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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

11.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 10 de Agosto de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Para grande parte das crianças portuguesas, independentemente da geração, a chegada das férias grandes é sinónimo de uma temporada na praia, ou, alternativamente, de deslocações frequentes à mesma; e, para as crianças de uma certa idade dos anos 80 e 90, havia um elemento que jamais poderia faltar num Sábado aos Saltos no meio da areia – as forminhas.

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Um conjunto de praia bem típico da época.

Disponíveis nas mais variadas formas e feitios – embora privilegiando curvas arredondadas – e em modelos tanto mais simples quanto mais elaborados e complexos, estes moldes em plástico colorido constituíam, a par dos castelos de areia feitos com recurso ao balde, uma das actividades preferidas dos portugueses mais pequenos durante grande parte do século XX, mantendo-se essa apetência ainda bem viva à entrada para a última década do mesmo. Isto porque a sensação de conseguir fazer a forma mesmo 'perfeitinha' – com todos os painéis do casco da tartaruga ou recortes das torres do castelo – proporcionava uma sensação de orgulho, mesmo tendo noção de que mais ninguém iria admirar a 'obra de arte', e de que a mesma seria provavelmente destruída ou refeita dentro de poucos momentos.

Tal como muitos dos nossos outros tópicos neste blog, as forminhas também acabaram, eventualmente, por 'passar de moda', tendendo a já não fazer parte dos conjuntos de praia vendidos nas lojas portuguesas da actualidade, ao contrário do que sucede com o balde ou a pá. Para quem cresceu a deixar o 'carimbo' de maçãs, tartarugas ou estrelas na areia, no entanto, este tipo de brincadeira será para sempre parte integrante das memórias dos Verões de infância, um tempo mais simples, em que uma peça de plástico colorido cheia de areia era capaz de proporcionar muitos bons momentos.

28.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 27 de Julho de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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Versão moderna do clássico brinquedo.

Apesar de estar já a cair em desuso em inícios dos anos 90 (narrativa que, aliás, serve de base a um dos grandes filmes animados da década, o fantástico 'Toy Story', que em breve aqui terá o seu 'momento') a imagética dos 'cowboys' a cavalo continuava, ainda, a reter algum apelo junto das crianças e jovens das gerações 'X' e 'millennial', como bem demonstra o sucesso que continuavam a fazer dois brinquedos 'irmãos' (mas não gémeos) ainda bastante populares naqueles últimos dez anos do século XX. De um desses, falaremos neste mesmo post, enquanto o outro servirá de tema ao Domingo Divertido desta semana.

Comecemos, pois, por aquele que, dos dois, proporcionava um belo Sábado aos Saltos – o tradicional cavalo de pau em madeira pintada, o qual era ainda presença relativamente frequente nas lojas de brinquedos mais tradicionais (sobretudo as de bairro) nos primeiros anos da década em causa. E se os modelos disponíveis hoje em dia oferecem 'cabeças' quase exclusivamente em peluche, os seus congéneres dos anos 80 e 90 nem 'sonhavam' com tais veleidades, sendo a efígie do animal em causa esculpida na própria madeira e, em seguida, pintada ao gosto do criador. Já o resto do corpo consistia, como o próprio nome do brinquedo dá a entender, de um simples 'pau', no qual as crianças se podiam equilibrar e, segurando nas 'rédeas' em plástico muitas vezes acopladas à cabeça, 'partir à desfilada' pela casa ou quintal afora, recriando as aventuras que era ainda possível acompanhar na televisão, livros, filmes  e revistas aos quadradinhos da época.

De salientar que, ao contrário de muitos brinquedos que ocupam a nossa atenção nesta mesma rubrica, os cavalos de pau não desapareceram totalmente da sociedade, sendo ainda hoje possível encontrá-los na Internet, ou em lojas dedicadas à venda de brinquedos mais tradicionais; no entanto, numa era em que qualquer produto infanto-juvenil vem equipado com LED, efeitos sonoros ou mesmo visuais, e ligação a Bluetooth, é de ponderar até que ponto as crianças da chamada 'Geração Alfa' poderão ter interesse num brinquedo simplista e obsoleto ao ponto de ser pitoresco. Quem cresceu a 'galopar' pela casa num pau de madeira com uma cabeça de cavalo na ponta, no entanto, certamente terá 'desbloqueado' memórias remotas ao ler este 'post' – tendência que, suspeitamos, se estenderá à nossa próxima publicação, onde falaremos do 'irmão mais velho' (e ainda mais nostálgico) deste tipo de brinquedo...

