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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

10.04.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Apesar de as suas origens se encontrarem na banda desenhada britânica (é, aliás, piloto da Royal Air Force) o herói de guerra conhecido em Portugal como Major Alvega (de seu nome original Battler Britton, o que torna a sua nacionalidade ainda mais evidente) sempre gozou de enorme sucesso no nosso país, muito graças à sua publicação em revistas tão icónicas como 'Cavaleiro Andante' e 'O Falcão', além do seu título próprio; e apesar de a maioria das suas aventuras ter surgido no nosso país durante as décadas de 60 e 70, a última surgiu apenas em 1987, pelo que, uma década depois, o herói continuava a gozar de suficiente popularidade e memorabilidade entre a geração de jovens mais velhos para justificar a transição das páginas desenhadas para o grande ecrã, agora numa produção declaradamente nacional, sem qualquer envolvimento do seu suposto país de origem.

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Estreada há quase exactamente vinte e cinco anos (a 4 de Abril de 1998), 'Major Alvega' - a série - trazia Ricardo Carriço no papel do titular piloto da RAF, de seu nome completo Jaime Eduardo de Cook e Alvega, e contava no elenco secundário com alguns dos mais populares nomes da televisão, dos quais se destacavam Henrique Canto e Castro (conhecido dos jovens da época como a voz do Bocas) no papel do superior de Alvega, Sir Hugh Dowding, e nada mais nada menos do que o ícone jornalístico Fernando Pessa, no papel do narrador! Estes e outros nomes surgiam combinados com cenários animados, numa inovação técnica até então única na televisão portuguesa (àparte alguns usos muito simples e primitivos em 'sketches' humorísticos de Herman José, entre outros) e que ficou para a posteridade como principal ponto distintivo da série, que ficou, de outro modo, algo esquecida pela nostalgia dos portugueses da época.

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Exemplo da inusitada combinação de técnicas da série.

Ainda assim, por altura da sua exibição, o programa fez relativo sucesso - suficiente, pelo menos, para justificar uma segunda temporada, exibida já nos primeiros meses do Novo Milénio. E a verdade é que, apesar de não se tratar, de forma alguma, de um título de primeira linha no cômputo geral das séries televisivas de finais do século XX, esta adaptação televisiva de um idolatrado herói de décadas passadas merece, mesmo assim, a distinção de algumas linhas por alturas do seu vigésimo-quinto aniversário.

Montagem de cenas da primeira temporada da série.

27.02.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Em meados dos anos 90, Portugal não era, ainda, conhecido pela sua ficção televisiva; pouco mais de meia década depois, a TVI viria a alterar completamente o paradigma com as suas famosas telenovelas, mas – nos anos antes de 'Anjo Selvagem' ou 'Morangos com Açúcar' – o nosso País era, sobretudo, produtor de programas humorísticos e infantis, ficando bastante aquém da vizinha Espanha e de países como a França ou a Alemanha no que tocava à produção de ficção mais 'séria'. À medida que a década se aproximava do fim, no entanto, começaram a surgir, paulatinamente, tentativas de criar uma série dramática viável totalmente 'made in Portugal': 'Riscos', da RTP, deu o mote, em 1997, e no ano seguinte, seria a vez de a SIC 'arriscar a mão' em conteúdo deste tipo, através da adaptação de um formato espanhol.

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Nascia assim, há pouco mais de vinte e cinco anos (a 27 de Janeiro de 1998) a versão portuguesa de 'Médico de Família', três anos após a estreia do original espanhol, no qual se inspirava directamente. Produzida pela Endemol, nome maior de muitas das produções da estação de Queluz durante este período, a série (que se manteria no ar por cerca de dois anos e meio, até Agosto de 2000, e repetiria mais tarde na SIC Mulher) trazia Fernando Luís no papel do profissional de saúde em causa, Diogo, que se vê obrigado a balançar a vida profissional e pessoal – que, no caso, consiste dos habituais 'dramas' infanto-juvenis e adolescentes, motivados pelos filhos de Diogo, um dos quais vivido por Sara Norte, filha de Vítor, o André da 'Rua Sésamo'.

