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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

22.05.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Quarta-feira, 21 de Maio de 2025.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Uma das primeiras edições desta rubrica foi dedicada à Turma da Mônica, o popular conjunto de personagens criados pelo 'cartoonista' brasileiro Mauricio de Sousa e cujas revistas fizeram, durante várias décadas, tanto furor entre as crianças portuguesas como entre as do seu país natal, continuando inclusivamente a ser publicadas em ambos os territórios até aos dias de hoje. Foi, no entanto, nos anos 80 e 90 que a titular 'dona' do grupo e os seus inseparáveis amigos viveram a sua época áurea, motivando o lançamento de inúmeros produtos de 'merchandising' oficiais - de brinquedos a roupas e até alimentos – alguns dos quais chegaram mesmo a ser comercializados em Portugal. É de um destes – talvez o mais óbvio – que falamos em mais este 'post' combinado.

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De facto, à parte o lançamento de um livro ou de antologias de histórias (ambos os quais existiram na mesma época do que o tópico desta semana) uma revista de 'cruzadexes' talvez fosse mesmo o produto licenciado mais próximo da 'fonte' da Turma da Mônica, cujas revistas já incluíam, por vezes, uma secção de passatempos, tornando ainda mais simples a transposição e expansão dos referidos conteúdos para toda uma revista a eles dedicada.

Era disto – nem mais, nem menos – que consistiam os diversos volumes das 'Cruzadas da Turma da Mônica', tomos sensivelmente da mesma grossura das revistas mais finas de Mauricio – como 'Magali', 'Cascão' ou 'Chico Bento' – surgidas algures na primeira metade dos anos 90, tematizados aos diferentes personagens do autor e recheados não só das titulares cruzadas como também de outros populares tipos de passatempos, desde sopa de letras a quebra-cabeças e jogos das diferenças, não faltando também as inevitáveis e indispensáveis secções para colorir. Cada passatempo estava, por sua vez, rodeado dos característicos desenhos de Mauricio, que tornavam a proposta ainda mais apelativa, quer para fãs, quer mesmo para quem 'descobrisse' por acaso a revista na tabacaria, quiosque ou banca. Surpreendente, portanto, é o facto de esta edição ter tido um ciclo de vida relativamente curto, parecendo desaparecer dos escaparates sem grande alarido após apenas alguns números; enquanto durou, no entanto, a mesma revelou-se de 'consumo obrigatório' para os fãs de Mauricio e dos seus personagens, sobretudo aqueles com maior apetência e gosto pelas secções de passatempos incluídas nas suas revistas.

05.04.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Quinta-feira, 3 de Abril e Sexta-feira, 4 de Abril de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Clássicos de décadas passadas, encontravam-se já em declínio nos anos 90, mas – nas suas versões modernizadas – conseguiram ainda conquistar os corações de uma última geração de crianças e jovens antes de se remeterem à obsolescência. Falamos das revistas de recortes e construção de indumentárias, um produto que combina na perfeição as temáticas das Quintas no Quiosque e das Sextas com Style, num único conceito tão simples quanto apelativo para um certo sector da população.

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Exemplo moderno 

A ideia era por demais simples: cada revista oferecia, nas primeiras páginas, um ou dois 'modelos' (nos anos 90, normalmente, um de cada sexo) aos quais podiam, depois, ser aplicados os conjuntos de roupa presentes nas restantes páginas. A diversão advinha do facto de todos estes elementos serem recortáveis, podendo os bonecos também ser erguidos em posição vertical, servindo efectivamente como 'manequins' para as indumentárias incluídas na revista, as quais se podiam acoplar a eles mediante dobragens nos sítios indicados.

É claro que nem sempre esta experiência era cem por cento 'limpa' – até porque era precisa grande precisão para recortar em volta das roupas, podendo esta experiência facilmente redundar em frustração para os mais 'desastrados' de mãos; mesmo quem conseguia cortar bem arriscava-se a que as dobras necessárias para 'vestir' os modelos se rasgassem, tornando a respectiva peça inutilizável. Tudo isto era, no entanto, aceite como parte da experiência, ajudando a torná-la ainda mais desafiante e divertida.

