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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

08.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 7 de Março de 2025.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

No panteão das citações de filmes que penetraram e se mantiveram na cultura popular, 'a vida é como uma caixa de chocolates – nunca sabemos o que nos vai sair' figura ao lado de 'eu vejo pessoas mortas' (de 'O Sexto Sentido'), 'eu voltarei' (de 'Exterminador Implacável 2') ou dos famosos monólogos de Samuel L. Jackson em 'Pulp Fiction' ou Marlon Brando em 'O Padrinho' como uma daquelas citações que até o cinéfilo mais distraído saberá identificar. E não é para menos, já que o filme em que figura foi um dos grandes eventos cinematográficos do ano de 1994, tendo inclusivamente arrebatado o Óscar para Melhor Filme na cerimónia do ano seguinte.

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Falamos, claro está, de 'Forrest Gump', um daqueles filmes que terá para sempre lugar cativo numa lista, senão dos melhores filmes dos anos 90, pelo menos dos mais influentes e mediáticos. Isto porque, apesar do sucesso crítico e comercial, o filme continua a dividir opiniões quase tanto quanto um 'Titanic' ou 'A Vida É Bela', com grande parte do público a considerar tratar-se de uma obra-prima, e uma minoria muito mais vocal a apontar os elogios de que é alvo como algo exagerados para aquilo que é, essencialmente, uma comédia romântica com alguns elementos mais 'ousados', mas sem nunca entrar por terrenos sequer adjacentes a um 'American Pie – A Primeira Vez', 'Um Susto de Filme' ou mesmo 'Dez Coisas Que Odeio Em Ti' – todos eles filmes que nunca teriam sequer oportunidade de competir por um Óscar, e ainda menos de ganhar.

Não que 'Forrest Gump' não fosse merecedor das nomeações que conquistou; o filme é tecnicamente bem executado, e Tom Hanks tem uma interpretação de relevo no papel do simplório mas bem intencionado personagem titular, cujas necessidades especiais deixa evidentes, sem que a sua actuação alguma vez pareça insultuosa (à semelhança do que, no ano anterior, fizera Leonardo DiCaprio em 'Gilbert Grape', filme onde roubara a cena ao protagonista Johnny Depp, no papel do seu irmão mais novo). O que torna a experiência ligeiramente mais frustrante e mundana, no entanto, é o facto de o livro em que o filme se baseia, da autoria de Winston Groom e lançado em 1986, trazer uma trama muito mais adequada a uma longa-metragem do que a efectivamente apresentada pelo filme, com Forrest a viver uma série de peripécias adicionais que envolvem viagens ao espaço, cenas de fuga ao lado de Raquel Welch e de um gorila, e estadias sazonais em ilhas do Pacífico habitadas por tribos canibais – todas as quais se traduziriam maravilhosamente para um meio áudio-visual, e, em conjunção com os cuidados aspectos técnicos, teriam tornado o filme numa comédia surreal de 'primeira apanha', por oposição ao romance com leves toques de hmor situacional que Robert Zemeckis efectivamente levou ao grande ecrã.

Ainda assim, talvez essa abordagem tenha mesmo sido a mais apropriada para apelar a uma demografia o mais vasta possível, sendo que os episódios adicionais acima descritos teriam tornado 'Forrest Gump', o filme, numa experiência destinada a um público bem mais 'de nicho'; e a verdade é que, sob essa perspectiva, e para quem não leu o livro, o que de facto se vê ao longo das duas horas constitui um produto muito acima da média para um filme de grande orçamento de meados dos anos 90. Fica a ideia, no entanto, de que, como sucessor da obra-prima 'A Lista de Schindler' nos anais da História dos Óscares – e com 'adversários' como 'Os Condenados de Shawshank', 'Quatro Casamentos e Um Funeral' e o supracitado 'Pulp Fiction' – o filme em si fica um pouco aquém da sua reputação, que lhe valeu inclusivamente a inclusão na biblioteca cinematográfica do Congresso norte-americano, bem como um 'remake' oficial indiano, produzido em Bollywood em 2022. Essas distinções são, no entanto, mais que suficientes para justificar a sua inclusão nesta nossa rubrica sobre os mais memoráveis e influentes filmes de finais do século XX – uma descrição em que, goste-se ou não do facto, 'Forrest Gump' não deixa de encaixar perfeitamente.

