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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

05.11.25

NOTA: Este 'post' é correspondente a Terça-feira, 4 de Novembro de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década

Já aqui anteriormente falámos d''A Hora do Lecas', o programa que catapultou José Jorge Duarte para o sucesso e o tornou ídolo entre os mais pequenos, no papel da titular 'criança grande'. Assim, e face ao sucesso de que a referida 'Hora' desfrutava entre o público-alvo semana após semana, não é de admirar que a RTP oferecesse a Duarte a possibilidade de continuar o formato (ainda que com novo titulo), mas agora em horário 'nobre' no tocante à programação infantil – nomeadamente, as manhãs de Sábado. Surgia assim, há pouco mais de trinta e cinco anos (em Outubro de 1990) a 'continuação' d''A Hora do Lecas', com o bem menos intuitivo título de 'Lecas, Mais Certo Que Sem Dúvida'.

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Apesar deste equivocado título, no entanto, o programa continuava a oferecer tudo o que a sua demografia-alvo podia pedir de um programa deste tipo – jogos interactivos (como 'penalties' ou um jogo de pesca), convidados musicais (a começar logo, em 'grande', pelos Xutos & Pontapés), entrevistas, reportagens e, claro, muito do humor típico do 'Lecas', traduzido tanto em 'sketches' curtos como em paródias de filmes de heróis de banda desenhada ou nas 'dobragens' das 'vozes' dos animais de companhia das celebridades entrevistadas, na rubrica 'Meu Dono de Estimação'. Numa vertente algo mais 'séria', a rubrica 'Quando For Grande Quero Ser...' oferecia aos jovens espectadores, uma vez por mês, a possibilidade de viverem o seu emprego de sonho durante um dia, ao lado de um profissional do sector, enfatizando assim a ligeira vertente educativa de que o programa também gozava. No global, um formato equilibrado, e que não podia deixar de agradar ao público-alvo, pese embora a ausência de desenhos animados, normalmente a 'atracção principal' deste tipo de programa. Lecas era, no entanto, uma presença mais do que magnética o suficiente para manter as crianças portuguesas cativadas durante todo um programa, eliminando a necessidade de exibir séries entre os diferentes segmentos, e dando ao programa alguma originalidade face a outros 'concorrentes'.

De referir, ainda, que foi deste programa – e dos seus segmentos musicais, protagonizados uma vez por episódio pelo próprio Lecas – que saiu o icónico disco 'As Canções do Lecas', do qual também já aqui falámos, pouco depois do 'post' dedicado à 'Hora'. Esta nova publicação vem, pois, completar a 'trilogia' dedicada a uma das grandes figuras da televisão infantil portuguesa de finais dos anos 80 e inícios de 90, e que a porção mais velha dos leitores deste 'blog' provavelmente recordará como um dos seus ídolos de infância.

25.09.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 23 de Setembro de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Para a geração nascida ou crescida em Portugal durante os anos 90 e 2000, o formato 'talk show' faz parte integrante e indelével do panorama televisivo nacional, tanto ou mais do que os concursos, 'reality shows', partidas desportivas ou telenovelas portuguesas e brasileiras. É, assim, fácil esquecer que este tipo de programa pouca ou nenhuma expressão teve no nosso País até meados da última década do século XX, altura em que uma série de programas passaram a degladiar-se pela honra de serem 'barulho de fundo' para uma manhã de tarefas domésticas no típico lar português. E se alguns destes formatos tiveram vida relativamente curta, outros lograram ficar no ar durante literais décadas, com um ou outro dos mais famosos a perdurar até aos dias de hoje, como é o caso do programa a que aludimos neste 'post', que comemorou há poucos dias o trigésimo aniversário sobre a sua estreia. E embora seja verdade que a referida emissão nem sempre esteve no ar de forma constante durante este período, é também inegável que a mesma foi, é e continuará decerto a ser uma referência no panorama de entretenimento televisivo leve em Portugal, e a fazer parte da 'paisagem' do principalcanal estatal português.