No entanto, a série almejava a ser mais do que apenas um 'dramalhão' com cenário médico, ao estilo 'Grey's Anatomy', focando também alguns aspectos ligados à medicina e aos problemas de saúde, de forma realista e sem condescendências nem exageros; de facto, talvez residisse aqui a sua maior virtude, aproximando o resultado final mais de um 'ER' dos primórdios (série, aliás, então em alta) do que do referido 'Grey's'. Tal como sucedia com 'Riscos', no entanto, a 'escola de telenovela' da maioria dos actores faz-se sentir em diversos momentos, sendo que, apesar do altíssimo nivel de representação por parte de actores entre o bom e o lendário, as actuações não deixam ainda assim de ser extremamente 'portuguesas' – um termo que terá, decerto, deixado uma imagem específica na mente dos nossos leitores.

Um excerto exemplificativo das actuações da série

Ainda assim, apesar dos defeitos, 'Médico de Família' não deixa de ser uma tentativa corajosa de fazer algo, até então, muito pouco tentado, e de resultados bastante díspares – merecendo, por isso, ser celebrada quando se completa um quarto de século sobre a sua estreia...

O genérico bem ao estilo 'sitcom dos anos 80' da série, que destoa um pouco do conteúdo sério da mesma.

 

13.02.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Hoje em dia, a chamada 'ficção nacional' é parte integrante da grelha televisiva dos canais portugueses, seja sob a forma das famosas telenovelas ou no registo mais sério e dramático de séries como 'Conta-me Como Foi'; até inícios do Novo Milénio, no entanto, a situação era diametralmente oposta, centrando-se a maioria da ficção televisiva portuguesa no géneros do humor em 'sketch', com digressões infrequentes para os campos da reconstituição histórica ou para conteúdos infanto-juvenis. Há pouco mais de vinte e cinco anos (em Outubro de 1997) a RTP quis, no entanto, mudar esse paradigma, através de uma série que, ainda que pouco lembrada hoje em dia, acabou por dar o mote para várias tendências durante as mais de duas décadas de televisão nacional que se seguiram.

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Falamos de 'Riscos', um programa que, à época, se destacou por ser pioneira no ramo da ficção serializada nacional dirigida especificamente a um público jovem – um 'nicho' que, nos Estados Unidos, era já uma forma de arte, e que já havia rendido um mega-sucesso 'falado em português', no caso a telenovela brasileira 'Malhação'. A 'versão portuguesa' deste conceito inseria-se, precisamente, entre as da América do Norte e do Sul, apresentando uma espécie de cruzamento entre a referida 'Malhação' e algo como 'Beverly Hills 90210', com as devidas adaptações à realidade portuguesa.

De facto, o conceito-base da série era praticamente idêntico ao dos exemplos supracitados - bem como de outras séries internacionais, como a britãnica 'Grange Hill' - propondo ao espectador 'entrar' na vida quotidiana de um grupo de estudantes do ensino secundário, no caso de um colégio privado, e acompanhar em 'tempo real' os seus variados dramas, que iam das habituais complicações amorosas (aqui, do casal Bruno e Mariana) a temas mais sérios, como as drogas. E se este parece um conceito familiar, é porque o é: a proposta de 'Riscos' é exactamente a mesma que, poucos anos mais tarde, granjearia mais de uma década de sucesso a uma aposta da 'concorrente' TVI – uma pequena produção independente, de que talvez já tenham ouvido falar, chamada 'Morangos com Açúcar'...

(Sim, quando dissemos no início deste 'post' que 'Riscos' abrira um precedente importante na produção televisiva nacional, tratava-se de mais do que uma força de expressão...)

A diferença entre a série da RTP e a perene telenovela juvenil da TVI (esta, sim, uma localização directa de 'Malhação') é, sobretudo, o menor enfoque no dramatismo barato, em favor de uma abordagem mais séria a assuntos relevantes para a vida dos jovens, não só do Portugal daquela época, mas da sociedade ocidental em geral, os quais eram tratados de forma directa, frontal e sem grandes 'mariquices', com a preciosa ajuda de um elenco que misturava 'veteranos' como Alexandra Lencastre e Diogo Infante com jovens actores da idade dos seus personagens, entre os quais se destacava Paula Neves, também ela a poucos anos de atingir a imortalidade 'noveleira' do 'outro lado da estrada', em Queluz.

Assim, e embora não tenha passado de uma única temporada (ao contrário do que sucedeu com os seus sucessores directos) é fácil perceber porque é que 'Riscos' é, hoje em dia, considerado um marco na História da televisão portuguesa, e da ficção nacional em particular – e porque era premente que corrigíssemos a nossa desatenção de Outubro passado, e celebrássemos devidamente os vinte e cinco anos da sua estreia.