Como tal, mesmo sendo de 'utilização única' (uma vez 'experimentadas' todas as roupas, o interesse desvanecia-se consideravelmente) estas tradicionais revistas conseguiam, ainda, proporcionar bons momentos de diversão às crianças e jovens de finais do século XX, tal como já o haviam feito com os seus pais. Infelizmente, o dealbar da era digital veio retirar a última réstia de relevância a produtos deste tipo, e a Geração Z já sequer chegaria a ter contacto com os mesmos; quem alguma vez passou uma tarde divertida a 'vestir' aqueles bonecos da revista, no entanto, decerto compreenderá o surgimento de tais publicações nas nossas páginas, e recordará aqueles tempos de criança em que algo tão simples podia, simultaneamente, ser tão divertido...

13.03.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Quarta-feira, 13 de Março de 2025.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Já aqui por diversas vezes abordámos produtos, programas e publicações do Portugal dos 'noventa' que, por uma razão ou outra, foram Esquecidos Pela Net, transformando-se naquilo a que normalmente se chama 'lost media' e ficando, assim, algo arredados da memória nostálgica das gerações que então cresciam e amadureciam. No entanto, grosso modo, até o mais obscuro desses produtos possibilita a escrita de algumas linhas a seu respeito, seja através de recordações e memórias pessoais, seja pelos (poucos) recursos que ainda o recordam nos meandros cibernéticos; tal não é o caso, no entanto, com a publicação de que falamos neste 'post' duplo do Anos 90, e que consegue a proeza de ser o primeiríssimo tópico a deixar o autor deste 'blog' totalmente perplexo.

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De facto, é possível que nos tenhamos precipitado ao rotular a revista 'Ultra Som' como a mais misteriosa da Internet, já que, apesar da falta de dados ou números digitalizados da mesma, era pelo menos possível discernir do que tratava pelas pistas contextuais oferecidas pela única capa disponível na Net. No caso da revista agora em análise, no entanto, nem isso é viável, já que tanto o título impossivelmente genérico como as capas mostradas no leilão OLX (mesma fonte da 'Ultra Som') não permitem mais do que uma conjectura. E se o termo 'Juvenil' utilizado como título infere a quem a revista se dirige, as capas ora desenhadas, ora feitas de colagens fotográficas não deixam claro se a mesma deve ser inserida nas Quartas aos Quadradinhos, Quintas no Quiosque, ou mesmo em ambas, à laia de uma 'Super Jovem' (publicação com a qual parece ter maiores semelhanças). Pedimos, pois, aos nossos leitores que saibam alguma coisa sobre esta revista (alô, homónimo sabe-tudo!) que nos deixem alguma pista sobre a natureza da dita-cuja; nos entrementes, no entanto, tem mesmo de ficar por aqui esta análise sobre mais um elemento ultra-Esquecido Pela Net do Portugal de finais do século XX.

01.01.25

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Fosse pela novidade de ver os números iniciais mudarem de 19 para 20, pela efeméride histórica de, ao mesmo tempo, passar um ano, um século e um Milénio, ou pelos abundantes rumores sobre vírus de computador e o fim do Mundo, a verdade é que a entrada para o ano 2000 se perfila, ainda hoje, como talvez a mais mediática de sempre. Assim, não é de surpreender que a hegemónica e omnipresente editora Abril/Controljornal - sempre atenta a eventos sobre os quais pudesse capitalizar, de campeonatos de futebol a filmes de grande orçamento - tivesse tirado proveito da icónica data para lançar no mercado nacional mais uma das suas inúmeras revistas 'individuais' alusivas aos personagens Disney.

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De facto, ao contrário do que o título dá a entender, 'Disney Especial Ano 2000' não faz parte da decana série de 'almanaques' temáticos periodicamente lançados pela editora, sendo uma publicação de cariz único, na linha da supramencionada adaptação de Titanic ou de 'experiências' como 'Os Meus Heróis Favoritos' ou 'Arquivos Secretos do Detective Mickey'. Fosse qual fosse o motivo por detrás de tal decisão, a verdade é que a estratégia posicionava a referida edição como um número 'hiper-especial', daqueles que apenas raramente surgem no mercado, o que, aliado à topicidade do tema escolhido, terá sem dúvida ajudado a aumentar as suas vendas. Pena, pois, que o comprometimento por parte da Abril tenha sido apenas parcial, já que a segunda metade das duzentas e sessenta páginas do volume abandona a temática proposta - a de apresentar 'sucedâneos' e antepassados dos personagens em aventuras através dos séculos - transformando-se em 'apenas mais um' amontoado de histórias sem qualquer conexão aparente.

