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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

07.10.24

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Na passada edição desta rubrica, falámos de 'Zás Trás', uma das muitas produções portuguesas da década de 90 a procurar emular o sucesso da icónica 'Rua Sésamo' com recurso a uma fórmula muito semelhante, centrada no 'edutenimento' veiculado através de segmentos que combinavam fantoches e marionetas com acção real. No entanto, de todas as referidas séries (e foram várias) apenas uma logrou aproximar-se da popularidade e notabilidade da original, ainda que ficando mesmo assim a uma certa distância: o 'Jardim da Celeste'.

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Surgida pela primeira vez nos ecrãs portugueses algures em 1997, no bloco infantil da RTP1, a série produzida, tal como a antecessora, pela RTP centrava-se na titular Celeste, interpretada por Ana Brito e Cunha, uma educadora que viajava por todo o País numa carrinha mágica (embora não a da série homónima) acompanhada pelo seu cão, Sócrates, e interagia tanto com os fantoches seus 'alunos' como com crianças reais, exactamente como sucedia com as personagens humanas de 'Rua Sésamo'. A demografia-alvo era, também, claramente a mesma – crianças em idade pré-escolar – embora esta série não tivesse o 'apelo universal' da antecessora, sendo pouco provável que tenha conquistado muitos fãs fora desse espectro etário. Por comparação com a antecessora, 'Jardim da Celeste' tão pouco deu origem ao mesmo volume de 'merchandising' e produtos relacionados ou complementares (não chegaria, por exemplo, a haver uma revista alusiva a esta série) embora tenha chegado a ser editada em vídeo ainda durante a sua transmissão original.

Ainda assim, para quem foi criança no momento certo para dela desfrutar, tratou-se de uma série de qualidade e que terá, sem dúvida, deixado tão boas memórias quanto 'Rua Sésamo' criara aos (ligeiramente) mais velhos, enquanto a sua frequente repetição nos diversos canais da RTP a terá, sem dúvida, ajudado a encontrar novos fãs desde então. Razões mais que suficientes para lhe dedicarmos um espaço próprio neste nosso 'blog' dedicado a tudo o que de melhor teve a década de 90.

23.09.24

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Uma análise, mesmo que superficial, à televisão infanto-juvenil portuguesa de inícios dos anos 90 revela uma 'era de ouro' não só no tocante à importação de materiais estrangeiros de grande qualidade (vários dos quais já aqui abordámos) mas mesmo à própria produção nacional, a qual se 'aventurava' com enorme sucesso por uma série de formatos, que iam de programas como 'A Hora do Lecas', 'Os Segredos do Mimix', 'Clube Disney' ou 'Oh! Hanna-Barbera' a concursos como 'Arca de Noé', 'Tal Pai, Tal Filho' e 'Vitaminas', vídeos musicais como os do Vitinho e, claro, séries, com a icónica 'Rua Sésamo' à cabeça. Poupas, Ferrão e companhia não eram, no entanto, os únicos personagens cem por cento nacionais a procurar conquistar o coração das crianças da época – a RTP da era pré-concorrência privada (ou seja, monopolista do tempo de antena) abria também espaço para conteúdos como 'A Maravilhosa Viagem Às Ilhas Encantadas', 'Histórias de Corpo Inteiro', ou a série que abordamos nesta Segunda, 'Zás Trás'.

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Da autoria de Isabel Cerqueira e Teresa Messias, e realizada por Alexandre Montenegro (nome bastante requisitado à época) 'Zás Trás' estreava na televisão estatal há quase exactos trinta e três anos (em Setembro de 1991) e desde logo se posicionava como 'alternativa' à hegemonia da incontornável 'Rua Sésamo', apresentando um formato muito semelhante - centrado em 'sketches' protagonizados por um núcleo central de personagens representados por marionetes em cenários reais – e até um tema de abertura capaz de rivalizar com o da referida série, e que é, sem dúvida, o seu elemento mais destacado e memorável.

No entanto, tal como a série sobre higiene oral acima referida (com a qual chegou a partilhar tempo de antena em finais de 1991), 'Zás Trás' nem sequer chegaria a fazer 'cócegas' aos habitantes da Rua mais famosa da televisão portuguesa, tendo a sua passagem pela RTP sido discreta, e – ao contrário da 'concorrente' - deixado poucas memórias ao público-alvo da época, com excepção do 'contagioso' tema título e de um personagem com papel proeminente que, embora aceitável na altura como caricatura animada, seria hoje considerado problemático e até ofensivo para a população asiática. Tal como os 'designs' algo 'uncanny' de 'Histórias de Corpo Inteiro', este aspecto talvez tenha tido influência no desempenho da série a longo-prazo – ou, talvez, 'Zás Trás' apenas não fosse tão memorável como 'Rua Sésamo', com ou sem caricaturas obsoletas entre o seu núcleo central.

