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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

15.09.24

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 14 de Setembro de 2024.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Apesar de normalmente constituirem mundos firmemente separados, ocasionalmente, as actividades levadas a cabo nas aulas de Educação Física extravasam os muros da escola para se tornarem formas verdadeiramente válidas de uma criança ou jovem ocupar os tempos livres. Já aqui, anteriormente, falámos de uma dessas excepções à regra – o futebol humano – e, para a Saída de Sábado desta semana, escolhemos centrar-nos sobre outra, a qual, apesar de mais divisiva do que o referido jogo, não deixava de fazer as delícias da parcela mais 'aventureira' de jovens lusitanos dos anos 90 e 2000.

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Uma 'aventura' que nem todos arriscavam, mesmo em paredes de tamanho reduzido

De facto, não era qualquer pessoa que 'encarava' o desafio de trepar uma parede de escalada, fosse esta de tamanho infantil ou à escala 'real' utilizada pelos adultos; pelo contrário, a maioria dos mais pequenos apenas subia a uma destas estruturas por obrigação, no contexto de uma aula, e procurando apenas atingir a altura mínima desejada pelo instrutor antes de rapidamente voltar a descer para 'terra firme'. Para quem tinha apetência por tal tipo de actividade, no entanto, a simples visão de uma destas paredes fazia brilhar os olhos e saltar um sorriso, sendo também este o tipo de jovem que seria visto na 'linha da frente' de uma qualquer demonstração pública interactiva de escalada, as quais ocorriam com considerável frequência durante a época em causa. Escusado será dizer que a ascensão completa de uma destas paredes era uma daquelas proezas que, em tempos mais simples, suscitaria a admiração e inveja dos pares, o que ainda oferecia mais motivação a espíritos mais competitivos para tentarem superar o desafio.

Apesar desta popularidade, e de constituirem visão relativamente comum no Portugal da viragem do Milénio, as paredes de escalada sofreram, curiosamente, um declínio acentuado de relevância desde esse período, passando a ser vistas cada vez menos frequentemente, até estarem 'confinadas' sómente a contextos de eventos como festivais de música e encontros. Praticamente a meio da terceira década do século XXI, estas outrora prolíferas estruturas não passam já de uma memória, uma das muitas que a geração 'millennial' procura, com maior ou menor sucesso, partilhar com os 'Z' e 'Alfas', muitos dos quais jamais terão visto tal coisa na 'vida real'. Para quem conviveu com o auge destas paredes, no entanto, as mesmas continuam vivas na memória como parte integrante da experiência de ser criança ou adolescente nesse tempo único e irrepetível que foi o Portugal dos anos 90 e 2000.

03.08.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

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O final do mês de Julho era, nos anos 90 e 2000, sinónimo com o início das férias grandes - oito maravilhosas semanas de brincadeiras, campismo, idas para casa de familiares, alugueres junto à praia, colónias de férias, acampamentos de escuteiros ou até, para os mais sortudos, viagens ao estrangeiro, a locais tão excitantes como a Eurodisney ou o Parque Astérix. Quem não pudesse ou quisesse usufruir de qualquer destas opções, no entanto, tinha ainda assim forma de passar umas férias relativamente divertidas, bastando para isso inscrever-se num dos muitos programas de férias desportivas ou actividades diárias fomentados por escolas, paróquias, Juntas de Freguesia e clubes desportivos de Norte a Sul do Portugal da época.

Embora cada um tivesse, claro está, as suas particularidades, os programas deste género tendiam a dividir-se em duas grandes categorias: por um lado, os focados na divulgação, entre os mais novos, de outros desportos que não apenas o futebol, e, por outro, aqueles que serviam como uma espécie de colónia de férias sem a vertente residencial, isto é, com as crianças a regressarem a casa ao fim de cada dia de praia, piscina ou qualquer outra aventura planeada para esse dia. Ambos os estilos eram bastante populares, sendo que a opção por uma ou outra estava, normalmente, ligada à localização do programa ou à afiliação da família – isto é, as crianças tendiam a ir para o programa que ficasse mais perto de sua casa, ou que fosse organizado pela sua paróquia, escola, centro recreativo ou Junta de Freguesia. Em alternativa, era também tido em consideração o preço, embora este tipo de iniciativa tendesse a ter custos praticamente nominais, por forma a ser acessível a famílias menos abonadas.

