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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

26.12.24

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Eram presença assídua nas tabacarias, papelarias e quiosques do Portugal noventista, e são dos poucos elementos das bancas dessa época a ter perdurado, praticamente imutáveis, até aos dias de hoje. O preço é mais elevado, e agora em Euros, mas os conteúdos permanecem, essencialmente, os mesmos: ideias e sugestões de receitas para todas as épocas e ocasiões, incluindo as festas de Dezembro.

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Exemplo moderno das publicações em causa.

Falamos, claro está, daquelas revistas de receitas que quase se poderiam mais correctamente designar como 'livrinhos', que cabem em qualquer bolso das calças ou camisa, e cujo conteúdo consiste exclusivamente de cozinhados apropriados para a quadra festiva e para o Ano Novo. E visto que há quase exactamente um ano havíamos dedicado algumas linhas às suas congéneres de maior dimensão e mais 'genéricas', nada melhor do que dar agora espaço às 'variantes' 'de bolso', as quais, tal como as suas 'irmãs maiores', continuam a ocupar grande parte do espaço útil das bancas de jornais e revistas, e a ter o seu público fixo e fiel, o qual não se adaptou ainda às novas tecnologias, ou prefere simplesmente ter as suas receitas escritas em papel, mesmo que tal implique o dispêndio de uma (pequena) quantia a cada semana, quinzena ou mês.

Apesar desta admirável continuidade, no entanto, é inegável que este tipo de revistas tem os 'dias contados', tal como, aliás, sucede com a maioria da imprensa escrita. Até ao seu inevitável ocaso, no entanto, há que continuar a louvar estes últimos 'bastiões' das publicações periódicas tradicionais, que fornecem uma das últimas 'pontes' ainda existentes para os anos da viragem do Milénio.

07.02.24

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Já aqui em ocasiões passadas abordámos a popularidade da BD franco-belga no Portugal de finais do século XX, onde os álbuns editados (sobretudo) pela Meribérica-Liber perdiam apenas para os 'quadradinhos' da Disney e Turma da Mônica no coração das crianças e jovens; e, de todos os heróis francófonos a marcar presença nas livrarias do nosso País, o mais popular talvez fosse Astérix, o intrépido e corajoso herói gaulês que, com a ajuda da poção mágica do seu druida, assume a linha da frente na defesa da sua aldeia contra a ameaça de invasão romana. De facto, mesmo em finais da década de 90, o 'baixinho' de bigode de Goscinny e Uderzo continuava a justificar não só a criação de novos álbuns, filmes e videojogos alusivos às suas aventuras, como também de um parque temático (no seu Norte de França natal) de produtos licenciados mais insólitos, como o jogo de tabuleiro lançado pela Majora, a colecção de figuras em cartão disponibilizada numa promoção da Longa Vida, o sumo da Libby's ou o livro de culinária que serve como tema do 'post' 'quase duplo' desta Quarta-feira.

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Capa e contra-capa do livro.

Não, não nos enganámos – Astérix viu mesmo ser lançado sob o seu nome, no ano de 1991, um livro de culinária para crianças, com o próprio e os seus conterrâneos da irredutível aldeia gaulesa presentes e em grande destaque não só na capa como em todas as páginas, prontos a servir de chamariz às crianças e jovens que avistassem o volume na prateleira da livraria do bairro. E a verdade é que, ao contrário de muitos produtos da época, o uso da licença é, neste caso, mais do que apenas superficial: 'A Cozinha Com Astérix' não se limita a utilizar os desenhos de Goscinny e Uderzo para se vender, havendo um claro esforço para capturar a atmosfera dos álbuns de Astérix nas suas páginas – cada uma das quais contém não só a receita (com o nome devidamente tematizado ao universo dos irredutíveis gauleses) como também cenas exclusivas com os personagens, e até painéis de banda desenhada que poderiam ter sido retirados directamente dos álbuns! O resultado é um livro visualmente espectacular, que até quem não tenha qualquer interesse em aprender a cozinhar quererá sem dúvida desfolhar.

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Exemplos das receitas e grafismo do livro (Crédito das fotos: Mercado Livre)

Infelizmente, e apesar de todo este esforço, 'A Cozinha Com Astérix' não utiliza todo o potencial de uma licença com cariz (pseudo)-histórico. Isto porque, apesar de os seus nomes e modos de apresentação evocarem o universo do personagem titular, as receitas contidas no livro são apenas pratos normais, fáceis de confeccionar e adequados à faixa etária alvo, mas sem qualquer relevância quer para o mundo em que Astérix habita, quer para a França de finais do século XX. Fica, assim, por aproveitar a oportunidade de apresentar aos jovens leitores pratos tradicionais da zona de França onde supostamente fica a aldeia gaulesa, juntando assim uma vertente histórica ao aspecto lúdico proporcionado pelo guerreiro loiro e seus amigos.

Ainda assim, e apesar desta 'falha', 'A Cozinha Com Astérix' é um volume bem merecedor de ser lido, que transcende o rótulo de simples curiosidade e apresenta conteúdos cuidados, com receitas que qualquer criança ou jovem com apetência para a cozinha se divertirá, sem dúvida, a fazer, e painéis de banda desenhada que o manterão interessado em meio às instruções de confecção; só é pena que o aspecto acima mencionado tenha sido negligenciado (ou, simplesmente, esquecido) ou poderíamos estar diante de um candidato ainda mais sério ao rótulo de melhor livro de receitas dos anos 90...

14.12.23

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

A época natalícia é, em Portugal, sinónima de iguarias várias; e enquanto, hoje em dia, a maioria das receitas para as mesmas pode facilmente ser encontrada na Internet, nos anos 90, esse papel era desempenhado, sobretudo, pelas revistas de culinária, as quais, no mês de Dezembro, lançavam invariavelmente um número especial dedicado exclusivamente a receitas natalícias.

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Visão comum para qualquer português que tenha entrado numa tabacaria ou papelaria nas últimas quatro décadas (visto serem dos únicos tipos de publicação física a sobreviver até aos dias de hoje) estas revistas dividiam-se, e continuam a dividir-se, sobretudo em dois grandes grupos: por um lado, as 'decanas', como a 'Teleculinária', publicadas num formato semelhante ao de qualquer outra revista, e, por outro, as edições 'de bolso', normalmente mais baratas, com menos páginas, e com grafismos muito semelhantes entre si, sendo, por vezes, difícil distinguir um título do seguinte. Ambos os tipos eram presença frequente nas gavetas das cozinhas dos anos 90, com o segundo formato a provar-se particularmente popular, sobretudo pela sua excelente relação preço-qualidade – embora, quando era necessária uma receita 'fidedigna', se continuasse a recorrer às revistas de maior renome e mais estabelecidas no mercado.

Conforme referido, este tipo de publicações partilha, hoje em dia, espaço com a Internet como fonte de receitas, natalícias e não só; no entanto, ao contrário do que acontece em outras partes do Mundo, a maioria dos adeptos de culinária portugueses continua a preferir o método mais 'tradicional', com fórmulas dadas por profissionais e, como tal, com menores probabilidades de serem incorrectas ou até falsas, dois problemas que assolam os 'sites' culinários 'online'. Assim, não é de prever que as revistas de culinária cessem a sua produção nos tempos mais próximos – antes pelo contrário, não será controverso afirmar que este tipo de revista servirá, ainda, de fonte de inspiração para muitas receitas natalícias...

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