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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

28.12.22

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Numa edição passada desta rubrica, falámos de Mafalda, uma das mais influentes personagens de banda desenhada das décadas de 70, 80 e 90. No entanto, apesar de a contestatária menina ter sido o principal contributo do seu criador, Quino, para a História desta forma de arte, a mesma esteve longe de ser a sua única criação de sucesso, tendo o mercado português sido testemunha de, pelo menos, mais uma: a colecção 'Humor Com Humor Se Paga', cujos últimos volumes completam, neste ano que ora finda, precisamente três décadas sobre a sua edição nacional.

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Os três volumes da série editados nos anos 90

Iniciada ainda nos anos 70, e concluída vinte anos e trinta e seis volumes depois (tendo apenas os três últimos sido editados já nos anos 90), a colecção da Dom Quixote permitiu, aliás, a outros autores que não apenas Quino cimentar a sua marca na indústria portuguesa; Sempé, por exemplo (o co-criador do popular 'O Menino Nicolau' ao lado de René Goscinny, guionista de Astérix) teve direito a vários volumes, além de artistas menos conhecidos, mas dentro do mesmo estilo satírico e 'cartoonesco', como Coco e Palomo. No entanto, a esmagadora maioria dos tomos da colecção trazia, mesmo, autoria de Quino, servindo como uma introdução algo mais 'leve' que Mafalda ao seu inconfundível estilo, através de 'gags' de imagem única, bem ao estilo do que se podia encontrar em muitos jornais mundiais da altura, e declaradamente dirigidas a adultos, afastando assim parcialmente o público infantil que (talvez erroneamente) se afeiçoara e fidelizara à menina da bandolete e aos seus amigos.

Apesar de - por esse mesmo motvo - ser potencialmente menos nostálgico para a juventude portuguesa que a criação principal do desenhador argentino, ou que outros 'ilustres' como Calvin e Hobbes, a série em causa merece, ainda assim, destaque nestas nossas páginas, por alturas do trigésimo aniversário da sua conclusão, por constituir mais um dos inúmeros exemplos da 'era de ouro' dos 'cartoonistas' disponíveis no mercado português.

07.10.21

NOTA: Este post é relativo a Quarta-feira, 6 de Outubro de 2021.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Nas últimas edições desta rubrica, temos vindo a recordar alguns dos mais famosos exemplos do formato ‘tirinha de jornal’ dos anos 90, a começar pelos ‘príncipes’ Calvin and Hobbes. No entanto, ainda antes do ‘puto reguila’ e o seu tigre de peluche / amigo imaginário capturarem a imaginação e o coração das crianças e jovens portugueses, já uma outra menina, de cabelo escorrido, vestido e lacinho, o vinha fazendo há mais de uma década, fazendo assim por merecer o seu espaço nesta retrospectiva do formato ‘comic’ daquelas décadas clássicas.

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Falamos, claro, de Mafalda, criada nos anos 80 mas que, nos primeiros anos da década seguinte, ainda fazia ‘mexer’ uma quantidade considerável de produtos licenciados dirigidos ao público mais jovem, desde cadernos escolares a figurinhas em vinil (os clássicos ‘bonequinhos’) e até alguns artigos menos óbvios, como aventais (um dos quais ‘morava’ lá em casa). O que não seria nada de particularmente estranho ou digno de nota…não fosse o facto de Mafalda não ser, de forma alguma, uma tira para crianças.

De facto, a menina reivindicativa criada por Quino foi – pelo menos em Portugal – alvo daquela ideia errónea, ainda hoje tida como verdadeira por grande parte da sociedade, de que toda e qualquer propriedade intelectual com personagens infantis é, forçosamente, dirigida a crianças. No caso das tiras de Quino, não só tal não é verdade (a grande maioria das piadas e situações de ‘Mafalda’ será de difícil compreensão para uma criança comum) como a apreciação das tiras requer conhecimento de um contexto muito específico – nomeadamente, aquele em que Mafalda, a sua família e os seus amigos vivem, isto é, a Argentina ditatorial dos anos 80. Efectivamente, só quem tiver algum contexto, ainda que de base, sobre o que então se passava no país natal do ‘cartoonista’ será capaz de apreciar inteiramente os comentários mordazes da pequena Mafalda sobre aquilo que a rodeia, quer a um nível mais imediato, quer mais global e social.

Como se pode ver, portanto, uma obra que passava muito longe das histórias da Turma da Mônica, por exemplo, e cujo único atractivo para a demografia infanto-juvenil residia mesmo nas personagens de Mafalda, Manelito, Miguelito e Filipito, crianças aparentemente perfeitamente normais, mas que – como Calvin alguns anos mais tarde, e em certa medida os Peanuts de Schulz antes deles – eram dados a acessos de filosofia e contestação da ordem social vigente, em meio às suas inocentes brincadeiras.

Ainda assim, e pese embora o conteúdo pouco acessível de muitas das tiras, este trio demonstrou ter carisma suficiente para conseguir duas décadas de sucesso continuado entre o público infantil e juvenil um pouco por todo o Mundo - incluindo em Portugal, onde chegou pela mão da editora Dom Quixote.

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Capa da edição original de 'Toda a Mafalda' lançada pelas Edições Dom Quixote

E ainda que, hoje em dia, a ‘estrela’ de ‘Mafalda’ esteja um pouco mais apagada, na época que nos concerne, a menina da bandolete de lacinho fez - conforme já mencionamos no início deste texto - mais do que o suficiente para justificar a sua presença nesta nossa rubrica…

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