Ainda assim, a primeira metade do volume, aliada à atractiva capa (ainda que algo 'falha' de verdadeiros personagens de 'nome', sendo os sobrinhos de Donald as únicas caras imediatamente reconhecíveis) à percepcionada exclusividade da edição e à topicidade da temática escolhida, terá sido suficiente para cativar muitos jovens leitores da época, a maioria dos quais era, em maior ou menor grau, 'fiel' às revistas Disney da Abril e terá dado por bem-empregue o seu dinheiro. Estes factores são, também, mais que suficientes para justificar algumas linhas alusivas a esta edição, numa altura em que se acaba de celebrar o vigésimo-quinto aniversário da efeméride que lhe serve de tema.

05.12.24

NOTA: Este post é respeitante a Quarta-feira, 04 de Dezembro de 2024.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Já aqui em diversas ocasiões falámos do quase total monopólio que a Abril Jovem (ou Abril-Controljornal) tinha sobre o mercado de banda desenhada em português dos anos 80 e 90. Fosse através de títulos próprios, fosse por meio de importações brasileiras, a editora era responsável por grande parte dos lançamentos vistos nas tabacarias ou quiosques do nosso País, sendo a grande e honrosa excepção a Turma da Mônica, que, a partir de 1987 e até aos primeiros anos do século XXI passaria a pertencer à Globo. Tendo em conta todo este domínio e hegemonia, não é de surpreender que a casa editorial em causa tenha querido, em meados da última década do século XX, 'puxar a brasa à sua sardinha' através do lançamento de uma revista própria quase inteiramente dedicada aos títulos do seu catálogo.

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Mais do que um veículo de propaganda, no entanto (que era), 'Heróis' procurava ser uma espécie de versão portuguesa e muito simplificada da lendária 'Wizard', a referência internacional por excelência para quem se interessava por banda desenhada, jogos de vídeo ou figuras de acção naquela época. Face aos preços proibitivos das edições desta última importadas quer da América do Norte, quer da do Sul, não deixava no entanto de constituir um objectivo nobre querer oferecer aos jovens nacionais uma alternativa com talvez menos qualidade, mas também a uma fracção do preço.

E a verdade é que grande parte do público-alvo, já de si habituados a padrões de qualidade pautados pelo mediano, não pareceu importar-se grandemente com os artigos curtos ou a impressão em papel de jornal, aderindo em massa à 'Heróis' durante o curto tempo da mesma nas bancas. E com alguma razão, já que, ultrapassados estes aspectos menos cuidados ou conseguidos, a revista se afirmava como uma fonte bastante razoável de informação sobre assuntos que interessavam à sua faixa demográfica alvo, sobretudo centrados nos super-heróis da Marvel e DC (que a Abril editava à época) mas passando também pelos mundos dos desenhos animados e dos videojogos, incluindo mesmo uma grelha televisiva com destaques para programas potencialmente do interesse dos mais jovens. Um recurso mais valioso do que poderia à primeira vista parecer, portanto, e que justificava bem o investimento de cem escudos – especialmente se trouxesse acoplada uma carta holográfica (ou Holoucura), como aconteceu com os primeiros números.

Tal como referido anteriormente, foi curto o tempo da vida da 'Heróis'. No entanto, mesmo com esse reduzido intervalo, a revista conseguiu deixar a sua marca junto dos jovens fãs das BD's da Abril – mesmo que hoje se encontre algo Esquecida Pela Net (ainda que seja possível encontrar pelo menos uma digitalização de um dos números publicados, no caso o número 4, que ilustra também esta publicação.) Nada mais merecido, portanto, do que dedicar este 'post' duplo a preservar a memória daquela que foi mais uma publicação de (relativa) qualidade dirigida ao público jovem português da geração 'Millennial'.