14.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 13 de Julho de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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A bola de 1992.

Enquanto centro nevrálgico do jogo de futebol – sendo mesmo a razão do prefixo do mesmo – a bola acaba por ser um elemento tão icónico quanto os próprios equipamentos ou chuteiras dos jogadores, apesar de, muitas vezes, menos notável ou notório. Ainda assim, têm havido, ao longo dos últimos cinquenta anos, várias bolas oficiais da FIFA e UEFA cujo 'design' e escolha de cores e padrões as torna particularmente memoráveis, e suscita a compra de um sem-número de réplicas por parte dos jovens fãs do desporto-rei. Os anos 90 não foram, de forma alguma, excepção a esta regra; de facto, ainda que as bolas oficiais dos Campeonatos Europeus daquela década ficassem longe das cores vivas e 'designs' memoráveis do Novo Milénio, as mesmas revelavam, ainda assim, suficiente 'personalidade' para justificarem serem as escolhidas do público-alvo em causa.

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O modelo de 1996.

Da responsabilidade da Adidas, fabricante único das competições internacionais desde o seu início, as três bolas oficiais dos Europeus de finais do século XX (a Etrusco Único de 1992, Questra Europa de 1996 e Terrestra Silversteam de 2000) apresentavam a mesma base no tradicional branco, mas marcavam a diferença através de padrões bem distintos, embora nem sempre particularmente originais. A Etrusco, por exemplo (modelo que 'transitava' do Mundial de Itália '90) era uma simples bola preta e branca, com o habitual e frequentemente imitado padrão da Adidas: painéis lisos no meio, com um 'friso' a toda a volta. Já a Questra Europa, usada apenas no Euro '96, marcava a diferença através das cores usadas no friso (azul e vermelho) que evocavam a anfitriã Inglaterra sem, ao mesmo tempo, serem declaradamente alusivas à icónica Union Jack. Por sua vez, a Terrestra Silverstream, utilizada apenas no Europeu de 2000, apostava num conceito menos declaradamente localizado e de cariz mais inovador, substituindo a clássica cor branca dos painéis por um elegante prateado, que tornava de imediato a bola mais apelativa para os jovens da viragem do Milénio, época em que o futurismo estava em alta em todos os sectores da sociedade.

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O esférico de 2000.

Três bolas tão semelhantes quanto distintas, portanto, cada uma das quais desenhada para apelar às sensibilidades dos adeptos da época e, idealmente, garantir que os mesmos levavam para casa uma réplica de um dos três esféricos, por oposição às igualmente apelativas, e mais baratas, bolas não oficiais com os painéis decorados com bandeiras dos diferentes países do Mundo – um paradigma que, aliás, se mantém até aos dias de hoje, tendo sem dúvida ajudado a informar o 'design' da bola do Campeonato Europeu prestes a concluir-se algumas horas após a publicação deste 'post'...

16.06.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 15 de Junho de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa edição anterior desta rubrica, falámos das pistolas espaciais, elemento indispensável para qualquer brincadeira de faz-de-conta tematizada em torno do espaço e dos astronautas. No entanto, as mesmas estavam longe de ser o único apetrecho disponível para complementar este tipo de vôo da imaginação; quem preferisse brincar aos espadachins, cavaleiros ou até emular personagens como He-Man e She-Ra tinha também ao seu dispôr uma enorme variedade de espadas de brincar, nos mais diversos formatos e estilos.

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Uma espada típica da variante electrónica da categoria.

De facto, da tradicional espada ao estilo de Zorro até algo mais medieval, passando pela inevitável variante tecnológica, de 'design' futurista e equipada com efeitos de luz e som, havia espadas para todos os gostos espalhados pelas lojas de bairro, barracas de feira, bazares e lojas dos 'trezentos' de Norte a Sul do Portugal noventista, prontas a fazerem as delícias das crianças e jovens das gerações 'X' e 'millennial'. E o facto é que, mesmo sem serem tão populares quanto as pistolas espaciais (ou não fosse o final do século XX a era do futurismo por excelência) estas espadas ainda proporcionavam momentos bem divertidos aos rapazes e raparigas de uma certa idade, além de servirem 'função dupla' como complemento a uma máscara de Carnaval de temática medieval ou inspirada em Zorro.