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Seria na manhã de 18 de Setembro de 1995 que iria pela primeira vez ao ar na RTP1 aquele que se viria a tornar um dos expoentes máximos do seu género a nível nacional, e a fazer com que o seu criador e apresentador, Manuel Luís Goucha, ficasse definitivamente associado aos programas de variedades, por oposição à culinária em que brilhara na década anterior. Com nome inspirado numa conhecida praça portuense (que o cenário procurava emular), 'Praça da Alegria' via o ex-mestre de cozinha fazer dupla, numa fase inicial, a Anabela Mota Ribeiro, embora não viesse a passar mais de um ano antes de o mesmo encontrar a sua parceira 'definitiva', e actual apresentadora com mais tempo à frente do programa, Sónia Araújo. Juntos, estes dois apresentadores manteriam entretidas as donas de casa, reformados, desempregados e algumas crianças portuguesas durante os seis anos seguintes, ao longo dos quais desenvolveram uma natural química mútua, a qual, a juntar ao seu 'charme' natural, fazia as delícias das audiências, tanto em casa quanto no próprio estúdio de Vila Nova de Gaia.

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Sónia Araújo com os seus dois parceiros de apresentação.

Justamente quando parecia que o programa havia encontrado a sua fórmula definitiva, no entanto, 'cai a bomba': Manuel Luís Goucha está de saída para a TVI, onde irá apresentar o concorrente 'Olá Portugal'. Para o seu lugar é escolhido outro nome bem conhecido do meio: Jorge Gabriel, então já veterano da apresentação, mantendo-se Sónia Araújo como 'âncora' do programa, e elo de ligação entre as duas fases. E se com Goucha haviam sido quase sete anos, com Jorge Gabriel seriam mais de dez, até nova mudança radical, com a passagem do programa para Lisboa (decisão que causou considerável celeuma, dando mesmo direito a protestos do Bispo de Setúbal!) e a entrega das 'rédeas' a João Baião e Tânia Ribas de Oliveira – uma experiência que desvirtuava o programa de tal forma que não podia senão dar errado, tendo esta fase do programa durado pouco mais de um ano até a metade masculina da dupla decidir 'regressar a casa' para apresentar a 'Grande Tarde' da SIC. Deixada sozinha no comando de um programa que nunca havia sido o seu, Tânia valentemente 'aguenta o barco', mas o destino da 'Praça da Alegria' estava traçado, vindo o programa a sair do ar durante outros quinze meses.

O regresso (embora com nome encurtado para apenas 'A Praça') dar-se-ia quase exactos vinte anos após a primeira emissão do original (a 21 de Setembro de 2015), e veria o programa regressar às 'origens' portuenses e 'repescar' a dupla de Gabriel e Araújo, como que num esforço concertado para fazer esquecer aquela experiência gorada de um par de anos antes. Três anos depois, em 2018, o programa recuperaria o seu nome original, completando-se assim o regresso total e declarado à 'segunda fase' do programa (a da primeira década pós-Goucha). Os resultados não podiam ter sido melhores, tendo a 'Praça' permanecido mais ou menos imutável desde então até aos dias de hoje, em que continua a fazer as delícias de muitos dos mesmos espectadores que a seguiam quando, há três décadas, estabelecia o 'livro de estilo' para os 'talk shows' em Portugal, e a provar que, mesmo sem o seu criador, merece o seu lugar como referência máxima do formato a nível nacional. Parabéns, e que conte ainda muitos.

08.07.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Segunda-Feira, 07 de Julho de 2025.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Na última Segunda de Sucessos, passámos em revista a carreira do duo romântico Anjos, hoje de novo na ribalta devido a um mediático processo judicial em que se encontram envolvidos. Nessa ocasião, fizemos também menção ao programa que ajudou a lançar o duo, 'Casa de Artistas'; nada melhor, portanto, do que dedicarmos agora algumas linhas a esse importante, mas esquecido, formato televisivo.

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Uma das poucas actuações do programa registadas na Internet actual.