24.07.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

É uma verdade inegável que, de entre todos os personagens da Walt Disney, o Rato Mickey goza do estatuto de 'estrela', tendo desde sempre sido a 'cara' da companhia, e contando-se hoje em dia entre os ícones 'pop' mais reconhecíveis a nível mundial; no entanto, não é menos acertado dizer que o Pato Donald ocupa um segundo lugar muito próximo nessa lista, surgindo à frente de Pateta (o terceiro personagem do 'trio maravilha' da BD Disney) e da própria namorada de Mickey, Minnie. Assim, não é de todo de espantar que, aquando dos dois aniversários marcantes que o pato mais famoso do Mundo celebrou durante os anos 90, a sua editora nacional da altura realizasse uma comemoração 'à altura', tal como fizera por ocasião dos aniversários de sessenta e cinco e setenta anos de Mickey. O resultado foram duas edições comemorativas que – ao contrário do que sucedia com pelo menos uma das do Rato Mickey – valia bem a pena ter na colecção para quem fosse fã da irascível ave aquática de fato de marinheiro.

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A primeira destas, que comemora dentro de um par de dias (a 26 de Julho) o trigésimo aniversário da sua chegada às bancas, era alusiva aos sessenta anos de Donald, e trazia quase duzentas e quarenta páginas com quase duas dezenas e meia de histórias protagonizadas pelo pato aniversariante e seu restante núcleo, com especial ênfase para os seus sobrinhos, catalistas da dinâmica familiar presente em muitas histórias do personagem. Infelizmente, das vinte e quatro aventuras que compunham o volume, a esmagadora maioria era de produção (à época) moderna, tendo sido originalmente publicada em meados da década de 80, o que fazia da edição pouco mais do que um Hiper Disney tematizado em torno do aniversário de Donald. Ainda assim, uma edição de valor para quem privilegiasse o coleccionismo, pese embora o proibitivo preço (quase setecentos escudos, uma 'pequena fortuna' em 1994, sobretudo no tocante a banda desenhada).

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Previsivelmente, muitas das falhas dessa primeira edição eram corrigidas na segunda, saída quase exactamente cinco anos depois, no mesmo mês de Julho (embora a data exacta de publicação não se encontre, neste caso, disponível) e que comemorava os sessenta e cinco anos do pato marinheiro. De facto, apesar de contar com apenas dois terços das páginas da 'irmã mais velha' (menos de duzentas), esta edição tirava o máximo proveito do espaço de que dispunha, apresentando não só uma mistura mais equilibrada de histórias antigas e modernas (com mais de metade – cinco em nove – assinadas por Carl Barks) como também uma estrutura seccionada por temas, cada um deles introduzido por uma página de texto informativo, e ainda uma capa e contra-capa dedicadas e devidamente assinaladas. Medidas que, em edições menos especiais, poderiam parecer 'para encher chouriços', mas que, neste contexto, dão ao volume o carácter diferenciado que se espera de uma edição de aniversário – e tudo por menos de quinhentos escudos, o que, em 1999, era consideravelmente menos do que os setecentos de 1994! Estes pequenos mas nada insignificantes ajustes ajudavam a fazer da edição '65 Anos' a melhor das duas, e mais do que colmatavam a redução em conteúdo e número de páginas, tornando-a quase essencial para fãs do temperamental pato.

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De realçar ainda duas edições, ambas de 1994 e ambas publicadas à margem das 'oficiais' da Abril: 'Feliz Aniversário, Donald – O Livro de Ouro das Suas Melhores Histórias', publicada pela RBA Editora como parte da colecção 'Disney em Banda Desenhada', e o livro do mesmo título da colecção 'Clássicos da BD'. Ambas são bem sucedidas em transmitir a sensação de 'edição de luxo', com as suas capas encadernadas e de cuidado desenho, mas (apesar dos títulos quase idênticos) os conteúdos de ambas são vastamente diferentes: o volume da RBA Editora segue, em larga medida, a mesma linha das edições da Abril, abrindo com três páginas dedicadas à génese do personagem e uma quarta com instruções sobre como desenhar Donald, e partindo daí para uma colectânea de histórias de todas as eras do personagem, enquanto o segundo livro foca-se, sobretudo, nas informações sobre a génese e percurso do aniversariante, descurando o aspecto de BD em si (embora contenha ainda duas histórias, nas últimas páginas.) Duas abordagens completamente diferentes, mas que resultam ambas bastante bem, podendo mesmo ser consideradas melhores do que qualquer das propostas da Abril/Controljornal, as quais não tinham quaisquer pretensões a ser algo mais do que revistas aos quadradinhos ligeiramente mais luxuosas do que a média.

