Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Na passada edição desta rubrica, falámos de 'Zás Trás', uma das muitas produções portuguesas da década de 90 a procurar emular o sucesso da icónica 'Rua Sésamo' com recurso a uma fórmula muito semelhante, centrada no 'edutenimento' veiculado através de segmentos que combinavam fantoches e marionetas com acção real. No entanto, de todas as referidas séries (e foram várias) apenas uma logrou aproximar-se da popularidade e notabilidade da original, ainda que ficando mesmo assim a uma certa distância: o 'Jardim da Celeste'.
Surgida pela primeira vez nos ecrãs portugueses algures em 1997, no bloco infantil da RTP1, a série produzida, tal como a antecessora, pela RTP centrava-se na titular Celeste, interpretada por Ana Brito e Cunha, uma educadora que viajava por todo o País numa carrinha mágica (embora não a da série homónima) acompanhada pelo seu cão, Sócrates, e interagia tanto com os fantoches seus 'alunos' como com crianças reais, exactamente como sucedia com as personagens humanas de 'Rua Sésamo'. A demografia-alvo era, também, claramente a mesma – crianças em idade pré-escolar – embora esta série não tivesse o 'apelo universal' da antecessora, sendo pouco provável que tenha conquistado muitos fãs fora desse espectro etário. Por comparação com a antecessora, 'Jardim da Celeste' tão pouco deu origem ao mesmo volume de 'merchandising' e produtos relacionados ou complementares (não chegaria, por exemplo, a haver uma revista alusiva a esta série) embora tenha chegado a ser editada em vídeo ainda durante a sua transmissão original.
Ainda assim, para quem foi criança no momento certo para dela desfrutar, tratou-se de uma série de qualidade e que terá, sem dúvida, deixado tão boas memórias quanto 'Rua Sésamo' criara aos (ligeiramente) mais velhos, enquanto a sua frequente repetição nos diversos canais da RTP a terá, sem dúvida, ajudado a encontrar novos fãs desde então. Razões mais que suficientes para lhe dedicarmos um espaço próprio neste nosso 'blog' dedicado a tudo o que de melhor teve a década de 90.
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NOTA: Este 'post' é respeitante a Segunda-feira, 9 de Setembro de 2024.
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Uma das principais características da maioria dos produtos audio-visuais dirigidos ao público jovem é a sua natureza cíclica, muitas vezes dependente de 'modas' ou 'febres' sobre as quais capitalizar como forma de garantir audiências, pelo menos a curto-prazo, antes de desaparecerem da consciência popular para sempre - ou, pelo menos, até serem 'repescados' por uma geração futura, como é agora o caso com 'Dragon Ball Z'. Em meio a esta ainda prevalente tendência, no entanto (e como contraponto à mesma) existem, igualmente, uma série de programas que, sem qualquer 'afiliação' específica e sem fazer uso de grandes 'alaridos', conseguem ainda assim assumir um carácter semi-perene, atravessando gerações com um grau de sucesso semelhante ou muito aproximado. Na televisão portuguesa dos anos 90, existiam vários exemplos flagrantes disso mesmo, com destaque para a imortal 'Rua Sésamo' (que, no seu curto tempo de vida, conseguiu marcar indelevelmente toda uma geração de crianças lusitanas), para as várias séries de 'Noddy' (que ainda hoje continua a ser alvo de novas adaptações televisivas) e para o programa que abordamos neste 'post', que poderia praticamente ser a ilustração do tipo de série em causa.
Surgido pela primeira vez nas páginas de um livro publicado em 1931, Babar, o Rei dos Elefantes, tem desde então sido uma daquelas personagens infantis que, sem ser a favorita de ninguém, não deixa ainda assim de ser instantaneamente reconhecível para qualquer criança ou jovem, graças à sua extensa série de livros de histórias e às várias adaptações televisivas de que foi alvo a partir de finais dos anos 60. E se essa primeira série nunca chegou a passar em Portugal, o mesmo não se pode dizer da segunda (e mais conhecida) tentativa de adaptar Babar ao pequeno ecrã, produzida em 1989 e estreada em terras lusas logo no ano seguinte, no dealbar dos anos 90.
Adaptando um formato muito semelhante ao dos livros originais, com cada episódio a ser conduzido por um narrador, a segunda série televisiva de Babar mantém-se por demais fiel à estética estabelecida nos mesmos, parecendo consistir de ilustrações em movimento e apresentando os tradicionais tons pastel para cenários e personagens. Os argumentos seguiam também na linha das aventuras originais idealizadas por Michel e Laurent de Brunhoff, centrando-se sobre situações do quotidiano do titular elefante e respectiva família, e demarcando-se do teor mais voltado para a acção da maioria das outras séries infanto-juvenis. Até mesmo o genérico seguia esta toada, com as suas suaves notas de piano e imagens de tranquilidade e conforto em família.
