudesse não ser, de todo, acidental - tinha por base a série americana 'The Odd Couple', transmitida cerca de duas décadas antes no seu país natal. Ainda assim, apesar da discrepância temporal entre o material original e a adaptação portuguesa, o conceito-base da série era mais ou menos intemporal, prestando-se tão bem a situações humorísticas naqueles inícios dos 90 como o havia feito vinte anos antes, e como o faria, já no Novo Milénio, no mega-sucesso 'Dois Homens e Meio', com Charlie Sheen. Isto porque a premissa da série segue dois melhores amigos de personalidades marcadamente diferentes - um jornalista desportivo desmazelado e 'desenrasca', e um fotógrafo hipocondríaco e maníaco das limpezas - que são forçados a viver juntos após serem expulsos de casa pelas respectivas mulheres, dando azo a todas as situações que tal convivência não podia deixar de despertar.

É precisamente, o humor inerente aos estilos de vida díspares dos dois homens que serve de âncora a toda a série, num estilo de comédia que, conforme acima referido, estava, ainda, longe de se esgotar - e que, no caso da série em análise, beneficiava muito tanto do talento cómico da dupla Miguel Guilherme e Henrique Viana, como das capacidades literárias e conhecimento do meio televisivo dos argumentistas Virgílio Castelo (à época conhecido, sobretudo, como o apresentador de 'Isto Só Vídeo!') Mário Zambujal (esse mesmo, o escritor da 'Crónica dos Bons Malandros', entre outros clássicos da literatura portuguesa) e Carlos Cruz, já então uma 'lenda viva' da televisão portuguesa, ligada a programas tão icónicos como 'Um, Dois, Três' ou 'O Preço Certo'. Uma equipa de consumados profissionais que conseguiram fazer da série um bom exemplo da comédia portuguesa da época, mas que, infelizmente, não lograram prolongar o seu tempo de vida para além daquela primeira temporada de cinquenta e dois episódios, tornando 'Sozinhos em Casa' uma daquelas 'pérolas esquecidas' da televisão lusa do período em causa, bem merecedora de ser revisitada por fãs de programas similares estreados em anos subsequentes, e que gozariam de bastante mais sucesso.

 

 

 

04.12.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Os 'animes' baseados em obras clássicas da literatura mundial eram, nos anos 80 e 90, um filão bastante rico e rentável para as companhias de animação japonesas, sobretudo por servirem de 'porta de entrada' do estilo num mercado ocidental muito mais disposto a receber e acolher algo familiar e 'conhecido' do que uma qualquer 'bizarrice' com superpoderes, mundos futuristas, armas 'laser' e naves espaciais.

Assim, não foi de surpreender que, num espaço de menos de vinte anos, a televisão portuguesa tenha exibido duas mãos-cheias de programas deste tipo (normalmente com as versões francesa ou italiana como base) entre os clássicos 'Heidi', 'Marco', 'Nils Holgersson' e 'Tom Sawyer', ainda na década de 80, e a segunda leva de exemplos na década seguinte, de alguns dos quais já aqui falámos. Ainda antes de a trilogia da TVI ('Zorro', 'Cinderela' e 'Robin dos Bosques') ter reavivado o interesse neste tipo de sub-produto da animação japonesa, no entanto, já a SIC tinha deixado, ela própria, a sua marca dentro do estilo, com a exibição, logo nos seu primeiros meses de vida, do 'anime' baseado n''O Livro da Selva', de Rudyard Kipling.

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Originalmente produzido três anos antes, no habitual esquema de co-produção com cadeias italianas que também daria vida às séries acima citadas, 'Jungle Book: Shonen Mowgli' segue uma estrutura narrativa algures entre a duologia de livros original e a versão altamente simplificada produzida pelos estúdios Disney nos anos 60, com natural ênfase nesta última. Trata-se, pois, da bem conhecida história do menino indiano criado por lobos, instruído por um urso e uma pantera-negra, e activamente caçado por um vingativo tigre, do qual os animais seus amigos o devem proteger – uma narrativa que joga, precisamente, com o factor de familiaridade que quase garantia o sucesso de uma animação junto do público ocidental. Sim Mowgli, Bagheera, Baloo, Shere Khan e Akela surgem, aqui, com os traços dinâmicos e 'olhos grandes' típicos da animação japonesa, mas no restante, a série oferece precisamente o esperado, tornando-a aposta segura para quem apenas quer passar meia hora diária na companhia de personagens familiares e bem amados.

