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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

24.08.22

NOTA: Este post é respeitante a Terça-feira, 23 de Agosto de 2022.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

O conceito de 'programa de Verão' traz, normalmente, à memória imagens de apresentadores saltitantes e artificialmente entusiasmados e artistas 'pimba' fazendo 'playback' dos seus mais recentes êxitos. Trata-se de uma fórmula com décadas de existência e que, pelo sucesso que sempre vem acarretando, dificlmente é ou virá a ser alvo de grandes alterações - de facto, o mais provável é que qualquer português que ligue a televisão durante uma tarde de fim-de-semana deste mesmo Verão de 2022 dê de caras com um exemplo deste tipo de programa, que nem a pandemia de COVID-19 conseguiu travar, muito menos 'matar'.

Apesar de o ditado popular rezar que 'em equipa que ganha, não se mexe', no entanto, foi precisamente isso que a SIC decidiu fazer durante alguns Verões do fim do Segundo Milénio e inícios do Terceiro: criar um programa de Verão que interessasse activa e directamente ao público infanto-juvenil, especificamente ao segmento pré-adolescente e adolescente. O resultado foi o Dá-lhe Gás!, um formato centrado na realização de jogos e provas físicas de cariz competitivo e com banda sonora composta por artistas 'da moda', que viria a almejar sucesso suficiente para justificar a realização de precisamente cem programas, divididos ao longo de sete Verões.

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Apresentado por um trio constituído por Jorge Gabriel, Raquel Prates e Catarina Pereira - todos, à época, nomes 'em alta' no segmento 'jovem' da televisão portuguesa - o concurso reunia concorrentes de escolas de todo o País, que disputavam entre si uma série de eventos de cariz físico e desportivo, muitos deles de índole 'radical', ou não fossem aqueles os anos de maior sucesso e interesse por desportos extremos em Portugal; o ambiente de entusiasmo e animação era, conforme já referimos, auxiliado pela música escolhida pela produção, que consistia de 'hits' electro-pop tão conhecidos e icónicos para a época como 'Follow The Leader', 'Blue (Da Ba Dee)', 'Ooh La La La' ou 'Samba de Janeiro' - todos, aliás presentes no alinhamento da colectânea em CD alusiva ao programa, lançada no ano 2000, um ano depois da estreia do mesmo, e durante a sua fase de maior sucesso.

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Capa do CD alusivo à banda sonora do programa, lançado em 2000

A fórmula, no entanto, provaria ter ainda 'pernas' para se aguentar nada menos do que mais seis anos, vindo o programa a terminar apenas no Verão de 2006, quando o panorama televisivo nacional já começava, definitivamente, a distanciar-se do paradigma de finais dos anos 90, e a demografia que acompanhara o programa durante os anos anteriores perdia gradualmente o interesse no mesmo; ainda assim, essa mesma demografia não terá, decerto, deixado de criar memórias nostálgicas de tardes de Verão passadas em frente à televisão, acompanhando os esforços de outros jovens da sua idade e, certamente, desejando poder tomar parte numa edição futura do programa...

Emissão completa do programa, que, embora sem música, permite ver a estrutura e formato do mesmo.

13.10.21

NOTA: Este post corresponde a Terça-feira, 12 de Outubro de 2021.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

O aparecimento da SIC, em 1992, representava uma revolução no mercado televisivo português. Enquanto primeira estação privada do país, a emissora de Carnaxide quis, desde logo, deixar evidentes as vantagens de não se encontrar limitada aos ‘guidelines’ e registos a que os canais nacionais se encontravam restritos, apresentando uma grelha programática mais vasta, abrangente e virada ao entretenimento do que aquela por que as RTPs se pautavam.

Um dos esteios iniciais deste manifesto foi, também ele, um programa pioneiro em Portugal, e cuja fórmula não mais viria a ser repetida nos vinte anos após a sua última emissão. Quer tal se devesse a uma mudança nos interesses dos jovens, à cada vez maior expressão da nova ferramenta chamada Internet, ou simplesmente ao facto de qualquer repetição do formato correr o risco de ser inferior, a verdade é que este programa continua – à semelhança de outros, como o Top +, por exemplo – a ser caso único na História da televisão portuguesa, e ainda hoje recordado com carinho por aqueles que o acompanharam.

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Falamos do Portugal Radical, programa que estreou ao mesmo tempo que a emissora onde era transmitido, e que se afirmou como pioneiro na divulgação dos chamados ‘desportos radicais’ junto da população jovem portuguesa. E a verdade é que o ‘timing’ de tal empreitada não podia ter sido melhor, já que o início dos anos 90 marca, precisamente, o primeiro grande ‘boom’ de interesse em modalidades como o skate, os patins em linha, o surf ou a BMX, que viriam a dominar o resto da época. Transmitido entre 1992 e 2002, o ‘Portugal Radical’ conseguiu acompanhar toda a evolução das ditas modalidades, desde os seus primeiros passos como fenómeno ‘mainstream’ até ao momento em que o fascínio com as mesmas começava a arrefecer um pouco, garantindo assim uma audiência constante durante a sua década de existência.

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A apresentadora Raquel Prates

Apresentado, durante a esmagadora maioria desse período, por Raquel Prates, com trabalho jornalístico de Rita Seguro, também do já referido ‘Top +’ (Rita Mendes, do ‘Templo dos Jogos’, tomaria as rédeas da apresentação já no último ano de vida do programa) o ‘PR’, como também era muitas vezes conhecido, era um conceito criado por Henrique Balsemão, a partir da rubrica com o mesmo nome na revista ‘Surf Portugal’, tendo sido exibido pela primeira vez no ‘Caderno Diário’ da RTP, ainda antes do nascimento da SIC. Foi, no entanto, a passagem para o canal de Carnaxide que ajudou a transformar um modesto conceito baseado numa coluna jornalística num verdadeiro fenómeno, com direito a ‘merchandising’ próprio, incluindo a inevitável caderneta de cromos, e ainda um CD com ‘malhas’ de grupos bem ‘anos 90’, como Oasis, Radiohead, The Cult, Smashing Pumpkins, Spin Doctors ou Manic Street Preachers.

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Capa do CD de 'banda sonora' do programa

Mais significativamente, no entanto, o programa terá tido uma influência mais ou menos directa no interesse que a maioria dos jovens portugueses desenvolveu por desportos radicais ao longo da década seguinte, o que, só por si, já lhe justifica um lugar no panteão de programas memoráveis da televisão portuguesa – bem como nesta nossa rubrica dedicada a recordar os mesmos. Uma aposta arrojada por parte da SIC, talvez, mas mais um dos muitos casos em que a atitude ‘nada a perder’ da estação de Francisco Pinto Balsemão viria, inequivocamente, a render dividendos...

 

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