Aliada à estética de livro de histórias, esta escolha fazia com que a série fosse, sobretudo, popular entre o público de menor idade, tendendo os 'mais crescidos' a gravitar para séries mais dinâmicas, coloridas e movimentadas. Para os mais pequenos, no entanto, poucos programas havia na televisão daquela época com tanta qualidade e cuidado na execução como Babar, que se apresentava como uma das melhores opções da altura para a demografia em causa, a par das séries acima referidas ou de algo como o 'Urso Teddy', com quem Babar partilha algumas semelhanças.
Dado o sucesso inicial da série, tão-pouco é de espantar que a mesma tenha, poucos anos depois, sido 'repescada' pela SIC, que a exibia entre 1993 e 1994 e, mais tarde, alvo de nova dobragem, aquando do seu regresso à televisão estatal nacional, já no Novo Milénio, concretamente em 2007. Pelo meio ficava, ainda, uma nova série, exibida novamente pela 'Três' no ano 2000, e que trazia uma dobragem diferente de quaisquer das adoptadas para a sua antecessora. Para o 'registo' ficam, também, dois filmes, produzidos com dez anos de diferença e lançados no mercado de vídeo e DVD, tendo o primeiro (de 1989) chegado também a ser transmitido pela SIC. Prova cabal, como se tal fosse necessário, da popularidade de que o então septuagenário elefante ainda gozava entre o seu público-alvo.
Nos anos subsequentes, no entanto, a popularidade de Babar sofreu um significativo abalo, tendo o simpático rei dos elefantes sido ultrapassado por novos 'ídolos' animados, como Ruca, Dora a Exploradora ou a Patrulha Pata. Não seria de espantar, no entanto, se, num futuro próximo – quiçá por alturas do centenário da sua criação – o personagem criado em França regressasse com uma nova série, filme ou colecção de livros, pronto a conquistar os corações de ainda mais uma geração...
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Apesar de a maioria das memórias nostálgicas de qualquer geração, pelo menos ao nível da cultura 'pop' e 'mass media', se darem entre a idade de instrução primária e o final da adolescência, há também uma palavra a dizer relativamente a séries, livros ou mesmo músicas assimilados numa fase mais remota da infância, em que os gostos e personalidades se encontram ainda em processo de desenvolvimento. Embora, em regra e por definição, mais simples e lineares do que os conteúdos dirigidos a crianças mais velhas ou jovens adolescentes, estes programas não deixam ainda assim, quando bem produzidos e realizados, de 'cair no gosto' do público-alvo e se tornar, anos mais tarde, parte integrante das suas recordações de infância. A geração 'millennial' não foi excepção neste respeito, tendo os jovens nascidos nos anos 80, em especial, tido acesso a uma vasta panóplia de excelentes séries pré-escolares, da incontornável e icónica 'Rua Sésamo' aos divisivos 'Teletubbies', 'Bananas em Pijamas', 'Castelo da Eureeka', duas iterações diferentes de 'Noddy' ou ainda o programa de que falamos esta Segunda-feira, que, ainda que hoje um pouco esquecido, animou os inícios de noite de grande parte de uma geração.
O título e personagem principal da série.
Falamos de 'O Urso Teddy', uma produção polaca em animação 'stop-motion' de meados dos anos 80 e que segue as aventuras quotidianas do personagem principal, um simpático urso com uma personalidade muito próxima da do seu público-alvo – inocente e amistoso, mas também ocasionalmente algo irascível – que terminava cada um dos mais de cem curtos episódios produzidos com uma canção de boa-noite, entoada enquanto o próprio Teddy se deitava e concluída, invariavelmente, com o apagar da luz em antecipação do sono. Terá, aliás, sido esta característica, aliada à natureza gentil e bucólica das peripécias de Teddy e seus amigos (relatadas por um único narrador externo que fazia todas as vozes, quase como se se tratasse de um pai a ler uma história a uma criança) que terá motivado a RTP a colocar a série, numa das suas inúmeras repetições, há exactos trinta anos, não nos blocos de animação das manhãs, como seria de esperar, mas próxima da lendária canção do Vitinho, a que servia quase como complemento na 'missão' de enviar os mais pequenos para a cama. As exibições anteriores, no entanto – e também a seguinte, e última, em 1995 – dar-se-iam no contexto esperado, tornando incongruente o 'boa noite' com que Teddy se despedia no final de episódios exibidos às oito e meia...da manhã!
