15.06.25
NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 14 de Junho de 2025.
As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.
No tocante a parques zoológicos, as referências no Portugal dos anos 90 eram claras e óbvias, com o Jardim Zoológico de Lisboa, o Badoca Safari Park e o Zoomarine a centrarem as atenções da maioria dos entusiastas da vida selvagem. Tal não significava, no entanto, que não houvesse também, em território nacional, espaço para uma série de outras instalações, mais pequenas e discretas do que os 'três grandes', mas capazes, como estes, de encontrar o seu público – em especial nos concelhos mais a Norte, que não dispunham de qualquer grande infra-estrutura zoófila de origem não-natural, e que, como tal, se encontravam particularmente receptivos a este tipo de local.
Foi, talvez, para explorar esse nicho de mercado que, há cerca de trinta e cinco anos – nos primeiros meses da década de 90 – abria em Lourosa, no concelho de Santa Maria da Feira, no Grande Porto, um parque não apenas zoológico, mas ornitológico. De facto, o Zoo Lourosa destacava-se da 'concorrência' mais 'sulista', desde logo, por se dedicar exclusivamente à conservação e exibição de espécies avícolas, o que limitava o seu apelo mas, ao mesmo tempo, ajudava a outorgar-lhe uma identidade única e original por comparação aos espaços já existentes. Os habitantes do Norte poderiam, assim, não ter ainda ensejo de ver elefantes, girafas ou gorilas, mas podiam, pelo menos, admirar uma enorme variedade de aves, que hoje ascende a mais de meio milhar de indivíduos, representantes de cerca de uma centena e meia de espécies.
O sucesso do Zoo Lourosa e respectiva missão foi, aliás, suficiente para justificar a aquisição do espaço pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, volvida cerca de uma década sobre a sua abertura, e com o intuito de assegurar que eram cumpridas as normas comunitárias da União Europeia relativas à exibição pública de espécies animais, impedindo assim potenciais problemas ao espaço. Foi também nesse mês de Setembro de 2000 que o Zoo ganhou aquela que ainda é a sua mascote, com a adição ao logotipo de um casuar, espécie de pássaro terrestre australiano conhecido pela sua icónica crista, penas farfalhudas e temperamento difícil.
Ao contrário de muitos espaços aqui relembrados – mas à semelhança dos restantes parques zoológicos nacionais – o Zoo Lourosa ainda hoje subsiste, agora já sob nova gerência – da associação Feira Viva, Cultura e Desporto – mas com a mesma missão e características do que quando abriu, há três décadas e meia, permitindo aos entusiastas de aves do Norte do País ver algumas das suas espécies exóticas favoritas 'ao vivo e a cores', sem para isso ter que despender o dinheiro associado a uma deslocação ao Sul. Esperemos, pois, que o espaço se mantenha ainda por muitos e bons anos como principal alternativa 'nortenha' na 'cena' zoológica e zoolófila portuguesa...