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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

21.12.22

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Recentemente, falámos aqui do ritual de enfeitar a árvore de Natal, ainda hoje um dos pontos altos deste período de Festas para muitas crianças e jovens, em Portugal e não só; agora, chega a altura de recordar a outra (e não menos entusiasmante) vertente das decorações natalícias do lar português médio - o presépio.

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Um presépio bem tradicional e típico da época.

Montado, normalmente, ao mesmo tempo do que a árvore (e geralmente perto da mesma) a tradicional cena do nascimento de Jesus permitia aos mais criativos dar largas à imaginação, senão na cena em si (que é histórica e, como tal, imutável) pelo menos na apresentação da mesma - por exemplo, através da construção de uma manjedoura ou estrela em trabalhos manuais, a qual se tornava, posteriormente, parte integrante da cena até se 'desfazer'.

Mesmo quem não tinha pendor para estas inovações, no entanto, tinha muito por onde se entusiasmar, sendo a própria aquisição das figuras em si - à época, normalmente, disponíveis em formato avulso em muitas drogarias e lojas tradicionais 'de bairro' - já constituía uma experiência fora do vulgar, e indicativa de que a época natalícia se estava, verdadeiramente, a iniciar; e depois, claro, havia a própria disposição da cena na sala de jantar ou de estar, também ela bastante divertida, sendo apenas difícil resistir à tentação de usar os figurinos do presépio como figuras de acção, ou heróis de histórias retiradas naquele preciso instante da nossa imaginação. E depois havia, claro, a também memorável 'excursão' pelas ruas da cidade, vila ou aldeia, em busca dos presépios públicos que as diferentes autarquias sempre montavam como complemento às tradicionais iluminações, muitos dos quais se destacavam pelo conceito, execução, ou simplesmente pelo tamanho...

Sejam quais forem as circunstâncias em torno deste ritual anual, no entanto, não restam dúvidas de que o mesmo constituía um dos pontos altos da experiência de preparação do Natal para as crianças e jovens portugueses de finais do século XX; a única questão que se coloca é, portanto, se esta prática continuará a ter o mesmo impacto para as gerações actuais...

23.03.22

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

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Nós também, miúda...nós também.

Sempre que chegava a Primavera, era certo e sabido – qualquer criança dos anos 90 em idade de instrução primária trazia da escola, na mochila, uma circular a informar os pais de que estava na altura de fazer a inspecção anual para detecção de piolhos e lêndeas.

Não há certezas se esta prática continua a ser comum nas escolas portuguesas (alguém aí que tenha filhos, deixe resposta nos comentários) mas, nos anos 90, a mesma era inescapável. Todos os anos, sem falha, havia alguém na turma que apanhava (ou se pensava ter apanhado) piolhos, e lá tinha a turma toda de levar para casa o tradicional pedaço de papel assinado pela professora, para entregar à mãe.

Esse acto marcava, aliás, o início do não menos inevitável ritual de ficar sentado num banquinho, na casa de banho, cozinha ou até quintal, enquanto cada milímetro do nosso cabelo era cuidadosamente esquadrinhado com um pente para piolhos, para ter a certeza de que nenhum desses nefastos bicharocos lá morava - seguindo-se, se necessário, o tratamento com champô Quitoso, para debelar definitivamente qualquer potencial infestação. O alívio, esse, vinha no fim, quando o teste era passado por mais um ano – ou, pelo menos, até mais alguém na turma aparecer com suspeitas de piolhos...

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O champô Quitoso, parte integrante de muitas infâncias

Numa época em que as comunicações escolares são primariamente feitas por intermédio de portais virtuais, e em que existe um muito maior cuidado com a saúde e a higiene por parte da família média portuguesa, é pouco provável – senão mesmo impossível – que a nova geração portuguesa venha a ter a mesma experiência que os seus pais tiveram, há já mais anos do que parecem; resta, pois, a quem andou na escola primária na década de 90 ou anteriores preservar a memória oral desse verdadeiro ritual de passagem escolar do século XX...

 

17.10.21

NOTA: Este post corresponde a Sábado, 16 de Outubro de 2021.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

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Um dos principais elementos da vida de muitas crianças ou jovens, sobretudo em meios urbanos, são as actividades extra-curriculares. Nos anos 90, a situação não era diferente; para além do tempo passado diariamente na escola, muitas crianças dedicavam uma parte das suas semanas à actividade ou desporto da sua preferência (ou dos pais) – algumas das quais tinham lugar, sim, ao Sábado (vêem como conseguimos ligar o tema ao título do blog?) E ainda que essa tendência se mantenha relativamente inalterada até aos dias de hoje, as actividades propriamente ditas sofreram algumas alterações, fazendo com que valha a pena recordar como este 'ritual' se passava no tempo em que todos fomos crianças.

Como quem esteve lá certamente recordará, os anos 90 foram a era das artes marciais (para os rapazes), dança e equitação (para as raparigas), além das sempre populares natação e ginástica e dos eternos cursos de línguas. Já na recta final da década, vir-se-iam a intrometer também neste paradigma as danças de rua (vulgo hip-hop), as quais ganhariam ainda maior expressão na década, século e milénio seguintes.

Fosse qual fosse a actividade escolhida, no entanto, o ritual era o mesmo: às segundas, quartas e sextas, terças e quintas ou (sim) Sábados, lá íamos muitos de nós para o treino ou para a aula, chegando muitas vezes a casa completamente derreados (ainda que no bom sentido) e com vontade de tomar um banho, comer alguma coisa e ir dormir – o que se tornava complicado quando havia trabalhos de casa para fazer para o dia seguinte, ou um fim-de-semana inteiro ainda para gozar... Ainda assim, poucos eram os que se queixavam, visto estas actividades acarretarem consigo uma certa sensação de progressão e recompensa do esforço, que por sua vez incitava a um ainda maior grau de aplicação e práctica; tanto assim era que o mais provável é que muitos dos que nos estão neste momento a ler, e que têm eles próprios filhos em idade de ingressar nestas actividades, provavelmente já os terão inscrito nas mesmas, reiniciando assim o ciclo e mantendo vivo o ritual por mais uma geração...

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