Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.
Sim, tecnicamente, é 'batota' incluir um álbum musical lançado em 2022 num 'blog' sobre as décadas finais do século XX; no entanto, quando esse mesmo CD traz na capa um icónico 'Walkman' amarelo, e consiste de 'clássicos' radiofónicos por grupos como Os Lunáticos, Anjos, Santamaria ou Resistência, não há como não lhe dedicar espaço nestas nossas páginas. E embora haja que reconhecer que, passado o agradável 'choque' nostálgico, o alinhamento está longe de ser perfeito – as bandas acima citadas 'repetem' na segunda metade do disco, ao mesmo tempo que artistas tão ou mais seminais, como Silence 4, Excesso, D'Arrasar, Santos & Pecadores, Pedro Abrunhosa, Paulo Gonzo ou Fúria do Açúcar, entretantosoutros, ficam de fora – o projecto em si é, ainda assim, de louvar, e deverá agradar a qualquer português das gerações 'X' e 'Millennial', mesmo sem lhe encher totalmente as medidas, e falhando no essencial da sua missão de capturar uma 'Polaroid' dos 'tops' nacionais da época. Fica lançado o repto para um potencial segundo volume; entretanto, podem recordar tempos mais simples e despreocupados ouvindo a primeira colectânea no Apple Music – embora, infelizmente, ainda não no YouTube...
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Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.
O conceito de um produto Esquecido Pela Net já não será, de todo, desconhecido dos leitores deste blog; de bebidas sem qualquer presença nostálgica a capas de revistas há muito esquecidas, foram já várias as temáticas aqui abordadas sobre as quais a informação não ia além de uma ou outra imagem ou registo, obrigando a uma abordagem mais especulativa, dedutiva e teorética. No entanto, até mesmo o mais obscuro dos produtos tinha, normalmente, um qualquer elemento que permitia aprofundar a temática em torno do mesmo, fossem memórias pessoais (como no caso do sumo do Astérix), pistas contextuais, ou mesmo informações contidas numa qualquer indexagem dos primórdios da Internet. A revista que trazemos do Quiosque esta Quinta desafia, no entanto, esse paradigma, afirmando-se como o produto mais obscuro alguma vez abordado neste nosso blog – sim, mais do que o sumo do Astérix, até hoje o único 'post' do Anos 90 sem qualquer imagem associada.
Isto porque a imagem acima, retirada de um leilão do OLX entretanto extinto, representa A ÚNICA INSTÂNCIA da revista Ultra Som presente em toda a Internet, sendo a capa da mesma a única fonte de informações sobre a publicação ou os seus conteúdos, já que o leilão não oferecia informações mais específicas quanto à mesma. Tudo o que é possível saber quanto a esta obscuríssima publicação fica, portanto, reflectido na capa, que mostra tratar-se de uma revista de música de carácter generalista (Luís Represas e os Sétimo Céu partilhavam, aparentemente, as páginas do número 1 com Iron Maiden, Moonspell, Joe Satriani, Santamaria e ainda um artigo sobre música de dança), com preço unitário de trezentos e cinquenta escudos (uma soma considerável para a época em causa) lançada algures nos primeiros meses do ano de 1998 (ou não fosse a capa alusiva ao álbum Virtual XI, dos Iron Maiden, lançado em Março desse ano). Já o estilo editorial e de redacção, outras possíveis secções da revista (como críticas a discos) e outras questões referentes a conteúdos permanecem, infelizmente, uma incógnita, já que a Ultra Som parece ter-se 'afundado' sem rasto num mercado dominado pelo hegemónico Blitz e onde começavam, também, a despontar outrasrevistas mais especializadas.
Assim, em prol de aprofundar e melhorar este artigo, pedimos a quem conheça ou tenha informações sobre esta publicação que entre em contacto connosco; afinal, se pessoas do Mundo inteiro conseguiram, trabalhando em conjunto, encontrar a potencial fonte de uma música anónima, certamente também a base de fãs do Anos 90 conseguirá identificar aquela que é, até ver, a Revista Mais Misteriosa da Internet...
Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.
Face ao sucesso que faziam, em finais dos anos 90, os grupos vocais e de dança constituídos por jovens bem-parecidos de ambos os sexos, não foi de admirar que Portugal quisesse 'entrar na onda' e produzir as suas próprias versões deste fenómeno para 'consumo interno'. Já aqui recordámos, numa edição anterior desta rubrica, as tentativas de fabricar uma 'boy-band' 'made in Portugal'; agora, chega a altura de lembrar aqueles que foram os principais representantes lusitanos do tambémmega-popular movimento Europop, os Santamaria.
Oriundos de Santa Maria de Lamas (de onde, presume-se, terá vindo a inspiração para o nome) os integrantes do grupo juntaram-se pela primeira vez em 1997, quando os irmãos Marlene e António (Tony) Lemos se juntaram a Américo Marante e a duas bailarinas para formar um grupo cuja sonoridade ficava a meio caminho entre o referido som 'Europop'/'Eurodance', muito em voga na altura, e o não menos popular 'pimba' (ou não se tratasse de um grupo português) com o qual partilhavam espaço naqueles eternos escaparates de 'cassettes' e CD's omnipresentes em todas as tabacarias e bombas de gasolina do País à época.
O primeiro fruto desta união sai menos de um ano depois, em Março de 1998, e consegue desde logo vendas impressionantes, atingindo a marca de tripla platina, sobretudo à conta do single e tema-título 'Eu Sei, Tu És...', uma daquelas músicas que se infiltra na mente pelo mero acto de ler o título, e que continua a ser, ainda hoje, o principal 'cartão de visita' do grupo junto dos ouvintes mais 'casuais' e desatentos.
O disco de estreia do grupo foi desde logo um sucesso de vendas
Por muito sucesso que a estreia tenha feito, no entanto, o segundo disco, 'Sem Limite' - lançado logo no ano seguinte - supera-a largamente em volume de vendas, logrando atingir a quádrupla platina, e estabelecendo os Santamaria como nome de respeito dentro do movimento 'Europop', conforme comprova o dueto com a dinamarquesa Whigfield (de 'Saturday Night') no tema 'Happy Maravilha'. O quinteto nortenho terminava, assim, em alta a década, século e milénio, dando o mote para o que se verificaria nos vintes anos seguintes.
E o que se verificou foi um sucesso continuado e extraordinário, com todos os discos do grupo na primeira década do novo milénio a atingirem, pelo menos, vendas de platina, com a maioria a dividir-se entre a dupla e tripla platina (o disco menos bem sucedido deste período foi '4 Dance', de 2002, que conseguiu ainda assim mover 40.000 unidades) e a banda a ver ser-lhe atribuído um Globo de Ouro (!) para 'Melhor Grupo', em 2001, bem como um prémio relativo à mesma distinção, atribuído pela Romântica FM, em 2009
E embora os anos 2010 não tenham sido tão favoráveis ao grupo como os dez anteriores, a carreira dos lamenses segue de vento em popa, mesmo após a morte do fundador Tony Lemos, em 2020. Logo a abrir a década, o grupo foi galardoado por vendas médias superiores a 50.000 unidades para cada um dos seus discos, e desde então, foram quatro os discos de originais lançados, datando o mais recente, 'Eterno', do ano transacto. Junte-se a este número uma mão-cheia de colectâneas e um conjunto de CD e DVD ao vivo comemorativo dos quinze anos da banda, e a única conclusão a que se pode chegar é que os Santamaria ainda estão para ficar na cena musical popular portuguesa; para muito boa gente, no entanto, o grupo será sempre, apenas, aquela banda que perpetuou um dos muitos hinos 'foleiros' das 'playlists' de rádio portuguesas de final dos anos 90...