Tal como tantas outras actividades, produtos ou programas de que falamos nestas páginas, também este tipo de actividade tendeu a perder proeminência de forma quase imperceptível, sendo difícil a quem não está atento, envolvido ou interessado nos programas em causa perceber a considerável redução no volume dos mesmos ao longo das últimas duas décadas. Para uma determinada geração de portugueses, no entanto (hoje na casa dos vinte e cinco a quarenta anos) esta foi, durante toda a infância, uma das muitas opções válidas para passar aqueles longos dois meses antes do regresso às aulas – e, enquanto pais, é de imaginar que esses mesmos (hoje) homens e mulheres vissem com bons olhos o regresso desse tipo de programa, a fim de manter os seus próprios filhos ocupados durante as aparentemente intermináveis férias grandes...

21.07.24

NOTA: Este 'post' é correspondente a Sábado, 20 de Julho de 2024.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Ao longo das últimas semanas, temos aqui vindo a falar da estranha vaga de popularidade de que os personagens criados por William Hanna e Joseph Barbera gozaram durante as décadas de 90 e 2000, com inúmeros jogos de vídeo e uma mão-cheia de longas-metragens (animadas e de acção real) a eles alusivos a surgirem no mercado mundial durante este período. Em Portugal, grande parte desta popularidade devia-se ao programa 'Oh! Hanna-Barbera', da RTP, que 'reapresentara' as famílias Flintstone e Jetson, os jovens detectives de 'Scooby-Doo', o gato Manda-Chuva e o urso Zé Colmeia a toda uma nova geração de crianças, através do sempre popular formato de um programa de auditório centrado em torno das séries de desenhos animados dos mesmos. E dado o interesse pela vida pré-histórica que também voltava a ressurgir entre as crianças e jovens da altura (mesmo antes do lançamento do revolucionário 'Parque Jurássico') não foi de admirar que os Flintstones – habitantes da Idade da Pedra que teriam, em 1994, direito ao seu próprio filme de acção real – se contassem entre os personagens mais populares do grupo acima descrito, a par dos aparentemente perenes Freddy, Daphne, Velma, Shaggy e respectivo animal de estimação, Scooby-Doo.

Serve este enquadramento para explicar a existência da exposição 'Aldeia dos Flintstones', organizada pelo Jardim Zoológico de Lisboa e que, apesar de ter 'falhado' a estreia do filme da família homónima por quase um ano e meio (sendo inaugurada no Natal de 1995, quando a longa-metragem saíra no Verão do ano anterior) ainda conseguiu atrair a grande maioria dos jovens residentes na Grande Lisboa, com a sua recriação fiel da cidade de Bedrock, a que Fred e Wilma Flintstone e Barney e Betty Rubble chamavam lar.

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(Crédito da foto: Enciclopédia de Cromos, site detentor das únicas fotos alusivas a uma exposição algo Esquecida pela Net)

Com recurso a manequins e cenários-modelos (além de alguns 'bonecos' dos próprios protagonistas) os responsáveis da exposição conseguiam transformar a tenda-pavilhão temporária do Zoo (que já fora palco de memoráveis exposições sobre dinossauros e mamíferos pré-históricos em anos anteriores) numa vila pseudo-pré-histórica, cheia de réplicas 'monolíticas' de objectos reais, precisamente como acontecia no desenho animado original, criando um ambiente de fantasia que não podia deixar de ser um sucesso junto da demografia-alvo. A escolha das férias do Natal como época para inauguração da exposição também não foi, de todo, deixada ao acaso, já que a realização do evento neste período do ano assegurava um elevado fluxo de jovens visitantes, temporariamente livres das obrigações da escola e prontos a fazerem uma visita a Bedrock entre uma volta de teleférico e o espectáculo da tarde na Baía dos Golfinhos.