Genérico e excerto da série.

17.01.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Grande parte do humor é intemporal. Apesar de a definição do que tem ou não piada tender a divergir de geração para geração e de cultura para cultura, há coisas que nunca deixam de ter graça – um jovem dos dias de hoje pode, por exemplo, derivar tanto prazer de um episódio de Mr. Bean ou Tom e Jerry como os seus pais ou avós quando eram da mesma idade. Assim, não é de estranhar que, de quando em vez, alguém decida recuperar um destes conceitos perpetuamente divertidos e apresentá-lo a todo um novo público, na esperança de que o legado desse material se perpetue ainda por mais uma geração.

Foi precisamente isso que a RTP fez quando, há pouco mais de um quarto de século, no Verão de 1996, decidiu recuperar a obra humorística de José de Oliveira Cosme, criada e transmitida na rádio sessenta anos antes, e adaptá-la para a televisão estatal de meados da década de 90. O resultado foi uma série que ainda hoje faz sorrir quem era da idade certa para lhe achar piada na altura, e que merece certamente ombrear com a obra de Herman José no panteão de séries humorísticas nacionais de finais do século XX.

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De facto, e apesar de expandir consideravelmente sobre o conceito original, a versão 'anos 90' de 'As Lições do Tonecas' não perde a sua essência, continuando a centrar-se na relação entre um aluno da instrução primária cábula, gozão e de 'inteligência saloia', embora de bom coração – o titular Tonecas – e o seu agastado professor, a quem a simples missão de leccionar uma aula com Tonecas na sala deixa sempre à beira de um ataque de nervos. Uma premissa simples, mas que já rendeu dividendos em obras como 'O Menino Nicolau', de Sempé e Goscinny, e que o torna a fazer aqui – mesmo que, na adaptação para televisão, o aluno tenha uma idade algo avançada (em várias décadas...) para ainda andar na instrução primária (se bem que, tratando-se de Tonecas, é perfeitamente possível que tenha simplesmente reprovado uma quantidade infinita de vezes...)

E por falar no aluno, é na interpretação de Luís Aleluia – e, diga-se de passagem, do seu coadjuvante, o 'professor' Morais e Castro – que está um dos grandes trunfos do 'Tonecas' televisivo. O comediante está em grande forma, soltando com gosto as suas piadas de humor brejeiro e, por vees, físico (muitas delas tiradas dos textos originais de Cosme, embora obviamente não todas), e exibindo grande química com o seu parceiro 'straight-man', que leva a muitos momentos divertidos; e, quanto mais não seja, Aleluia tem mérito por conseguir que o seu Tonecas obviamente adulto (mas sempre vestido como um típico 'puto' da escola) não seja, em nenhum momento, estranho ou perturbante – como o Chaves sul-americano, este era um 'miúdo graúdo' que a própria faixa etária alvo aceitava sem reservas, facto que ajuda, em parte, a explicar o enorme sucesso do programa.

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As interacções entre o Tonecas de Luís Aleluia e o professor de Morais e Castro estavam na base do sucesso da série

É claro que, sendo uma produção da RTP na década áurea da publicidade e 'marketing', o 'Tonecas' moderno não se mostra averso à expansão para lá do material original, nomeadamente no que toca a conceitos como os convidados especiais. De facto, embora a maioria dos episódios se desenrolassem apenas com os personagens principais e alguns alunos coadjuvantes (estes, verdadeiramente com idade para ainda andarem no ensino básico) surgiam de vez em quando algumas presenças externas para perturbar ainda mais as aulas; alguns destes eram apenas novos personagens representados por actores convidados (como a 'tia' Pureza Bucelas, de Ana Bola), mas outros apareciam a interpretar-se a si mesmos, como naquele episódio em que, sem razão aparente e sem qualquer pré-aviso ou antecipação, os Excesso entram pela sala de Tonecas adentro e se preparam para assistir à aula!

