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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

13.03.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

A década de 80 foi a época dos grandes heróis de acção, capazes de resolver conflitos por si só, à força de murros, balas e explosões; dos ex-soldados normalmente interpretados por Schwarzenegger e Stallone (ainda longe da sua fase como actores de comédia) aos mercenários do Esquadrão Classe A ou artistas marciais como os vividos por Van Damme, eram muitos os ídolos musculados à disposição dos 'putos' daquela época. No entanto, a estes 'brutamontes' de bom coração, contrapunha-se uma outra vertente de herói, mais 'cerebral' e capaz de escapar de situações complicadas usando a inteligência e espírito de 'desenrasca', que tinha como símbolos máximos o James Bond de Timothy Dalton e mais tarde Pierce Brosnan, e o homem de que falamos esta semana, o lendário Angus MacGyver, protagonista da série com o mesmo nome.

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Surgido nos ecrãs portugueses no ocaso da década de 80 – mais concretamente a 24 de Setembro de 1989 – o lendário agente secreto vivido por Richard Dean Anderson rapidamente se destacou da 'concorrência' pela sua extraordinária capacidade de resolver qualquer situação apenas com recurso ao seu canivete suíço e a objectos presentes nas suas imediações, sendo o exemplo 'memético' normalmente utilizado o de abrir uma fechadura com um 'clipse'. E, enquanto 'solucionador de problemas' da agência governamental american Phoenix, a verdade é que não faltam oportunidades para MacGyver testar o seu engenho, e derrotar os diversos vilões que se atravessam no seu caminho sem nunca recorrer a armas de fogo, às quais tem aversão devido a uma tragédia pessoal.

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O carismático Richard Dean Anderson dava vida ao agente americano.

O resultado são cenas de acção e peripécias capazes de deixar os espectadores da época – sobretudo os mais novos – 'colados' ao sofá, a ver como as 'MacGyvaradas' do agente o vão ajudar a ultrapassar o obstáculo da semana. E apesar de a série, já na altura, não ser 'topo de gama' a nível da produção, a verdade é que as 'acrobacias' de Anderson, juntamente com uma actuação personalizada (e, claro, um DAQUELES genéricos absolutamente lendários) davam à série um charme que lhe valeu o estatuto de 'culto' em vários países, entre eles Portugal, por onde 'MacGyver' teve uma passagem curta, mas memorável – embora não bem-sucedida o suficiente para justificar a transmissão dos dois filmes televisivos alusivos ao agente, produzidos em 1994.

Facto curioso: quase nos esquecíamos de mencionar este clássico absoluto  dos genéricos televisivos neste post; felizmente, ainda nos lembrámos a tempo...

Ainda assim, foi com naturalidade que 'MacGyver' entrou, em décadas subsequentes, na rotação nostálgica de canais como a RTP Memória, onde a série repetiu, não uma, mas duas vezes, em 2010 e 2019. Falta de 'material' original para exibir por parte da emissora estatal, ou prova do carinho de que a série continua a gozar no nosso País? Que diga de sua justiça quem, nos anos formativos, se sentou em frente à televisão aos Domingos, pelas 19 horas, para ver um homem arrombar uma porta trancada com um 'clipse' e um bocado de pastilha elástica...

 

16.01.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

E depois de na última Segunda de Séries do ano passado termos falado do mais famoso 'procurado' da História da cultura juvenil, nada melhor do que, na primeira deste ano de 2023, darmos alguma atenção à outra pessoa de quem, naquela época, se perguntou frequentemente 'Onde Está?': uma espécie de congénere feminina e menos inocente do jovem de roupa listrada, e que com ele partilha o gosto pela cor vermelha e o tema de abertura épico da sua série animada. Falamos de Carmen Sandiego, a misteriosa protagonista da série com o seu nome (ou antes, para lhe dar o título completo, 'Onde Está Carmen Sandiego?') e que, durante cinco temporoadas, 'trocou as voltas' a um grupo de adolescentes determinados a encontrá-la e fazê-la pagar pelos seus crimes, maioritariamente circunscritos a roubos.

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Produzida entre 1994 e 1999, e baseada no jogo de computador educativo lançado na década anterior (e que gozou de enorme sucesso nos seus EUA natais) a série da DIC (então hegemónica no espaço televisivo infanto-juvenil internacional) tinha o total apoio da Broderbrund, produtora do jogo-base, e partilhava com este o elemento didáctico, o qual era implementado de forma subtil e se prendia, sobretudo, com as diferentes localizações pelas quais os dois jovens protagonistas (e o seu computador inteligente) viajavam em busca da ladra de gabardine vermelha, que andava, inevitavelmente, um passo à frente do 'casalinho'.

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A protagonista da série.

Esta integração de novos conhecimentos num contexto de entretenimento sem que o resultado final parecesse forçado – que 'Carmen' partilha com ilustres como 'A Carrinha Mágica', 'Artur', a trilogia 'Era Uma Vez...', 'Castelo da Eureeka' e, claro, 'Rua Sésamo' – valeu à série um 'Daytime Emmy Award' por Excelência na Programação Infantil, no final da sua primeira temporada, em 1995.

Ao contrário do que acontecia com a maioria das séries internacionais, a transmissão de 'Carmen' em Portugal deu-se com desfasamento mínimo em relação aos EUA, tendo a série passado na emissora estatal nacional logo em meados da década, em versão dobrada e, como não podia deixar de ser, com uma adaptação perfeitamente ÉPICA do genérico original – talvez o elemento mais memorável de todo o conjunto, e prova (se ainda fosse necessária) da habilidade que os estúdios de dobragem da altura tinham para criar temas de abertura marcantes.