Surpreendentemente, apesar de todas as preocupações tanto com a integridade física das crianças como com a promoção da violência, as espadas de brincar continuam a ser relativamente fáceis de encontrar à venda, sabendo onde e como procurar. E mesmo sem a popularidade ou expressão de que gozavam à época, haverá ainda hoje muito poucas crianças que recusem a oportunidade de se 'apetrechar' com uma destas réplicas, e passar um Sábado aos Saltos a imaginar-se como Zorro, Conan ou qualquer dos seus equivalentes modernos...

11.05.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já vem sendo tema recorrente deste nosso 'blog' o facto de a criança dos anos 90 precisar de pouco para se divertir. De facto, à falta de brinquedos elaborados, era sempre possível inventar um jogo ou brincadeira com recursos mínimos ou mesmo inexistentes; conversamente, o mais simples dos elementos - como uma bola, uma folha de papel ou duas tampas de panela – era capaz de proporcionar um Sábado aos Saltos mais do que divertido, quer a solo, quer na companhia de amigos. Um dos mais famosos exemplos deste paradigma é o produto de que falamos neste 'post', o qual, pela sua simplicidade, portabilidade e tendência para ser usado no exterior, acaba por se inserir não só no âmbito dos Sábados aos Saltos, mas também dos Domingos Divertidos (já que também era bastas vezes utilizado dentro de portas) ou mesmo das Quintas de Quinquilharia, já que cabia num bolso ou estojo de lápis; pela sua associação a tardes solarengas, no entanto, escolhemos falar do mesmo no contexto dos fins-de-semana, dedicando-lhe um 'post' híbrido que cobrirá os dois próximos dias deste blog.

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Falamos das icónicas bolas de sabão (ou 'bolinhas' de sabão), vendidas nos mais variados locais (de drogarias de bairro a tabacarias ou lojas dos 'trezentos') em não menos icónicos tubos de plástico multicolorido nos últimos anos do século XX, e cuja mera fotografia será, certamente, motivo de nostalgia para qualquer criança ou jovem da época. Isto porque, pelo seu preço acessível e excelente balanço custo-benefício (especialmente por poderem ser 'recarregados' com uma simples mistura de água e detergente, proporcionando um 'ciclo de vida' potencialmente infinito), os referidos tubos eram regularmente utilizados como 'brindes de passeio' ou mesmo adquiridos sem necessidade de recurso a qualquer contexto especial, apenas como forma de passar um Sábado aos Saltos ou Domingo Divertido de sol. E a verdade é que havia poucas sensações tão boas quanto a de ver sair daquela argola redonda na ponta do tubo 'milhões' de bolas translúcidas, que se espalhavam em todas as direcções – ou, melhor ainda, uma única bola de tamanho gigante, cuidadosamente gerada e admirada em êxtase durante alguns segundos, antes do inevitável rebentamento (natural ou provocado). Não menos divertida era a subsequente 'senda' para tentar rebentar tantas bolas quanto possível, uma actividade tão inexplicavelmente catártica quanto o manuseamento de plástico-bolha, e que apenas aumentava o 'factor diversão' daquele simples tubo de água e sabão.

A contribuir ainda mais para este aspecto estava, também, o tradicional jogo em ponto miniatura contido na tampa de cada tubo, e que, muitas vezes, influenciava a escolha de qual cor de tubo levar. Isto porque cada uma das cores tinha, normalmente, um topo diferente, e embora todos os jogos contidos nos mesmos se inserissem nos moldes de um labirinto, havia sempre alguns mais atractivos e apelativos que outros. E ainda que estas micro-actividades tendessem a perder o interesse muito antes da solução aquosa contida nos tubos, as mesmas não deixavam, ainda assim, de acrescer ainda mais um elemento ao apelo destes tubos.

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Exemplo da 'versão moderna' deste divertimento.