15.02.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2025.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Independentemente da era ou geração, a Sessão de Sexta com a cara-metade – seja no sofá ou numa sala de cinema – continua a ser uma das opções mais populares para passar a noite de S. Valentim; e, naturalmente, dado o contexto, os filmes de romance contam-se, inevitavelmente, entre os mais populares e frequentemente escolhidos pelos casais aquando desta data e situação. Os anos da 'viragem' do século XX para o XXI não eram, de todo, excepção a esta regra, pelo que não deixava de ser fortuito que as décadas de 90 e 2000 vissem o género em causa – sobretudo na sua vertente mais leve e voltada para a comédia – viver uma verdadeira 'era de ouro', oferecendo muitas e boas opções a 'pombinhos' de todas as idades para uma Sessão de Sexta pintada de 'cor-de-rosa' e 'vermelho-coração'.

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Apenas alguns dos inúmeros filmes de romance produzidos durante os anos 90.

De facto, é dos anos 90 e – sobretudo – 2000 que emanam muitos dos maiores clássicos tanto do romance mais sério como da chamada comédia romântica. É esta a época, por exemplo, de 'Titanic', 'Antes do Amanhecer', 'Ghost – O Outro Lado da Vida', 'As Pontes de Madison County', 'A Paixão de Shakespeare' ou 'O Guarda-Costas', mas também de 'Enquanto Dormias', 'Nunca Fui Beijada', 'Notting Hill', 'Quatro Casamentos e Um Funeral', 'O Casamento do Meu Melhor Amigo', 'Dez Coisas Que Odeio Em Ti', 'Ela É Demais', 'Miss Detective' e, claro, daquele que ainda hoje é um dos exemplos mais sinónimos com o género, 'Um Sonho de Mulher', estreado logo nos primeiros meses da década de 90 e que serviu como inspiração para quase tudo o que se lhe seguiu. Eram os anos áureos de 'meninos bonitos' como Brad Pitt, Leonardo DiCaprio, Tom Cruise, Keanu Reeves, ou Freddie Prinze Jr., e de galãs mais maduros e sofisticados como Matthew McConnaughey, Richard Gere, Robert Redford ou Kevin Costner, os quais contracenavam com 'meninas do lado' como Meg Ryan, Kate Hudson, Julia Roberts, Sandra Bullock ou Jennifer Lopez em filmes fáceis de identificar pelos cartazes cheios de letras cor-de-rosa com fontes arredondadas, fundos de cor pastel e fotos dos protagonistas numa pose que dava muitas pistas sobre a sua relação – normalmente abraçados ou, em filmes mais irreverentes, costas com costas, imitando a icónica pose de Gere e Roberts no supracitado 'Um Sonho de Mulher'. Um indicador óbvio e fácil para namorados de visita ao videoclube ou cinema local, em busca de uma película com a qual 'matar' duas horas.

Ao contrário de muito do que se fala nestas páginas, a comédia romântica continua 'viva e de saúde', embora hoje mais frequentemente confinada a plataformas de 'streaming'. Quem quiser recordar a juventude, no entanto, pode ainda fazê-lo de forma relativamente fácil, bastando procurar um dos supracitados filmes (ou dos inúmeros outros exemplos disponíveis à época) e, através dele, recordar aquelas Sessões de Sexta e Saídas de Sábado românticas dos seus tempos de 'miúdo' – ou, em alternativa, criar novas memórias ao lado do actual parceiro, na noite mais propícia do ano para o fazer.

 

14.02.25

NOTA: Este 'post' é correspondente a Quarta-feira, 12 de Fevereiro e Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2025.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

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Quem cresceu, parcial ou totalmente, na década de 80 e inícios de 90, certamente se lembrará deles: um casal de personagens de banda desenhada, com um certo 'travo' a Adão e Eva, cuja vida parecia consistir exclusivamente de uma série de actividades românticas estereotipadas, devidamente acompanhadas por texto mais ou menos 'lamechas'. De facto, os mesmos nunca eram vistos a discutir, ou sequer a levar a cabo tarefas normais da vida quotidiana de um casal convencional – tudo o que faziam e diziam parecia saído de um cartão especialmente concebido para oferecer à 'cara-metade' em ocasiões especiais; nada melhor, portanto, do que, à 'beira' da pseudo-festa romântica anual, recordar os últimos anos destes 'pombinhos' na ribalta.