Exibido pela RTP, com apresentação da então veterana dos ecrãs, Serenella Andrade, 'Casa de Artistas' (não confundir com o 'reality show' brasileiro, 'Casa DOS Artistas') podia ser descrito como um sucedâneo de 'Chuva de Estrelas', mas sem a vertente teatral e de reprodução dos visuais dos artistas homenageados, e com a característica única e distintiva de os participantes serem, forçosamente, membros da mesma família, regra que permitiu que os irmãos Rosado tomassem parte, e eventualmente se sagrassem vencedores. As diversas famílias concorrentes em cada programa competiam, pois, entre si, cabendo ao júri do programa escolher um vencedor final - um formato entre o concurso tradicional e 'talent shows' como o posterior (e bastante mais lembrado) 'Ídolos', e dos ainda mais posteriores 'Factor X' e 'The Voice Portugal', este último ainda hoje no ar. que apresentava alguma originalidade, e que fazia crer que 'Casa de Artistas' viesse a ser bastante mais recordado do que de facto é.

Efectivamente, apesar da premissa original e vertente competitiva, o programa em causa encontra-se, hoje, algo Esquecido Pela Net, sendo recordado apenas e só no contexto do início de carreira dos Anjos – razão mais que suficiente para que este nosso blog, 'especialista' em 'desenterrar' elementos esquecidos da vida de então, lhe dedique algumas linhas, e o procure trazer, novamente, para a ribalta, tal como sucedeu recentemente com os seus mais famosos e mediáticos vencedores.

25.06.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 24 de Junho de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

De entre todos os 'veteranos' da televisão portuguesa de finais do século XX, um, em particular, destacava-se pela sua capacidade de comunicar com as crianças e jovens ao seu nível, sem paternalismos, bem como de criar formatos televisivos apelativos para essa mesma demografia, que ele próprio se encarregava de apresentar. Falamos, claro, de Júlio Isidro, o já então 'decano' dos pequenos ecrãs (levava, à época, quase três décadas de actividade) responsável por clássicos infanto-juvenis em décadas anteriores (de 'O Passeio dos Alegres' a 'Clube Amigos Disney') e que, à entrada para os últimos dez anos do Segundo Milénio, procurava manter esse estatuto com mais um formato com tudo para agradar ao seu público-alvo. É desse programa, sobre cuja se celebram na próxima semana trinta e cinco anos, que falamos nas linhas abaixo.

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Na linha de propostas semelhantes da mesma época, mas mais ambicioso do que estas, 'Oito e Oitenta' propunha um conceito mais baseado na perícia, destreza e habilidade do que nas capacidades mentais ou conhecimentos, destacando-se assim, desde logo, da concorrência. As equipas participantes eram formadas por alunos de dois estabelecimentos de ensino distintos e sem qualquer relação entre si, que se 'degladiavam' em confronto directo pela oportunidade de ganhar os habituais prémios patrocinados, neste caso pela Coca-Cola. Por entre provas, havia também lugar aos quase obrigatórios momentos musicais, protagonizados pelos artistas mais 'na berra' (os GNR, por exemplo, partilharam nas redes sociais um vídeo da sua actuação no programa).

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Uma fórmula, portanto, que tinha tudo para agradar à demografia a que apontava, mas que, infelizmente, acabou por não ir além dos treze episódios (o equivalente a uma 'temporada', em termos televisivos) nem tendo chegado a terminar o ano no ar – um desempenho desapontante, numa época em que os concursos ficavam no ar durante períodos bastante mais prolongados, e que terá deixado o veterano Isidro a ponderar o que havia corrido mal; felizmente, a carreira do apresentador não viria a sofrer em consequência desta aposta menos ganha, continuando o mesmo a entreter os espectadores portugueses até aos dias de hoje. Já 'Oito e Oitenta' permanece 'eternizado' nos Arquivos RTP, pronto a ser 'redescoberto' por quem na altura o via - ou quem não sabia da existência, mas ficou interessado após ler as linhas acima...

