14.09.23
Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.
Havia-os de todas as formas, feitios e materiais – grandes, pequenos, redondos, quadrados ou moldados à forma do que pretendiam representar, em plástico ou em metal. Adornavam desde blusões de ganga a sacolas de sarja, mochilas, estojos ou quadros de cortiça como os que alguns jovens da época tinham no quarto, ou eram simplesmente preservados numa caixa, como objectos de coleccionismo, prontos a serem admirados ou orgulhosamente exibidos perante as visitas. Falamos, é claro, dos 'pins' e crachás, uma moda que, não tendo, de modo algum, tido origem nos anos 90, viveu ainda assim a sua época áurea entre finais da década de 80 e inícios da anterior.
Exemplos de crachás redondos de plástico, predominantes em inícios dos anos 90.
De facto, foi durante esses anos que se puderam encontar, em Portugal, lojas com uma vasta oferta de 'pins', prontos a serem adquiridos e estimados por um público ávido por aumentar a sua colecção. De desenhos alusivos a bandas e capas de álbuns até frases e dizeres humorísticos ou motivacionais, passando por alguns dos mais populares personagens infantis da época ou ainda pelos sempre populares 'smileys', nas suas mais diversas configurações, eram inúmeros e para todos os gostos os estilos e 'designs' de crachá disponíveis durante a época em causa, garantindo que ninguém ficava de fora desta 'febre'.
À medida que a década de 90 avançava, no entanto, o mercado dos 'pins' e crachás sofreu algumas alterações. Os antigos crachás redondos, em plástico colorido – os chamados em inglês 'badges' – praticamente desapareceram, cedendo lugar aos 'pins' em metal moldado, vistos como menos infantis e, logo, mais 'fixes'. Concomitantemente, este tipo de Quinquilharia passou, também, a ser vendida em locais mais específicos, normalmente de índole turística ou cultural, ou a servir como brinde promocional em campanhas de 'marketing', deitando a perder alguma da criatividade exibida pelo mercado em causa na década transacta.
Exemplos de 'pins' em metal, predominantes da segunda metade dos anos 90 em diante.
Mesmo com estas mudanças, no entanto, os 'pins' não perderam a sua popularidade, continuando a ser frequentemente vistos a decorar sacolas a tiracolo, mochilas, ou mesmo peças de roupa, tal como acontecia na sua época áurea. Este paradigma mantém-se, aliás, até aos dias que correm, fazendo dos crachás um dos poucos produtos abordados nesta secção que não saíram de moda nem viram decrescer significativamente os seus índices de popularidade. Ainda assim, quem viveu a 'época alta' deste tipo de Quinquilharia certamente sentirá a falta de alguma da originalidade e sentido estético dos 'pins' e crachás da 'sua' altura, cuja essência dificilmente voltará a ser capturada, tornando-os símbolos de uma época mais 'divertida' e inocente, não só em Portugal como um pouco por todo o Mundo.