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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

22.05.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Quarta-feira, 21 de Maio de 2025.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Uma das primeiras edições desta rubrica foi dedicada à Turma da Mônica, o popular conjunto de personagens criados pelo 'cartoonista' brasileiro Mauricio de Sousa e cujas revistas fizeram, durante várias décadas, tanto furor entre as crianças portuguesas como entre as do seu país natal, continuando inclusivamente a ser publicadas em ambos os territórios até aos dias de hoje. Foi, no entanto, nos anos 80 e 90 que a titular 'dona' do grupo e os seus inseparáveis amigos viveram a sua época áurea, motivando o lançamento de inúmeros produtos de 'merchandising' oficiais - de brinquedos a roupas e até alimentos – alguns dos quais chegaram mesmo a ser comercializados em Portugal. É de um destes – talvez o mais óbvio – que falamos em mais este 'post' combinado.

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De facto, à parte o lançamento de um livro ou de antologias de histórias (ambos os quais existiram na mesma época do que o tópico desta semana) uma revista de 'cruzadexes' talvez fosse mesmo o produto licenciado mais próximo da 'fonte' da Turma da Mônica, cujas revistas já incluíam, por vezes, uma secção de passatempos, tornando ainda mais simples a transposição e expansão dos referidos conteúdos para toda uma revista a eles dedicada.

Era disto – nem mais, nem menos – que consistiam os diversos volumes das 'Cruzadas da Turma da Mônica', tomos sensivelmente da mesma grossura das revistas mais finas de Mauricio – como 'Magali', 'Cascão' ou 'Chico Bento' – surgidas algures na primeira metade dos anos 90, tematizados aos diferentes personagens do autor e recheados não só das titulares cruzadas como também de outros populares tipos de passatempos, desde sopa de letras a quebra-cabeças e jogos das diferenças, não faltando também as inevitáveis e indispensáveis secções para colorir. Cada passatempo estava, por sua vez, rodeado dos característicos desenhos de Mauricio, que tornavam a proposta ainda mais apelativa, quer para fãs, quer mesmo para quem 'descobrisse' por acaso a revista na tabacaria, quiosque ou banca. Surpreendente, portanto, é o facto de esta edição ter tido um ciclo de vida relativamente curto, parecendo desaparecer dos escaparates sem grande alarido após apenas alguns números; enquanto durou, no entanto, a mesma revelou-se de 'consumo obrigatório' para os fãs de Mauricio e dos seus personagens, sobretudo aqueles com maior apetência e gosto pelas secções de passatempos incluídas nas suas revistas.

10.04.25

NOTA: Este 'post' é correspondente a Quarta-feira, 9 de Abril de 2025.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Nas últimas duas décadas do século XX, o mercado da banda desenhada em Portugal dividia-se em duas grandes categorias: por um lado, os 'quadradinhos' de quiosque da Disney, Marvel, Turma da Mônica e afins e, por outro, os álbuns encadernados, domínio quase exclusivo dos autores franco-belgas clássicos. De quando em vez, no entanto, um ou outro trabalho mais independente procurava 'furar' esta duologia, fosse ele um álbum ou série de álbuns assinados por um autor emergente ou, como no caso de que aqui falaremos, uma revista destinada a pôr em relevo múltiplos nomes da cena. Era, exactamente, essa a proposta da Crash, um periódico totalmente independente lançado pelas Publicações Totais que, apesar do nome algo 'duvidoso', conseguiram levar às bancas um produto com alguma qualidade, cujo primeiro número celebra este mês trinta anos de vida.

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Com foco particular na fantasia e ficção científica (géneros com larga e colorida história em países como os EUA e o Reino Unido, mas pouquíssima expressão em Portugal) a Crash era um projecto de Miguel Jorge, nome já com algum percurso no Mundo das artes gráficas nacionais, após ter colaborado com a revista especializada Art Nove. Apesar do envolvimento deste nome de relevo, no entanto, esta nova publicação – com periodicidade mensal e um custo de capa de trezentos escudos, a média para a época – situava-se no limiar entre revista profissional e 'fanzine' (como é classificada nos poucos 'sites' que a relembram), sendo a sua ética e missão editorias derivadas destas últimas.