Ao contrário do que sucede com muitos dos produtos de que falamos nesta e noutras rubricas, as bolas de sabão não desapareceram do mercado, nem tão-pouco perderam o interesse para as gerações mais novas; o formato tradicional conhecido e disfrutado pelas gerações 'X' e 'millennial' foi, no entanto, substituído por algo mais próximo de um brinquedo clássico, normalmente 'apetrechado' com luzes LED e moldado na forma de uma varinha mágica ou pistola espacial de dispensação automática, o que se pode considerar retirar parte da diversão e 'magia' à experiência, tornando ainda mais difíceis 'proezas' como a criação de bolas gigantes. O princípio-base, no entanto, mantém-se inalterado, provando que na simplicidade continua, por vezes, a estar o ganho, e que certos conceitos conseguem manter-se verdadeiramente intemporais, e sobreviver à crescente influência da tecnologia no quotidiano infanto-juvenil – pelo menos, até ser criada uma 'app' que simule a criação de bolas de sabão e que substitua a experiência autêntica por outra mais virtual; resta, pois, esperar que tal nunca aconteça, e que as gerações vindouras continuem a encontrar o mesmo prazer e deleite que os seus pais derivaram do simples acto de moldar uma solução de água e detergente em bolas e as 'atirar' para a atmosfera.

27.04.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Já aqui por várias vezes realçámos a importância da imaginação e do 'faz-de-conta' no desenvolvimento social e cultural saudável de uma criança ou jovem; e se, durante várias décadas, estes elementos foram, necessariamente, potenciados através de recursos improvisados (alguns dos quais também já aqui mencionados) o rápido desenvolvimento tecnológico verificado em finais do século XX veio permitir às gerações 'X' e 'millennial' estarem entre as primeiras a conseguir dar às suas fantasias mais rebuscadas um toque de realidade. Isto porque, apesar de já ser possível ser 'cowboy', índio ou mesmo astronauta desde meados do século (com recurso a pistolas de fulminantes e outros apetrechos semelhantes) a globalização e redução do preço dos componentes electrónicos verificada durante as décadas de 70, 80 e 90 permitiu levar a última brincadeira, em particular, ao 'nível seguinte', com a introdução de 'pistolas espaciais' futuristas, repletas de efeitos de luz e sonoros adequados a aventuras no espaço sideral.

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Lá por casa, existia um modelo virtualmente idêntico a este...

Normalmente encontradas em lojas de bairro ou lojas de brinquedos tradicionais – não tendo, regra geral, 'categoria' para serem vendidas em hipermercados, 'shoppings' ou mesmo supermercados – este tipo de armas tendia a ser, ainda assim, de qualidade superior à maioria dos brinquedos com que partilhava espaço nos referidos estabelecimentos, sendo feitas de plástico maçico e resistente, capaz de aguentar os saltos, corridas e trambolhões da maioria das brincadeiras em que a arma em causa seria utilizada. As luzes e sons, essas, eram as habituais dos brinquedos feitos na China e Taiwan, com LEDs piscantes a acompanhar as habituais sirenes e sons de tiros laser, activados ao tocar no gatilho da arma. Um mecanismo simples, e baseado em partes electrónicas das mais baratas, mas capaz de fazer a felicidade de qualquer criança com apetência para aventuras 'espaciais' naquela era pré-digitalização globalizada, e de se tornar parte integrante e indispensável de qualquer Sábado aos Saltos a 'brincar aos astronautas', merecendo por isso menção nas páginas virtuais deste nosso blog nostálgico.

13.04.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Uma das mais prematuramente lamentadas perdas a serem gradualmente sofridas pela 'geração digital' é a capacidade imaginativa; de facto, numa altura em que tudo está disponível, e quase sempre sem grande dificuldade, não há qualquer necessidade de ser criativo ou mentalmente desenvolto. Em finais do século XX, no entanto, a situação era algo diferente; ainda que já existissem na sociedade elementos electrónicos, os mesmos eram demasiado limitados para suprir todas as necessidades lúdicas das crianças e jovens – e, com os próprios brinquedos da época a terem um apelo necessariamente finito, apenas restava uma opção ao menor de idade aborrecido num Sábado à tarde: puxar pela imaginação.