Ainda assim, aquando da sua exibição em Portugal – em versão dobrada, algures em 1992 – a série passou algo despercebida, o que não deixa de ser estranho, considerando o sucesso de que os referidos 'Heidi', 'Marco' e 'Tom Sawyer' haviam gozado meia década antes, e que os 'animes' da TVI viriam também a almejar, meia década depois. Entre estas duas 'levas' de adaptações animadas de clássicos da literatura, este 'Livro da Selva' em 'versão japonesa' acabou por se encontrar algo isolado, o que - em conjunção com o facto de a SIC ser, ainda, uma emissora embrionária, com pouca expressão e ainda em busca da sua audiência quando transmitiu a série - poderá ter contribuído para que não seja, hoje em dia, tão lembrado quanto os seus congéneres. Ainda assim, e tendo já abordado a maioria dos ditos-cujos, não poderíamos deixar passar em branco as aventuras de Mowgli, o menino-lobo, que não deixarão, decerto, de ter marcado as manhãs ou tardes livres de muitas crianças portuguesas da época – ainda que, deste lado, não tenha sido o caso...

27.11.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

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Apesar de a chamada 'Japanimação' não ser, de todo, estranha à juventude portuguesa dos anos 90 – a década anterior tinha feito chegar aos televisores lusitanos séries tão icónicas e bem sucedidas como 'Tom Sawyer', 'Heidi e Marco', 'Nils Holgersson' ou 'Fábulas da Floresta Verde', e os primeiros anos da seguinte tinham visto estrear 'Cavaleiros do Zodíaco', 'Noeli', 'Esquadrão Águia', 'Capitão Falcão' ou 'Henbei' – a verdade é que a mesma não estava, ainda, preparada para receber e acolher todo e qualquer produto vindo do Japão.

De facto, à entrada para o século XXI, a 'revolução' causada pela trilogia Dragon Ball (e, em menor escala, por séries como 'Navegantes da Lua') estava, ainda, em curso, e a maioria dos fãs das referidas animações tendia a procurar, sobretudo, mais do mesmo – ou seja, séries que ofereciam uma mistura de acção e humor, e que podiam ser desfrutadas por toda a família. Seria apenas no dealbar do Novo Milénio que as famosas OVAs (Original Video Animations) e filmes da Manga Vídeo seriam descobertos por uma nova geração de adolescentes, a quem programas como 'Samurai X' tinham apresentado o lado mais adulto e sofisticado do meio.

Serve este preâmbulo para explicar o relativo insucesso de 'Tenchi Muyo', o conceituado 'anime' que a RTP adquiriu há cerca de um quarto de século, mas que não conseguiu gozar, em Portugal, do mesmo sucesso que fizera em outros países mais versados em 'Japanimação'. Isto porque, apesar de a nível superficial se parecer inserir no mesmo nicho das aventuras de Goku ou Bunny, esta série punha, na verdade, maior foco nas relações interpessoais do personagem titular com as duas extraterrestres que lhe 'invadem' a vida e que, separadamente, acabam por se apaixonar por ele; ou seja, apesar de envolver beldades de outros planetas com naves e armas 'laser', 'Tenchi Muyo' não é uma série de acção ou artes marciais, mas sim uma comédia romântica, em que a ficção científica é um mero 'disfarce'. E apesar de haver público para este tipo de 'anime', o mesmo tende a ser um pouco mais velho, o que, em Portugal, criava uma dicotomia difícil de ultrapassar: quem estava interessado em batalhas de artes marciais e superpoderes, rapidamente iria 'desligar' desta série, enquanto que quem dela podia gostar não tinha por hábito ver 'anime', o que deixava 'Tenchi Muyo' praticamente sem audiência.

O facto de a RTP também não saber muito bem a quem o programa que comprara se dirigia ('Tenchi' era exibido em versão dobrada e aos Domingos de manhã, horário tipicamente infantil, numa jogada apenas igualada pela inclusão de 'Samurai X' no 'Batatoon') também não ajudava a série a encontrar a sua audiência, pelo que foi sem surpresas que os poucos interessados viram desaparecer a mesma da grelha de programação da emissora estatal, que não voltaria a 'arriscar' qualquer animação deste tipo durante vários anos, deixando a divisão do espólio de 'anime' exibido em Portugal para as rivais SIC e TVI - o que não deixa de ser uma pena, já que, para aquilo que é, 'Tenchi Muyo' apresenta considerável qualidade, tendo a sua transmissão em Portugal sido, tão somente, um caso de 'lugar errado na altura errada'.