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Independentemente do volume em que recaísse a escolha do jovem leitor, no entanto, uma coisa é certa: o sexagésimo e sexagésimo-quinto aniversários de Donald foram celebrados com tanta ou mais pompa e circunstância que o do 'melhor inimigo', e providenciou aos fãs do pato mais famoso do Mundo muito e bom material de leitura durante aqueles Verões de 1994 e 1999. Feliz aniversário, Donald, e que contes ainda muitos.

06.12.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Qualquer período hegemónico que se estenda por vários anos, ou até décadas, é praticamente impossível de manter inalterado; por muito poucas mudanças que se procurem fazer num contexto deste tipo, algo acabará, inevitavelmente, por se alterar ou evoluir. É, pois, importante estabelecer, em situações deste tipo, elos de ligação que permitam manter o produto ou criador em causa reconhecível para lá de quaisquer diferenças superfíciais no conteúdo; e uma boa maneira de conseguir este objectivo é estabelecer uma ou mais 'tradições', levadas a cabo em intervalos periódicos ou na época do ano apropriada. Para a Abril-Controljornal, praticamente monopolista do mercado nacional de 'livros aos quadradinhos' de finais do século XX e inícios do XXI – uma dessas tradições prendia-se com o lançamento, todos os meses de Dezembro, de um ou mais títulos de BD Disney dedicados ao Natal. E apesar de ter tido particular expressão até inícios da década de 90, a verdade é que esta tradição se mantinha ainda vigente nos últimos anos do Segundo Milénio, como o prova o título que abordamos nesta primeira de duas Quartas aos Quadradinhos de Natal.

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Lançado há exactos vinte e seis anos, em Dezembro de 1997, 'Disney Natal Especial' insere-se na vasta categoria de títulos de 'número único' lançados pela Abril durante esse período da sua existência, juntando-se a revistas como 'Os Meus Heróis Favoritos', 'Arquivos Secretos do Detective Mickey' ou a edição tematizada em torno do filme 'Titanic', todas lançadas num espaço de dois anos entre 1996 e 1998. Ao contrário destas, no entanto, o propósito desta edição é bem claro, pretendendo a mesma preencher a 'vaga' de 'revista Disney de Natal' daquele ano. Para esse efeito, 'Disney Natal Especial' apresenta onze histórias (mais uma tirinha de página única) espalhadas ao longo das suas cem páginas, fazendo por justificar o preço de 310$00, à época alinhado com o de outras edições 'grossas', como o 'Disney Especial'.

Previsivelmente, todas e cada uma das BD's incluídas no volume tem um tema em comum – no caso, a quadra natalícia, e todas as celebrações em torno da mesma. Esta é, no entanto, mesmo a única linha condutora entre as histórias da revista, já que, apesar de a maioria das mesmas ter sido produzida poucos anos antes do lançamento do título, chega a haver em 'Disney Natal Especial' histórias de finais dos anos 70 e inícios da década seguinte, cujo estilo e atmosfera são marcadamente diferentes dos das mais 'actuais' produções italianas. De igual modo, outro aspecto que poderia ter ajudado a unificar a selecção, mas que acaba por não ser 'levado a termo' é o foco no núcleo dos patos, que monopoliza oito das doze histórias incluídas, sendo as restantes três protagonizadas por Mickey e Pateta (em dois casos) e pelo elenco da série animada 'TaleSpin' (ou 'Aventuras do Balu'), que tinha, à época, título próprio, mas que não viria a passar em Portugal ainda durante alguns anos, sendo os seus personagens conhecidos das crianças portuguesas apenas através da inclusão de algumas das suas aventuras em títulos deste tipo.