Tema de abertura ou ária de ópera? Um pouco de ambos...

De resto, e apesar de bem-conseguida no cômputo geral (tanto tecnicamente como em termos de história) a série não se afirmou como particularmente marcante para as crianças portuguesas daquela geração, sendo, hoje em dia, muito menos lembrada do que a adaptação para TV de 'Onde Está o Wally?' - um daqueles casos paradoxais difíceis de explicar fora do contexto da época. Ainda assim, vale a pena recordar as aventuras televisivas da ladra americana, protagonista daquele que foi mais um bom exemplo de 'edutenimento' produzido durante a década de 90...

 

12.07.21

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

 

Este é mais um daqueles posts que se podia perfeitamente ficar pelo vídeo reproduzido acima, e decerto não deixaria de ter impacto junto dos leitores deste blog; este tema, como os de Dragon Ball Z ou Power Rangers, é daqueles que é ASSIM TÃO icónico para a nossa geração, e que fará qualquer jovem dos anos 90 recordar onde e quando o ouviu pela primeira vez.

A série a que pertence (ou pertencia) não é, no entanto, menos lendária ou memorável – pelo contrário, o tema e o programa estavam bem um para o outro. Tratava-se, como é evidente, de ‘Ficheiros Secretos’, a série que apresentou ao mundo o duo de David Duchovny e Gillian Anderson, duas estrelas em potência que, infelizmente, nunca confirmaram o potencial que demonstravam como co-estrelas deste lendário programa.

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A icónica dupla de protagonistas da série

Criada em setembro de 1993 por Chris Carter – um nome, a dada altura, não menos mítico do que o da própria série – ‘Ficheiros Secretos’ demorou menos de um ano a chegar a Portugal (uma raridade à época), tendo estreado na TVI em 1994, a tempo de cativar toda uma geração de jovens com a sua mistura de enredos sobrenaturais e de terror a uma típica série policial e de mistério – uma mistura que ajudava, e muito, a tornar o programa original, e a fazê-lo destacar-se de uma concorrência que, já na altura, jogava demasiado pelo seguro. Mulder e Scully viam-se, semanalmente, a braços com estranhas ocorrências, as quais, invariavelmente, acabavam por envolver fantasmas e/ou extraterrestres – por muito que a Scully de Anderson teimasse em manter o seu cepticismo empedernido, mesmo depois de duas temporadas inteiras de fenómenos deste tipo. Já o Mulder de David Duchovny seria, hoje, inevitavelmente tachado de ‘teórico da conspiração’ – ainda que os seus palpites e o seu ‘querer acreditar’ se acabassem sempre por revelar acertados. Junte-se a esta interessante dicotomia a óbvia química exibida pelos dois actores (que chegaram mesmo a ser um casal em consequência do seu trabalho na série) e o que temos é mesmo uma grande maneira de passar uma noite de sexta-feira.

E sim, dissemos ‘noite’, pois embora ‘Ficheiros Secretos’ fosse extremamente popular entre crianças e jovens, a verdade é que era transmitido já depois da ‘hora da cama’, obrigando muito do seu público a ficar acordado – aberta ou clandestinamente – para conseguir ver cada novo episódio. Valia o facto de no dia seguinte ser fim-de-semana…

E como qualquer programa de sucesso entre a miudagem, ‘Ficheiros Secretos’ deu origem a variado ‘merchandise’, de filmes originais (lançados no cinema!) à inevitável reedição de episódios em DVD, e das habituais t-shirts a números especiais de revistas como a ‘Super Jovem’, e até – famosamente – um daqueles jogos de cartas que, não se chamando ‘Magic: The Gathering’, nunca eram coleccionados (e muito menos jogados) seja por quem fosse. Em suma, sem ser uma força da natureza como os outros programas referidos no início deste texto, ‘Ficheiros Secretos’ tinha um lugar confortável nas preferências dos jovens (fossem portugueses ou estrangeiros) tendo, inclusivamente, ajudado a lançar a ‘febre’ dos extraterrestres, e a reavivar a dos fantasmas.

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Um dos muitos livros inspirados pelo sucesso da série

Infelizmente, mais uma vez, a velha máxima de que ‘tudo o que é bom acaba’ se provou acertada em relação a esta série, a qual – a partir da quarta temporada – decidiu retirar o foco do sobrenatural para se transformar em ‘só mais uma’ série sobre traições e espionagem; e o mais irónico é que o ‘arauto’ dessa viragem foi um personagem que muitos estavam desejosos por conhecer, após a série ter criado um enorme e aliciante mistério à sua volta. Infelizmente, quando se revelou a Mulder e Scully, o ‘Cigarette Smoking Man’ acarretou consigo o início do fim daquela que houvera sido uma série excelente, precisamente, por ser original. Daí para a frente, foi sempre a decrescer em termos de interesse, até já ninguém sequer saber que ‘Ficheiros’ ainda estava no ar, e muito menos se interessar. Uma pena, visto a série ter potencial para se ter tornado ainda mais lendária entre a geração que entrava na adolescência em finais dos anos 90. Mesmo com este desaire, no entanto, não a podemos considerar menos do que histórica entre a juventude portuguesa – e, como tal, bem merecedora de um lugar na rubrica sobre séries deste blog explicitamente nostálgico…

 

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