De realçar, também, que esta última série contava já, além dos episódios sobejamente repetidos e conhecidos da juventude portuguesa, com novas aventuras de Teddy e companhia, agora narrados por Jorge Sequerra, que substituía o original e clássico António Montez, e seguia aproximadamente a mesma linha em termos de desempenho vocal. Assim, e como consequência da longevidade da série, haverá hoje portugueses da mesma geração com nostalgia tanto pelo Teddy de Montez como pelo de Sequerra! Fosse quem fosse o narrador, no entanto, as aventuras do urso Teddy terão formado parte integrante da infância remota da maioria dos portugueses de uma certa idade, os quais, ao lerem este post, já terão decerto na cabeça a icónica canção que introduzia e concluía cada episódio. 'Meus meninos...ó-ó...'
Excerto e episódio completo da primeira versão da série, ainda com a icónica canção no original polaco.
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Os 'animes' baseados em obras clássicas da literatura mundial eram, nos anos 80 e 90, um filão bastante rico e rentável para as companhias de animação japonesas, sobretudo por servirem de 'porta de entrada' do estilo num mercado ocidental muito mais disposto a receber e acolher algo familiar e 'conhecido' do que uma qualquer 'bizarrice' com superpoderes, mundos futuristas, armas 'laser' e naves espaciais.
Assim, não foi de surpreender que, num espaço de menos de vinte anos, a televisão portuguesa tenha exibido duas mãos-cheias de programas deste tipo (normalmente com as versões francesa ou italiana como base) entre os clássicos 'Heidi', 'Marco', 'Nils Holgersson' e 'Tom Sawyer', ainda na década de 80, e a segunda leva de exemplos na década seguinte, de alguns dos quais já aqui falámos. Ainda antes de a trilogia da TVI ('Zorro', 'Cinderela' e 'Robin dos Bosques') ter reavivado o interesse neste tipo de sub-produto da animação japonesa, no entanto, já a SIC tinha deixado, ela própria, a sua marca dentro do estilo, com a exibição, logo nos seu primeiros meses de vida, do 'anime' baseado n''O Livro da Selva', de Rudyard Kipling.
Originalmente produzido três anos antes, no habitual esquema de co-produção com cadeias italianas que também daria vida às séries acima citadas, 'Jungle Book: Shonen Mowgli' segue uma estrutura narrativa algures entre a duologia de livros original e a versão altamente simplificada produzida pelos estúdios Disney nos anos 60, com natural ênfase nesta última. Trata-se, pois, da bem conhecida história do menino indiano criado por lobos, instruído por um urso e uma pantera-negra, e activamente caçado por um vingativo tigre, do qual os animais seus amigos o devem proteger – uma narrativa que joga, precisamente, com o factor de familiaridade que quase garantia o sucesso de uma animação junto do público ocidental. Sim Mowgli, Bagheera, Baloo, Shere Khan e Akela surgem, aqui, com os traços dinâmicos e 'olhos grandes' típicos da animação japonesa, mas no restante, a série oferece precisamente o esperado, tornando-a aposta segura para quem apenas quer passar meia hora diária na companhia de personagens familiares e bem amados.
Ainda assim, aquando da sua exibição em Portugal – em versão dobrada, algures em 1992 – a série passou algo despercebida, o que não deixa de ser estranho, considerando o sucesso de que os referidos 'Heidi', 'Marco' e 'Tom Sawyer' haviam gozado meia década antes, e que os 'animes' da TVI viriam também a almejar, meia década depois. Entre estas duas 'levas' de adaptações animadas de clássicos da literatura, este 'Livro da Selva' em 'versão japonesa' acabou por se encontrar algo isolado, o que - em conjunção com o facto de a SIC ser, ainda, uma emissora embrionária, com pouca expressão e ainda em busca da sua audiência quando transmitiu a série - poderá ter contribuído para que não seja, hoje em dia, tão lembrado quanto os seus congéneres. Ainda assim, e tendo já abordado a maioria dos ditos-cujos, não poderíamos deixar passar em branco as aventuras de Mowgli, o menino-lobo, que não deixarão, decerto, de ter marcado as manhãs ou tardes livres de muitas crianças portuguesas da época – ainda que, deste lado, não tenha sido o caso...
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Os anos 80 e 90 representaram o grande 'boom' da então chamada 'Japanimação' (hoje designada pelo seu nome correcto, 'anime') no nosso País. Apesar de o estilo em causa vir já sendo desenvolvido desde a década de 60, foi apenas já em finais do século XX que o mesmo almejou atravessar o Oceano e surgir pela primeira vez nas televisões lusas, através de séries tão icónicas quanto 'Fábulas da Floresta Verde', 'Cavaleiros do Zodíaco', 'Esquadrão Águia', 'Capitão Falcão' ou 'Tom Sawyer', além de co-produções japonesas com estúdios europeus, como 'As Aventuras do Bocas' ou 'O Panda Tao-Tao'. A calorosa recepção a estas primeiras investidas abriu, claro, caminho a muitas outras, e antes do final do Segundo Milénio, as crianças e jovens nacionais já consideravam o 'anime' parte do seu quotidiano, com programas como 'Navegantes da Lua', 'Samurai X' ou astrêspartes da saga 'Dragon Ball' a atingirem níveis de sucesso até então pouco habituais em Portugal.