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De facto, mais do que fazer dinheiro, Miguel Jorge e companhia procuravam dar a conhecer arte – o que pode explicar a pouca expressão que a revista teve, sendo mesmo incerto se terá passado do primeiro número, o único sobre o qual se conseguem ainda encontrar informações. Um caso, talvez, de, como se diz, de boas intenções estar o Inferno cheio – o que não deixa de ser uma pena, já que o objectivo dos editores tinha mérito evidente, e, caso tivesse resultado, a revista em causa poderia ter servido como muito necessária plataforma de lançamento para uma série de artistas gráficos de nicho que haviam tido o 'azar' de nascer e viver em Portugal. Sobram, pois, as referidas intenções, que poderão não ter sido suficientes para 'salvar' a 'Crash', mas a tornam digna de menção por ocasião dos trinta anos do seu primeiro (e talvez único) número.

31.01.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 30 de Janeiro de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Em ocasiões anteriores, recordámos nas páginas deste nosso 'blog' as revistas especificamente direccionadas a um público feminino e adolescente, fossem elas edições internacionais, de produção portuguesa, ou mesmo um misto das duas, em que a publicação faz parte de um grupo internacional, mas é localizada ou adaptada para edição em território nacional. É, precisamente, neste último grupo que se insere a revista que abordamos neste nosso regresso ao universo dos periódicos para adolescentes de finais do século XX.

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Chegada às bancas nacionais nos primeiros anos da década de 90, a versão portuguesa da 'Teenager' trazia como editora Teresa Pais, que já desempenhara a mesma função na extinta 'Élan' – uma publicação de teor quase diametralmente oposto – e que viria, mais tarde, a chefiar também a redacção da 'Telenovelas'; e a verdade é que a experiência trazida pela jornalista não deixava de ser valiosa para garantir que a 'Teenager' se mantinha a par das revistas da mesma índole - não só as dirigidas a adultos como também, mais significativamente, publicações como a 'Ragazza' ou a '20 Anos', com as quais partilhava características temáticas e até gráficas.

De facto, Pais e a sua redacção eram capazes de 'engendrar' artigos de interesse para o público-alvo e que, apesar de abordarem os mesmos temas de todas as outras publicações adolescentes da época, o conseguiam fazer com alguma profundidade e conteúdo jornalístico, por oposição à abordagem 'pela rama' de muitas das concorrentes; talvez por isso a 'Teenager' tenha logrado manter-se nas bancas durante um período bastante respeitável, ainda que não tão longevo quanto o de algumas outras revistas de que falamos neste espaço.

Infelizmente, o advento da Internet, com a sua informação gratuita e imediata, veio ditar o destino desta publicação, a qual, como a maioria das suas congéneres, rapidamente se viu obsoleta face à nova força emergente, acabando por soçobrar já na ponta final da década. Ainda assim, durante o seu tempo de vida, a revista – que, hoje em dia, se encontra consideravelmente Esquecida pela mesma Net que a tornou irrelevante – terá cumprido o seu objectivo de guiar as jovens portuguesas pela sempre difícil fase da adolescência, e de lhes proporcionar informações importantes de forma leve e confortável, merecendo por isso uma menção, ao lado das suas congéneres, neste 'blog' dedicado aos principais artefactos da cultura infanto-juvenil portuguesa de finais do século XX.

26.12.24

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Eram presença assídua nas tabacarias, papelarias e quiosques do Portugal noventista, e são dos poucos elementos das bancas dessa época a ter perdurado, praticamente imutáveis, até aos dias de hoje. O preço é mais elevado, e agora em Euros, mas os conteúdos permanecem, essencialmente, os mesmos: ideias e sugestões de receitas para todas as épocas e ocasiões, incluindo as festas de Dezembro.

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Exemplo moderno das publicações em causa.

Falamos, claro está, daquelas revistas de receitas que quase se poderiam mais correctamente designar como 'livrinhos', que cabem em qualquer bolso das calças ou camisa, e cujo conteúdo consiste exclusivamente de cozinhados apropriados para a quadra festiva e para o Ano Novo. E visto que há quase exactamente um ano havíamos dedicado algumas linhas às suas congéneres de maior dimensão e mais 'genéricas', nada melhor do que dar agora espaço às 'variantes' 'de bolso', as quais, tal como as suas 'irmãs maiores', continuam a ocupar grande parte do espaço útil das bancas de jornais e revistas, e a ter o seu público fixo e fiel, o qual não se adaptou ainda às novas tecnologias, ou prefere simplesmente ter as suas receitas escritas em papel, mesmo que tal implique o dispêndio de uma (pequena) quantia a cada semana, quinzena ou mês.

