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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

18.10.24

NOTA: Por motivos de relevância, este Sábado será novamente de Saída. Os Saltos voltarão nas duas semanas seguintes.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Tal como acontece com qualquer geração em qualquer parte do Mundo, também os jovens portugueses de finais do século XX tiveram as 'suas' marcas e lojas icónicas, algumas delas já abordadas nestas páginas. E se a maioria destas se incluía na categoria mais tarde conhecida como 'fast fashion' – que ainda hoje engloba lojas como a Zara/Pull & Bear, H&M, Mango, Bershka, Springfield ou Stradivarius, entre outras – havia, ainda assim, certas lojas especializadas numa só marca que capturavam a imaginação dos 'millennials' nacionais pela sua combinação de popularidade e 'designs' apelativos. Era o caso da Benetton, da Gant, da Timberland, da Gap, das incontornáveis Sacoor e Quebramar, ou ainda da loja que abordamos neste post aglutinador de Sexta com Style e Saída ao Sábado, a qual completa neste mês de Outubro vinte e oito anos de existência.

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Popularizada sobretudo pela sua ligação declarada ao movimento e cultura 'surfista', muito em voga durante toda a década de 90, a Ericeira Surf Shop não tardou a disseminar-se bem para além da sua 'base' e demografia-alvo, e a invadir os pátios de escola, sobretudo os frequentados por alunos de classes sociais mais abastadas, os chamados 'betinhos'. Assim, por alturas da viragem do Milénio, ser visto com roupas da loja em causa dava já tanto crédito social como usar qualquer das marcas acima descritas, com o bónus acrescido de as mesmas não serem facilmente encontradas numa qualquer feira, obrigando a um considerável investimento. Por outro lado, como sucedia com algumas das outras marcas populares da época, este factor tirava a Ericeira Surf Shop das possibilidades financeiras de grande parte dos jovens, reforçando a natureza algo elitista da loja e respectivos artigos e criando um sentimento de inferioridade a quem não tinha 'cachet' para os mesmos – o que, bem vistas as coisas, talvez fosse precisamente o objectivo da sua clientela, embora não necessariamente da loja em si.

Tal como a maioria das marcas e lojas que aqui abordamos, no entanto, também a Ericeira Surf Shop acabou por 'passar de moda' entre a população jovem em geral, e regressar ao seu 'reduto' mais especializado, onde permanece até hoje, agora com o nome de Ericeira Surf & Skate e um espectro mais alargado de especializações, onde se inclui também o 'snowboard'. Os portugueses de uma certa idade, no entanto, recordarão para sempre a marca pelo seu nome anterior, que tanta inveja causava ao ser lido num saco de compras ou peça de roupa de um amigo ou colega de escola. Parabéns, e que conte ainda muitos.

28.04.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

O calçado é, regra geral, uma das melhores formas de 'datar' uma determinada moda ou estilo, sendo ainda hoje um dos principais factores a ter em contar ao tentar emular um 'look' nostálgico; a simples visão de umas socas com sola de plataforma num 'look' feminino, por exemplo, já coloca o 'outfit' algures entre finais dos anos 90 e inícios do Novo Milénio, enquanto que uns Vans aos quadrados já remetem aos últimos anos da década de 2000. Portugal não foi excepção a esta regra, tendo a moda juvenil dos últimos anos do século XX e primeiros do seguinte ficado marcados por toda uma panóplia de artigos de calçado, dos mais visualmente distintos (como os ténis All-Star com a bandeira americana ou inglesa) aos mais discretos, mas nem por isso menos cobiçados, como era o caso dos ténis da Redley.

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Oriunda do Brasil, a marca surgia em Portugal ligada ao sempre popular movimento 'surf' e 'bodyboard', associação essa que ajudava a elevar consideravelmente a reputação daquilo que eram, de outro modo, umas 'sapatilhas' de lona rasas, com sola branca e normalmente de cor única, e sem nada que as distinguisse de outros sapatos semelhantes; um daqueles casos, portanto, em que a marca, e respectivo posicionamento de mercado, 'falavam mais alto' do que a estética ou os factores distintivos do artigo em si – uma situação que continua, até hoje, a ser quase paradigmática entre as demografias mais jovens.

Fosse qual fosse o seu atractivo, a verdade é que os ténis e sapatilhas da Redley, fossem com os tradicionais atacadores ou simplesmente de enfiar no pé, rapidamente se tornaram quase 'obrigatórios' entre certos sectores da juventude portuguesa de fim de século, que as ostentava orgulhosamente para inveja dos familiares, colegas e amigos. Escusado será, também, dizer que este era um daqueles casos em que sapatos em tudo semelhantes, mas de marca genérica, e ainda imitações da marca, proliferavam no mercado, sem no entanto suscitarem grande interesse – já que, neste particular, a etiqueta era mesmo o único ponto de 'interesse',

Tal como tantas outras peças e marcas de que aqui falamos, também a Redley pareceu, de um dia para o outro, desaparecer do 'radar' dos jovens portugueses, levada na constante enxurrada das tendências de moda. Para quem, um dia, cobiçou um simples sapato de pano só porque o mesmo tinha a característica etiqueta vermelha, no entanto, este post terá decerto reavivado memórias nostálgicas de tempos que já lá vão – e, como tal, cumprido a sua missão de não deixar cair no esquecimento alguns dos mais marcantes factores da vida infanto-juvenil de finais do século XX.