06.11.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Já aqui anteriormente debatemos o relativo atraso com que Portugal acolheu o estilo então conhecido como 'Japanimação'. Apesar de séries como 'Heidi e Marco' ou 'Tom Sawyer' terem penetrado na cultura infantil nacional ainda na década de 80, grande parte do que os jovens da época viam nos diferentes canais, quer abertos quer a cabo, tinha já entre uma a duas décadas de vida, o que ajudava a explicar a falta de argumentos técnicos por comparação com as séries ocidentais. Até mesmo 'animes' tão famosos e icónicos como os da saga Dragon Ball, 'Tenchi Muyo', 'Navegantes da Lua' ou 'Samurai X' chegavam a Portugal com cerca de uma década de atraso, tendo outras, como 'Cavaleiros do Zodíaco', 'Esquadrão Águia', 'Hembei', 'Capitão Falcão' ou a série de que falamos hoje, uma 'décalage' ainda maior.

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De facto, quando chegou aos ecrãs portugueses, em 1997, 'Voltron' parecia perfeitamente arcaico em comparação não só com os restantes 'animes' então em exibição, como com a produção ocidental da mesma altura; tal devia-se ao facto de a referida série ser, originalmente, um produto de meados da década de 80, que – por razões que se desconhecem – demorou uma dúzia de anos a atravessar o oceano, e saiu do ar já com quase quinze anos de atraso em relação ao original japonês, uma autêntica criação 'fora de tempo' no mundo animado expressivo e 'elástico' da viragem do Milénio.

Perceptíveis carências técnicas à parte, no entanto, 'Voltron' tinha tudo para agradar ao seu público-alvo de fãs de acção e robôs, já que oferecia, precisamente, uma mistura de ambos. Os pilotos adolescentes e o seu 'mech' em forma de leão remetiam tanto a 'Power Rangers' (eles mesmos baseados em séries japonesas dos anos 80) como a 'Esquadrão Águia', garantindo o interesse da demografia-alvo, pelo menos durante a meia hora que durava cada episódio. Isto porque, apesar de ter passado dois anos no ar, 'Voltron' nunca conseguiu atrair o mesmo culto de Son Goku, Kenshin Himura, Bunny Tsukino ou Tom Sawyer, tendo sido poucas ou nulas as instâncias de 'merchandise' baseado nesta série; para além do próprio robô e respectivas cópias da 'loja dos trezentos', não há memória de qualquer produto com a 'marca' Voltron ter feito parte da 'lista de desejos' dos jovens portugueses para os anos ou Natal.

Em suma, a série era daquelas que se via e se apreciava, mas não o suficiente para comprar produtos alusivos à mesma. Ainda assim, vale a pena recordar esta série que muitos se lembram de ver na TVI nos últimos anos do século e Milénio passados, como uma espécie de 'relíquia' de tempos não muito longínquos, como que a fazer recordar aquilo que, durante muito tempo, foi o padrão do 'anime' em Portugal...

 

24.10.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

O ambientalismo e a ecologia foram, a par da luta contra as drogas e da informação sobre o flagelo da SIDA, dois dos principais temas para os quais qualquer jovem português dos anos 90 foi extensivamente sensibilizado, quer pelos próprios pais, quer pelos educadores e até pelos 'media' de informação e entretenimento. De facto, além de constituírem assunto frequente nos noticiários dos 'graúdos', estes temas 'infiltraram' a grande maioria da programação infanto-juvenil da época, com quase todas as séries dirigidas a um público menor de idade lançadas à época a terem direito ao 'episódio especial' em que os protagonistas tentam evitar que um amigo experimente drogas, ou travar um industrialista malvado que pretende arrasar uma floresta.

No dealbar dos anos 90, uma companhia decidiu levar este conceito ainda mais longe, e dedicar toda uma série animada a um super-herói defensor da ecologia e do planeta; o resultado foi uma das séries mais meméticas de sempre, e a primeira a 'vir à baila' sempre que se tentam recordar exemplos de produtos mediáticos descaradamente destinados a educar sobre um único tema, de forma totalmente falha de qualquer subtileza.