Curiosamente, a Aldeia dos Flintstones foi uma das últimas exposições do seu tipo realizadas pelo Jardim Zoológico, o qual rapidamente voltaria a concentrar-se na sua proposta principal – a de apresentar espécies animais mais ou menos exóticas. Ainda assim, quando analisada em conjunto com as suas congéneres da mesma época, a recriação da cidade de Bedrock ajuda a revelar o potencial que este tipo de evento demonstrava em finais do século XX, e a reforçar a ideia de que os Flintstones, tal como os demais personagens de Hanna-Barbera, tinham ainda consideráveis 'pernas para andar' junto da geração jovem portuguesa da época.

07.07.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

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À entrada para a segunda metade dos anos 90, a experiência de 'ir ver a bola' num local público que não o estádio ainda se resumia, para muitas crianças e jovens nacionais, a uma deslocação a um café ou restaurante, onde a partida era, normalmente, transmitida na única televisão, para benefício da clientela pagante. Tudo isso viria a mudar, no entanto, quando Portugal viu a sua candidatura a anfitrião da última Feira Mundial do século XX ser bem sucedida, levando a que se iniciasse de imediato a construção de toda uma nova infra-estrutura em terrenos abandonados da zona ribeirinha lisboeta, de forma a albergar condignamente a exposição.

Do referido certame, bem como do espaço em que foi levada a cabo e de algumas das várias infra-estruturas que viria a legar em permanência à capital portuguesa, já aqui falámos em outras ocasiões; no entanto, nesses 'posts' anteriores, descurámos falar de uma localização que, embora representasse apenas uma pequena parte do que se viria posteriormente a chamar Parque das Nações, assumia enorme relevância aquando de eventos como Mundiais ou Europeus de futebol, proporcionando aos lisboetas (e não só) a possibilidade de assistir a jogos de forma nunca antes imaginada, numa experiência apenas comparável à chegada do IMAX a Portugal.

Isto porque a Praça Sony – ainda hoje um ponto de referência no recinto do Parque das Nações – tinha como principal motivo de interesse o ecrã LED gigante, onde eram transmitidas não só imagens dos concertos e eventos que ali iam tendo lugar, como também de transmissões televisivas, com destaque para os jogos do Mundial de França '98 e, mais tarde, do Euro 2000. Para um País para quem o futebol era, ainda, visto em grande parte através de televisões CRT de imagem fosca e muitas vezes mal sintonizada, e onde a Sport TV ainda mal acabava de se estabelecer, este novo paradigma 'caiu' como uma autêntica revelação, levando multidões ao recinto da Expo '98 a cada dia de jogo, para uma espécie de 'versão alargada' do velho ritual de 'ver a bola' no café. E se as décadas subsequentes viram surgir mais 'pontos de encontro' públicos onde ver as competições internacionais – a ponto de banalizar a existência de ecrãs LED em espaços exteriores – a verdade é que, sem a Praça Sony como pioneira e 'cobaia', talvez a presente situação nunca se tivesse chegado a verificar...

Seja como for, a verdade é que a icónica praça da Expo – onde ainda hoje são realizados eventos – fica no coração e na memória dos 'millennials' portugueses, sobretudo os lisboetas, como o local onde o futebol televisionado tomou toda uma nova dimensão, e a experiência de 'ver o jogo' em público deixou, para sempre, de ser a mesma...

22.06.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

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Numa edição passada desta rubrica, também publicada num período de efusão futebolística, falámos da experiência de ir ao estádio ver um jogo. Apesar de preferencial e inesquecível, no entanto, essa nem sempre era uma opção viável para as crianças e jovens dos anos 90, especialmente no tocante a jogos de (ou contra) clubes maiores, em que o preço dos bilhetes tendia a ser proibitivo, ou encontros internacionais, que muitas vezes tinham lugar fora do País, tornando a presença física impossível, numa era em que as viagens não eram ainda tão globalizadas como hoje.