Falamos, claro está, do anónimo casal protagonista dos painéis da série 'Amor É...' - aquela propriedade perpetuamente a meio caminho entre a genuína tira de banda desenhada e a criação exclusivamente dedicada ao 'merchandising', que tomou o Mundo ocidental de assalto durante um quarto de século após a sua criação em finais da década de 60. De facto, ainda que as situações criadas pela 'cartoonista' neo-zelandesa Kim Casali para o seu casal de protagonistas se destinassem inicialmente a sair em jornais, foi como ilustração para toda a espécie de 'quinquilharias' que grande parte do público-alvo tomou pela primeira vez contacto com os mesmos. De canecas a caixas de fósforos, autocolantes para automóveis, e um sem-número de outros pequenos objectos, os 'pombinhos' de Casali eram omnipresentes mesmo em países onde a BD não era publicada, e não existirá 'filho' dos anos 70 ou 80 que nunca tenha visto pelo menos um produto com a imagem dos dois numa qualquer situação extremadamente romântica. E apesar de a sua relevância se encontrar já em declínio na última década do Segundo Milénio, subsistiam ainda no Portugal dos anos 90 (e não só), consideráveis 'vestígios' da fase áurea da propriedade, tanto nas lojas (prontos a servirem de prenda de S. Valentim ou de aniversário de namoro ou casamento) como em muitos lares, Não poderíamos, portanto, deixar de, às portas do dia mais romântico do ano, recordar aquele que, para muitas crianças e jovens de finais do século passado, era o epítoma da imagética normalmente associada à referida data.

28.10.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Mesmo antes de ganhar a definição oficial de 'pimba', a música popular de cariz romântico era já uma das forças mais dominantes e dominadoras na cena cultural e artística portuguesa, sendo responsável pela criação de inúmeros êxitos e vendas de discos em volumes totalmente impensáveis para a maioria dos outros géneros, alicerçadas, sobretudo, em torno de três nomes: por um lado, Ágata, e, por outro, Roberto Leal e o homem a quem dedicamos este 'post', que acaba de nos deixar aos setenta e oito anos, tendo falecido no final da semana passada (concretamente na Quinta-feira, 24 de Outubro), vítima de cancro no fígado. Falamos de João Simão da Silva, alentejano (de Évora) mais conhecido nos palcos e ondas de rádio nacionais pelo seu nome artístico, Marco Paulo.

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Marco Paulo nos anos 90.

Tendo iniciado carreira ainda novo (em 1966, aos vinte e um anos), o cantor romântico português por excelência conseguiu a proeza de atravessar nada menos do que sete décadas musicais, sem nunca perder a relevância ou o reconhecimento dentro do seu género, e sabendo sempre reinventar-se, mesmo após os maiores dissabores e contrariedades; e apesar de o seu período áureo se ter dado na década anterior à que este blog visa relembrar, à entrada para a mesma, Marco Paulo era ainda um nome omnipresente na cultura popular portuguesa, continuando os seus maiores êxitos a ter alta rotação num certo sector radiofónico, e a serem instantaneamente reconhecíveis até mesmo para as demografias mais jovens. Ao invés de se 'sentar em cima dos louros', no entanto, o cantor continuava a trabalhar incansavelmente, juntando várias novas músicas à sua lista de êxitos (algumas das quais tiveram a distinção de ser parodiadas por Herman José, como Tony Silva, em programas como 'Hermanias') e descobrindo uma nova vocação como apresentador de televisão, com passagens bem sucedidas pela grelha da RTP em 1994 e 1996.

