21.11.22
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Já anteriormente aqui falámos dos Power Rangers, uma das séries mais icónicas de muitas crianças e jovens da década de 90, em Portugal e não só; como tal, e pela influência que tanto esta série como o personagem tiveram sobre o autor deste blog, não podemos deixar passar em branco a trágica morte de Jason David Frank, eternizado no papel de Tommy Oliver, o inimigo tornado aliado e líder da segunda equipa de Rangers.
Nascido a 4 de Setembro de 1973, Frank teve a sua grande oportunidade pouco mais ou menos duas décadas depois, quando foi seleccionado para interpretar o papel que o tornaria ídolo de milhares de crianças – embora não de imediato. De facto, as primeiras aparições de Tommy na trama da segunda temporada da série Mighty Morphin' foram como Ranger maléfico, controlado pela vilã Rita, e com 'robot' e monstros próprios ao seu dispôr; o deenrolar dessa primeira saga viu, no entanto, os jovens benfeitores libertarem o seu congénere verde dessa 'prisão', incorporando-o no seu grupo social e, mais tarde, na própria equipa, que o mesmo chegaria inclusivamente a liderar na temporada seguinte de Mighty Morphin', bem como na saga dos Rangers de outro planeta (Alien Rangers) e na temporada de continuação, Power Rangers Zeo. Foi durante este período que a popularidade do personagem – e, por arrasto, do actor – verdadeiramente explodiu entre a demografia-alvo do programa, obrigando inclusivamente a Saban a alterar vários dos seus planos para as diferentes séries, por forma a colocar a maioria do foco no novo integrante, entretanto 'promovido' do uniforme branco para outro, branco, e mais elaborado que o dos seus colegas de equipa, denotando o seu estatuto de líder.
Não se esgotou, aliás, aí o apelo de Tommy junto das crianças de todo o Mundo, sendo que o personagem viria, também, a desempenhar um papel de destaque na primeira série independente do universo Mighty Morphin', a controversa 'Power Rangers Turbo', onde assumiria o posto de Ranger vermelho, mantendo assim a sua posição de liderança também na nova equipa. Infelizmente, alguns desentendimentos com os produtores do programa levaram a que Frank deixasse a franquia após a conclusão desta série, em 1997, certamente deixando entristecida toda uma geração que o idolatrava.
O actor como Ranger vermelho na série 'Power Rangers Turbo'
Apesar da pouca consideração que tinha pela Saban, que considerava, nas suas próprias palavras, 'forretas', Frank nunca se desvincularia totalmente da propriedade intelectual que o celebrizara, à qual regressaria cinco anos após o seu abandono, para um episódio especial de aniversário que reunia vários membros de equipas anteriores, entretanto extintas; dois anos depois, esta colaboração alargou-se a toda uma nova série, 'Power Rangers: Dino Thunder', onde surgiu primeiro no papel de mentor e conselheiro científico da equipa (à semelhança do personagem Billy na série origijnal) e, mais tarde, como o Ranger negro – o seu primeiro papel de 'coadjuvante' numa equipa da franquia.
Terminada esta nova série, no entanto, voltou a encerrar-se a parceria entre Frank e os criadores de Power Rangers, ainda que o actor nunca tenha deixado de comparecer a convenções e outros eventos do estilo organizados por fãs, bem como a fazer ocasionais aparições especiais, primeiro na série 'Super Megaforce', e depois no filme 'remake' de 2017 (embora aqui no papel de 'civil', e apenas como figurante). A sua principal ocupação, no entanto, passaram a ser as escolas de artes marciais que a fama como actor numa série do género lhe permitira abrir nos anos após o estrelato inicial, e que lhe valeram um lugar no Pátio da Fama da União Mundial de Karaté; anos mais tarde, Frank viria a aplicar esta experiência a uma carreira como lutador de MMA, que ajudou definitivamente a apagar a imagem de 'menino bonito' de cara lavada que adquirira vinte anos antes.
Uma foto mais recente de Frank com o clássico uniforme verde.
Qualquer que fosse a opinião do actor sobre essa mesma fase da sua carreira, no entanto, é inegável que a carreira de Frank fica, indelevelmente, ligada à da franquia 'Power Rangers', da sombra da qual nunca se conseguiu verdadeiramente libertar; de facto, numa altura em que é anunciado oficialmente o seu falecimento, aos 49 anos, é na figura do Power Ranger branco - líder virtuoso da equipa de super-heróis, que tantas crianças da época (incluindo o autor deste blog, por volta dos seus onze anos de idade) teriam feito 'os impossíveis' para ser – que o seu nome e imagem ficam, para sempre, imortalizados. Que descanse em paz.