10.04.22

NOTA: Este post é respeitante a Sexta-feira, 08 de Abril de 2022.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já anteriormente aqui se discutiu o impacto que o movimento alternativo - quer na vertente 'rock', quer 'hip-hop' - teve sobre a juventude portuguesa de finais do segundo milénio; e um dos aspectos mais visíveis dessa mesma influência era a forma de vestir, um dos principais identificadores externos do 'estilo' a que se pertencia. E enquanto os 'betinhos' tinham as 'sweats' da Gap, as camisas Sacoor, os pólos de 'rugby', os sapatos de vela, os blusões da Duffy e as calças à boca de sino, os 'dreads' tinham os panamás às florzinhas (aos quais paulatinamente chegaremos), os bonés de equipas desportivas, os ténis Airwalk, as 'sweats' de marcas de surf e skate, e aquela que era literalmente a 'alternativa' às calças à boca de sino: as calças largas.

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Sim, durante um período de dois ou três anos, no final do século XX, um dos items mais desejados pela maioria dos jovens de tendência mais 'alternativa' foram calças de corte propositalmente largo (as bases das pernas tapavam, idealmente, todo o topo dos ténis), cujos bolsos se estendiam quase até aos joelhos (ou à base do rabo, no caso dos bolsos de trás), acomodando sem problemas um 'walkman' ou 'discman', uma consola portátil, ou até algo como um livro, uma barra de chocolate ou uma sanduiche. Fosse na vertente ganga (sempre com as tradicionais costuras brancas, que não deveriam faltar num item deste tipo) fosse no ainda mais popular formato 'chino' (cinzento ou, preferencialmente, bege ou cor de creme), de corte masculino ou feminino, as calças deste tipo eram parte indispensável do vestuário tanto de quem era 'dread', como de quem queria ser; e quem não tinha (e não tinha dinheiro para comprar) um par, 'caçava com gato', isto é, comprava simplesmente um par de calças normal, vários tamanhos acima, e apertava-o na cintura para que servisse. O importante era que o efeito visual fosse o correcto...

Como tantas das peças de que aqui falamos (incluindo o seu indispensável complemento, os ténis de 'skate', e as 'rivais' boca de sino) as calças de formato largo acabaram, com o passar dos anos, por voltar ao seu reduto mais 'de nicho', tanto na sociedade portuguesa, como um pouco por todo o Mundo; quem 'lá esteve', no entanto, não esquece o impacto que essa vestimenta teve numa parte significativa da população jovem nacional da época, para quem era (mais um) elemento-chave de identificação e 'localização' social...

18.02.22

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

As décadas de 90 e 2000 são bem conhecidas como a era em que os desportos radicais, e a respectiva estética, transpuseram o seu estatuto de 'nicho' e encontraram o seu lugar na cultura popular. Do skate ao surf, passando pela BMX – termo que deixou de ser sinónimo com 'bicicletas para miúdos' para passar a designar algo bem mais desejável – foram várias as modalidades pelas quais uma geração inteira de jovens se interessou a ponto de justificar programas de televisão sobre os mesmos.

E porque um movimento nada é sem a respectiva 'farda' oficial, estas duas décadas representaram, também, o auge das vendas 'mainstream' para as marcas associadas aos diferentes desportos, da Dickies, Vans e Airwalk típicas dos 'skaters' ao tema do post de hoje – as várias grifes de 'surfwear' que fizeram furor no mercado português durante esse período.

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Algumas das mais populares marcas de surf dos anos 90 e 2000

Quem cresceu, e especialmente quem foi adolescente, naquele tempo decerto que se lembra deles, e provavelmente vestiu um ou outro artigo de uma ou até de várias; Quiksilver, Rip Curl, O'Neill, Ocean Pacific, Scorpion Bay, Lightning Bolt, Body Glove ou Hang Loose (embora estas últimas em menor escala) eram nomes que qualquer jovem conhecia, sobretudo por as ver na montra de inúmeras lojas de desporto – quer as pequenas de bairro, quer as maiores situadas em 'shoppings' – e lojas especializadas em surf, como as que existiam (e ainda existem) em muitas localidades costeiras portuguesas. Esta omnipresença (que levava a que os artigos das referidas marcas se tornassem visão comum no dia-a-dia) aliada à mística e apelo do surf para a referida geração, tornava estes artigos desejáveis, e uma sweatshirt da Quiksilver ou O'Neill passou a ter praticamente o mesmo valor de uma da Gap ou No Fear na 'bolsa de valores social' existente em qualquer escola do país.

Mais – apesar de terem, entretanto, sido substituídas por outros e novos nomes do mundo da moda jovem, as marcas de surf continuam a ter uma presença (mais ou menos) considerável entre os jovens. Hoje em dia, é a Billabong quem, de todas, leva vantagem, mas uma pesquisa mais apurada não deixará, certamente, de revelar vários produtos de alguns dos outros nomes elencados acima ainda em circulação entre as crianças e jovens. Ainda assim, é inegável que as marcas de surf já não têm, hoje em dia, a expressividade que tiveram junto da geração anterior de jovens, para quem representaram, mais do que simples roupas, símbolos de um modo de vida a que muitos aspiravam, mas poucos conseguiam, verdadeiramente, ter...

 

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