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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

09.11.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

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O Parque dos Moinhos de Santana, um dos espaços verdes inaugurados na capital durante a década de 90.

Os anos 90 ficaram marcados, um pouco por todo o País, por uma série de manobras e desenvolvimentos em prol do urbanismo, que ajudaram não só a modernizar várias zonas menos centrais, como também vieram aumentar o leque de opções para uma Saída ao Sábado de cariz saudável para quem vivia na cidade. Lisboa, em particular, foi alvo, ao longo de toda esta década, de um sem-número de medidas de intervenção na zona florestal circundante, as quais contribuíram para criar um espaço ainda hoje diferenciado na arquitectura e estilo de vida da capital portuguesa.

De facto, apesar de já contar com infra-estruturas como o parque infantil do Alvito (entre outras) desde o início do século XX, a década de 90 viu a área de Monsanto (situada directamente 'acima' de Belém, Algés e Restelo, à saída de Lisboa) sofrer transformações consideráveis, enquadradas no projecto de criação de um 'corredor verde' na capital, e que transformavam os seus inúmeros hectares de mata selvagem numa série de parques urbanos, perfeitos para uma Saída ao Sábado em família, bem como numa reserva natural, o famoso Parque Ecológico de Monsanto, desde logo notável pela presença de esquilos, animal raro em muitas regiões de Portugal.

Além desta área dedicada à conservação – a qual rapidamente se afirmou, a par da Quinta Pedagógica dos Olivais, como local de eleição para visitas de estudo por parte das escolas lisboetas – o plano urbanístico aplicado à área em causa durante os últimos anos do século XX viu também nascer o Parque Urbano do Alto da Serafina, composto por duas áreas distintas (o Parque Infantil homónimo, grande 'concorrente' do Alvito, e o Parque do Calhau) e o Parque dos Moinhos de Santana (onde os mesmos continuam a ser a grande atracção), bem como ser recuperada a Mata de São Domingos de Benfica, também ela previamente votada ao abandono. Os lisboetas passavam assim, no espaço de menos de uma década, a poder contar com nada menos do que quatro novos locais para passear, brincar ao ar livre, fazer ciclismo ou piqueniques, além de novos acessos pedonais a áreas anteriormente mais remotas ou menos acessíveis, como a Buraca, que passava a estar ligada a Campolide por um caminho pedonal ao longo do Aqueduto das Águas Livres.

Com estes projectos-chave, o Governo e a Câmara Municipal conseguiam, de uma assentada, melhorar a acessibilidade, infraestruturas e paisagem urbana da cidade, bem como a qualidade de vida dos seus residentes, os quais continuam ainda hoje, mais de um quarto de século após a conclusão dos mais recentes esforços de reconversão, a usufruir das medidas então postas em práctica, e a utilizar os novos espaços verdes então criados para passeios em família, criando assim para as novas gerações o mesmo tipo de Saída ao Sábado diferente e memorável de que as crianças de então desfrutaram...

28.09.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

A zona de Belém, em Lisboa, é, tradicionalmente, um dos principais pólos culturais da capital portuguesa, devido à sua elevada concentração de edifícios históricos, museus e outros locais de índole educativa, bem conducentes a uma Saída de Sábado didáctica na companhia dos mais novos. E se os 'eternos' Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém se viram, já no século XX, acompanhados de instalações como o Museu dos Coches, o Museu de Marinha, o Museu de Arqueologia ou o Planetário Municipal de Lisboa, já na ponta final do mesmo – em inícios dos anos 90 – a icónica Praça do Império veria ser implementado mais um edifício, o qual rapidamente assumiria o seu lugar por entre as atracções que o circundavam.

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Oficialmente inaugurado em 1992, após meros três anos de construção, o Centro Cultural de Belém destinou-se, numa fase inicial, a servir de sede à Presidência do Conselho Europeu, na época da responsabilidade de Portugal. Logo desde o projecto inicial, no entanto, que a intenção passava, declaradamente, pela construção de um espaço que pudesse transcender essa primeira função e servir, a longo prazo, como pólo aglutinador tanto de cultura como de comércio e serviços, combinando as duas vertantes para proporcionar aos seus visitantes uma experiência o mais completa possível – uma planificação estratégica que voltaria a ser aplicada, novamente com excelente efeito, já no final da década de 90, aquando da construção do Parque das Nações, terreno da Expo '98.

Essa visão acabaria por ser tornada realidade pelo arquitecto português Manuel Salgado, cuja proposta, submetida em conjunção com um consórcio italiano liderado por Vittorio Gregotti, seria seleccionada de entre as quase seis dezenas submetidas a concurso público. O local seleccionado seria o anteriormente ocupado pelos pavilhões da exposição 'Mundo Português', de 1940 – uma escolha que não deixou de causar polémica, dado o volume e a traça marcadamente moderna do edifício, mas que tinha como justificação o facto de a referida área marcar o ponto de partida dos Descobrimentos.