Nesse tipo de instância, apenas restava uma de duas opções aos jovens: ver o jogo em casa, no conforto da própria sala, ou dirigir-se a um espaço público – normalmente o café mais próximo – para assistir à partida em conjunto com outros adeptos. E se a primeira das duas opções primava pela practicidade e conforto, a segunda (que abordámos também, embora sumariamente, no nosso 'post' anterior) era, muitas vezes, a escolhida, pela oportunidade que proporcionava de viver uma espécie de versão 'reduzida' da experiência de estádio, em que cada adepto se podia manifestar livremente ou trocar impressões ou até 'galhardetes' com quem apoiava os adversários. Talvez por isso tantas crianças e jovens da época tenham feito questão de acompanhar os familiares adultos ou, quando já mais velhos, combinar com os amigos ou colegas de escola para ir ao café 'ver a bola'.

O advento da TV Cabo e da Sport TV tornou, se possível, esta prática ainda mais comum, já que a mesma era comum em estabelecimentos públicos (por oposição a lares particulares, muitos dos quais ainda não tinham o pacote) e oferecia maior qualidade e diversidade de jogos a que assistir, permitindo assim que os adeptos não ficassem restitos ao 'jogo da semana' exibido pela televisão pública ou por um dos canais privados. A partir de finais do século XX, concretamente de 1998, passou ainda a ser possível assistir a certos jogos, sobretudo partidas internacionais que envolvessem a Selecção Portuguesa ou fizessem parte de torneios, em ecrã super-gigante, num novo espaço: a Praça Sony, em Lisboa, inaugurada aquando da EXPO '98, e onde milhares de adeptos de todo o Mundo acompanharam o Mundial de França desse mesmo Verão. Escusado será dizer que este passou, também, a ser um ponto de encontro privilegiado para os adeptos lisboetas durante os anos seguintes, embora menos nos dias que correm.

Ao contrário do que sucede com outras tendências abordadas nestas páginas, o ritual de 'ir ver a bola' em público, mesmo que não no estádio, não só não caiu em desuso como não se alterou significativamente com o advento da era digital – o que não é de surpreender, visto ser o Homem um animal social, apreciador de experiências de catarse conjunta como as propiciadas por um jogo de futebol. É, pois, provável que um adepto português que entre num qualquer café durante as próximas semanas encontre a televisão sintonizada num qualquer jogo do Euro, e ainda mais provável que o mesmo se detenha alguns momentos a assistir, e a trocar impressões com o 'vizinho' do banco ou mesa ao lado, que estará, sem dúvida, tão absorto quanto ele próprio - e, potencialmente, a lembrar outras competições, de um passado mais ou menos distante, em que tenha feito exactamente a mesma coisa, quiçá naquele mesmo local...

 

08.06.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Em 'posts' anteriores neste nosso blog, falámos tanto dos primeiros restaurantes de fast-food a abrir em Portugal como de uma das principais alternativas nacionais nesse ramo, a Telepizza; nada melhor, portanto, do que celebrar agora a outra grande companhia de comida 'para a viagem' cem por cento portuguesa, que marcou a infância e juventude dos 'millennials' portugueses tanto ou mais do que a sobredita loja de 'pizzas', e que celebrou no ano transacto trinta anos sobre o seu aparecimento.

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Uma loja ainda com o nome e 'visual' clássicos da cadeia.