Apesar desta admirável continuidade, no entanto, é inegável que este tipo de revistas tem os 'dias contados', tal como, aliás, sucede com a maioria da imprensa escrita. Até ao seu inevitável ocaso, no entanto, há que continuar a louvar estes últimos 'bastiões' das publicações periódicas tradicionais, que fornecem uma das últimas 'pontes' ainda existentes para os anos da viragem do Milénio.

05.12.24

NOTA: Este post é respeitante a Quarta-feira, 04 de Dezembro de 2024.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Já aqui em diversas ocasiões falámos do quase total monopólio que a Abril Jovem (ou Abril-Controljornal) tinha sobre o mercado de banda desenhada em português dos anos 80 e 90. Fosse através de títulos próprios, fosse por meio de importações brasileiras, a editora era responsável por grande parte dos lançamentos vistos nas tabacarias ou quiosques do nosso País, sendo a grande e honrosa excepção a Turma da Mônica, que, a partir de 1987 e até aos primeiros anos do século XXI passaria a pertencer à Globo. Tendo em conta todo este domínio e hegemonia, não é de surpreender que a casa editorial em causa tenha querido, em meados da última década do século XX, 'puxar a brasa à sua sardinha' através do lançamento de uma revista própria quase inteiramente dedicada aos títulos do seu catálogo.

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Mais do que um veículo de propaganda, no entanto (que era), 'Heróis' procurava ser uma espécie de versão portuguesa e muito simplificada da lendária 'Wizard', a referência internacional por excelência para quem se interessava por banda desenhada, jogos de vídeo ou figuras de acção naquela época. Face aos preços proibitivos das edições desta última importadas quer da América do Norte, quer da do Sul, não deixava no entanto de constituir um objectivo nobre querer oferecer aos jovens nacionais uma alternativa com talvez menos qualidade, mas também a uma fracção do preço.

E a verdade é que grande parte do público-alvo, já de si habituados a padrões de qualidade pautados pelo mediano, não pareceu importar-se grandemente com os artigos curtos ou a impressão em papel de jornal, aderindo em massa à 'Heróis' durante o curto tempo da mesma nas bancas. E com alguma razão, já que, ultrapassados estes aspectos menos cuidados ou conseguidos, a revista se afirmava como uma fonte bastante razoável de informação sobre assuntos que interessavam à sua faixa demográfica alvo, sobretudo centrados nos super-heróis da Marvel e DC (que a Abril editava à época) mas passando também pelos mundos dos desenhos animados e dos videojogos, incluindo mesmo uma grelha televisiva com destaques para programas potencialmente do interesse dos mais jovens. Um recurso mais valioso do que poderia à primeira vista parecer, portanto, e que justificava bem o investimento de cem escudos – especialmente se trouxesse acoplada uma carta holográfica (ou Holoucura), como aconteceu com os primeiros números.

Tal como referido anteriormente, foi curto o tempo da vida da 'Heróis'. No entanto, mesmo com esse reduzido intervalo, a revista conseguiu deixar a sua marca junto dos jovens fãs das BD's da Abril – mesmo que hoje se encontre algo Esquecida Pela Net (ainda que seja possível encontrar pelo menos uma digitalização de um dos números publicados, no caso o número 4, que ilustra também esta publicação.) Nada mais merecido, portanto, do que dedicar este 'post' duplo a preservar a memória daquela que foi mais uma publicação de (relativa) qualidade dirigida ao público jovem português da geração 'Millennial'.

15.11.24

NOTA: Este post é respeitante a Quinta-feira, 15 de Novembro de 2024.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui anteriormente falámos, no âmbito de uma ida ao Quiosque, das revistas importadas de outros países europeus mas que deixavam, também, marcas na vida quotidiana portuguesa. E se, nessa ocasião, a nossa análise versou sobre títulos concretamente dirigidos ao público infanto-juvenil, este nosso regresso ao tema focar-se-à num tipo de publicação com a qual as crianças e jovens de finais do século XX apenas terão tido um contacto mais indirecto, através da 'pilha' de revistas da casa dos pais ou avós, mas que não deixaram, ainda assim, de ter impacto na sua vida.

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Exemplar de época da revista 'Burda', a mais longeva das duas representantes do estilo.