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Criado por Ted Turner – patrão da Turner Entertainment e principal responsável pela divulgação da maior concorrente da WWF no mercado da luta-livre americana, a WCW – o Capitão Planeta e os seus fiéis ajudantes, os Planeteiros, começaram por 'condicionar' para a ecologia as crianças norte-americanas, em 1990, antes de, no ano seguinte, atravessarem o Atlântico para surgir nos écrãs dos jovens lusitanos, pela mão da RTP, e em versão legendada, dado estar-se, ainda, nos primórdios da dobragem 'made in Portugal'. As crianças portuguesas da época puderam, assim, desfrutar precisamente da mesma experiência dos seus congéneres norte-americanos, com todos os elementos hoje amplamente parodiados, como as frases de efeito – 'by your powers combined, I am Captain Planet!', 'the power is YOURS!', 'GOOOO PLANET!' - e o irresistível tema-título, a marcarem presença sem qualquer 'localização' para a língua-pátria. E se, nos Estados Unidos, 'Capitão Planeta' beneficiou, sobretudo, do horário único, sem a oposição de qualquer outro conteúdo infantil, em Portugal, a vantagem veio da inclusão no popular bloco 'Brinca Brincando', da RTP, que quase garantia o visionamento por parte de uma percentagem significativa da população jovem nacional.

E a verdade é que 'Capitão Planeta' bem pode agradecer por essa 'benesse', dado tratar-se de uma série do mais 'azeiteiro', que apenas seria possível naqueles últimos anos do século XX – cuja estética, aliás, permeia cada 'frame' de animação. A premissa até não é má, e chega para cativar qualquer criança fã de super-heróis, mas as constantes 'lições' sócio-ecológicas do herói de cabelo verde (e também, diga-se de passagem, dos seus mini-coadjuvantes) são tão forçadas quanto se poderia pensar, e claramente dirigidas ao espectador para lá da 'quarta parede', em vez de inseridas nos episódios de forma natural e subtil; subtileza, aliás, é coisa que não existe em 'Capitão Planeta', o tipo de série que conta com vilões denominados 'Capitão Poluição' – uma versão maléfica do protagonista, naturalmente – e Looten Plunder.

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Os próprios personagens são do mais irritante que há, com os Planeteiros como aquele tipo de herói infantil culturalmente diverso, insuportavelmente virtuoso e 'espertinho' que 'infectava' a programação para crianças da época, e o próprio Capitão a habitual cópia do Super-Homem com ainda menos personalidade (e, neste caso, poderes ambientais). Pela lógica, a série não deveria resultar, mas a verdade é que se passava o oposto, com o programa a fazer o suficiente para cativar jovens bastante menos cínicos do que os de hoje em dia, e a conseguir algum sucesso enquanto foi transmitida na RTP.

No entanto, talvez haja uma razão para, até hoje, não ter havido segunda exibição da série, algo quase inédito no contexto dos desenhos animados da época. A verdade é que 'Capitão Planeta' envelheceu muito, mas mesmo muito mal, sendo fácil perceber a razão porque muitos adultos da época se envergonham de ter assistido a esta série quando eram pequenos. Não é o caso deste que vos escreve (e que vai mesmo ao extremo de admitir que o seu Planeteiro favorito era o muito 'gozado' Ma-Ti, o elemento do Coração) mas a verdade é que os argumentos em desfavor deste desenho animado são perfeitamente válidos, merecendo o mesmo ser relegado a memória remota e difusa de um tempo muito diferente no tocante a entretenimento para crianças. O épico tema de abertura, de longe o melhor elemento do programa, merece um lugar no panteão de grandes exemplos do género; o resto é perfeitamente dispensável, excepto para uma sessão de nostalgia semi-irónica ou para perceber porque razão os anos 90 são considerados uma das épocas mais satirizáveis dos últimos cem anos...

Outro dos grandes genéricos dos anos 90, e de longe o melhor elemento da série.