Falamos, claro, da Companhia das Sandes, a 'fiel companheira' de qualquer jovem dos anos 90 ou 2000 necessitado de almoçar e parco de 'economias', que oferecia, além de alternativas mais saudáveis ao 'fast-food' tradicional, também um ambiente mais intimista do que a típica loja 'franchisada', que convidava a sentar e dar 'dois dedos de conversa' enquanto se saboreava a baguete semi-artesanal preferida. Surgida pela primeira vez em 1993, a cadeia – cuja especialidade ficava explicitada no próprio nome – gozou de sucesso quase imediato entre os jovens lusos das gerações 'X' e 'millennial', não tardando a expandir o seu raio de acção e a surgir na maioria das principais zonas comerciais frequentadas pela demografia em causa, bem como em áreas de grande concentração de escritórios ou serviços, de onde originava o outro grande tipo de clientela da Companhia. O sucesso foi tal, aliás, que permitiu inclusivamente a abertura, quatro anos depois, de uma cadeia-irmã de foco (ainda) mais saudável, denominada Loja das Sopas, de especialidade igualmente óbvia.

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Uma loja da cadeia-irmã da Companhia, ainda hoje em operação.

Tal como sucedeu com outras cadeias mais pequenas, no entanto, a Companhia das Sandes não foi capaz de resistir a longo prazo ao 'ataque' das grandes rivais internacionais, e o surgimento de cada vez mais lojas de conceito e proposta semelhantes deram a 'estocada' final no 'reinado' da marca nas zonas comerciais nacionais. Ao contrário do que se possa pensar, no entanto, tal mudança de paradigma não levou à extinção total da cadeia, a qual, após um exercício de 'rebranding' que lhe tirou as Sandes do nome, 'renasceu' das cinzas com um menu mais abrangente, que ia além das tradicionais baguetes, e conseguiu encontrar o seu nicho no cada vez mais competitivo mercado da comida 'para levar'.

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Uma Companhia actual, já sem as Sandes no nome.

Hoje em dia, a agora apenas Companhia conta com mais de três dezenas de lojas, e encontra-se incorporada no grupo Starfoods, que opera também, além das duas companhias originais, cadeias especializadas em peixe e em comida italiana, afirmando-se como um dos principais grupos de restauração nacionais; uma história de sucesso bem merecida para uma marca que, nos seus primórdios, ajudou a alimentar de forma relativamente saudável e em conta inúmeros jovens em passeio pelo 'shopping' ou em intervalo de almoço da escola.

18.05.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

No Portugal de meados dos anos 90, a educação e interacção com animais em cativeiro era ainda, sobretudo, sinónima com o Jardim Zoológico de Lisboa, o Aquário Vasco da Gama (também em Lisboa) e o Zoomarine, no Algarve. Durante este mesmo período, começaram, no entanto, a surgir novas alternativas a estes tradicionais locais de 'romaria' para os amantes de animais lusitanos, a começar pelas Quintinhas Pedagógicas (a primeira das quais na zona dos Olivais, em pleno centro urbano da capital), e com o apogeu naqueles que são, ainda hoje, dois espaços privilegiados para ver animais em 'habitat' 'quase' natural: o Oceanário de Lisboa, construído durante a Expo '98 e que já teve direito a 'post' próprio nesta rubrica, e o espaço a que diz respeito a Saída deste Sábado, e que acaba de completar na semana que ora finda vinte e cinco anos - o Badoca Safari Park, em Vila Nova de Santo André, no Alentejo.

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Inaugurado a 14 de Maio de 1999, mesmo a tempo de se afirmar como espaço de referência entre os zoófilos portugueses do século XXI, o espaço em causa propunha-se, como o próprio nome indica, a ser o primeiro parque natural português a oferecer uma experiência ao estilo 'safari', à maneira do que vinham já fazendo outras instalações do mesmo tipo um pouco por todo o Mundo. Uma missão ambiciosa, mas que os fundadores do espaço conseguiram levar a bom porto, tirando o máximo partido da vasta planície alentejana para, em cerca de 90 hectares, reunirem algumas das mais populares espécies exóticas em regime de 'semi-liberdade' e partilhando instalações comuns, algo que, desde logo, demarcava o parque do 'concorrente' Jardim Zoológico, que fazia uso de mais tradicionais jaulas ou espaços individuais para cada espécie – um paradigma que, no Badoca Park, fica restrito aos primatas e araras, que dispõem de zonas próprias separadas da área central. Tal disposição permitia, também, levar a cabo a vertente de 'safari', que continua até hoje a levar os visitantes pelo meio desta 'savana' artificial, permitindo-lhes contacto quase directo com os animais, ao mesmo tempo que se aprende sobre eles – uma proposta, decerto, tão irresistível para os jovens amantes de animais da Geração Z como foi para os 'millennials'.