Ainda assim, e apesar destas idiossincrasias, 'Disney Natal Especial' terá acabado por cumprir a sua função de 'dar que ler' aos fãs de quadradinhos Disney na quadra natalícia de 1997. E por não termos tido conhecimento da sua existência aquando do seu vigésimo-quinto aniversário – altura em que lhe teríamos dedicado um 'post' celebratório dessa efeméride – procuramos agora, um ano depois, corrigir esse deslize, e falar daquela que viria a dar o mote para muitas mais edições 'isoladas' de Natal no século e Milénio seguintes, mas que à época de publicação se afirmava, passe a expressão, como artigo único no panorama da BD Disney em Portugal.

30.08.23

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

É já um tema recorrente nesta rubrica do nosso blog que a Abril-Controljornal gozava, em finais do século XX, de uma hegemonia no mercado nacional de banda desenhada que lhe permitia não só arriscar, como também aumentar progressivamente o número de publicações do seu catálogo, fossem estas referentes aos heróis da Marvel ou DC ou ao principal filão da editora, as revistas Disney. Com isso em mente, não é, de todo, de admirar que, há exactos vinte e cinco anos, surgisse nas bancas portuguesas ainda mais uma revista alusiva a Mickey, Pateta, Donald e restantes personagens já tão conhecidos dos jovens portugueses.

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Capa do número 1, lançado há exactos vinte e cinco anos, em Agosto de 1998.

Tratava-se de 'Série Ouro' (não confundir com a 'Série Ouro Disney' brasileira), uma publicação tematizada, com as histórias seleccionadas para cada número a obedecerem a um conceito central, à semelhança do que já acontecia com o 'Disney Especial'. De facto, a melhor maneira de encarar esta nova série (cujo primeiro número, alusivo ao futebol, era lançado mesmo a tempo de capitalizar sobre a febre do Mundial de França '98) é como uma alternativa mais 'em conta' à referida publicação, com consideravelmente menos páginas mas (em consequência) um preço bastante mais convidativos às carteiras dos jovens 'noventistas' médios – um papel que 'Série Ouro' cumpre com louvor.

Talvez tenha sido graças a esta combinação de factores que a nova publicação tenha conseguido alguma tracção junto do mesmo público-alvo que 'virara, anos antes, as costas' a 'Top Disney', revista sem tema nem orientação discernível, e vendida quase pelo mesmo preço de um 'Disney Especial'; fossem quais fossem as razões por detrás do seu sucesso, no entanto, a verdade é que 'Série Ouro' mostrou ter alguma longevidade, tendo sido editada quase ininterruptamente durante os sete anos seguintes, e sobrevivendo mesmo à passagem da licença Disney da Abril-Controljornal para a Edimpresa, em 2003 – embora, por esta altura, tivesse já periodicidade bimestral, por oposição a mensal.

No total, foram setenta e três números entre Agosto de 1998 e Novembro de 2005, os quais apresentam todas as qualidades e defeitos desta era da BD Disney, não escapando às inevitáveis histórias produzidas em Itália, e ainda menos ao 'aportuguesamento' das falas de Zé Carioca e Urtigão, com resultados perfeitamente risíveis (no mau sentido). Ainda assim, por comparação com outras edições e colecções da mesma altura, 'Série Ouro' constituiu uma adição perfeitamente válida ao catálogo de uma editora que, à época, parecia não conseguir falhar o alvo, e terá deixado memórias nostálgicas a pelo menos uma parte da considerável base de fãs das bandas desenhadas Disney de finais dos anos 90 e inícios do Novo Milénio.

17.08.23

NOTA: Este post é respeitante a Quarta-feira, 16 de Agosto de 2023.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os meses de Julho e Agosto continuam, ainda hoje, a marcar o período em que muitas crianças e jovens portugueses vão de férias, e em que outros tantos voltam das mesmas - processo esse que envolve, invariavelmente, longas e aborrecidas viagens de carro ou de transportes públicos até ao destino escolhido. E se, hoje em dia, é relativamente simples mitigar o aborrecimento dos mais novos durante essas deslocações, por intermédio de iPads ou consolas portáteis, nos anos 90, a história era algo diferente - e, apesar da existência dos Game Boy, Game Gear e jogos LCD, os livros e revistas de banda desenhada continuavam a ter um papel preponderante no entretenimento da demografia em causa, nomeadamente através de publicações como o Disney Gigante e o Almanacão de Férias da Turma da Mônica, dois óptimos 'companheiros' para as crianças lusas que partiam em viagem no Verão de 1991.