Entre estas duas vagas, no entanto, situou-se um período em que a animação japonesa surgiu nas televisões portuguesas, sobretudo, 'dissimulada' sob a 'capa' de produções europeias e americanas; no entanto, até mesmo esses anos viram alguns 'desenhos japoneses' penetrar as grelhas dos quatro canais nacionais. Neste grupo, por entre 'As Histórias Mais Bonitas' e 'Noeli', surgia uma série de curtos episódios (com apenas cerca de dez minutos) sobre um estranho ente de outra dimensão que, qual Mary Poppins extraterrestre, descia dos céus com o seu guarda-chuva mágico para mudar a vida de um rapazinho sortudo.
Não, não se trata de 'Doraemon'; o gato cósmico estava ainda a quase uma década de encantar toda uma geração de crianças e jovens através da icónica dobragem espanhola do Canal Panda. A série de que falamos é mais recente (foi criada em finais dos anos 80, enquanto que 'Doraemon' remonta a meados da década anterior) mas, paradoxalmente, mais antiga para o público infanto-juvenil lusitano, que a conheceu há quase exactos trinta anos, quando foi transmitida na RTP em versão dobrada.
Falamos de 'Parasol Henbee', conhecido em Portugal pelo nome de 'Henbei', e cujas semelhanças com 'Doraemon' são tudo menos fortuitas, já que ambos os desenhos animados têm o mesmo criador – Motoo Abiko, ou 'Fujiko Fujio A', um dos membros da dupla de animadores Fujiko Fujio. Não fora esse elo de ligação e as assustadoras semelhanças entre ambas as séries podiam ser tomadas por plágio – as premissas de ambas são practicamente idênticas, o mesmo se passando com as duplas de protagonistas e situações vividas pelos mesmos; assim sendo, trata-se apenas de uma tentativa de replicar uma fórmula vencedora, que – apesar de menos memorável do que a série-base que lhe serve de inspiração – acaba por ser bem-sucedida, representando um 'prato cheio' para fãs de Doraemon, ou de séries ocidentais com conceitos semelhantes, como 'Ursinhos Carinhosos'.
E apesar de não ter 'pegado de estaca' como sucedeu com 'Doraemon', que forma parte importante da nostalgia de toda uma geração de jovens telespectadores portugueses, 'Henbei' é, ainda assim, recordado pela faixa ligeiramente mais velha de 'millennials' nacionais – quanto mais não seja, pelo seu épico tema de abertura, uma daquelas canções que merecia o mesmo nível de fama de 'Digimon', 'Dragon Ball' ou 'Tom Sawyer', mas que teve o 'azar' de fazer parte de uma série significativamente menos conhecida.
Quem conhece, já está a cantar...
Ainda assim, quanto mais não seja por esse elemento extremamente bem-sucedido, vale a pena recordar o 'parente pobre' de 'Doraemon' – e primeira experiência com animação japonesa para muitas crianças portuguesas – numa altura em que se assinalam trinta anos sobre a sua exibição única na televisão estatal nacional.
NOTA: Este post é respeitante a Segunda-feira, 28 de Agosto de 2023.
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Estava-se nos primeiros anos da década de 60 quando um produtor musical norte-americano tinha a genial ideia de gravar cantores a interpretar canções de forma deliberadamente lenta e, utilizando técnicas de aceleração, alterar as suas vozes para que ficassem com um timbre exageradamente alto, quase 'cartoonesco'. Para combinar com esta voz 'de hélio', o mesmo produtor criaria, então, três personagens animados: esquilos antropomórficos e falantes, adoptados por um músico, e subsequentemente transformados em grupo vocal. Nascia, nesse instante, um fenómeno que poucos preveriam vir a perdurar durante as seis décadas seguintes, mas que continua até hoje a fazer as delícias da criançada, bastando para isso atentar no desenho animado CGI actualmente disponível no Netflix e Nickelodeon, já a terceira a contar com os personagens em causa.
Falamos, é claro, dos Esquilos (actualmente designados como Alvin e os Esquilos) o grupo virtual criado por Ross Bagdasarian (também conhecido como Dave Seville, o 'pai' adoptivo dos três rapazes) e que foi muito além do seu estatuto como 'one-hit wonder' vagamente piadético, tendo chegado a ganhar dois Grammys (!) e tido direito, desde a sua criação, a uma série de banda desenhada, quatro (!!) filmes de acção real, um sem-fim de 'merchandising' e, claro, as referidas séries animadas, das quais a mais famosa (em Portugal e não só) é a segunda, produzida em 1983 e exibida no nosso País em duas ocasiões na década seguinte.