Ainda que fosse este o principal ponto de interesse e motivação para uma visita ao Badoca Park, no entanto, estava longe de ser o único, já que o espaço levava e leva também a cabo iniciativas mais tradicionais, como a apresentação de aves carnívoras, alimentação de diferentes espécies ou encontros 'um para um' com diferentes animais, além de acções de conservação, à semelhança do que sucede com o Jardim Zoológico. Razões mais que suficientes para os 'millennials' entretanto crescidos reviverem (ou, finalmente, realizarem) a experiência de visitar a inusitada instalação, e celebrarem juntamente com os seus filhos os vinte e cinco anos de uma atracção ainda hoje única no contexto português.

 

04.05.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

De entre as datas assinaláveis da História de Portugal, apenas uma mão-cheia rivaliza, em importância, com o 25 de Abril de 1974, o dia em que uma revolução militar inteiramente pacífica põs fim a quarenta anos de ditadura fascista e restaurou a independência no seio da República Portuguesa; neste ano de 2024, tal data revestiu-se de ainda maior significado, por se terem assinalado exactas cinco décadas sobre o memorável dia, as quais foram celebradas a preceito com uma das maiores concentrações e manifestações verificadas desde então em Portugal. Quem faz parte das gerações 'X' ou 'millennial', no entanto, terá, nessa Terça-feira, recordado um outro marco relativo à Revolução dos Cravos, verificada durante a sua infância, e devidamente assinalada pela maioria das instituições nacionais: a comemoração dos vinte anos.

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Cartaz das comemorações realizadas pela Câmara Municipal de Almada.

Memoravelmente denominada '25 de Abril – 20 Anos', a campanha de organização de eventos para assinalar tal efeméride teve lugar um pouco por todo o País – embora, naturalmente, com particular incidência nas zonas metropolitanas, sobretudo a de Lisboa, local onde se desenrolou a revolução – e traduziu-se numa série de espectáculos, exposições e até eventos desportivos, que terão, sem dúvida, proporcionado Saídas de Sábado memoráveis para quem era, então, criança ou adolescente. Os corolários foram, sem dúvida, a exposição com lugar na Biblioteca-Museu República e Resistência e o espectáculo organizado pela RTP e pela Associação 25 de Abril na antiga Feira Internacional de Lisboa (FIL), transmitido em directo pela emissora estatal e que contou com apresentação de Ana Zanatti e Paulo de Carvalho; no entanto, de Norte a Sul do território, verificaram-se toda uma série de outras actividades de tanto ou maior interesse para a demografia infanto-juvenil, como o sarau de ginástica organizado pela Câmara Municipal de Almada, em que o autor deste 'blog', então a caminho dos nove anos, participou durante um inesquecível fim-de-semana daquele Abril de 1994, e que viria a ser o primeiro de uma série de eventos anuais que perduram até aos dias de hoje.

Qualquer que tenha sido o evento em que um jovem daquela altura tenha participado, no entanto, é de acreditar que o mesmo tenha ficado retido na sua lembrança como a ocasião inesquecível e irrepetível que foi, e que o tenha motivado a procurar criar memórias semelhantes aos seus filhos por ocasião da comemoração dos cinquenta anos de uma data que não deve jamais ser esquecida, ou mesmo ignorada, pelas gerações vindouras.