17.06.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Segunda-feira, 16 de Junho de 2025.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Apesar de se encontrar ainda em estado extremamente embrionário relativamente a mercados como os Estados Unidos ou a Inglaterra, a produção televisiva portuguesa atravessava, nos anos 80 e 90, um período de expansão, não só no tocante a séries de acção real, como também a animações ou projectos mais experimentais, abstractos ou diferentes. E depois de já aqui termos abordado vários exemplos das duas primeiras categorias, chega agora a altura de falarmos de uma série que se enquadra na última, destacando-se vincadamente da restante produção da época e, por esse meio, tornando-se memorável.

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Falamos de 'No Tempo dos Afonsinhos', série educativa que, como o próprio nome indica, pretendia oferecer uma versão ficcionalizada e 'artística' da vida quotidiana dos portugueses primitivos (os Afonsinhos do título) nos castros onde residiam; no fundo, uma espécie de 'Astérix à portuguesa', mas com menor ênfase nos elementos fantásticos e maior preocupação com a veracidade histórica, ainda que com as devidas e compreensíveis 'licenças artísticas' destinadas a captar a atenção do público-alvo. Ainda assim, e mesmo com estes elementos ficcionalizados, a série não deixava de retratar verdadeiras ocupações dos castrenses, como a olaria ou o fabrico artesanal do pão.

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Para além desta abordagem diferenciada, 'No Tempo dos Afonsinhos' destacava-se, ainda, pelo uso exclusivo de marionetas para criar e retratar os seus personagens e histórias – um método que já não era novidade para as crianças portuguesas na fase pós-'Rua Sésamo', mas que, aqui, é utilizada de forma talvez até mais extensa do que no supracitado programa, constituindo meio único de veicular as aventuras dos Afonsinhos, eles mesmos inspirados nos tradicionais 'cabeçudos' presentes em festas populares, e nos personagens de cerâmica típicos do Norte português. E ainda que esta escolha visual não seja para todos – lá por casa, por exemplo, evitava-se activamente esta série – o mesmo não deixa, ainda assim, de ser original o suficiente para se tornar memorável, e trazer lembranças tão logo se veja mencionado o título do programa.

Apesar da sua curta duração, a série produzida pela RTP-Porto em 1993 fez, pois, durante os seus poucos meses no ar, o suficiente para 'cravar' um lugar na memória remota das gerações 'X' e 'Millennial' portuguesas, e deixar na mesma imagens e recordações, sejam mais ou menos positivas. Para quem quiser reviver algumas dessas memórias, aqui fica o link para uma playlist do YouTube com alguns episódios.

10.06.25

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Os anos 90 representaram, na televisão portuguesa, a era por excelência dos programas de variedades para crianças. Já parte integrante da cultura infantil em outros países, foi apenas nos últimos anos do século XX que este tipo de programas verdadeiramente penetrou na consciência colectiva juvenil do nosso País, muito graças a uma série de icónicos e ainda hoje saudosos representantes, com os 'rivais' da SIC e TVI – 'Buereré' e 'Batatoon' – à cabeça, mas também 'A Casa do Tio Carlos', 'Mix Max', 'A Hora do Lecas', 'Clube Disney', 'Oh! Hanna-Barbera', 'Um-Dó-Li-Tá' ou as diversas permutações de 'Brinca Brincando' a conseguirem captar a atenção do público-alvo.

Com tanta e tão ilustre concorrência, não é, no entanto, de admirar que alguns programas deste tipo tenham acabado por 'perder a corrida' pelos corações dos jovens lusitanos, e ficado um pouco mais 'esquecidos' na memória nostálgica dos 'millennials' nacionais. É, precisamente, sobre um desses programas, estreado há pouco mais de três décadas na RTP1, que versam as próximas linhas.

Emitido pela primeira vez a 5 de Junho de 1995, 'Sempre A Abrir' tinha tudo para agradar à sua demografia, do título 'radical' (ou não estivéssemos em meados da década 'bué da fixe' por excelência) a um apresentador carismático, no caso Victor Emanuel, e uma selecção apelativa de desenhos animados, com destaque para a insólita adaptação em 'anime' de 'Música No Coração', à qual já aqui dedicámos espaço. O horário das tardes era, também, conducente ao sucesso, sendo ideal para quem chegava da escola e procurava desenhos animados para acompanharem o seu pão com Tulicreme e copo de leite com chocolate.