Responsável pela criação e apresentação das Esquiletes (as namoradas dos personagens, que, como não podia deixar de ser, são versões femininas exactas dos mesmos) a série não deixa, no entanto, que as novas personagens ofusquem os três protagonistas principais; de facto, o foco continua declaradamente sobre Alvin (o travesso e teimoso Esquilo de boné e t-shirt vermelha), Simon (o Esquilo 'marrão' e atinado, oposto do irmão, e que veste de azul) e Theodore (o 'gordinho' sensível, tímido e comilão, cuja cor é o verde) e na sua relação por vezes difícil, mas sempre bem-intencionada, com o pai adoptivo humano. As histórias, essas, giram em torno dos habituais assuntos da vida quotidiana, pertinentes para o público-alvo, como as relações interpessoais ou as emoções próprias, intercalados com o aspecto mais 'show-business' da vida das três 'crianças', e uma ou outra aventura mais mirabolante. O resultado é um programa bem animado, bem conseguido a nível global, e que possui a característica mais importante para se destacar no mercado televisivo infanto-juvenil dos anos 90: um genérico de abertura daqueles instantaneamente reconhecíveis e entusiasmantes, que é já 'meio caminho andado' para o sucesso.
A segunda versão da abertura, quase uma transcrição literal do original.
E sucesso foi coisa que não faltou a esta série, que foi transmitida um pouco por todo o Mundo, incluindo (conforme acima referido) por duas vezes em Portugal, em ambos os 'extremos' da década de 90: primeiro logo a abrir a mesma, na RTP (então Canal 1) e com os nomes dos personagens 'aportuguesados', e mais tarde no Batatoon da TVI, em 1999, com nova dobragem a cargo da Nacional Filmes, e mais fiel ao original. Tal como 'Dennis o Pimentinha', esta foi, portanto, daquelas séries que tiveram a oportunidade de captar duas gerações de público-alvo totalmente distintas, e de as cativar a seguir as aventuras daquela pequena e invulgar família.
Tal como também já vimos acima, este desenho animado esteve longe de ditar o fim da popularidade dos Esquilos, que renovariam ainda a audiência por mais duas vezes ao longo das três décadas seguintes, primeiro através dos filmes e, mais tarde, do actual desenho animado. Nada mal para uma 'ideia parva' tida por um descendente de Arménios de Fresno, Califórnia em meados do século passado...
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Quem já nasceu na década de 90, sobretudo a partir de meados da mesma, certamente terá a mesma reacção à expressão 'Abram alas para o Noddy!' que os 'bebés' da década anterior têm ao genérico da 'Rua Sésamo' – nomeadamente, começar de imediato a cantar o tema de abertura da referida série, numa daquelas vagas de nostalgia que só as propriedades mais adoradas da infância e adolescência conseguem proporcionar.
De facto, para quem já não conviveu com Poupas, Ferrão e os restantes amigos, Noddy foi – a par dos Teletubbies e quiçá do Ruca – A personagem de infância por excelência, companheiro de muitos momentos bem passados em frente à televisão em inícios do século XXI. O que muitos dos espectadores devotos dessa série talvez não tenham sabido é que a mesma era já a segunda incursão do boneco de madeira criado por Enid Blyton nas ondas televisivas, não só nacionais como mundiais – a verdadeira estreia de Noddy e dos restantes habitantes da Terra dos Brinquedos dera-se mais de meia década antes, com a bem menos famosa série auto-intitulada do personagem, produzida pela Cosgrove Hall entre 1992 e 1994 e exibida na 'culta e adulta' RTP2 um par de anos depois.
Genérico da série original.
Originalmente intitulada 'Noddy´s Toyland Adventures', esta série tem uma premissa muito semelhante à da sua mais 'ilustre' sucessora, seguindo a cada episódio as aventuras de Noddy e do seu inseparável amigo Orelhas Grandes, um gnomo de jardim, enquanto os dois viajam pela Terra dos Brinquedos no icónico carro amarelo de Noddy (imortalizado no genérico português da série de 2002) procurando resolver os problemas corriqueiros dos seus habitantes, ou aqueles que eles próprios causam com a sua ingenuidade e propensão para acidentes. O tom geral, tal como sucede com os livros, é um 'slice of life' ligeiro e 'fofinho', mas não totalmente inofensivo, perfeitamente adequado ao público-alvo de crianças em idade pré-escolar e primária.
A razão para esta primeira série de Noddy ser bastante menos conhecida ou popular que a sua sucessora é, assim, pouco clara, podendo potencialmente prender-se com o maior e melhor volume de séries e programas infanto-juvenis transmitidos em Portugal em meados dos 90, por comparação com o início do Novo Milénio; seja qual for o motivo, no entanto, ambos os programas (bem como a 'tri-quela' 'A Loja do Noddy') são bem merecedores de serem apresentados a uma nova geração falha de conteúdos infantis de qualidade e, certamente, pronta a acolher de 'braços abertos' o 'palhacito' Noddy e os seus amigos brinquedos.