20.04.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Na última edição das Sextas com Style, falámos das 'pulseiras da sorte' brasileiras, um marco do visual jovem nos anos da viragem do Milénio; nada melhor, pois, do que, num Sábado de sol e calor, realizarmos uma Saída até aos espaços onde estas e outras peças podiam ser encontradas: as feiras de artesanato.

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Um mercado do género, no Porto.

Realizadas de Norte a Sul do País ao longo de todo o ano - sobretudo nos meses de Verão, quando podiam ser organizadas no exterior – e, muitas vezes, até permanentes, este tipo de feiras ofereciam uma excelente forma de 'matar' alguns minutos, ou até horas, numa tarde de fim-de-semana. Isto porque, quer se acabasse ou não por adquirir alguma coisa, era sempre agradável passear entre as bancas e simplesmente admirar os produtos em exposição, fossem eles as referidas pulseiras e outros adereços, muitas vezes criados à mão no próprio local, ou algo mais complexo, como objectos em couro ou madeira, muitos deles tradicionais de países africanos, asiáticos ou do médio oriente (embora nem sempre exactamente artesanais), e vendidos por naturais dessas mesmas regiões, o que permitia também ficar a conhecer outras culturas e a sua arte de forma relativamente em conta.

Quer se fosse lá apenas comprar adereços ou usufruir desta vertente mais expositiva e cultural, no entanto, as feiras de artesanato eram, e continuam a ser, uma aposta segura para uma Saída de Sábado simples e capaz de entreter toda a família. De facto, embora algo diferentes das suas 'versões' de alturas da viragem do Milénio, este tipo de eventos continua a ter, regularmente, lugar um pouco por todo o território nacional, permitindo aos mesmos homens e mulheres que os visitaram enquanto jovens proporcionar aos seus próprios filhos, familiares ou amigos mais novos uma experiência semelhante à que terão vivido quando eles próprios eram crianças, e manter viva a prática das vendas de artesanato de rua em fins-de-semana de sol.

06.04.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

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O Palácio da Pena, um dos mais emblemáticos palácios portugueses.

São inúmeros, espalhados um pouco por todo o País (embora com natural ênfase nas áreas metropolitanas), e local privilegiado para Saídas ao Sábado e visitas de estudo escolares, tanto nos anos 90 como na actualidade. Falamos, é claro, dos palácios (e restantes casas-museu) desde há décadas abertos ao público com o objectivo de apresentar um pouco de 'História viva'.

Decorados, normalmente, com mobília e apetrechos da época pré-moderna, que teriam sido utilizados pelos seus mais recentes residentes, este tipo de instalação permite perceber, em primeira mão, como teriam vivido os nobres portugueses daquele período, contextualizando-os assim dentro da História nacional. Mas se para a maioria dos visitantes adultos esse era, mesmo, o principal ponto de interesse, já para os mais novos, o grande apelo deste tipo de espaço estava nos jardins, normalmente também estilizados à moda do período clássico, e que permitiam 'descomprimir' após percorrer o interior da casa, fazer piqueniques, ou até 'perder-se' entre as sebes, propiciando um toque de diversão ao intervalo para descanso ou mesmo ao fim da visita. Em alguns destes locais, as visitas com a escola tinham, ainda, o atractivo adicional de contar com actores 'vestidos a rigor', que demonstravam alguns dos hábitos e ocupações dos nobres, como jogos tradicionais da época, tornando assim a experiência ainda mais memorável para os mais novos.

Como é evidente, a esmagadora maioria dos palácios e casas-museu nacionais continuam abertos ao público, e relativamente inalterados em termos de oferta ao público – ainda que, presumivelmente, fazendo maior uso das capacidades digitais entretanto desenvolvidas. Quem foi jovem em fins do século passado e não visitou um destes espaços desde então recordá-los-à, no entanto, tal como foram, e lembrará com nostalgia os bons momentos que ali passaram, fosse com a turma da escola ou com os pais e familiares, no âmbito de uma Saída ao Sábado de Primavera.

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