12.06.25
Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.
Numa edição anterior desta rubrica, abordámos aquela que parecia ser a revista mais misteriosa da Internet, sobre a qual existia, apenas e tão sómente, uma foto num leilão do OLX. Por alturas desse 'post', procurámos especular sobre o que versaria a revista, e qual seria a sua origem e contexto, sem, no entanto, obtermos grandes resultados. Felizmente, o leitor nosso homónimo (e 'historiador' de serviço sempre que erramos ou não compreendemos algum detalhe) Pedro Serras, autor do blog Desumidificador, fez o favor de providenciar informação que nos permite, finalmente, contextualizar esta revista no panorama da imprensa juvenil nacional de finais do século passado. Assim, ainda que com vários meses de atraso (desculpa, 'outro' Pedro!) aqui ficam mais algumas linhas que resolvem, finalmente, o 'mistério' da revista 'Juvenil'.
E a verdade é que, com estas informações, a falta de informações e obscuridade da revista se tornam fáceis de explicar. Isto porque a 'Juvenil' era uma publicação nos mesmos moldes da 'Nosso Amiguinho', isto é, ligada a um grupo religioso (no caso, os Salesianos) e adquirível apenas por assinatura no seio da própria instituição. A diferença, em relação à congénere brasileira, prendia-se não só com a longevidade (tendo sido fundada ainda em finais da década de 60, e publicada ininterruptamente em formato físico durante quase cinquenta anos, até 2016, altura em que passou a ter presença apenas digital) mas também com a faixa etária a que se destinava, e que fica bem patente no título da própria revista; isto porque, se a 'Nosso Amiguinho' era declaradamente direccionada a crianças em idade de instrução primária, a 'Juvenil' apontava ao público pré-adolescente (entre os 11 e os 14 anos), havendo por isso uma maior preocupação em esclarecer dúvidas relativas a essa etapa da vida humana, e em prestar auxílio, ainda que remoto e impessoal, a quem a atravessava.
Para 'aliviar' estas temáticas mais sérias, a revista trazia ainda os habituais passatempos, páginas de anedotas e saúde, horóscopos, traduções de letras de músicas dos 'tops', secções de correio, e uma peça de teatro para ler ou encenar, se assim se desejasse, aproximando-a assim de publicações homólogas do mercado laico, como a 'Super Jovem', e garantindo o engajamento do seu público-alvo, por muito assumidamente restrito que o mesmo fosse. Sob este formato, a revista foi capaz de deixar marca em, pelo menos, três gerações de adolescentes, sendo mesmo possível que pais e filhos da mesma família tenham, ambos, lido a revista durante o seu tempo de juventude; um feito notável, e que torna esta já não tão misteriosa revista ainda mais merecedora do destaque nestas nossas páginas. Resta, pois, deixar mais uma vez os nossos agradecimentos ao Pedro, sem o qual esta 'continuação' não teria sido possível, e a 'Juvenil' teria continuado tão misteriosa e causadora de perplexidade como antes...