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Há quem ainda tenha pesadelos com eles. Há quem ainda os use como 'pano de fundo' para experiências com substãncias ilícitas, à falta de 'Dark Side of the Moon' ou d''O Feiticeiro de Oz'. E há, claro, quem os tenha como simples memória nostálgica da infância remota, uma espécie de substituto da 'Rua Sésamo' para quem teve o 'azar' de já ter nascido após o ocaso desse marco da televisão portuguesa. De quem falamos? De quatro extra-terrestes multi-coloridos, de vocabulário rudimentar, oriundos de um planeta perpetuamente soalheiro e pacífico, onde as disputas mais acirradas versam sobre simples mal-entendidos e outros sobressaltos da vida quotidiana, e que 'aterraram' na televisão portuguesa há quase exactamente vinte e cinco anos, para não mais deixar nenhum 'puto' português indiferente.
De facto, consoante a faixa etária, os protagonistas homónimos da série educativa infantil 'Teletubbies' suscitavam reacções de amor, ódio, escárnio ou perplexidade, ajudando o programa a que davam a cara a atingir um estatuto quase instantaneamente lendário. Mesmo hoje, um quarto de século após a estreia na SIC do primeiro episódio, a 9 de Maio de 1998, a mera menção dos nomes de Tinky Winky, Dipsy, Laa Laa e Po, bem como da série propriamente dita, é capaz de provocar em adultos responsáveis reacções extremas de hilaridade ou embaraço. E porque deixámos passar em branco a verdadeira data do seu vigésimo-quinto aniversário (quando preferimos falar do Inspector Engenhocas) corrigimos agora, cerca de um mês e meio depois, esse erro, dedicando algumas linhas a uma série que suscitou milhares delas ao longo das últimas duas décadas e meia.
Isto porque, além do aspecto algo perturbante dos quatro protagonistas, que caía no chamado 'vale assombroso' ('uncanny valley'), 'Teletubbies' esteve, praticamente desde a sua origem, envolto em controvérsias das mais diversas índoles, de acusações de 'estupidificação' do público-alvo (com os seus argumentos simplistas, a narração redundante e condescendente e o vocabulário ao 'estilo Pokémon' dos personagens principais) até insinuações de que Po, o Teletubby roxo, seria LGBTQ+, dado o símbolo geométrico que ostentava na cabeça. Tudo isto apenas serviu, claro, para despertar ainda mais interesse em 'Teletubbies' por parte de demografias que não a do público-alvo, tornando o programa uma espécie de 'versão oposta' da referida 'Rua Sésamo' – se, dessa, pouca gente tinha (ou tem) algo mau a dizer, com 'Teletubbies' passava-se precisamente o oposto.
Os argumentos demasiado simplistas da série davam azo a críticas.
E se à distância de vinte e cinco anos no futuro estas críticas e controvérsias em torno de um programa para crianças em idade pré-escolar podem parecer algo caricatas, a verdade é que a série da BBC (que, em Portugal, viu serem substituídas algumas cenas com actores reais por outras gravadas em exclusivo no nosso País) está longe de representar os habituais padrões de qualidade da emissora, pautando-se pela repetitividade (não são poucas as vezes em que um dos Teletubbies repete palavra a palavra o que o narrador acabou de dizer) e pelo cariz aborrecido, incapaz de prender a atenção de quem já tenha idade para frequentar a escola, e muito menos de quem tenha atingido os dois dígitos na idade. Mais uma vez, trata-se de um marcado contraste com 'Rua Sésamo' (e até com séries mais contemporâneas, como 'Noddy', de que em tempo aqui falaremos) que apenas deixa a nu as fraquezas de 'Teletubbies'. Basta, aliás, comparar os genéricos de qualquer das séries referidas anteriormente com o desta para perceber que não existe qualquer semelhança entre os mesmos - ainda que o do programa aqui analisado tenha, indubitavelmente, enorme potencial 'memético', o qual foi explorado em pleno pela juventude portuguesa antes mesmo de esse termo existir.
Quem nunca 'avacalhou' com a canção dos Teletubbies e respectiva dança, que se acuse...
Ainda assim, 'Teletubbies' chegou a encontrar o seu público entre os (muito) mais pequenos daquela época, que adquiriam as inevitáveis cassettes de vídeo e DVDs e o 'merchandise' oficial e pirata da série sem qualquer sentido de ironia; aliás, a par de 'Neco – A Minha Família É Uma Animação' e do inevitável e incontornável 'Dragon Ball Z', este foi dos programas que maiores volumes de produtos não-oficiais suscitou.