Dos cinco módulos inicialmente propostos, seriam construídos três - o Centro de Exposições, o Centro de Espectáculos e o Centro de Reuniões, tendo sido descartados o módulo de hotel e a sala de equipamentos - cada um deles ligado por vias pedonais desembocando em pracetas e áreas ajardinadas, uma traça que torna o espaço tão adequado a um simples passeio como à organização de eventos culturais, e que valeria aos arquitectos o Prémio de Arquitectura em Pedra na Feira de Verona de 1993, mostrando que a opinião internacional sobre o edifício era algo distinta da nacional. Mesmo os portugueses, no entanto, rapidamente se habituaram ao novo 'mamarracho', e o CCB rapidamente floresceu na sua função de novo pólo cultural, tendo-se tornado local de 'romaria' para fãs de arte moderna, fotografia, teatro e música clássica, e englobando ainda eventos tão distintos como palestras e mostras de cinema, cumprindo assim o objectivo para ele delineado aquando do planeamento inicial, em 1988.

A sua importância enquanto potenciador de cultura na cidade de Lisboa valeu, aliás, ao edifício a distinção de Imóvel de Interesse Público, já no Novo Milénio, concretamente em 2002. Cinco anos depois, o seu estatuto entre os expoentes máximos da cultura em Lisboa seria reforçado com a instalação do Museu Colecção Berardo, sucedido, em 2022, pelo Museu de Arte Contemporânea, o qual constitui apenas mais um motivo para visitar um espaço que vem, há já mais de três décadas, contribuindo activamente não só para o panorama cultural lisboeta, como para o do País em geral.

18.05.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

No Portugal de meados dos anos 90, a educação e interacção com animais em cativeiro era ainda, sobretudo, sinónima com o Jardim Zoológico de Lisboa, o Aquário Vasco da Gama (também em Lisboa) e o Zoomarine, no Algarve. Durante este mesmo período, começaram, no entanto, a surgir novas alternativas a estes tradicionais locais de 'romaria' para os amantes de animais lusitanos, a começar pelas Quintinhas Pedagógicas (a primeira das quais na zona dos Olivais, em pleno centro urbano da capital), e com o apogeu naqueles que são, ainda hoje, dois espaços privilegiados para ver animais em 'habitat' 'quase' natural: o Oceanário de Lisboa, construído durante a Expo '98 e que já teve direito a 'post' próprio nesta rubrica, e o espaço a que diz respeito a Saída deste Sábado, e que acaba de completar na semana que ora finda vinte e cinco anos - o Badoca Safari Park, em Vila Nova de Santo André, no Alentejo.

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Inaugurado a 14 de Maio de 1999, mesmo a tempo de se afirmar como espaço de referência entre os zoófilos portugueses do século XXI, o espaço em causa propunha-se, como o próprio nome indica, a ser o primeiro parque natural português a oferecer uma experiência ao estilo 'safari', à maneira do que vinham já fazendo outras instalações do mesmo tipo um pouco por todo o Mundo. Uma missão ambiciosa, mas que os fundadores do espaço conseguiram levar a bom porto, tirando o máximo partido da vasta planície alentejana para, em cerca de 90 hectares, reunirem algumas das mais populares espécies exóticas em regime de 'semi-liberdade' e partilhando instalações comuns, algo que, desde logo, demarcava o parque do 'concorrente' Jardim Zoológico, que fazia uso de mais tradicionais jaulas ou espaços individuais para cada espécie – um paradigma que, no Badoca Park, fica restrito aos primatas e araras, que dispõem de zonas próprias separadas da área central. Tal disposição permitia, também, levar a cabo a vertente de 'safari', que continua até hoje a levar os visitantes pelo meio desta 'savana' artificial, permitindo-lhes contacto quase directo com os animais, ao mesmo tempo que se aprende sobre eles – uma proposta, decerto, tão irresistível para os jovens amantes de animais da Geração Z como foi para os 'millennials'.

Ainda que fosse este o principal ponto de interesse e motivação para uma visita ao Badoca Park, no entanto, estava longe de ser o único, já que o espaço levava e leva também a cabo iniciativas mais tradicionais, como a apresentação de aves carnívoras, alimentação de diferentes espécies ou encontros 'um para um' com diferentes animais, além de acções de conservação, à semelhança do que sucede com o Jardim Zoológico. Razões mais que suficientes para os 'millennials' entretanto crescidos reviverem (ou, finalmente, realizarem) a experiência de visitar a inusitada instalação, e celebrarem juntamente com os seus filhos os vinte e cinco anos de uma atracção ainda hoje única no contexto português.

 

06.04.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

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O Palácio da Pena, um dos mais emblemáticos palácios portugueses.

São inúmeros, espalhados um pouco por todo o País (embora com natural ênfase nas áreas metropolitanas), e local privilegiado para Saídas ao Sábado e visitas de estudo escolares, tanto nos anos 90 como na actualidade. Falamos, é claro, dos palácios (e restantes casas-museu) desde há décadas abertos ao público com o objectivo de apresentar um pouco de 'História viva'.