09.10.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Os anos 80 e 90 representaram o grande 'boom' da então chamada 'Japanimação' (hoje designada pelo seu nome correcto, 'anime') no nosso País. Apesar de o estilo em causa vir já sendo desenvolvido desde a década de 60, foi apenas já em finais do século XX que o mesmo almejou atravessar o Oceano e surgir pela primeira vez nas televisões lusas, através de séries tão icónicas quanto 'Fábulas da Floresta Verde', 'Cavaleiros do Zodíaco', 'Esquadrão Águia', 'Capitão Falcão' ou 'Tom Sawyer', além de co-produções japonesas com estúdios europeus, como 'As Aventuras do Bocas' ou 'O Panda Tao-Tao'. A calorosa recepção a estas primeiras investidas abriu, claro, caminho a muitas outras, e antes do final do Segundo Milénio, as crianças e jovens nacionais já consideravam o 'anime' parte do seu quotidiano, com programas como 'Navegantes da Lua', 'Samurai X' ou as três partes da saga 'Dragon Ball' a atingirem níveis de sucesso até então pouco habituais em Portugal.

Entre estas duas vagas, no entanto, situou-se um período em que a animação japonesa surgiu nas televisões portuguesas, sobretudo, 'dissimulada' sob a 'capa' de produções europeias e americanas; no entanto, até mesmo esses anos viram alguns 'desenhos japoneses' penetrar as grelhas dos quatro canais nacionais. Neste grupo, por entre 'As Histórias Mais Bonitas' e 'Noeli', surgia uma série de curtos episódios (com apenas cerca de dez minutos) sobre um estranho ente de outra dimensão que, qual Mary Poppins extraterrestre, descia dos céus com o seu guarda-chuva mágico para mudar a vida de um rapazinho sortudo.

Não, não se trata de 'Doraemon'; o gato cósmico estava ainda a quase uma década de encantar toda uma geração de crianças e jovens através da icónica dobragem espanhola do Canal Panda. A série de que falamos é mais recente (foi criada em finais dos anos 80, enquanto que 'Doraemon' remonta a meados da década anterior) mas, paradoxalmente, mais antiga para o público infanto-juvenil lusitano, que a conheceu há quase exactos trinta anos, quando foi transmitida na RTP em versão dobrada.

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Falamos de 'Parasol Henbee', conhecido em Portugal pelo nome de 'Henbei', e cujas semelhanças com 'Doraemon' são tudo menos fortuitas, já que ambos os desenhos animados têm o mesmo criador – Motoo Abiko, ou 'Fujiko Fujio A', um dos membros da dupla de animadores Fujiko Fujio. Não fora esse elo de ligação e as assustadoras semelhanças entre ambas as séries podiam ser tomadas por plágio – as premissas de ambas são practicamente idênticas, o mesmo se passando com as duplas de protagonistas e situações vividas pelos mesmos; assim sendo, trata-se apenas de uma tentativa de replicar uma fórmula vencedora, que – apesar de menos memorável do que a série-base que lhe serve de inspiração – acaba por ser bem-sucedida, representando um 'prato cheio' para fãs de Doraemon, ou de séries ocidentais com conceitos semelhantes, como 'Ursinhos Carinhosos'.

E apesar de não ter 'pegado de estaca' como sucedeu com 'Doraemon', que forma parte importante da nostalgia de toda uma geração de jovens telespectadores portugueses, 'Henbei' é, ainda assim, recordado pela faixa ligeiramente mais velha de 'millennials' nacionais – quanto mais não seja, pelo seu épico tema de abertura, uma daquelas canções que merecia o mesmo nível de fama de 'Digimon', 'Dragon Ball' ou 'Tom Sawyer', mas que teve o 'azar' de fazer parte de uma série significativamente menos conhecida.

Quem conhece, já está a cantar...

Ainda assim, quanto mais não seja por esse elemento extremamente bem-sucedido, vale a pena recordar o 'parente pobre' de 'Doraemon' – e primeira experiência com animação japonesa para muitas crianças portuguesas – numa altura em que se assinalam trinta anos sobre a sua exibição única na televisão estatal nacional.

11.09.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

As décadas de 80 e 90 representaram a chegada ao Ocidente, e respectiva expansão na popularidade, de um género televisivo e filmográfico já com cerca de década e meia de vida no seu país natal do outro lado do Mundo, à época designado 'Japanimação' e mais tarde conhecido pelo seu nome original: 'anime'. E se, em anos vindouros, este género viria a contribuir com uma mão cheia de clássicos absolutos para a juventude da geração 'millennial' – do inigualável fenómeno que foi Dragon Ball Z a séries tão nostálgicas como Samurai X, Navegantes da Lua ou Doraemon – os seus primeiros passos, embora mais modestos, também não foram, de todo, falhos em séries marcantes, bastando para esse efeito referir Esquadrão Águia, Capitão Falcão (mais tarde 'Oliver e Benji) ou Cavaleiros do Zodíaco.