Um dos muitos artigos piratas inspirados na série - aqui, com a criação acidental de um novo Teletubby, de cor verde e com uma antena de telefone como símbolo.
É com essa demografia em mente – mais do que aquela para quem 'Teletubbies' era (foi) pouco mais do que um objecto de escárnio, daqueles que se 'botam abaixo' no pátio da escola ou entre amigos – que aqui deixamos esta breve recordação de uma série tudo menos consensual, que, há vinte e cinco anos, dividia o Portugal 'dos pequeninos' em dois campos distintos (o do amor e o do ódio) de uma forma que muito poucos dos seus antecessores haviam, até então, conseguido; prova de que, desinteressante como era, o programa conseguia, pelo menos, fazer-se notar, ainda que junto das demografias erradas...
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Todas as gerações nascidas ou crescidas após o advento da televisão têm os seus programas míticos, religiosamente seguidas por toda uma demografia, pelo menos até a mesma se tornar demasiado madura para os referidos conteúdos. A geração crescida em Portugal em finais do século XX não é, de todo, excepção a esta regra, sendo longa e evidente a lista de séries e programas que se inserem nesta categoria, da 'Rua Sésamo' às 'Tartarugas Ninja' e 'Moto-Ratos de Marte', de 'Power Rangers' a 'Pokémon', das 'Navegantes da Lua' ao 'Samurai X' e de 'Dartacão' a 'Inspector Gadget' ou ao inevitável 'Dragon Ball Z', talvez o programa mais consensual e agregador entre a juventude lusa da altura.
No entanto, a par destes ícones da memória nostálgica, as décadas de 80, 90 e 2000 foram, também, pródigas em séries mais 'de culto', saudosamente lembradas por quem a elas assistiu, mas não necessariamente tão omnipresentes na cultura popular infanto-juvenil da época como os nomes supracitados. Fazem parte desta categoria programas como 'As Aventuras do Bocas', 'Artur', 'Os Cavaleiros do Zodíaco', 'Esquadrão Águia', 'Alvin e os Esquilos', 'A Carrinha Mágica' e a série abordada neste post, apenas recentemente recuperada do esquecimento por quem dela tem gratas memórias.
Falamos de 'O Panda Tao-Tao', ou apenas 'Tao-Tao', uma produção nipo-germânica (apesar de ambientada na China, e relativa á cultura daquele país) sem grandes pretensões à imortalidade, mas produzida com evidente cuidado (tanto a nível da escrita como da animação) e que, como tal, se afirmou, enquanto esteve no ar, como um dos programas infantis de maior qualidade na grelha de programação da RTP de finais da década de 80 e inícios da seguinte.
Com as florestas de bambu da China como pano de fundo, a série propõe uma premissa tão simples quanto cativante: cada episódio começa com o personagem titular e os seus amigos (com destaque para o irrequieto e irreverente macaco Kiki) a encontrarem, no decurso das suas brincadeiras diárias, algum tipo de problema ou catalista, prontamente aproveitado pela Mãe Panda, progenitora de Tao-Tao, como pretexto para partilhar a história da semana, cujos protagonistas são, invariavelmente, animais antropomorfizados - ou não fosse o sub-título da série 'Histórias de Animais de Todo o Mundo' – e que tem, normalmente, como lição de moral algo relacionado ao problema encontrado pelas crias. No final, com o problema ou objecto de controvérsia sanado, todos voltam à brincadeira anterior – pelo menos até ao episódio seguinte, em que o ciclo recomeça.
Tao-Tao e o inseparável amigo Kiki
Esta abordagem nem totalmente lúdica nem totalmente educativa é, aliás, um dos pontos fortes de 'Tao-Tao'. Apesar de o foco de cada episódio ser declaradamente a história narrada pela Mãe Panda (normalmente retirada ou baseada no folclore das mais diversas partes do Mundo) a moldura narrativa não é, em momento algum descurada; pelo contrário, Tao-Tao, Kiki e a Mãe Panda são personagens por demais memoráveis (com todo o mérito para a dobragem, uma das primeiras a ficar a cargo da própria RTP), que incentivam à reentrada no seu 'mundo', ainda que apenas por breves instantes antes e após a história central – uma característica extremamente importante em programas desta índole, e que 'Tao-Tao' partilha, por exemplo, com a supracitada 'Rua Sésamo'. O genérico absolutamente épico e totalmente inesquecível é, assim, apenas a cereja no topo daquele que é já, só por si, um 'bolo' de alta qualidade, e que merecia ser mais conhecido e lembrado no âmbito da programação infantil daquele tempo.
Quem sabe, sabe.
