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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

02.02.24

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Os anos 80 e 90 do século passado assistiram àquele que talvez tenha sido o primeiro grande influxo de marcas estrangeiras para o nosso País. Embora os produtos importados, entre eles peças de vestuário, sempre tenham chegado a Portugal, a abertura do mercado nacional ao exterior, como consequência do fim da ditadura e posterior adesão à CEE, fez com que as importações aumentassem substancialmente de volume, e apresentou os jovens portugueses a uma série de marcas e modelos de roupa anteriormente apenas vistos em filmes ou séries de origem estrangeira, e que rapidamente se tornaram favoritos entre a demografia em causa.

Não quis isto dizer, no entanto, que as 'alternativas' nacionais ou ibéricas já existentes no mercado tenham perdido o seu espaço, pelo menos não no imediato; pelo contrário, os primeiros anos da década de 90 viam, ainda, marcas portuguesas ou espanholas conviver harmoniosamente com as suas recém-chegadas congéneres estrangeiras no guarda-fatos dos jovens portugueses. Uma dessas marcas – talvez a mais famosa e conhecida – era oriunda da zona de São João da Madeira, no Norte de Portugal (a mesma de onde saíriam, mais tarde, as não menos icónicas mochilas Monte Campo) e havia sido responsável por calçar a juventude nacional em épocas transactas, com aquilo que era, para todos os efeitos, uma versão portuguesa dos popularíssimos ténis Converse All-Star; falamos, é claro, da Sanjo, que, apesar da perda de preponderância durante o período em causa, não deixa de ser nostálgica para os membros da geração 'X' e para os 'millennials' mais velhos.

SanjoClassico_02.JPG

O icónico modelo K100 da marca.

Fundada em 1933, a Sanjo rapidamente se havia estabelecido no mercado nacional como fabricante de calçado com uma relação qualidade-preço acima da média; as famosas sapatilhas de sola de borracha, em particular (material que, à época, constituía ainda uma inovação no ramo em causa), vir-se-iam a tornar sinónimas com a marca em décadas subsequentes, sendo já o calçado por excelência de grande parte da população jovem em finais dos anos 40. Pouco antes, em 1944, a Sanjo abandonara já a sua sede inicial na Companhia Nacional de Chapelaria em favor de uma fábrica própria, de onde ainda saíam as sapatilhas que os jovens das décadas de 80 e 90 envergavam no seu dia-a-dia.

Conforme referido mais acima, no entanto, a Sanjo teria dificuldade em competir com as marcas internacionais que principiavam a entrar no País após a abolição da ditadura, um paradigma que nem mesmo a sua associação a agremiações desportivas históricas, como a local Associação Desportiva Sanjoanense, viria a conseguir inverter. Assim, e apesar de muitos jovens de finais do Segundo Milénio ainda terem vestido as icónicas e inconfundíveis sapatilhas da marca, as vendas da Sanjo entrariam, durante esse período, num declínio do qual não mais recuperariam, e que culminaria na extinção da empresa, em simultâneo com a sua chapelaria irmã, em 1996.

Não terminaria aqui, no entanto, a História da Sanjo, que dedicaria a década e meia seguintes a estudos de mercado, a fim de perceber o que a juventude 'millennial' e da chamada geração 'Z' pretendia de um sapato de ténis; os conhecimentos assim adquiridos informariam, posteriormente, o regresso da marca ao mercado, no ano de 2010, com os seus familiares modelos K100 e K200. Pelo caminho, no entanto, havia ficado a produção cem por cento nacional, vendo-se a marca obrigada a exportar a produção das icónicas solas vulcanizadas para a China; este problema seria, posteriormente, ratificado com uma ligeira alteração na confecção das mesmas, que permitiu trazer o processo de manufactura de volta para solo nacional, paradigma que se mantém até aos dias de hoje.

Apesar deste ressurgimento, no entanto, seria desonesto afirmar que a Sanjo continua a ser uma referência no mercado do calçado nacional; hoje em dia, a marca vive, sobretudo, da reputação adquirida no Portugal de meados do século XX, e do reconhecimento que lhe está associado. Ainda assim, quem fez parte da última geração a usar recorrentemente as tradicionais sapatilhas da marca pode, actualmente, 'recuperar' essa parte da sua juventude numa qualquer loja de desporto ou centro comercial – o que coloca, instantaneamente, a Sanjo num patamar superior ao de tantas outras marcas da época, hoje em dia totalmente desaparecidas; e apesar de ser pouco provável que a companhia alguma vez volte a gozar dos níveis de sucesso que viveu na sua época áurea, não deixa de ser possível que essa vertente nostálgica ajude a 'alavancar' as vendas dos seus icónicos sapatos, e lhe permita manter-se em actividade durante mais alguns anos...

21.01.22

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

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A Pony é apenas uma das muitas marcas de roupa desportiva dos anos 90 que se encontram, hoje em dia, 'desaparecidas' da cultura popular

Sanjo. Pony. Fila. Le Coq Sportif. Kappa. Todos as conhecemos. Todos as vestimos. Marcas que, não sendo 'topo de gama' do vestuário casual-desportivo dos anos 90, não ficavam ainda assim mal vistas junto das mais conhecidas Adidas, Reebok, Nike ou Puma. Marcas que, infelizmente, se encontram hoje em dia extintas ou em extinção (pelo menos de uma perspectiva sócio-cultural), vivendo portanto, sobretudo, na memória de quem era menos 'mainstream' (ou tinha menos dinheiro) no tocante a comprar roupa de desporto em finais do século XX.

Numa altura em que a variedade dentro do mercado de vestuário pseudo-desportivo é tão pouca que se torna quase aborrecido entrar numa loja do género – porque sabemos que vamos ver Adidas, Nike, New Balance, com sorte ou um outro Converse, e pouco mais – pode parecer difícil acreditar que, há menos de uma geração atrás, as crianças e jovens (em Portugal e não só) tinham uma enorme gama de marcas por onde escolher no momento de adquirir ténis, t-shirts, bonés e outros artigos indispensáveis ao estilo casual-juvenil; e embora, como mencionámos anteriormente, nem todos estes nomes tivessem o mesmo peso, o mais importante era mesmo a marca ser reconhecível, e o artigo ser (ou, pelo menos, passar por) genuíno - ou não fossem os anos 90 a era de ouro do vestuário de contrafacção; reunidas estas condições, e salvo raras e honrosas excepções, a maioria das marcas seria bem aceite junto de um grupo de determinada idade.

No entanto, à medida que os anos avançavam, e o segundo milénio dava lugar ao terceiro, a maioria destas marcas foram, lentamente, desaparecendo da consciência popular, juntando-se a nomes de outros quadrantes, como a No Fear e a Quebramar, no grande e constantemente renovado cemitério das 'cenas da infância' - mesmo quando, como no caso da Pony, continuavam a constituir uma referência dentro de um determinado nicho (no caso, o basquetebol profissional.) Cabe, portanto, hoje a blogs como o nosso a missão de manter viva a memória destas marcas 'menores', mas que todos tínhamos no armário naqueles tempos já distantes...

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