Quando tudo parecia correr pelo melhor, no entanto, surge o primeiro susto, com uma operação para remover um tumor no cólon, em Junho de 1996. Marco recupera, e prossegue a carreira de vento em popa, continuando a marcar presença em feiras, romarias e programas da manhã e de férias até ao dealbar da presente década, altura em que havia já celebrado os cinquenta anos de carreira. É nesse período que lhe é descoberto novo cancro, agora na mama (caso raríssimo em homens), que o cantor novamente debela. Três anos depois, contra todas as probabilidades, Marco recebe novo diagnóstico de cancro, agora no pulmão...e torna a sobreviver, retomando a sua posição ao lado de Ana Marques no programa, 'Alõ Marco Paulo', o qual apresentava ainda em Julho de 2024, antes de a sua saúde se deteriorar em virtude de novo tumor, este no fígado. E se o cantor lograra contrariar o ditado que diz que 'à terceira é de vez', o facto é que este quarto tumor se revelou demasiado agressivo para o fragilizado corpo do cantor, que acabaria mesmo por sucumbir ao seu 'velho inimigo', deixando mais pobre a cena musical de cariz popular e romântico, e de luto grande parte da população portuguesa, para quem já 'fazia parte do cenário', quer através das suas canções, quer da presença nos seus ecrãs de televisão. Que descanse em paz.

11.10.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

De entre os muitos géneros cinematográficos a gozar de uma 'idade de ouro' nos últimos anos do século XX e inícios do seguinte, um dos mais notáveis foram as comédias adolescentes, quer na vertente mais 'javarda' (de que é epítome 'American Pie – A Primeira Vez', que em breve aqui terá o seu espaço) quer na mais leve e romântica, a exemplo de 'Ela É Demais'. Escusado será dizer que estes dois géneros dividiam o seu público-alvo praticamente a meio, com o primeiro - de enredos e piadas centrados nos inuendos sexuais e funções corporais - a apelar sobretudo à parcela masculina, e o segundo – com a pitada de drama decorrente das relações interpessoais dos personagens – a cativar sobretudo as jovens do sexo feminino. Tal dicotomia resultava, por sua vez, em inúmeros debates à porta do cinema, ou no sofá durante uma Sessão de Sexta, normalmente ganhos pelas raparigas, que assim sujeitavam os namorados ou familiares masculinos a duas horas de Freddie Prinze Jr ou outro galã semelhante.

De quando em vez, no entanto, surgia um filme que - por balancear as duas vertentes ou simplesmente 'suavizar' o romance – acabava por encontrar consenso entre os dois sexos. Destes, o melhor exemplo talvez seja uma película que acaba de celebrar, há cerca de um mês, um quarto de século sobre a sua estreia em Portugal, e que continua a ser dos títulos mais respeitados dentro do género da comédia romântica para adolescentes; nada melhor, pois, do que elencar as Coisas Que Odiamos (ou antes, Amamos) sobre o mesmo.

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Chegado às salas de cinema portuguesas a 3 de Setembro de 1999, 'Dez Coisas Que Odeio Em Ti' insere-se na breve e bizarra fornada de adaptações de peças de Shakespeare a um formato contemporâneo e juvenil, que também deu ao Mundo filmes como 'Esquece...E Siga' (baseado em 'Sonho de Uma Noite de Verão') ou a adaptação 'mafiosa' de 'Romeu + Julieta' por Baz Luhrmann, esta em registo mais dramático. No caso de 'Dez Coisas...', a peça-base é 'A Fera Amansada', da qual o filme mantém o enredo-base, centrado num rapaz que deve arranjar um pretendente para a irmã da jovem em que está interessado, sob pena de não poder estabelecer uma relação romântica com a mesma. Aqui, esse papel cabe a Joseph Gordon-Levitt - hoje um actor conceituado mas, à época, ainda conhecido sobretudo como o Tommy de 'Terceiro Calhau a Contar do Sol' – com a então musa das 'rom-coms' Julia Stiles no papel da irmã 'megera' e um jovem bem-parecido e talentoso de nome Heath Ledger como o 'escolhido' para a procurar seduzir. Juntamente com Gabrielle Union (no papel da melhor amiga de Bianca, a jovem pretendida pelo protagonista) os três ajudam a elevar o filme acima da comum das comédias românticas, com excelentes prestações que mantêm o espectador cativo até ao inevitável desfecho final ao som dos Letters to Cleo (que contribuem com várias das suas músicas para a banda sonora do filme).