A juntar a estas séries há, ainda – sobretudo para os 'millennials' mais velhos – uma outra, que iniciava há quase exactos trinta anos a sua terceira e última transmissão em Portugal e que, apesar de ficar ligada, sobretudo, à década anterior, ainda chegou a tempo de influenciar a grande maioria dos 'putos' lusitanos de inícios de 90; e, tal como sucede com alguns dos outros programas de que aqui falamos, este é daqueles casos em o primeiro passo tem, forçosamente, de passar pela partilha do tema de abertura.

Por esta altura, muitos dos nossos leitores já estarão, decerto, a cantar a plenos pulmões a letra...

Isto porque – apesar de notoriamente incompleta – a música introdutória (adaptada, como em tantos outros casos, da versão espanhola, e cantada por Francisco Ceia) é, sem qualquer dúvida, o elemento identificativo mais icónico de As Aventuras de Tom Sawyer (ou apenas Tom Sawyer), a adaptação livre, em formato animado, do famoso livro infantil do século XIX, da autoria de Mark Twain. Composta de cerca de cinquenta episódios, originalmente produzidos em 1979 e lançados no inícios do ano seguinte (tendo passado a quase totalidade de 1980 em exibição na televisão japonesa), a série chegaria a Portugal logo de seguida, sem a 'décalage' cultural habitual à época, indo pela primeira vez ao ar na RTP1 entre 1981 e 1982, já em versão dobrada, num exemplo de celeridade pouco habitual naqueles anos pré-digitais.

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Imagem promocional da série.

Escusado será dizer (pelo menos a quem faz parte da faixa de leitores deste 'blog') que a série se revelou um sucesso imediato, tendo marcado os jovens portugueses da 'Geração X' – sobretudo, como já referimos, através do seu icónico tema de abertura – e justificando a repetição, já no fim da década, com o intuito de a apresentar a quem não tinha tido oportunidade de a ver da primeira vez. Seria, assim, entre Março de 1989 e Fevereiro de 1990 que os 'millennials' tomariam, pela primeira vez, contacto com o 'anime' que fizera as delícias dos seus irmãos mais velhos anos antes, e que tornaria a 'repetir a dose' com a nova geração – tanto assim que viria ainda a ser exibida uma terceira vez, há cerca de trinta anos, novamente no então Canal 1, e com a mesmíssima dobragem realizada mais de uma década antes pela Nacional Filmes.

Esta última transmissão seria, no entanto, o 'canto do cisne' para Tom Sawyer, um desenho animado que, embora icónico, já pertencia, nessa época, a uma outra 'era' televisiva, algo distante dos produtos que vinham 'enlouquecendo' os jovens daqueles inícios dos anos 90. Para as crianças da década transacta, no entanto – tanto as que haviam seguido a transmissão original como as que tinham 'saltado a bordo' aquando da segunda exibição – a série é, ainda hoje, um dos principais pontos de referência nostálgicos ao falar da infância em Portugal em finais do século XX, ao nível dos referidos Dragon Ball Z e Navegantes da Lua, ou ainda de séries como Dartacão ou Power Rangers. E nunca é demais repetir que grande parte dessa fama se deve à lendária canção de abertura, sem a qual esta adaptação animada de um clássico da literatura talvez tivesse passado tão despercebida quanto as suas congéneres posteriores alusivas a Mogli, Zorro, Cinderela ou Robin dos Bosques – mais um testamento, caso ainda fosse necessário, do poder de um bom tema de abertura; e, no que toca à televisão infantil portuguesa, este talvez seja 'O' tema de abertura, mais icónico ainda do que 'Dragon Ball, de puro cristal', 'Vive a vida, como uma festa', 'Dartacão, Dartacão!' ou mesmo 'Eu quero ser, mais que perfeito, maior do que a imaginação'. Razão mais que suficiente para o recordarmos, e à série que introduzia e ajudou a tornar memorável. 'Tu andas sempre descalço, Tom Sawyer...'

Sim, existe uma letra completa...

 

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