27.07.24
NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 26 de Julho de 2024.
Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.
A natureza cíclica da moda tende a ser apercebida, sobretudo, de um contexto mais técnico, centrado em aspectos ligados à manufactura, como estilos, padrões, cortes e têxteis; no entanto, uma outra vertente deste paradigma prende-se com as marcas em si, as quais podem, no espaço de poucos anos, ir dos píncaros da popularidade ao quase total esquecimento, seja por falta de visibilidade ou, simplesmente, por as suas peças darem lugar, nas prateleiras e expositores das lojas, a artigos das suas 'sucessoras'. A marca de que falamos neste 'post' foi vítima de ambas essas situações, e, embora nunca tenha desaparecido totalmente do mercado, é hoje associada sobretudo com épocas passadas, nomeadamente com os últimos vinte anos do século XX. Falamos da Amarras, a marca pan-ibérica (as peças são criadas em Espanha mas fabricadas em Portugal) que, a partir do início dos anos 80, trouxe o mundo dos desportos náuticos para o domínio popular, através, principalmente, da sua icónica linha de 'sweat-shirts', as quais, para determinadas demografias, estão ao mesmo nível das camisas da Sacoor, das t-shirts da Quebramar ou das 'sweats' da No Fear.
Fundada em 1978, no Bairro de Salamanca, em Madrid, Espanha (onde ainda hoje possui a sua loja principal) a Amarras logrou, durante os vinte anos seguintes, espalhar o seu símbolo por países tão distintos como o México, os EUA e, claro, Portugal, onde a concessão da manufactura das peças ajudava a facilitar a entrada e dispersão no mercado. E se a ligação à vela e ao remo conotava, de imediato, a marca com a infame sub-classe dos 'betinhos', a verdade é que nem por isso as peças da Amarras deixavam de ser desejáveis e cobiçadas de forma transversal pelas demografias jovens das gerações 'X' e 'millennial', para quem o símbolo da marca detinha alguma atractividade, ainda que sem chegar ao patamar das concorrentes acima citadas.
A icónica 'sweatshirt' da marca, imutável até aos dias de hoje.
Nada dura para sempre, no entanto, e foi com naturalidade que o 'ciclo' da Amarras enquanto marca notável e popular se encerrou, dando lugar, ao longo dos primeiros anos do Novo Milénio, a novas 'grifes' prontas a conquistar tanto o mercado ibérico quanto o mundial. Para uma certa parcela da sociedade portuguesa, no entanto, aquelas cordas entrançadas com as letras em Arial Bold por baixo ficarão, para sempre, ligadas a 'sweat-shirts' propositalmente largas envergadas durante encontros com amigos ao fim de um dia de praia – o tipo de memória que nenhum ciclo de popularidade poderá, jamais, apagar, e que garante a esta e outras marcas um lugar permanente no coração dos 'trintões' e 'quarentões' portugueses dos dias que correm.