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Um dos personagens centrais é...digamos, problemático.

Apesar de hoje algo Esquecido Pela Net (e por aquele que foi o seu público) 'Zás Trás', e o respectivo Especial de Natal (realizado em 1992) não deixaram de ser, já no Novo Milénio, 'repescados' para a grelha programática primeiro da RTP2 e, mais tarde, também para a da RTP Memória. As alterações na cultura popular e estrutura social do Mundo ocidental desde então fazem, no entanto, prever que essa tenha sido a última aparição de 'Zás Trás' nos écrãs portugueses, estando a série destinada a ser votada ao esquecimento a breve trecho. Quem quiser ajudar a evitar esse fado (ou simplesmente deseje recordar a série mais de três décadas depois) pode, no entanto, assistir a todos os episódios no Arquivo RTP. Para quem optar por o fazer, no entanto, fica a ressalva – o tema-título continua tão cativante como sempre, e capaz de ficar no cérebro durante semanas após uma única audição...

 

30.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Segunda-feira, 29 de Julho de 2024.

NOTA: Este 'post' não teria sido possível sem o André Alonso, que não só recordou o nome da série abordada como providenciou 'links' para a única fonte onde a mesma surge mencionada. Obrigado, André!

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

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O elenco de personagens da série. (Crédito da foto: RTP)

Já aqui por várias vezes mencionámos produtos ou criações mediáticas das décadas de 80, 90 e até 2000 que, por uma razão ou por outra, têm pouca ou nenhuma presença nos supostamente omniscientes motores de pesquisa da Internet actual. No entanto, enquanto que as BD's da Hanna-Barbera ou a revista Ultra Som possuem pelo menos uma imagem ou menção no Google, outros tópicos que abordámos aqui no 'blog', como o sumo do Astérix da Libby'sa bebida B Cool da Danone ou a pasta de dentes do Super Mario, encontram-se totalmente esquecidos e dependentes da memória de quem com eles conviveu. O tema desta Segunda de Séries situa-se precisamente a meio caminho entre estes dois paradigmas, encontrando-se todos os seus episódios disponíveis para visualização (mas apenas em uma única fonte, e sabendo como os procurar) mas sendo funcionalmente impossível precisar criadores ou quaisquer outros dados técnicos. É, pois, com naturalidade que 'Histórias de Corpo Inteiro' integra o crescente grupo de tópicos Esquecidos Pela Net do Portugal anos 90 – o que não deixa de ser uma pena, dado tratar-se de uma série bem conseguida e de produção cem por cento nacional, o que torna ainda mais curioso o facto de nenhuma das várias fontes nostálgicas produzidas em solo português se lembrar dela.

De facto, à parte o aspecto perturbador de algumas das marionetas usadas para dar vida aos personagens – sobretudo as hiper-realistas, que lembravam uma versão demoníaca dos 'Thunderbirds' – a série estreada na RTP1 em Novembro de 1991 e exibida diariamente até ao final do referido ano mostrava aspectos técnicos cuidados (alguns até inovadores, como a fusão de acção real com fantoches) e tirava o máximo proveito do seu presumivelmente reduzido orçamento, apostando numa apresentação ao estilo peça de teatro, com cenários de fundo estáticos sobre os quais os personagens se moviam e levavam a cabo a trama de cada episódio. Uma abordagem talvez muito distante de produções contemporâneas como 'Rua Sésamo', mas que resultava em pleno no contexto da série em causa, dando-lhe um aspecto e características distintas, que a deveriam ter tornado consideravelmente mais memorável para a geração 'millennial', à época a demografia-alvo destas 'Histórias' passadas no interior de uma cavidade bucal humana, e destinadas a educar o público-alvo sobre a higiene oral, um dos temas mais em voga naquele início dos anos 90.

Outro elemento que deveria ter ficado indelevelmente gravado na psique de toda uma geração, mas que em vez disso se viu vetado ao esquecimento, era o inesquecível genérico da série, uma 'malha' que, sem qualquer hipérbole, pode e deve ser posta ao mesmo nível das que iniciavam a supramencionada 'Rua Sésamo' ou o concurso 'Arca de Noé', e que (por experiência própria) tinha potencial para se 'colar' ao cérebro durante décadas. Infelizmente, conforme acima mencionado, o total desaparecimento da série da memória colectiva levou consigo o referido tema – o que ajuda a justificar ainda mais o esforço de recuperação da mesma que pretendemos levar a cabo com este 'post'. Infelizmente, não nos é possível colocar qualquer destas 'Histórias' directamente nesta publicação, já que os episódios apenas se encontram disponíveis nos Arquivos RTP, que não permitem ligações externas; assim, temos de nos contentar em partilhar o 'link' para a página da série no 'site' da emissora estatal, e confiar que os nossos leitores tenham suficiente interesse para irem reviver mais esta memória esquecida da infância remota e – quem sabe – trazer a série de volta à consciência popular da geração 'millennial' nacional...

