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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

28.04.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

O calçado é, regra geral, uma das melhores formas de 'datar' uma determinada moda ou estilo, sendo ainda hoje um dos principais factores a ter em contar ao tentar emular um 'look' nostálgico; a simples visão de umas socas com sola de plataforma num 'look' feminino, por exemplo, já coloca o 'outfit' algures entre finais dos anos 90 e inícios do Novo Milénio, enquanto que uns Vans aos quadrados já remetem aos últimos anos da década de 2000. Portugal não foi excepção a esta regra, tendo a moda juvenil dos últimos anos do século XX e primeiros do seguinte ficado marcados por toda uma panóplia de artigos de calçado, dos mais visualmente distintos (como os ténis All-Star com a bandeira americana ou inglesa) aos mais discretos, mas nem por isso menos cobiçados, como era o caso dos ténis da Redley.

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Oriunda do Brasil, a marca surgia em Portugal ligada ao sempre popular movimento 'surf' e 'bodyboard', associação essa que ajudava a elevar consideravelmente a reputação daquilo que eram, de outro modo, umas 'sapatilhas' de lona rasas, com sola branca e normalmente de cor única, e sem nada que as distinguisse de outros sapatos semelhantes; um daqueles casos, portanto, em que a marca, e respectivo posicionamento de mercado, 'falavam mais alto' do que a estética ou os factores distintivos do artigo em si – uma situação que continua, até hoje, a ser quase paradigmática entre as demografias mais jovens.

Fosse qual fosse o seu atractivo, a verdade é que os ténis e sapatilhas da Redley, fossem com os tradicionais atacadores ou simplesmente de enfiar no pé, rapidamente se tornaram quase 'obrigatórios' entre certos sectores da juventude portuguesa de fim de século, que as ostentava orgulhosamente para inveja dos familiares, colegas e amigos. Escusado será, também, dizer que este era um daqueles casos em que sapatos em tudo semelhantes, mas de marca genérica, e ainda imitações da marca, proliferavam no mercado, sem no entanto suscitarem grande interesse – já que, neste particular, a etiqueta era mesmo o único ponto de 'interesse',

Tal como tantas outras peças e marcas de que aqui falamos, também a Redley pareceu, de um dia para o outro, desaparecer do 'radar' dos jovens portugueses, levada na constante enxurrada das tendências de moda. Para quem, um dia, cobiçou um simples sapato de pano só porque o mesmo tinha a característica etiqueta vermelha, no entanto, este post terá decerto reavivado memórias nostálgicas de tempos que já lá vão – e, como tal, cumprido a sua missão de não deixar cair no esquecimento alguns dos mais marcantes factores da vida infanto-juvenil de finais do século XX.

02.09.22

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Não há ex-adolescente de finais dos anos 90 e inícios de 2000 que não se lembre delas. Juntamente com as calças boca de sino (ou as chamadas 'pata de elefante') e as 'sweats' (com ou sem capuz) ou 'pullovers' de malha formavam parte integrante da indumentária da grande maioria das raparigas do ensino secundário da altura, que não hesitavam em as exibir numa variedade de cores, apesar de as mais comuns serem os habituais branco-sujo, azul, preto e vermelho (o chamado 'esquema de cores Converse'.)

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Falamos das solas de plataforma, uma moda transversal às duas décadas acima referidas, primeiro aplicada a ténis (durante os anos 90) e, mais tarde, às famosas 'socas', que dominaram o calçado adolescente feminino durante a primeira década do novo milénio. E a verdade é que, de um ponto de vista prático (ou, se preferirem, adulto e meio 'chato') não é difícil perceber a razão do sucesso destes sapatos, já que, além das considerações puramente estéticas, os mesmos ofereciam uma série de vantagens. Senão, veja-se: além de ficarem 'a matar' com os modelos de calças acima referidos, também impediam que as mesmas roçassem pelo chão, danificando assim a base das pernas das mesmas, algo com que os rapazes da época se debatiam frequentemente em relação aos seus próprios modelos de calças largas; além disso, este tipo de calçado permitia, ainda, adicionar uns centímetros consideráveis à altura, um efeito explorado em pleno pelas bandas de 'hard rock' dos anos 80 e 90, e que não deixava de constituir também um ponto a favor para raparigas mais baixas, ou mais envergonhadas em relação à sua altura – ainda que, para as suas colegas mais altas, o efeito fosse o oposto.

Em suma, um sapato tão versátil quanto estético (quanto ao conforto, infelizmente, não nos podemos pronunciar...), que ganhou definitivamente o coração de toda uma geração de adolescentes em finais do século XX e inícios do XXI, e que - como tantas outras modas daquela época - está a ser alvo de uma reemergência no mercado, sendo bem possível que, em anos vindouros, venhamos novamente a ver adolescentes do sexo feminino a equilibrarem-se em cima deste tipo de calçado a caminho da escola...

15.07.22

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Quando se fala em peças de roupa 'intemporais', um dos primeiros exemplos que vem à cabeça de qualquer ex-jovem dos anos 90 são os inevitáveis ténis Converse All-Star. Apesar de, à época, gozarem já de várias décadas de popularidade (a qual, aliás, continua até aos dias de hoje) é mesmo com os anos 80 e 90 que este tipo de calçado tende a ser associado, até por ter sido quando gozou o seu auge de popularidade.