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Com isso não queremos, apenas, referir-nos às brincadeiras de 'faz-de-conta' que ocupavam grande parte do tempo livre de qualquer criança da época; falamos, também, da desenvoltura mental que transformava o mais insuspeito dos objectos num instrumento de diversão. Um pau de vassoura ou galho de árvore transformava-se em cavalo, três cadeiras em fila formavam um comboio, duas tampas de panela viravam pratos de uma orquestra, meia dúzia de trapos eram moldados em bola de futebol, uma meia servia de fantoche (numa prática que deu, mesmo, origem ao termo 'sock puppet', utilizado hoje em dia no contexto das redes sociais para denunciar a criação de perfis falsos) e uma caixa fazia as vezes de um carro, barco ou avião. Em suma, havia muito pouco que pudesse impedir a criança de finais do século XX de 'inventar' o seu próprio Sábado aos Saltos, mesmo que os brinquedos 'a sério' já fartassem, que a consola estivesse estragada e que lá fora estivesse a chover.

É, precisamente, esta capacidade de obter diversão de qualquer fonte que vai faltando às novas gerações, que parecem não conseguir divertir-se sem ter à sua frente um ecrã a detalhar o desafio e as formas de o superar; urge, pois, continuar a tentar que a criatividade e capacidade imaginativa das crianças actuais não se perca, para que as mesmas possam conhecer o gáudio de passar um Sábado aos Saltos a bater com duas tampas de panela uma na outra, de 'conduzir' uma caixa ou fila de cadeiras, ou de 'cavalgar' um pau de vassoura pela casa ou jardim, sem necessidade de qualquer elemento digital para complementar a diversão...

18.03.24

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 16 de Março de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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A época da 'viragem' para o Novo Milénio e entrada no mesmo viu nascer entre os jovens portugueses um fascínio considerável, ainda que temporário, pelas artes circenses. O lendário 'Diabolo', presença inescapável nos recreios lusitanos durante mais de um ano em finais dos 'noventas', servia como 'porta de entrada' para todo um 'universo' de truques e habilidades centrados em torno do equilíbrio e habilidade. Do bastão (que se perfilava inicialmente como o sucessor natural do 'Diabolo', embora tenha ficado muito longe de atingir o mesmo nível de sucesso globalizado) às bolas de malabarismo, passando ainda por outras vertentes menos conhecidas, foram muitas as artes 'saltimbancas' a transpôr a barreira do 'mainstream' e a fascinar os adolescentes portugueses durante este período.

Não foram, no entanto, apenas as artes em si a exercer tal atracção sobre a juventude lusitana: o próprio modo de vida dos artistas foi, durante alguns anos, idealizado e posto num pedestal por grande parte da referida demografia, que se apressou a adoptar, total ou parcialmente, a sua estética e valores. Motivados e inspirados pelos cada vez mais estrangeiros da sua idade que visitavam Portugal à época, os jovens da época rapidamente adoptaram os penteados exóticos, sacolas de sarja e roupas largas e debotadas em tecidos de pano cru, criando assim um estilo associado com a prática das artes circenses e com a frequência de locais elevados ao estatuto de 'mecas', como o Chapitô, em Lisboa, o principal espaço dedicado ao ensino e formação deste tipo de competência.

Em anos subsequentes, à medida que as gerações 'X' e 'millennial' davam progressivamente lugar aos 'Z' e 'Alfa', o fascínio pelas artes circenses reduziu-se consideravelmente, tendo a maioria dos 'saltimbancos' do início do século desaparecido das ruas das zonas turísticas onde tendiam a exibir as suas habilidades; e, com a crescente tendência para a digitalização das brincadeiras por oposição à aquisição de competências físicas, afigura-se pouco provável que tal situação volte a ocorrer. Ainda assim, quem viveu aquele momento muito particular na cultura portuguesa moderna certamente se lembrará do fascínio que o estilo de vida 'saltimbanco' gerava, e terá mesmo tido vontade de ir à arrecadação, sótão ou prateleira buscar o bastão ou as bolas de malabarismo, e verificar se ainda retém a memória muscular de outros tempos...