07.11.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

E porque na semana transacta se celebrou o Halloween, e na última Segunda de Séries (na semana anterior) falámos de um programa de teor educativo de grande sucesso em Portugal, porque não abordar, desta feita, uma série que combina precisamente o didatismo com uma estética de fantasia, repleta de morcegos, bruxas, gigantes e dragões?

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O logotipo tal como surgia nas transmissões portuguesas, estranhamente sem o nome do programa ao centro.

Trata-se de 'O Castelo da Eureeka', importação americana que – sem ter sido tão bem sucedida ou ser hoje tão lembrada como as lendárias 'Rua Sésamo' e 'Carrinha Mágica', com ambas as quais partilha alguns elementos – conseguiu ainda assim captar o interesse e cativar a parcela mais nova da demografia infanto-juvenil aquando das suas duas transmissões em Portugal. A razão para tal é simples – tal como qualquer das suas duas antecessoras, trata-se de um programa cuidado, que não descura a componente lúdica e humorística na sua missão de ensinar valores ao público-alvo (um dos co-criadores da série é, aliás, R. L. Stine, ele que, na mesma altura, se notabilizava como autor de uma das mais populares séries de livros infantis a nível mundial, a colecção 'Arrepios', que chegaria às bancas portuguesas já depois de Eureeka se ter despedido das ondass televisivas.)

Conceptualmente, 'Eureeka' aproxima-se bastante do formato da 'Rua Sésamo' (quer da original americana, quer da versão portuguesa) embora, ao contrário desta, com uso exclusivo de fantoches – as únicas pessoas de 'carne e osso' a surgir no programa eram os participantes em segmentos de entrevista, um dos muitos tipos de conteúdo apresentado em meio ao conflito central de cada episódio, numa abordagem, também ela, semelhante à da congénere em causa.

E, também como a Rua Sésamo, 'Castelo da Eureeka' tinha a sua quota-parte de personagens memoráveis, a começar na desenvolta 'dona' do castelo, uma jovem bruxa de penteado imponente, e passando pela fonte viva e cantante, pelo tímido e atrapalhado dragão Magalhães (um personagem muito semelhante ao Pateta, da Disney) pelo desastrado (e estrábico) morcego Cai-Cai, de quem o nome diz tudo, e por uma dupla de 'criaturas do pântano' de enormes braços e pernas e voz esganiçada, que podia ter saído da famosa oficina de criaturas de Jim Henson para fazer parte de um dos grupos de monstros da Rua Sésamo. Juntamente com outros personagens residentes no castelo-caixa-de-música pertencente a um gigante (e que, como eles, ganhavam vida quando o mesmo dava corda ao seu 'brinquedo') este núcleo procurava lidar da melhor maneira com pequenos problemas do dia-a-dia, num formato 'slice-of-life' que, quando bem feito, é sempre bem do agrado das crianças.

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O elenco do programa tinha algumas personalidades memoráveis.

Talvez por isso – ou talvez por causa do seu contagiante genérico, num daqueles casos em que a música de abertura é mesmo o melhor elemento de um todo já de si forte – Eureeka e os seus amigos tenham conquistado pequenos fãs aquando das suas passagem por Portugal - a primeira, que completa trinta anos a de 31 de Dezembro de 1992, bem cedo, no bloco das manhãs de fim-de-semana do então Canal 1, e a segunda, alguns anos mais tarde, na 'irmã' mais 'culta e adulta' – embora, conforme já referimos, tivesse ficado muito longe dos níveis de penetração social das suas concorrentes directas, não chegando a merecer a transmissão de todas as seis temporadas de que gozou nos EUA. Apesar disso, no entanto, esta divertida série não deixa de ser um exemplo válido do chamado 'edutenimento' dirigido a crianças e jovens produzido durante a década de 90, e parte integrante (e nostálgica) da infância de muitos ex-'putos' da época.

O contagiante genérico de abertura da série, talvez o seu elemento mais memorável

O genérico final do programa.

Um excerto ilustrativo do tipo de abordagem a cada episódio.

 

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