É, pois, difícil de perceber a razão pela qual 'Sempre A Abrir' falhou enquanto espaço infantil na era pré-hegemonia de Ana Malhoa e Batatinha. O programa tinha tudo para 'dar certo', e, no entanto, é hoje muito menos lembrado pela demografia que então constituía o seu público do que qualquer dos exemplos acima elencados – isto apesar de se ter logrado manter no ar durante três anos, uma eternidade no contexto em causa, e ocupado tanto a faixa das tardes de semana quanto o não menos apetecível bloco dos Sábados de manhã. A verdade, no entanto, é que, seja por que razão fôr, este bloco infantil se encontra, hoje, praticamente Esquecido Pela Net, sendo difícil conseguir informações ou material relativo ao mesmo, ou mesmo uma imagem ou vídeo para complementar este 'post'; de facto, passe o trocadilho, quase parece que o programa foi 'Sempre A Abrir' rumo ao esquecimento total. Nada que invalide que, na medida do possível, lhe procuremos dedicar algumas linhas nesta nossa rubrica dedicada à televisão nacional noventista.

28.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 27 de Maio de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Já aqui por diversas vezes mencionámos os anos 80 e especialmente 90 como sendo a 'época áurea' para os concursos televisivos, com diversos formatos estrangeiros a serem adaptados e outros tantos criados de raiz, resultando numa oferta tão variada quanto apelativa, à qual  dedicámos diversos 'posts' no passado. Este paradigma não foi, no entanto, exclusivo daqueles últimos anos do século XX; por alturas da viragem do Milénio, o mesmo continuava ainda bem vivo, como o prova o tema deste 'post', estreado há quase exactos vinte e cinco anos (a 29 de Maio de 2000) no principal canal nacional.

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E a verdade é que 'Só Números' tinha, desde logo, uma missão espinhosa: a de substituir, nas noites de Segunda-feira da RTP, o mega-sucesso 'Quem Quer Ser Milionário', com o carismático Carlos Cruz. Para tentar levar a cabo este ambicioso objectivo, o concurso 'armava-se' de uma proposta verdadeiramente original, embora com potencial para 'alienar' as audiências mais jovens. Isto porque a premissa do concurso apresentado por Miguel Dias tinha por base – como o próprio título indicava – respostas inteiramente compostas por números, devendo os concorrentes (dez, no total) tentar aproximar-se, tanto quanto possível, da resposta correcta, sendo o vencedor aquele que mais próximo ficasse. O prémio final era o habitual automóvel, 'presente' máximo de pelo menos noventa e cinco por cento dos concursos 'para adultos' da televisão portuguesa da época.

Um conceito original o suficiente para ancorar um programa deste tipo, mas que acabou por não ser suficiente para manter 'Só Números' à tona, tendo o concurso concluído as suas emissões ainda antes do final do primeiro ano do Novo Milénio, e ficado muito longe dos níveis de audiências, repercussão e memorabilidade do seu antecessor. Ainda assim, e apesar de ter constituído uma aposta falhada, não deixa de ser de valor recordar este concurso, apenas um par de dias antes de se completar um exacto quarto de século sobre a sua primeira emissão.

25.03.25

NOTA: Este 'post' é correspondente a Segunda-feira, 24 de Março de 2025.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Já aqui por várias vezes nos referimos aos anos 90 como a grande era da sensibilização para a ecologia, não só em Portugal como um pouco por todo o Mundo; e, sendo esta mensagem dirigida, sobretudo, a um público jovem, não é de admirar que a mesma surgisse frequentemente em produtos dirigidos a esta demografia, com especial ênfase nos filmes, videojogos e desenhos animados. De facto, os últimos dez anos do século XX viram surgir uma série de criações de pendor ecológico, de 'Awesome Possum', um titulo algo obscuro para Sega Mega Drive, até filmes como 'Ferngully - As Aventuras de Zack e Krysta Na Floresta Tropical', passando por programas televisivos como 'Capitão Planeta' ou o desenho animado que focamos esta segunda-feira, 'Widget'