02.03.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa era em que tudo está disponível em formato digital e à distância de poucos 'cliques' (ou, alternativamente, sob a forma de eventos organizados) é cada vez mais fácil a qualquer criança ou jovem 'transformar-se' naquilo que sempre sonhou ser, seja como protagonista de um jogo de computador – a maioria dos quais permite um nível de customização impensável para a geração dos seus pais – ou como herói de uma 'fanfic', a infame modalidade de escrita que permite criar novas histórias a partir de personagens ou mundos previamente estabelecidos. Há trinta anos, no entanto – quando os computadores pessoais se encontravam ainda em início de vida e a Internet massificada pouco passava de uma miragem – quem quisesse 'encarnar' o seu herói ou heroína favorito durante algumas horas apenas tinha duas opções: fazê-lo a solo, em privado, ou chamar os amigos e organizar uma brincadeira de 'faz-de-conta'.

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Tal como sucedia com a maioria dos jogos de rua da altura, estas brincadeiras não tinham regras estabelecidas e pré-definidas; regra geral, uma vez acordado o universo da brincadeira e escolhidos os personagens, o único limite era a imaginação. Era possível, por exemplo, fazer duas equipas de propriedades intelectuais absolutamente distintas colaborarem, ou encenar uma batalha que, na realidade, talvez nunca chegasse a acontecer, opondo, por exemplo, os Power Rangers às Tartarugas Ninja; quem tinha mais imaginação podia, mesmo, subverter expectativas e inserir os personagens escolhidos numa situação menos típica ou mais quotidiana, com pouco ou nenhum recurso à acção e aventura pelas quais eram conhecidos. Fosse qual fosse a via escolhida, e mesmo o número de participantes, qualquer brincadeira deste tipo era garantia de uma tarde de Sábado aos Saltos bem passada.

Apesar de, conforme referimos no início deste texto, a progressão tecnológica estar a tornar progressivamente desnecessário o recurso à imaginação, queremos acreditar que o 'faz-de-conta' sobreviva ainda pelo menos mais uma geração, antes de o uso de 'tablets' e programas de televisão logo desde a nascença tornar essa práctica obsoleta. Cabe, pois, à demografia que tem, agora, crianças pequenas fomentar as fantasias e sonhos, para garantir que os mesmos não se perdem no imediato, e que os filhos da 'geração Z' ainda são capazes de se imaginar princesas, piratas, super-heróis ou membros de seja qual fôr o desenho animado 'da moda' na sua época...

03.02.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Já aqui anteriormente falámos dos jogos tradicionais de rua, cujas regras e rituais são passados de uma geração para a seguinte quase que como por osmose, não havendo, até hoje, nenhuma 'leva' de crianças que não os saiba, instintivamente, jogar; chega, agora, a hora de falar de uma outra actividade, adjacente embora não pertencente a esse grupo, mas que partilha muitas das características do mesmo – as brincadeiras de roda.

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Embora menos populares do que jogos como as escondidas, apanhada, 'Macaquinho do Chinês' ou 'Mamã Dá Licença' – e embora se encontrassem já em declínio em finais do século XX – os jogos de roda foram, ainda, a tempo de divertir a maioria das crianças da geração 'millennial', que terão tido contacto com uma actividade deste tipo pelo menos uma vez na vida, quer organicamente, quer através de actividades de grupo (era surpreendentemente popular como exercício de aquecimento em grupo em aulas de artes marciais para crianças, por exemplo) ou aulas de Educação Física. E se estas últimas insistiam, muitas vezes, no formato tradicional (excluindo, apenas, as características músicas que se cantariam se a roda fosse feita no recreio), as brincadeiras mais espontâneas tinham, na maioria das vezes, alguns desvios, como a adição de jogos de palminhas em permeio à roda em si, transformando o jogo numa espécie de 'dois-em-um' de brincadeiras de recreio, e tornando-o, assim, automaticamente mais interessante do que as rodas 'à moda antiga' que divertiam os pais e avós das crianças dos 'noventas'.

Escusado será dizer que, ao contrário do que aconteceu com alguns dos outros jogos seus contemporâneos, as rodas nunca chegaram a desfrutar de um regresso à popularidade, havendo hoje em dia muito poucas crianças que sequer saibam do que se trata tal conceito; cabe, pois, aos ex-jovens daquela época não deixar cair no esquecimento esta brincadeira nostálgica que, sem nunca ser 'primeira escolha', era ainda assim capaz de proporcionar bons momentos durante um Sábado aos Saltos.

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