A razão para o estatuto de culto desta série junto da demografia 'Millennial' é, aliás, um caso de estudo, já que 'Tao-Tao' gozou de exposição não só à época da sua transmissão (tendo, aliás, sido exibida três vezes distintas entre 1988 e 1990) mas também em anos subsequentes, quando a inevitável Prisvídeo 'desenterrou do baú' os episódios e os lançou no não menos inevitável formato VHS de 'banca de jornal', colados às icónicas cartolinas e com reproduções 'mais ou menos' fiéis dos personagens nas capas.
Capa de um dos VHS da Prisvídeo.
Previsivelmente, no entanto, essa edição apenas interessou mesmo a quem já convivera com Tao-Tao, Kiki e a Mãe Panda alguns anos antes, tendo a demografia então na idade certa passado totalmente 'ao lado' de uma série cujo conceito diferia bastante da habitual acção e aventura, podendo estar precisamente aí a razão para não ser mais conhecida. Uma pena, já que, conforme referimos, se trata de um dos melhores programas infantis da televisão portuguesa de finais dos anos 80 e inícios dos 90.
NOTA: Este 'post' é correspondente a Segunda-feira, 27 de Março de 2023.
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Apesar de ser a fonte de muita da iconografia mais apelativa para o público mais jovem, como flores e passarinhos, a Primavera encontra-se, ainda assim, sub-representada no campo da animação; apesar de muitos desenhos animados adoptarem a estética de campos verdejantes e paisagens idílicas, apenas um número muito reduzido se dá ao trabalho de localizar a acção especificamente nesta estação. No entanto, os anos 80 e a primeira metade da década seguinte viram, talvez, o maior influxo de produtividade neste capítulo em particular, pelo que – numa altura em que se celebra a chegada da estação das flores – nada melhor do que recordar algumas das mais marcantes.
E nada mais certo do que começar por aquela que foi uma das séries mais acarinhadas por uma dada geração de portugueses, que a chegou a ver três vezes no espaço de uma década, tendo a mesma ido ao ar originalmente em 1985, na RTP1, e repetido depois em 1988, novamente na '1', e 1994, no bloco 'Um-Dó-Li-Tá', na RTP2. Falamos de 'Fábulas da Floresta Verde', um daqueles 'animes' da fase clássica da indústria (é, originalmente, de 1973) cujo nome não deixa grande lugar a dúvidas quanto ao seu tema; mais curioso é perceber que a série tem como base uma série de contos escritos pelo mesmo autor das populares histórias de 'Pedro Coelho' (Peter Rabbit), que chegaram a inspirar dois filmes de acção real, já no Novo Milénio.
Com temática e estilo semelhantes aos também mega-populares 'Bana e Flapi', trata-se, no entanto, de uma série distinta, que segue as aventuras de duas marmotas, Rocky e Polly, no seu dia-a-dia na Floresta do título, com tudo o que isso implica – incluindo ataques por parte de predadores bastante realistas, como raposas, doninhas e, claro, seres humanos. Com um genérico memorável e uma atitude despretensiosa, é fácil de perceber o porquê de esta série ter sido grande favorita entre as crianças da época.
Outra série que focava especificamente a Primavera era 'As Ervilhinhas de Poddington', uma série britânica que seguia o então popular 'formato Estrumpfes' e o adaptava quase directamente a outro meio – neste caso, uma plantação de ervilhas, habitada por todos os habituais estereótipos, incluindo uma única personagem feminina (denominada Ervilha de Cheiro e que, claro, é loira, ao melhor estilo Estrumpfina.) Com apenas treze episódios, a série destacou-se, aquando da sua passagem por Portugal – em 1992, na RTP1 - sobretudo pelo contagiante genérico, sendo, de resto, apenas mais uma série infantil dentro da média da época em que foi criada.
O contagiante genérico da série
Por último, mas não menos merecedora de destaque, vem a série 'A Família Silvestre', transmitida pela RTP e baseada na linha de brinquedos do mesmo nome lançada pela Tomy em finais dos anos 80, e que, em Portugal, era distribuída pela inevitável Concentra. Curiosamente, o conceito do desenho animado pouco tinha a ver com a linha original, adoptando um formato mais próximo ao dos populares 'Ursinhos Carinhosos', em que a titular Família Silvestre e restantes habitantes da floresta mágica, que o ajudam a resolver o seu problema enquanto tentam derrotar os vilões de serviço. Pela sinopse, já deu para ver que se trata, apenas e tão-sómente, de 'mais uma' série destinada a promover uma linha de brinquedos, sem nada que a distinga de congéneres mais famosas como os referidos 'Ursinhos Carinhosos' ou ainda os Pequenos Póneis.
É pena, pois, que a estação que tantas crianças fascinou e inspirou ao longo das gerações não tenha ainda tido um representante condigno no mundo da animação; ainda assim, vale a pena recordar os poucos exemplos de séries da 'era de Ouro' que faziam uso da estação nas suas tramas, ou simplesmente no Mundo que criavam.