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Criada logo nos primeiros meses da década e chegada à RTP três anos depois (um ano após a Prisvídeo a ter lançado em vídeo, com dobragem em Português do Brasil), a série em causa foca-se num pequeno alienígena roxo, capaz de se transformar nos mais diversos seres e objectos, conforme a necessidade, e cuja missão é velar pela manutenção do equilbrio ecológico da galáxia. Enviado à Terra em missão urgente pelo seu superior, o Grande Sábio, este agente juvenil não tarda a juntar-se a dois jovens habitantes do planeta, no caso dois irmãos, para o proteger das diversas ameaças ecológicas e intergalácticas que enfrenta.

Uma premissa que requeria algum tacto para não parecer forçada e 'lamechas', algo em que 'Widget' é algo mais bem-sucedido do que 'Capitão Planeta' – não que tal fosse difícil. Infelizmente, no restante, a série tem muito pouco de especial, sendo bastante típica da sua época e uma das representantes mais famosas do género do 'amigo mágico', uma espécie de versão actualizada da 'fórmula Scooby-Doo', popular duas décadas antes. Em suma, da perspectiva de um 'trintão' ou 'quarentão' nostálgico pela sua infância, será perfeitamente 'visível', mas muito pouco entusiasmante – à parte, claro está, o tema de abertura, um daqueles 'épicos' também tão típicos do período, hoje interessante sobretudo como 'cápsula' de uma certa era da animação televisiva, em que muitas séries nada mais eram do que veículos (fossem para mensagens ou brinquedos) produzidos com o menor orçamento possível, e repletos de mascotes 'fofinhas' e comercializáveis, algumas mais bem sucedidas na sua aceitação pelo público-alvo do que outras, ficando Widget nesta última categoria.

Ainda assim, a série foi bem-sucedida (ou era barata) o suficiente para ter sido repetida anos depois no Canal Panda - agora em versão legendada, por oposição à dobragem original – dando a conhecer a toda uma nova geração as mensagens ecológicas do pequeno mas poderoso guardião da galáxia a quem estas linhas são dedicadas; quem sabe, pois, não venhamos, ainda, a assistir a um segundo regresso de Widget, desta vez quiçá em 3D e criado por CGI, mesmo a tempo de ensinar à Geração Alfa como cuidar do ambiente?

19.02.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 18 de Fevereiro de 2025.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Já aqui anteriormente falámos dos programas de 'Apanhados' como um dos formatos de maior sucesso no panorama televisivo nacional de finais do século XX. Fosse em situações cuidadosamente 'criadas' por comediantes 'à paisana', fosse no mais orgânico e natural estilo de 'vídeo caseiro', o público telespectador nacional parecia não se cansar de presenciar a vergonha alheia, e de rir das situações mais ou menos embaraçosas em que pessoas como eles se encontravam frente a câmaras de televisão. Assim, não é de estranhar que, nos últimos meses do século XX e do Segundo Milénio, a RTP tenha querido, mais uma vez, capitalizar no formato que tantas alegrias lhe trouxera em anos anteriores, através de um programa que aliava a tradicional e bem-sucedida fórmula dos 'Apanhados' a um apresentador carismático e capaz, por si só, de cativar potenciais interessados a sintonizarem a emissão em causa.

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Surgem assim, algures em 1999, os 'Cromos de Portugal', programas de cerca de uma hora em que Guilherme Leite – à época bastante em alta – servia de 'anfitrião' a três rábulas de 'apanhados', nos moldes já bem conhecidos da audiência-alvo, e expectáveis em programas deste tipo. O sucesso, esse, foi também o expectável, partindo o programa para um ciclo de vida de respeitáveis dois anos - um de cada 'lado' da viragem do Milénio - que provavam que o público português continuava a nutrir apetência por este formato, sempre que o mesmo fosse apresentado de forma apelativa e bem executada. Mesmo não tendo tido o sucesso dos seus antecessores (exibidos quando o formato era, ainda, relativamente novo e original) nem sendo o 'expoente máximo' do género em causa, 'Cromos de Portugal' merece ainda assim, portanto, destaque nestas páginas, como mais um exemplo de que a repetição de uma fórmula de sucesso nem sempre é sinónimo de 'fadiga' por parte da audiência-alvo. E quem quiser comprovar por si mesmo pode fazê-lo no bom e velho YouTube, onde um utilizador fez o 'favor' de adicionar toda a primeira temporada do programa numa só 'playlist', perfeita para uma sessão de 'visionamento compulsivo' daquelas que estão tão na moda hoje em dia...