Um daqueles segmentos que definem a expressão 'ver para crer'

É claro que estes 'crossovers' se destinavam, pura e simplesmente, a publicitar os artistas e convidados em causa – não fossem os Excesso a sensação do momento da música portuguesa em 1997-98 – mas o facto é que a ousadia em arriscar este tipo de manobras, numa série que se pretendia fiel à obra de humor clássico que lhe estava na base, pode também ter tido um papel importante na longevidade de 'Tonecas', que se manteria no ar até praticamente ao fim do milénio, tornando-se presença assídua e constante nos televisores das crianças e jovens portuguesas da época.

Todos os truques publicitários do Mundo são em vão, no entanto, se o produto que tentam promover não tiver qualidade; felizmente, mesmo sem estas 'artimanhas', 'Tonecas' revelava-se uma série bem escrita – dentro dos seus parâmetros de humor simples e directo – magnificamente interpretada, e que, no cômputo geral, ainda se aguenta bem nos dias de hoje, mesmo depois das significativas mudanças sociais e culturais que um período de um quarto de século inevitavelmente acarreta. Um bom exemplo, pois, do tal humor intemporal de que se falava no início deste texto, e que tende a ser tão difícil de executar...

15.11.21

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

No que toca à animação, Portugal é um país com pouca tradição; como acontece em quase todos os outros sectores do meio audio-visual, os lusitanos são, sobretudo, consumidores de animação importada do estrangeiro, com particular ênfase nos Estados Unidos (claro), Inglaterra e Canadá.

No entanto, de tempos a tempos, um animador ou empresa de animação nacional consegue não só levar o seu produto adiante como expô-lo a um público mais alargado – e, nos anos 90, foi exactamente isso que aconteceu com a lisboeta Animanostra, responsável por não uma, mas duas das principais produções animadas nacionais durante aquela década e a seguinte. Do momento de maior fama da companhia, falaremos noutra ocasião – hoje, cabe recordar a série que lançou a Animanostra enquanto grande nome do meio dentro de portas, e se tornou uma das mais memoráveis produções animadas nacionais de sempre.

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'A Maravilhosa Expedição Às Ilhas Encantadas' pode não ter tido um título por aí além de apelativo, mas a sua combinação do ambiente directamente ligado à História e tradições portuguesas com um cuidado trabalho técnico (dentro das limitações vigentes) permitiram-lhe ultrapassar essa pecha, e conseguir sucesso suficiente entre o público-alvo para justificar a criação e exibição de uma segunda temporada, mesmo que desfasada no tempo em relação à primeira. Até porque desfasamentos temporais não eram, de todo, um conceito estranho para a equipa da Animanostra, que havia criado a série em 1992, mas só a veria ir ao ar quatro longos anos depois, no Natal de 1996.

Uma vez chegada à RTP, no entanto, 'A Maravilhosa Expedição...' conseguiria 'segurar' o seu lugar na grelha de programação da mesma durante praticamente um ano, tempo que a emissora estatal demorou a transmitir os oitenta episódios (cada um com cerca de cinco minutos) da série original. Findo esse período, a série facilmente encontraria outra casa, desta vez num canal privado, tendo a SIC sido a responsável tanto pela repetição da primeira temporada como pela exibição de vinte episódios inéditos, relativos à segunda - e tudo isto num ano (1998) em que a realização da Expo '98 havia colocado novamente em voga o tema dos Descobrimentos, sohre o qual o desenho animado versa. As aventuras de Simão, Oliveirinha, Libório, Dom Fuas e os restantes tripulantes do 'Destemido' chegavam assim, através do popular Buereré, a todo um novo contigente de crianças – além daquelas que já haviam acompanhado a primeira temporada, dois anos antes, e que teriam assim a oportunidade de acompanhar a continuação das referidas aventuras.

E a verdade é que valia mesmo a pena assistir às viagens da fictícia caravela portuguesa e dos seus carismáticos tripulantes; além da curta duração dos episódios, que fazia com que nunca chegasse a cansar, 'A Maravilhosa Expedição...' era uma série bem escrita, bem animada e bem sonorizada (o genérico era do melhor que por cá se fez durante aquela época), com um estilo muito próprio, e que pouco ficava a dever a muitas das séries produzidas no resto da Europa durante a mesma época - só faltava, mesmo, o orçamento e a publicidade de que dispunham as criações inglesas e norte-americanas. Esta afirma-se, pois, como uma série bem merecedora de ser revisitada ou descoberta, por quem não conhece e nunca viu – especialmente por ser um produto nacional num país onde estes não primavam (nem primam) pela abundância...

 

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