Decorados, normalmente, com mobília e apetrechos da época pré-moderna, que teriam sido utilizados pelos seus mais recentes residentes, este tipo de instalação permite perceber, em primeira mão, como teriam vivido os nobres portugueses daquele período, contextualizando-os assim dentro da História nacional. Mas se para a maioria dos visitantes adultos esse era, mesmo, o principal ponto de interesse, já para os mais novos, o grande apelo deste tipo de espaço estava nos jardins, normalmente também estilizados à moda do período clássico, e que permitiam 'descomprimir' após percorrer o interior da casa, fazer piqueniques, ou até 'perder-se' entre as sebes, propiciando um toque de diversão ao intervalo para descanso ou mesmo ao fim da visita. Em alguns destes locais, as visitas com a escola tinham, ainda, o atractivo adicional de contar com actores 'vestidos a rigor', que demonstravam alguns dos hábitos e ocupações dos nobres, como jogos tradicionais da época, tornando assim a experiência ainda mais memorável para os mais novos.

Como é evidente, a esmagadora maioria dos palácios e casas-museu nacionais continuam abertos ao público, e relativamente inalterados em termos de oferta ao público – ainda que, presumivelmente, fazendo maior uso das capacidades digitais entretanto desenvolvidas. Quem foi jovem em fins do século passado e não visitou um destes espaços desde então recordá-los-à, no entanto, tal como foram, e lembrará com nostalgia os bons momentos que ali passaram, fosse com a turma da escola ou com os pais e familiares, no âmbito de uma Saída ao Sábado de Primavera.

24.02.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

De entre os tópicos didático-científicos passíveis de agradar à criança média, seja portuguesa ou de qualquer outra nacionalidade, a astronomia é um dos mais consensuais. Tal como sucede com factos relativos à vida selvagem, os conhecimentos sobre as estrelas, planetas e galáxias que constituem o chamado 'espaço sideral' parecem exercer eterno e perpétuo fascinio sobre a juventude, o qual resiste mesmo ao apelo cada vez mais imediatista e vácuo das redes sociais e plataformas de conteúdos. Não é, pois, de espantar que Portugal conte com, não um, mas dois espaços dedicados a esta temática, e que ambos continuem a fazer enorme sucesso junto do seu público-alvo, quiçá incentivado a visitá-los pelos pais, que recordam tardes de infância passadas a admirar os cuidados espectáculos de luz e som postos em 'cena' debaixo das suas cúpulas.

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Os edifícios do Porto (em cima), fundado em Novembro de 1998, e de Lisboa (em baixo), inaugurado em Julho de 1965.

Falamos dos Planetários de Lisboa e Porto, dois espaços separados, na sua inauguração, por pouco mais de três décadas (o de Lisboa abriu em 1965, enquanto que o do Porto celebrou há cerca de quatro meses o seu quarto de século de existência) o seu, mas cuja proposta e funcionamento são (ou, pelo menos, eram) fundamentalmente semelhantes. Ambos os espaços, por exemplo, têm como 'foco' central uma cúpula, na qual é projectada uma simulação do céu nocturno, a partir da qual são, depois, transmitidos outros factos relativos a estrelas e planetas específicos; de igual modo, ambos iniciaram a sua actividade com espectáculos de base óptica, tendo depois – já no Novo Milénio – expandido as suas possibilidades com a passagem a um formato digital, que permitiu a diversificação da oferta a outras áreas da sociedade, como espectáculos musicais ou oficinas pedagógicas; finalmente, ambos integram a rede Ciência Viva e estão a cargo de entidades particulares, especificamente a Marinha Portuguesa (no caso do Planetário de Lisboa) e a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (no caso do 'representante' nortenho). Em comum, estes dois espaços têm, ainda, o facto de se encontrarem entre os maiores da Europa na sua categoria, com o Planetário de Lisboa a ocupar mesmo a segunda posição nesta lista, apenas atrás do seu homólogo de Moscovo.

Para as crianças dos anos 90 (e, talvez, até para as actuais) nada disso interessava, no entanto; os Planetários até poderiam ser espaços pequenos e intimistas, desde que proporcionassem uma experiência cativante e memorável. O espectáculo era a única coisa que interessava ao público-alvo destas instalações; e, nesse particular, nenhuma das duas desapontava, tendo proporcionado Saídas de Sábado para mais tarde recordar a pelo menos duas gerações de portugueses (três a quatro, no caso do espaço lisboeta) - entre elas os 'millennials' dos anos 80, 90 e inícios do Novo Milénio, a quem este texto poderá mesmo ter despertado a vontade de voltar a visitar o 'seu' Planetário local, e de o apresentar aos filhos, familiares, amigos ou até alunos da 'idade certa' para apreciarem a experiência...

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