Quem tinha a sorte de se deslocar ao estrangeiro (ou, pelo menos, de andar de avião) nesse mesmo período, no entanto, dispunha ainda de um terceiro companheiro de viagem, disponibilizado pela companhia aérea nacional TAP. Tratava-se da chamada 'Tap Júnior', uma revista de bordo especificamente dirigida aos mais novos e que contava, entre outros atractivos, com a sempre popular banda desenhada da Disney, então força dominadora nos quiosques de Norte a Sul do País.

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Capa do número 2, única disponível na Web.

Foram pelo menos quatro os números desta revista (ou suplemento) publicados a partir de Julho de 1991, todos com trinta e seis páginas, e cada um com um sortido de histórias (curtas ou mais compridas) do extenso acervo da Abril, algumas das quais chegariam mesmo a sair em outras publicações 'oficiais' da editora. Infelizmente, mais informações são impossíveis de conseguir, já que a revista foi totalmente Esquecida Pela Net, sendo o único registo a sua entrada na 'Bíblia' da Disney, o site I.N.D.U.C.K.S - de onde foi tirada a capa que ilustra esta publicação, único registo desta publicação de que poucos se lembrarão, mas que constituiu uma iniciativa louvável por parte da TAP para distrair os seus passageiros mais novos naquele início dos anos 90.

10.08.23

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Nas últimas semanas, falámos aqui de diferentes séries, jogos de vídeo e até de um CD da franquia Dragon Ball, todos os quais bons indicadores da verdadeira febre que o anime de Akira Toriyama representou entre a juventude portuguesa da segunda metade dos anos 90; agora, chega a hora de juntar ainda mais um item a essa lista, e falar, não de uma, mas de duas revistas lançadas durante o auge da popularidade da série e dedicadas exclusivamente à mesma.

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As capas das duas revistas, única prova da sua existência. (Crédito das fotos: Coleccionador Dragon Ball.)

Ambas com chancela da inevitável Abril/Controljornal, as revistas em causa encontram-se, hoje, algo Esquecidas Pela Net, tendo apenas sido catalogadas pelo infatigável Bruno, do blog 'Coleccionador Dragon Ball', de onde foram 'roubadas' as imagens para este post (desculpa, Bruno!) É graças a esta fonte – e, também, por lá em casa ter existido pelo menos um destes dois números – que ficamos a saber que a primeira das duas publicações foi número especial da popular revista Super Jovem, já no breve período em que a mesma teve formato A4, e se centrou sobretudo sobre o primeiro capítulo da saga de Toriyama, como se pode ver pela capa, enquanto que a segunda pomposamente se intitulou 'revista oficial' e versou sobre a saga 'Z', embora – estranhamente – dando protagonismo a Krillin sobre Songoku e Vegeta, os quais não parecem nada satisfeitos por as suas transformações em Super Guerreiro 'perderem' para um dos lutadores mais fracos da série (e que surge aqui com uma estranha vestimenta).

De resto, e à semelhança do que aconteceu com o nosso último tópico para esta secção, não temos mais informações sobre qualquer das duas revistas do que a que se pode obter olhando para as capas – nomeadamente, que ambos os volumes conteriam brindes (no caso da Super Jovem Especial cartas em relevo, e no da Revista Oficial, nada menos que seis posters) e perfis das principais personagens da série, parecendo mesmo ser esta a principal abordagem da segunda publicação. Já a Super Jovem Especial tenta oferecer um pouco mais de variedade, incluindo uma entrevista com Toriyama-san (aqui chamado, de forma algo 'tu cá, tu lá' e desrespeitosa, de 'Akira' – não confundir com a também super-popular série de manga e filme de anime) e listas de truques e combates marcantes de Songoku e amigos.

E ainda que o restante conteúdo de ambas as revistas se perca nas brumas do tempo, não é difícil prever que ambas tenham sido um sucesso de vendas – afinal, no período entre 1996 e 1998, tudo o que tivesse mesmo a mais ténue ligação à saga de Toriyama tinha, automaticamente, garantia de sucesso entre o público jovem. Pena que, trinta anos mais tarde, apenas reste a memória das capas destas revistas – e, mesmo assim, apenas graças a um coleccionador dedicado...

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