Falamos das revistas de 'tricot', representadas à época sobretudo pela alemã 'Burda' (que também chegava a Portugal na sua edição francesa) e pela francesa 'Sandra', ambas as quais informaram vários estilos 'caseiros' de finais dos anos 80 até meados dos anos 90. Isto porque, mais do que apenas mostrar e sugerir os estilos, as publicações em causa traziam instruções detalhadas para a criação das mesmas, permitindo a qualquer entusiasta do 'tricot' recriá-las em sua própria casa; e, sendo uma parcela considerável das mesmas destinada a vestir crianças, não é de estranhar que muitos 'millennials' portugueses tenham tido alguma versão dos 'pullovers' contidos nas páginas das referidas revistas. Já de uma perspectiva infantil, o principal ponto de interesse estava mesmo nas fotografias dos 'artigos acabados' incluídos em cada página, invariavelmente apelativos para a demografia-alvo, e que faziam, inevitavelmente, 'sonhar' com o momento em que se poderia vestir uma 'cópia' própria do padrão.

Tal como muitas outras publicações que vimos abordando nestas páginas, também as revistas de 'tricot' tiveram uma saída discreta do mercado português, algures na segunda metade dos anos 90; o seu legado, no entanto, terá potencialmente ainda perdurado mais alguns anos, com a segunda vaga de 'millennials' a 'herdar' as camisolas tricotadas dos irmãos ou irmãs mais velhos, e a exibi-las orgulhosamente nas suas próprias Sextas com Style invernais. E, agora que a produção caseira de roupa volta a estar na moda, essas mesmas ex-crianças poderão, quiçá, reiniciar o ciclo, agora com o Google a fazer as vezes da revista importada, mas com os resultados finais a atingirem (idealmente) a mesma combinação ideal de practicidade e atractividade daqueles padrões tricotados pela tia ou pela avó nos tempos de infância...

01.08.24

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Já aqui anteriormente falámos das revistas cor-de-rosa, ainda hoje o 'prazer secreto' de muitos portugueses e portuguesas, sobretudo das gerações mais velhas. Por muito popular que este mercado seja hoje em dia, no entanto, a sua dimensão, volume e espectro não se comparam com aqueles de que esse nicho da imprensa escrita gozava nos anos 80 e 90, quando a absurda 'saúde' do mesmo chegava a permitir criar publicações hiper-especializadas,focadas não apenas nas 'fofocas' e grelhas de programação nacionais, mas nas 'fofocas' e grelhas de programação nacionais de um único estilo de programa televisivo. É o caso da publicação que trazemos da nossa última visita ao Quiosque, a qual surpreendentemente, subsiste até aos dias de hoje, com o formato praticamente inalterado, tornando-a num exemplo cada vez mais raro de longevidade no contexto da imprensa escrita nacional.

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Fundada logo nas primeiras semanas do ano de 1998, a revista 'Telenovelas' era encabeçada pelo fundador José Rocha Vieira e pela malograda Teresa Pais, que havia anteriormente passado pela 'Élan' e pela 'Teenager', e deixava desde logo claro o seu propósito: divulgar não só as tramas dos episódios semanais de cada telenovela então em exibição em Portugal, mas também fofocas, curiosidades e efemérides sobre as estrelas das mesmas, além das habituais secções sobre beleza, moda, sexo, saúde e bem-estar. Um conceito que não podia deixar de agradar a uma certa 'fatia' de público nacional, para quem este tipo de programa constituía, a par dos 'talk-shows', o expoente máximo da televisão, pelo que não será de admirar que muitos elementos das gerações hoje na casa dos trinta a quarenta anos tenham crescido com vários números desta revista na mesa da sala lá de casa, em meio às 'TV Guia' e outras revistas semelhantes, ou folheado as mesmas durante uma visita ao médico ou ao cabeleireiro, entre um número antigo da 'Elle' ou 'Vogue' e outro da 'Casa Cláudia' ou 'Guia'.

Mais surpreendente é o facto de, conforme acima mencionado, a revista se ter mantido 'viva' até aos dias de hoje, sobrevivendo à 'purga' da imprensa escrita causada pelos 'media' digitais, não obstante várias mudanças de pessoal, e até de editora. Hoje sob a alçada do grupo Trust In News, que a adquiriu em 2018 ao grupo Impresa, a publicação em causa constitui, pois, um dos poucos exemplos de 'fósseis vivos' daquela era de ouro da imprensa 'cor-de-rosa' portuguesa, sendo merecedora de atenção por quem queira ter uma experiência o mais próxima possível do que era ler uma revista do seu tipo em finais do século XX e inícios do seguinte.