Também a favor de 'Dez Coisas...' está o seu guião, que mistura os habituais momentos típicos de qualquer comédia romântica adolescente com um sentido de humor algo mais 'politicamente incorrecto', bem ilustrado na cena em que Heath Ledger não só faz um 'figurão' como quase causa um incidente na sua escola com a escolha infeliz de uma letra de Aerosmith como 'canção de amor'. A própria Bianca, por quem o Cameron de Gordon-Levitt nutre a paixão que precipita o restante argumento, é retratada como algo superficial e falha em inteligência, por oposição à irmã, mais sarcástica, ponderada, e definitivamente 'não como as restantes raparigas'.

Estes pequenos e inesperados toques ajudam a alargar o apelo do filme, transformando-o numa das poucas 'rom-coms' que muitos rapazes não só não se importavam de ver, como viam com activo prazer, como era o caso com o autor deste 'blog'. E apesar de o filme ter algumas vertentes 'problemáticas' nos dias que correm, o mesmo continua, ainda assim, a constituir uma excelente Sessão de Sexta 'a dois' (ou mesmo a 'solo'), bem como uma óptima maneira de 'apresentar' Shakespeare aos jovens de forma 'encoberta' e num formato que lhes seja apelativo. Razões mais que suficientes para assinalarmos, ainda que tardiamente, o quarto de século desta obra-prima da comédia romântica, em que nem sequer uma coisa conseguimos encontrar para odiar, quanto mais dez...

13.02.22

Nota: Este post é respeitante a Sábado, 12 de Fevereiro de 2022.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

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Das muitas experiências típicas da adolescência, namorar é uma das mais características. Há quem comece mais cedo, outros mais tarde; há relações que duram mais, e outras (nessa etapa da vida, a maioria) menos; mas há muito poucos jovens que não tenham, a uma ou outra altura do seu desenvolvimento, sentido e explorado sentimentos românticos por outrem.

Na época a que este blog concerne (e, queremos acreditar, ainda hoje em dia) uma das formas mais tradicionais de demonstrar esses mesmos sentimentos era com uma saída (mais ou menos) romântica – os hoje chamados, graças à influência anglófila, 'dates'. E uma das alturas mais apropriadas para combinar uma saída com a cara-metade, pela simbologia a ele associada, era precisamente a 14 de Fevereiro, no chamado Dia dos Namorados.

É claro que, para jovens ainda em idade dependente, os gestos românticos ligados a este dia ficavam muito longe das extravagâncias vistas nos filmes ou na televisão, sendo as camas de pétalas de rosa, caixas de chocolates em forma de coração, jóias e saídas a restaurantes finos típicos desses meios substituídas por lembranças mais simbólicas (de ursinhos de peluche a cassettes ou CDs feitos em casa, as famosas 'mixtapes') e idas a locais como o cinema, o bowling, o 'shopping', um dos inúmeros restaurantes de 'fast food' que se começavam à época a espalhar pelo país, ou simplesmente o jardim ao pé da escola ou de casa.

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O ideal romântico da cultura popular estava fora do alcance da esmagadora maioria dos jovens

Qualquer que fosse o destino, o que interessava era passar tempo com a cara-metade, arriscar uns 'namoricos' em público, e quiçá comprar um ou outro presente para simbolizar a ocasião – nem que fosse apenas uma daquelas flores de plástico ou chupetas luminosas entusiasticamente propostas por vendedores ambulantes.

Foram assim os Dias dos Namorados de muitos adolescentes dos anos 80, 90 e 2000 – aqueles que tinham namorado ou namorada, bem entendido; os outros afirmavam, sarcasticamente, ligarem pouco ou nada à data; portanto, esta Segunda-feira, porque não recordar aqueles tempos com uma ida ao Mac, à Pull and Bear e ver um filme 'de gaja', acompanhados do vosso 'gajo' ou 'garina'?

Façam o que fizerem, feliz Dia dos Namorados!

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