Tanto assim foi que quem entrasse numa das lojas generalistas 'barateiras' tão típicas dessa era da História social portuguesa encontraria a prova acabada dessa mesma popularidade - nomeadamente, imitações mais ou menos bem-feitas do artigo original. Poder-se-à, claro, argumentar que ainda hoje é possível encontrar ténis de lona a emular o estilo clássico concebido por Chuck Taylor em lojas como a Primark; a diferença reside, no entanto, no facto de essas sapatilhas copiarem o modelo 'raso' dos All-Star (isto é, sem cano) ao passo que as imitações dos 90s optavam, invariavelmente, pela variante de cano alto, a mais popular à época.

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Um exemplo contemporâneo, neste caso para bebé

E a verdade é que, à primeira vista, estes ténis mais 'genéricos' até passavam bem por All-Star genuínos – pelo menos até serem escrutinados mais a fundo. Isto porque a principal diferença entre os modelos autênticos da marca e as cópias em causa estava nos detalhes, saindo as opções mais baratas, obviamente, a perder. Por exemplo, onde os All-Star tinham uma estampa aplicada na zona do tornozelo, estes ténis tendiam a ter pedaços de borracha - muitas vezes com um desenho de uma estrela, mas em casos menos cuidados, lisos – ou até a deixar essa área vazia; de igual modo, enquanto que os All-Star têm sempre uma risca a dividir a lateral da sola ao meio, certas cópias anónimas tendiam a omiti-la, deixando a lateral da sola lisa, num modelo mais próximo da não menos icónica versão nacional dos All-Star, os Sanjo. Detalhes pequenos, mas que ajudavam a que o artigo genuíno se distinguisse das imitações baratas, servindo para informar o consumidor no momento da compra.

Ainda assim – e talvez surpreendentemente, tendo em conta a mentalidade vigente à época – havia muita gente que sabia 'ao que ia', e não se importava grandemente; isto porque, ao contrário da maioria dos artigos declaradamente de contrafacção, estas imitações de Converse All-Star tendiam a ser socialmente bem aceites entre os mais jovens, vá-se lá saber porquê. E apesar de, hoje em dia, estarem praticamente extintos (até porque os ténis populares passaram a ser de marcas como a Adidas ou a New Balance), a verdade é que quem cresceu em Portugal em finais dos anos 90 e inícios de 2000, e não dispunha de 'fundos ilimitados' para reposição de guarda-roupa, certamente se terá cruzado, pelo menos uma vez na vida, com um par de ténis destes – por aqui, por exemplo, existiram pelo menos dois duarante os anos de adolescência - e ostentado orgulhosamente o mesmo para a escola, talvez combinado com um par das não menos inevitáveis meias brancas de raquetes...

04.09.21

NOTA: Este post corresponde a Sexta-feira, 03 de Setembro de 2021.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

 O final dos anos 90 e início do novo milénio marcou a chegada do estilo alternativo a Portugal. Claro que já tinha havido, em décadas anteriores e até na que nos concerne, outros movimentos de contra-cultura, como o gótico e o ‘grunge’; no entanto, foi mesmo a partir da segunda metade da última década do século XX que aquilo que é hoje entendido como movimento ‘alternativo’ se introduziu e cimentou entre a juventude portuguesa. De súbito, já não eram apenas os chamados ‘freaks’ a usar botas coloridas, calças largas, sacolas de sarja a tiracolo e cabelos de cores estranhas – pelo contrário, tais arroubos visuais eram agora a norma, pelo menos entre uma fatia da população jovem nacional.

Um dos mais memoráveis ícones desse movimento, e um dos mais utilizados por aqueles que queriam ser alternativos sem grandes ‘aventuras’, eram os ténis Airwalk. Originalmente conotados com o movimento ‘skater’ norte-americano – outra ‘febre’ que tomou Portugal de assalto por volta dessa altura, graças à popularidade do punk-pop e dos jogos de Tony Hawk – estes sapatos rapidamente se tornaram parte da indumentária diária de milhares de jovens por todo o país, e alvo de cobiça de outros tantos, que não tinham oportunidade ou fundos para adquirirem o seu próprio par.

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Para além da razão óbvia – a marca, e a popularidade entre a ‘malta’ jovem – estes ténis tinham a seu favor um visual verdadeiramente apelativo, maioritariamente construído sobre tons de castanho, preto e cinzento, mas que conseguia transformar essas cores normalmente algo ‘chatas’ em algo vibrante e apelativo para o seu público-alvo, através de um design cuidado e que justificava o alto preço de venda da maioria dos artigos das suas linhas. Foi precisamente o ‘cool factor’ exsudado pelo tradicional estilo de design da Airwalk que fez destes ténis parte integrante e obrigatória da indumentária ‘teen’ alternativa de finais dos 90, a par das calças largas, boné ao contrário (de preferência vermelho) e t-shirt também largueirona, idealmente com qualquer tipo de dizer contestatário ou ofensivo, bem ao estilo dos ídolos da cena ‘punk’ e ‘nu-metal’.

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Um dos modelos mais clássicos do período clássico da marca

Hoje em dia, e apesar de ainda existirem, os ténis Airwalk foram suplantados nas preferências dos jovens por outras marcas mais ‘in’ e ‘cool’, como a New Balance e a renascida Adidas. No entanto, para uma determinada parte da população portuguesa que cresceu durante os anos 90, estes sapatos (a par dos lendários Vans aos quadradinhos e dos Skechers, que, pasme-se, são considerados sapatos para idosos em certos países da Europa!) permanecerão, ainda e sempre, como símbolo de uma época bem mais inocente do que a actual, em que os ‘raps’ indignados de uns Limp Bizkit ou o humor juvenil de uns Blink-182 serviam de banda sonora para os intervalos da escola e sessões de convívio com os amigos, sempre vestidos a rigor com o último grito da moda alternativa – do qual os Airwalk faziam, definitivamente, parte integrante…

 

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