19.05.25
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
As telenovelas – sejam brasileiras ou portuguesas – são, desde tempos imemoriais, parte integrante do quotidiano televisivo português, chegando mesmo, nos tempos pré-Internet, a juntar famílias inteiras em torno do televisor, para acompanharem juntas aquelas mirabolantes tramas repletas de amores, traições e coincidências improváveis, a caminho do invariável final feliz. E se muitas destas produções 'ficaram pelo caminho' uma vez concluída a sua exibição, outras houve que lograram resistir à passagem dos anos, voltando uma e outra vez às grelhas nacionais, prontas a serem descobertas por toda uma nova geração de potenciais fãs.
Um dos mais destacados exemplos desta tendência foi a primeira adaptação do romance de Bernardo Guimarães, 'A Escrava Isaura', produzida em meados dos anos 70 e transmitida originalmente pela RTP no final dessa mesma década, mas que, há exactos trinta anos, e volvida mais de uma década e meia sobre a sua primeira exibição, regressava ao 'convívio' dos telespectadores portugueses, desta vez pela mão da SIC, onde passava, precisamente, ao final das tardes de Segunda-feira. E a verdade é que, num país onde grande parte do conteúdo era ainda oriundo de décadas passadas, 'A Escrava Isaura' conseguiu não destoar – também graças aos elevados valores de produção para o seu género e época – e conquistou mesmo o 'coração' de muitas crianças e jovens das gerações 'X' e 'millennial', que passaram a acompanhar a novela ao lado dos pais, tios ou avós.
E não era caso para menos, já que o enredo de 'Isaura' tem tudo o que se pode desejar de uma produção do seu tipo, com a vantagem de ser baseada em material não só pré-existente, como de qualidade, o qual lhe granjeia uma base sólida de que a maioria das outras novelas não gozam, evitando assim alguns exageros em que as mesmas tendem a cair. O elenco é, também ele, forte (embora com poucos dos nomes normalmente associados às novelas brasileiras) resultando num produto final com certo factor de intemporalidade, e mais merecedor do tempo e paciência dos espectadores do que a maioria das suas congéneres. Tal facto fica, aliás, bem evidente no retumbante sucesso internacional da novela, a qual teve, inclusivamente, direito a um 'remake' em 2004/2005, embora o impacto do mesmo tenha ficado longe do da sua antecessora, a qual é, até hoje, a novela mais repetida da Globo, e, consequentemente, uma das mais vistas a nível mundial. Portugal não é, de todo, excepção a esta regra, justificando assim estas breves linhas por ocasião da data em que a novela principiava a cativar a sua segunda leva de espectadores em território nacional.