13.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 11 de Julho de 2024.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Enquanto competições máximas do futebol ao nível internacional (ou seja, de Selecções) é natural que tanto os Mundiais como os Campeonatos Europeus motivem publicações especiais por parte dos periódicos desportivos um pouco por todo o Mundo. E escusado será dizer que, num país tão fanático pelo desporto-rei como Portugal, essa naturalidade assume contornos de inevitabilidade, tendo os adeptos nacionais, ao longo dos anos, 'aprendido' a contar com múltiplos suplementos e destacáveis, ou até mesmo revistas individuais, com foco nos diversos certames. O primeiro Europeu do Novo Milénio não foi, de todo, excepção a essa regra, antes pelo contrário, tendo visto surgir nas bancas lusitanas não apenas uma, mas duas revistas especiais a ele dedicadas, ambas com o então Bola de Ouro Luís Figo como figura de capa, ele que era o 'porta-estandarte' da Selecção Nacional na era pré-Cristiano Ronaldo.

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A primeira destas duas, da responsabilidade do jornal 'Record', revestia-se de especial interesse por apresentar uma abordagem algo diferente do habitual: além das habituais 'fichas' de jogadores e factos sobre a competição, a publicação em causa trazia, à laia de 'biografias' dos elementos da Selecção Nacional da época, uma série de textos assinados por autores tão consagrados quanto Manuel Alegre ou Carlos Tê, além de outras figuras ligadas ao mundo das artes e letras, como os cineastas João Botelho e Joaquim Leitão. Já os 'distintos adversários' das outras selecções participantes no certame eram 'apresentados' por especialistas dos respectivos países, com natural destaque para nomes ligados ao jornalismo desportivo. A completar esta ambiciosa edição estavam oito 'guias turísticos' das principais cidades onde a competição se desenrolaria, elaborados 'in loco' por correspondentes do jornal. Uma publicação inovadora e ambiciosa, portanto (sobretudo para os parâmetros algo conservadores do jornalismo desportivo) que terá, certamente, justificado em pleno os quinhentos escudos do preço de capa, até mesmo para quem não era fã do desporto-rei.

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Sobre a 'outra' publicação alusiva ao Europeu de 2000 – fornecida como suplemento do jornal 'Expresso' – existe bastante menos informação; no entanto, a capa sugere que os conteúdos da mesma se insiram numa linha bastante mais típica e 'clássica' do que a seguida pela congénere de 'Record', com dados sobre os jogadores, estádios e países participantes, além de um guia TV com as datas e horas da exibição televisiva dos jogos, quase todos transmitidos em directo pela RTP. Um suplemento de valor inegável, mas que fica muito longe da ambiciosa e demarcada proposta do jornal de António Tadeia. Ainda assim, sem dúvida uma peça de coleccionador, a qual, tal como a revista de 'Record', valerá sem dúvida a pena adicionar à colecção de um adepto com interesse na História das publicações sobre futebol em Portugal, talvez ao lado das revistas dos Mundiais editadas por 'A Bola' e 'Record', e da publicação sobre a 'Geração de Ouro' sugerida pela primeira alguns anos depois...

20.06.24

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

O conceito de um produto Esquecido Pela Net já não será, de todo, desconhecido dos leitores deste blog; de bebidas sem qualquer presença nostálgica a capas de revistas há muito esquecidas, foram já várias as temáticas aqui abordadas sobre as quais a informação não ia além de uma ou outra imagem ou registo, obrigando a uma abordagem mais especulativa, dedutiva e teorética. No entanto, até mesmo o mais obscuro dos produtos tinha, normalmente, um qualquer elemento que permitia aprofundar a temática em torno do mesmo, fossem memórias pessoais (como no caso do sumo do Astérix), pistas contextuais, ou mesmo informações contidas numa qualquer indexagem dos primórdios da Internet. A revista que trazemos do Quiosque esta Quinta desafia, no entanto, esse paradigma, afirmando-se como o produto mais obscuro alguma vez abordado neste nosso blog – sim, mais do que o sumo do Astérix, até hoje o único 'post' do Anos 90 sem qualquer imagem associada.

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Isto porque a imagem acima, retirada de um leilão do OLX entretanto extinto, representa A ÚNICA INSTÂNCIA da revista Ultra Som presente em toda a Internet, sendo a capa da mesma a única fonte de informações sobre a publicação ou os seus conteúdos, já que o leilão não oferecia informações mais específicas quanto à mesma. Tudo o que é possível saber quanto a esta obscuríssima publicação fica, portanto, reflectido na capa, que mostra tratar-se de uma revista de música de carácter generalista (Luís Represas e os Sétimo Céu partilhavam, aparentemente, as páginas do número 1 com Iron Maiden, Moonspell, Joe Satriani, Santamaria e ainda um artigo sobre música de dança), com preço unitário de trezentos e cinquenta escudos (uma soma considerável para a época em causa) lançada algures nos primeiros meses do ano de 1998 (ou não fosse a capa alusiva ao álbum Virtual XI, dos Iron Maiden, lançado em Março desse ano). Já o estilo editorial e de redacção, outras possíveis secções da revista (como críticas a discos) e outras questões referentes a conteúdos permanecem, infelizmente, uma incógnita, já que a Ultra Som parece ter-se 'afundado' sem rasto num mercado dominado pelo hegemónico Blitz e onde começavam, também, a despontar outras revistas mais especializadas.