04.02.25

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Já aqui anteriormente nos referimos aos anos 90 como a 'era de ouro' dos concursos televisivos em Portugal, com um cada vez maior número de programas deste género a fazer 'concorrência' aos velhos sobreviventes de décadas transactas; e a verdade é que, destes, uma parcela significativa era directa e explicitamente dirigida a um público infanto-juvenil, procurando explorar a apetência por actividades competitivas típica daquela demografia. E se este novo 'nicho' apenas deu azo a um verdadeiro clássico intemporal – a lendária 'Arca de Noé' – não é menos verdade que, em redor desse ícone da televisão nacional noventista se perfilavam uma série de outros programas que, apesar de menos memoráveis, não deixaram ainda assim de proporcionar suficientes bons momentos ao seu público-alvo para merecerem uma menção nestas nossas páginas. É o caso do programa que recordamos esta Terça-feira, o qual comemora este mês os exactos trinta anos sobre a sua estreia, em Fevereiro de 1995.

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Produzido pela portuense Miragem e exibido pela RTP, 'Gugu Dadá' tinha, em relação aos seus congéneres, a particularidade de se destinar a um público (ainda) mais novo – como, aliás, era dado a entender não só pelo título como também pelo logotipo criado a partir de cubos; de facto, enquanto a maioria dos concursos infantis da época eram dirigidos a crianças em idade de instrução primária ou preparatória, 'Gugu Dadá' era, literalmente, um programa para bebés. Isto porque o conceito central do concurso postulava que nenhum dos concorrentes infantis poderia ter mais de quatro anos, fazendo com que os participantes fossem, invariavelmente, crianças muito pequenas, ainda em idade de desenvolvimento cognitivo, psicomotor, pessoal e social.

E porque não se poderia pedir a bebés nesta etapa do crescimento que respondessem a perguntas ou cumprissem o tipo de prova habitual nestes concursos, o regulamento do programa previa também a presença de um adulto em cada uma das 'equipas', cuja função era guiar a criança através dos requisitos da competição – uma oportunidade 'de ouro' para criar laços com os filhos ou familiares, embora haja lugar a questões sobre se um programa transmitido a nível nacional será o melhor local para esse tipo de experiência partilhada e de entrosamento. Felizmente, no final, todos ganhavam, levando para casa um certificado de participação e um saco de brinquedos da Tomy (marca infantil então em alta) incluindo um expressamente escolhido pela própria criança, proporcionando-lhe assim uma experiência tão divertida como gratificante, e colocando o ênfase na diversão e brincadeira, por oposição à competição – apesar de, novamente, haver razões para ponderar quanto ao efeito do ambiente de um estúdio de televisão no humor e saúde mental de crianças tão pequenas.

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O apresentador José Jorge Duarte. (Crédito das fotos: Desenhos Animados Anos 90)

Talvez por essas e outras questões éticas o programa apresentado pelo sempre carismático José Jorge Duarte (à época figura inescapável do panorama televisivo nacional, por conta do sucesso d''A Hora do Lecas' e de outro concurso infantil de relativo sucesso, 'Tal Pai, Tal Filho') apenas tenha logrado chegar às duas dezenas e meia de episódios, após os quais caiu no relativo esquecimento até o advento da Internet o vir 'resgatar' da obscuridade. E é nesse sentido que o Anos 90 procura, também, deixar a sua contribuição para o 'arquivo' de fontes sobre este concurso que, apesar de hoje algo obscuro, apresenta interesse suficiente para, à distância de quase exactos trinta anos, merecer ainda algumas linhas a si alusivas.

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