Assim, em prol de aprofundar e melhorar este artigo, pedimos a quem conheça ou tenha informações sobre esta publicação que entre em contacto connosco; afinal, se pessoas do Mundo inteiro conseguiram, trabalhando em conjunto, encontrar a potencial fonte de uma música anónima, certamente também a base de fãs do Anos 90 conseguirá identificar aquela que é, até ver, a Revista Mais Misteriosa da Internet...

09.05.24

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Com a possível excepção das gerações 'Z' e Alfa – que parecem preferir 'wallpapers' ou fundos para telemóvel, por oposição às tradicionais fotos em papel reforçado – os 'posters' têm, tradicionalmente, sido apanágio da formação identitária das crianças e adolescentes de todo o Mundo desde, pelo menos, o último quarto do século passado; uma evolução natural das fotografias de ídolos laboriosamente coladas ou pregadas à parede pelos jovens da primeira metade do século XX, os retratos ampliados de actores, desportistas, músicos, personalidades sociais ou até personagens de desenhos animados eram presença quase obrigatória em qualquer quarto juvenil de finais do Segundo Milénio e inícios do seguinte. Era, portanto, mais do que natural que, eventualmente, surgissem as primeiras publicações comerciais dedicadas apenas e tão-sómente ao agrupar de fotos deste tipo, que eram depois veiculadas, nas bancas, aos ávidos fãs das personalidades em causa.

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Anúncios de época aos especiais de 'posters' da revista Super Jovem.

Em Portugal, este tipo de revistas surgiu, sobretudo, como complemento ou edição especial de publicações pré-existentes; a Super Jovem, por exemplo, lançava periodicamente números 'fora-de-série', em formato maior do que a revista habitual (geralmente A4 ou até A3) compostos apenas por 'posters', muitos deles inéditos em relação aos que saíam nos números semanais, justificando assim o investimento. Outros exemplos desta mesma prática, estes importados, incluíam as icónicas Bravo e Super Pop, para todos os efeitos revistas de fotos, mas que vincavam ainda mais essa vertente com os seus especiais de 'posters'.

Ao longo dos anos, no entanto, foi-se verificando, também, o aparecimento de um segundo tipo de publicação deste género, ainda mais esporádica (muitas eram mesmo edições únicas) e com um formato tão apelativo quanto contra-intuitivo: embora parecessem, à vista desarmada, revistas 'normais', cada um destes especiais se desdobrava de fora para dentro, revelando um 'poster' gigante no interior. O problema deste tipo de apresentação tornava-se óbvio assim se desejasse ler os (poucos mas existentes) textos sobre o artista em causa que justificavam o epíteto de 'revista', os quais eram situados nas costas da imagem central, tornando o acesso aos mesmos impossível uma vez pendurado o 'poster' na parede. Este acabava, no entanto, por ser um mal menor, já que é duvidoso até que ponto os jovens que adquiriam este tipo de publicação especial estavam verdadeiramente interessados nos textos...

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Exemplo do segundo tipo de revista-'poster'.

Hoje em dia, tal como tantos outros formatos de que vimos falando nesta e noutras rubricas, também as revistas de 'posters' se encontram obsoletas, podendo o seu propósito ser realizado, de forma gratuita, com uma rápida pesquisa de imagens na Internet, não sendo mesmo necessário imprimir a imagem, que pode ser aplicada como fundo de ecrã no computador ou telemóvel e 'admirada' em qualquer altura e em qualquer local, e não apenas na parede do quarto. Ainda assim, quem teve no coleccionismo e exibição de 'posters' parte importante do seu desenvolvimento pessoal e identitário certamente recordará com alguma nostalgia aqueles especiais gigantes da revista favorita, repletos de imagens de ídolos prontinhos a serem colados à parede e admirados diariamente durante os meses e anos seguintes, até a fita-cola secar ou serem preteridos em favor do novo artista favorito...

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